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História Intrínseco - Superfície


Escrita por: babyeolliee

Notas do Autor


[CONTEÚDO EXPLÍCITO]

MUITO BOM DIA (tarde, noite) TODO MUNDO!

Olha quem apareceu, eu mesma!
Eu ia esperar para postar esse capítulo só segunda-feira que vem, mas já estava com saudades de atualizar Intrínseco, então aqui está.

A escrita dos capítulos ainda segue atrasada, porque eu ainda ando meio doente, então o próximo capítulo será postado ou dia 02/08 ou dia 09/08.

Quero pedir desculpas mais uma vez por não ter respondido os comentários, mas eu realmente me enrolei feio e vou responder todos assim que eu terminar de escrever o capítulo, ok?

Capítulo betado pela minha princesa @baekkkiejagi Obrigada, anjinho!

Boa leitura pessoal.

Capítulo 5 - Superfície


Capítulo Cinco ― Superfície

 

O vento da manhã entrava pelas janelas abertas do carro bagunçando seus cabelos à medida que as batidas eletrônicas de Magic, do Coldplay, preenchiam o veículo num estado de calmaria. Chanyeol estava mais uma vez sentado no banco do carona, com a cabeça encostada no banco, batendo os dedos sobre a perna dobrada ao ritmo da música enquanto sussurrava a letra.

Era a primeira vez que Baekhyun o ouvia cantar, e era a primeira vez percebendo aquela diferença tênue entre o tom rouco em suas palavras quando falava com ele, e o timbre suave e ritmado enquanto cantava. Era lindo, e Byun fez uma nota mental para pedir a Chanyeol que cantasse para ele quando tivesse oportunidade. 

Entretanto, o que Baekhyun não percebia era que os olhos de Park não perdiam um único gesto seu, como quando virava o volante para fazer uma curva mais acentuada, ou como o músculo de sua coxa se contraia quando afundava mais o pé no acelerador. E o que Chanyeol mais gostava era quando Byun pressionava os olhos e passava a mão por entre os fios de cabelo logo em seguida, deixando sua testa aparente, e no fim apoiava o cotovelo na janela, parecendo sério demais para ser o Baekhyun que ele conhecia. O Baekhyun que era dele.

Park nunca pensou que veria o dia que o garoto se estressaria com ele porque, naturalmente, era sempre o contrário, mas no momento que contou sobre a ligação, Baekhyun surtou. Chanyeol não entendeu no começo quando Byun disse que não deveria ter feito aquilo, afinal, quem tinha que lidar com os problemas com o seu pai era ele mesmo, todavia, bastou mais algumas palavras para ele perceber que o que Baekhyun estava querendo era se tornar responsável por algo que dizia respeito a ele.

― Mas não é justo, Baekhyun ― foi o que disse, segurando o garoto pelos ombros ― eu te deixar lidar com isso sozinho, sendo que essa relação diz respeito a nós dois. ― Naquele instante, Byun não encontrou palavras para responder. ― Eu não vou deixar você enfrentar seu pai sozinho. ― E não ia mesmo, porque como havia dito na noite anterior quando ainda estava em seu apartamento; seria os dois, juntos, contra o mundo.

― Ao menos você deveria ter perguntado a minha opinião, Chanyeol. Porque, como você disse, isso é sobre nós dois e eu não quero que você decida nada por mim. 

Park nunca o tinha visto tão sério, mas, de alguma forma, enquanto ele se encolhia e pedia desculpas, gostou de ver aquele tipo de atitude nos olhos de Baekhyun. Gostou de perceber que o garoto não baixaria a cabeça nem mesmo para ele, que não deixaria ninguém dobrar suas vontades. 

A placa de “Bem-vindos à Sokcho” apareceu na pista pouco mais de uma hora depois de deixarem aquele hotel de beira de estrada onde passaram a noite, fazendo Baekhyun reduzir a velocidade e olhar para Chanyeol por alguns segundos antes de passarem pelos arcos de entrada da cidade.

― E agora? ― Perguntou, conforme as árvores da estrada eram substituídas por casas e prédios.

Chanyeol clicou algumas vezes no painel do carro, mudando o destino para um shopping que ele conhecia das vezes que estiveram ali.

― Acho que ainda está muito cedo para a gente conseguir fazer check-in em qualquer hotel. Então, é melhor a gente passar em algum lugar para comprar algumas roupas. O que você acha?

Baekhyun não pôde evitar reparar em como Chanyeol nunca deixava nada decidido por si só. Sempre perguntava se ele concordava, se ele queria fazer aquilo. E, por mais pequeno que pudesse parecer aquele gesto, ele ficava encantado.

― Antes a gente pode parar em algum lugar para comer? Eu estou morrendo de fome. ― Não haviam conseguido comer nada digno de ser chamado de café da manhã desde que acordaram e, embora Chanyeol não se importasse muito com aquilo, sabia, pelo tempo de convivência, que Baekhyun não gostava de pular suas refeições e sempre gostava de um bom café da manhã.

Alguns minutos depois, os dois pararam em frente a uma padaria típica italiana, a poucos metros do litoral, e quando entraram, Chanyeol riu ao ver Baekhyun suspirando enquanto olhava todos os tipos de pães que eles tinham expostos na vitrine.

Hm... que cheiro bom, Chanyeol. ― Disse com os olhos fechados por um momento, como se aquilo lhe ajudasse a sentir melhor o aroma dos pães e dos cafés. ― Acho que eu estou três vezes mais faminto agora.

Park se aproximou, apoiando a mão aberta no final de suas costas enquanto os guiava para uma das mesas disponíveis no local. ― O café da manhã deles é muito bom. Um dos melhores do país. ― Baekhyun ainda estava deslumbrado olhando a vitrine, que parecia não ter fim, que não conseguiu perceber como Park puxou a cadeira para ele, e só tirou a mão de suas costas quando ele já estava sentado. ― O melhor é pão de sete ervas recheado com três queijos.

Byun contraiu a expressão, apoiando a cabeça nas mãos, num gesto exagerado de derrota. ― Agora eu estou quatro vezes mais faminto.

Park sorriu, vendo o garçom se aproximar com um cardápio na mão enquanto Baekhyun ajeitava a postura sobre a cadeira.

― Bom dia, senhores. ― O rapaz tinha um sorriso simpático, conforme entregava o menu para Park. ― Vocês já vão querer alguma coisa?

― Quer pedir alguma coisa agora antes de decidir o que você vai comer? ― Chanyeol empurrou o cardápio sobre a mesa, em direção ao Byun, que apenas negou com a cabeça, começando a olhar as opções de pães. ― Eu vou pedir com ele. ― Se voltou para o atendente, fazendo um gesto simples com a cabeça e dizendo que ele poderia se retirar.

― Como você conheceu esse lugar, Chanyeol? ― Baekhyun perguntou, sem tirar os olhos do menu enquanto virava mais uma página.

― Estranho é você não conhecer, não acha?

― Por que? ― O garoto lhe olhou confuso, esquecendo por um segundo do seu pedido.

Chanyeol relaxou na cadeira, cruzando os dedos das mãos sobre a mesa. ― Essa é a padaria mais famosa dessa região, e sua família tem um hotel aqui em Sokcho. Então acaba se tornando sua obrigação conhecer os lugares de alvo turísticos próximo ao Lotte Hotel.

Baekhyun rolou os olhos apenas para não dar razão ao Park, voltando a olhar o cardápio. ― Você está dizendo que eu preciso conhecer todos os pontos turísticos próximos às trinta e três unidades de hotéis que nós temos?

― Não. ― Disse sério. ― Oito delas ficam em Seul, então você precisa saber só das outras vinte e cinco.

O garoto riu e empurrou o cardápio para o meio da mesa, apoiando os braços sobre ela. ― Você acha que meu pai algum dia me daria a diretoria de um dos hotéis? Ou ele vai me querer no prédio do Grupo B junto dele?

― Você só vai saber se você sentar e conversar com ele sobre isso. Seu irmão, por exemplo, ficou responsável por cuidar dos bancos da Lotte Capital depois de pedir esse cargo ao Ji Sung. Então, acho que se você se esforçar, ele vai acabar aceitando te deixar gerenciar a rede de hotéis.

Baekhyun mordeu a parte interna de sua bochecha, com os olhos agitados, olhando rápido para alguns pontos no local antes de voltar a fitar Park. Chanyeol sabia que ele fazia aquilo quando estava ficando empolgado. ― Eu me contentaria apenas em ser Gerente Geral do Lotte Hotel Seul, não precisa ser da rede toda.

― É, mas você não deveria se contentar com tão pouco assim. ― Chanyeol fez um sinal com a mão chamando o garçom, que não levou nem cinco segundos para se aproximar e anotar o pedido dos dois num bloco de comanda antes de se retirar. ― E você tem mais do que capacidade, não só para gerenciar todos os hotéis, como para assumir a Diretoria de tudo o que seu pai tem.

Aquilo era algo que Baekhyun nunca imaginou ouvir na vida, porque sempre foi Baekbeom primeiro. Principalmente nos negócios da família.

― Você sabe que isso nunca vai acontecer. Quem vai herdar o título do meu pai na companhia e as porcentagens das ações dele vai ser meu irmão.

Chanyeol o olhou com cuidado, analisando sua expressão para tentar encontrar algum vestígio de chateação quanto aquele assunto, mas não havia nada e, no fundo, admirou aquilo em Baekhyun, tanto quanto achou errado. Veja bem, ali estava ele deixando claro que não se incomodava com o fato de seu irmão mais velho facilmente ficar com a maior parte do bolo, ao mesmo tempo que expunha suas ambições fracas, ou inexistentes.

― Baekbeom é ótimo no que ele faz. Ele realmente cuida muito bem dos nossos negócios financeiros, e o banco passou a faturar mais depois que ele assumiu essa parte. Mas ele não tem perfil para dirigir todos os empreendimentos que nós temos. ― Park arrumou as costas na cadeira, usando as mãos para gesticular enquanto falava. ― Baekbeom vê cada empresa separada. Ele não consegue entender que a Lotte Corporation, a L7, a Signiel, tudo faz parte de um todo que é o Grupo B. Você, diferente dele, consegue ter essa visão, já. ― Chanyeol ficou em silêncio por alguns segundos, esperando Baekhyun falar alguma coisa, e quando não veio nada, ele continuou. ― E seu pai sabe disso. É por isso que ele quer te mandar para estudar em Cambridge.

― Hm... ― Foi tudo o que Baekhyun respondeu num primeiro momento. ― Então o Baekbeom precisa mudar a visão dele para com o Grupo B, porque eu não quero ter que assumir a Diretoria Geral.

― Você é inacreditável, às vezes. ― Park soltou um riso fraco, e passou a mão algumas vezes pelo cabelo, jogando os fios para trás.

― Pensa comigo, Park. Depois do primeiro ano, o contrato inicial que você tem com pai muda e você vai ser legalmente dono da mesma porcentagem que ele. E o Grupo B pertence tanto a você quanto a ele. ― Deu de ombros. ― Eu saio ganhando dos dois lados, sabe? Pra que eu vou me preocupar com quem vai sentar ou não na cadeira da Diretoria? Você já está lá, de qualquer forma. ― De repente, um sorriso travesso surgiu em seus lábios ao passo que Baekhyun se debruçava na mesa, aproximando seus rostos. ― Eu prefiro sentar no Diretor.

Park precisou fechar os olhos para controlar a vontade de agarrá-lo pela nuca e beijá-lo na boca, e apenas o empurrou pela testa, o fazendo voltar para seu lugar.

― Dá pra você se comportar?

― Eu não gosto muito de me comportar com você por perto. ― Chanyeol lançou um olhar pequeno, pronto para responder, mas não fez nada além de olhar quando o garçom voltou com seus pedidos.

Baekhyun só entendeu o quanto estava realmente com fome depois que deu a primeira mordida no pão suíço recheado com tomate seco. A última refeição aceitável que havia feito tinha sido o almoço do dia anterior, e sabia que tinha gastado energia demais naquela noite. Precisava recuperar de alguma forma.

Chanyeol foi o primeiro a terminar, pedindo licença ao garoto para fumar um cigarro do lado de fora. E quando Baekhyun passou pela vitrine doce próxima à saída da padaria, alguns minutos depois, não conteve a vontade de pedir para embrulhar algumas tortilhas de morango para viagem.

― Vamos? ― Perguntou assim que parou do lado de fora, sobre o toldo esverdeado, vendo Park se aproximar com um pacote pardo e pequeno na mão.

― Vamos. Vou só pagar a conta, me espera no carro. ― Chanyeol inclinou o rosto, deixando um beijo rápido nos lábios do garoto, o fazendo sorrir com aquele gesto simples.

Baekhyun sentou-se no carona daquela vez, pois já se sentia um pouco cansado para continuar dirigindo, e aquela parada que deram para comer acabou deixando seu corpo mais letárgico pelo fato de não terem dormido.

Alguns minutos depois, Park entrou no carro e, antes de dar a partida, se virou para o garoto e puxou um pacote do bolso do casaco.

― Vem cá. ― Chamou, enquanto rasgava o pacote, e Baekhyun quis perguntar o que era aquilo, mas se aproximou um pouco mais. ― Deixa eu passar isso em você. ― Chanyeol pegou uma embalagem pequena e redonda nas mãos e a abriu. ― Comprei uma pomada labial para você ali na farmácia. Para ajudar a cicatrizar o corte. ― Passou o dedo no produto antes de levá-lo até a boca de Baekhyun e passar sobre o lábio inferior, com cuidado. ― Pronto. Agora, tenta não morder da próxima vez.

Chanyeol riu e Byun fechou os olhos, respirando mais devagar porque chegava a ser surreal o quanto aquele homem era perfeito, ao ponto de se preocupar até com um machucado que ele tinha feito enquanto transava. Sinceramente, não sabia como iria viver se algum dia não tivesse mais aquele cuidado de Chanyeol para si.

 

* * *

 

O hotel que escolheram para se hospedar seguia o tipo de pousada à beira-mar em uma praia particular, com quartos que tinham suas sacadas com vista para o oceano. A suíte em particular que Chanyeol havia escolhido tinha um deck grande, que se conectava direto com a areia da praia, com uma piscina privada, e uma rede do lado de fora do quarto. A faixa de areia, que se seguia em frente à sacada, também era delimitada por uma pequena cerca de cordas, que garantia a privacidade dos hóspedes. 

Eles haviam chegado por volta das duas da tarde, após gastarem algumas horas num shopping local, comprando algumas roupas e esperando que Sooyoung mandasse para Park as cópias dos documentos de Baekhyun por e-mail. A verdade era que, quando saíram do apartamento de Chanyeol, na noite anterior, nenhum dos dois poderia imaginar que acabariam por passar a semana seguinte fora de Seul. 

Baekhyun foi o primeiro a dormir, após um banho demorado, nem mesmo conseguindo esperar pelo almoço que haviam pedido. Seu corpo estava espalhado na cama, com as costas para cima e uma perna dobrada, enquanto um lençol tentava cumprir a tarefa de cobrir pelo menos sua bunda, mas a forma como o garoto sempre se mexia, tornava aquilo difícil. 

Não que Chanyeol fosse reclamar. Desde o primeiro dia que acordou ao seu lado, na fatídica manhã após Baekhyun tê-lo chupado na cozinha do seu apartamento, Park quis saber como era a sensação de poder observá-lo dormir sem se sentir culpado ou errado. E ainda era difícil de acreditar que agora ele podia fazer aquilo. 

Alguns instantes depois, as batidas na porta do quarto fizeram com que Chanyeol se levantasse da poltrona onde estava sentado para atender o garçom que vinha trazer o almoço. Pediu, educadamente, para que ele levasse de volta o salmão ao molho de maracujá de Baekhyun, ficando apenas com seu próprio pedido. 

Precisava responder alguns e-mails e avisar Park Sooyoung que ficaria fora do escritório pela próxima semana, para que ela enviasse tudo o que pudesse para o seu e-mail particular e que remarcasse seus compromissos para outra data. 

Isso é, se ainda tivesse que lidar com eles quando voltasse para Seul, porque, no fundo, tinha uma leve sensação de que seria chutado para fora do Grupo B assim que deixasse Baekhyun em casa. Sabia dessa possibilidade desde o momento em que havia decidido ligar para Ji Sung e contar que estava com seu filho, e sabia também que precisaria pensar em alguma estratégia para não se arruinar por completo. Porque havia sido idiota o suficiente para vincular todos os seus patrimônios à Lotte Co., e em momento algum daqueles seis meses pensou em ter um empreendimento próprio que não estivesse ligado a Ji Sung. 

Terminou seu almoço e abriu o notebook que havia comprado para logar na sua conta da empresa, e suspirou aliviado por um momento ao perceber que ainda tinha acesso liberado. Usou as duas horas seguintes para transferir os lucros dos últimos meses para a conta de sua irmã no Japão e tentar retirar a Lotte Co. como proprietária de seu apartamento, e seu carro. Riu de si mesmo com o quanto parecia estar agindo como um criminoso fazendo tudo aquilo. Bem, pelo menos o carro de Baekhyun ele havia comprado no nome garoto, como se já imaginasse tudo o que estava por vir. 

Era final de tarde, quando terminou de responder alguns e-mails e conseguiu falar com Sooyoung. Sentia-se cansado e com sono, louco para se deitar na cama ao lado de Baekhyun e dormir com o corpo do garoto colado ao seu, entretanto, assim que deu a segunda tragada em seu cigarro, em pé do lado de fora da sacada, sentiu as mãos quentes e bonitas de Baekhyun tocando sua cintura por baixo da camisa que usava. 

Chanyeol virou o rosto para o lado por um momento, observando a expressão sonolenta do garoto antes de voltar a olhar para o mar. 

― Já acordou? 

De início, Baekhyun apenas respondeu com um resmungo incoerente antes de levantar os braços e se espreguiçar. 

― Uhum... Eu tô com fome. 

― Você dormiu sem almoçar, por isso está com fome. ― Chanyeol deu uma tragada, vendo o garoto voltando para o quarto, e se sentou em uma das poltronas que ficavam no deck do lado de fora. ― Quer que eu peça seu almoço de novo? 

― Não precisa. ― O menino olhava em volta procurando por alguma coisa. ― Onde você colocou as tortilhas que eu comprei? 

― No frigobar. 

Baekhyun foi até a geladeira pequena e pegou a embalagem com as tortilhas, logo voltando para a sacada e se sentando em uma das pernas de Park. 

Chanyeol franziu a testa e soprou a fumaça para longe de Baekhyun antes de apagar o cigarro. ― Você não acha que tem muitos outros lugares para você se sentar, não, garoto? ― Mas é claro que ele só estava falando aquilo para provocar. 

― Sei lá... ― Deu de ombros, removendo a tampa do doce e sua boca chegou a salivar. ― Eu quero sentar aqui. 

Chanyeol se acomodou melhor na poltrona para que Baekhyun pudesse fazer o mesmo e o garoto aproveitou para jogar as pernas sobre a outra coxa de Park enquanto suas costas eram apoiadas por um dos seus braços. Pegou um dos morangos caramelados entre os dedos, o levando até a boca, mas parou no meio do caminho. 

― Eu não sabia que você fumava. Eu nunca te vi fumando na empresa. Assim... vi algumas vezes, mas umas duas ou três? ― Mordeu metade do morango, olhando para Chanyeol com um olhar que esperava alguma resposta. 

― Eu nunca sei quando eu vou precisar estar em uma reunião de última hora com algum cliente importante, e é muito deselegante você conversar com alguém cheirando a cigarro. Principalmente se a pessoa não fuma, também. Por isso eu não costumo fumar enquanto eu trabalho. 

Enfiou a outra parte do morango na boca, mordendo antes das folhas, colocando-as na tampa da embalagem. ― Hm... Entendi. ― Baekhyun chupou os dedos antes de pegar outro morango sob o olhar atento de Chanyeol.

― A não ser quando você decidia passar o dia todo sentado no meu escritório me implorando com os olhos para eu te foder. Nesse caso, eu sempre arrumava um jeito de sair para fumar um cigarro antes que eu acabasse fazendo uma loucura. 

Baekhyun riu, lambendo o açúcar da fruta antes de morder a pontinha. ― Você sempre gostou, Park, de me ver entrando por aquela porta e me sentando no seu sofá. Você ficava o tempo todo me olhando por cima do computador. Você acha que eu nunca reparei? 

Claro que Chanyeol sabia que Baekhyun reparava na forma como ele o olhava, mas ainda assim gostava de se enganar dizendo para si mesmo que era sempre discreto. 

― A sua cara era sempre impagável. Só perdia para quando você chegava na sua sala e me encontrava já sentado na sua mesa. 

― Você é muito abusado, garoto. Eu juro que eu respirava fundo, todos os dias, para não te pegar pelo braço e te colocar para fora. 

Baekhyun riu daquele jeito gostoso e alto, e enfiou o resto do morango na boca. ― Imagina a cara da sua Secretária vendo uma cena dessas. Ela sempre ficava assustada quando me via entrando na sua sala e sempre falava; “Sr. Byun, deixa eu avisar que você vai entrar primeiro.”, tadinha! 

Park colocou uma expressão mais dura no rosto o repreendendo. ― Sooyoung só tenta fazer o papel dela, Baekhyun, que é não deixar qualquer um entrar na minha sala. Mas até com a vida dela, você conseguia perturbar.

― E desde quando eu sou qualquer pessoa? 

Chanyeol não se deu ao trabalho de responder, apenas deu um tapa leve em sua coxa, mudando de assunto. 

― Me dá um pedaço do morango? 

Baekhyun pegou o último morango que tinha em cima da tortilha, tirando as folhas e o levantou na altura do rosto de Park. 

― Esse? 

― Uhum!

― Então pega aqui. ― O garoto colocou a fruta na boca, a segurando entre os dentes e se inclinou em sua direção. 

Chanyeol lançou-lhe um olhar pequeno, antes de diminuir a distância entre os dois, e mordeu o que conseguiu do morango. Não se afastou enquanto mastigava e engolia só para poder lamber o caldo que escorria pelos lábios do garoto, o beijando logo em seguida sem se importar se a outra parte ainda estava na boca de Baekhyun.

Byun precisou se virar para engolir a fruta enquanto a língua de Park se misturava na sua, num beijo saboroso. E quando ele o chupou, na tentativa de recolher para si mais daquele gosto, Baekhyun gemeu sentindo um arrepio passar por suas costas.

Chanyeol manuseou seu corpo, até que estivesse sentado de frente para si, com os joelhos apoiados sobre a poltrona, e pegou a tortilha, colocando-a no primeiro lugar que encontrou, deixando claro que ele não terminaria de comê-la naquele momento. 

As mãos grandes e pesadas subiram pelas costas nuas de Baekhyun, o apertando entre os dedos antes de descer novamente até alcançar a barra da cueca que o garoto usava. Ali, ele empurrou para dentro da peça, até ter espaço o suficiente para apertar sua bunda com força, e Baekhyun não controlou o outro gemido que quis escapar por sua garganta. 

― Eu fico louco te ouvindo gemer desse jeito, garoto. ― Soprou as palavras dentro do beijo, tendo a língua de Baekhyun serpenteando sobre seus lábios, antes de senti-lo chupando o inferior, e foi a vez de Chanyeol soltar o som arrastado, apertando com mais força sua bunda. 

Baekhyun se afastou apenas para poder olhá-lo nos olhos e reconhecer aquele fogo que pertencia a ele crescendo nos orbes escuros de Chanyeol. Ele empurrou o quadril para frente, causando um atrito fraco entre as duas pélvis, mas o suficiente para sentir o pau de Park, e ele queria muito deixá-lo duro o mais rápido possível. Sem quebrar o contato visual, Baekhyun gemeu um pouco mais alto, puxando o ar por entre os dentes em seguida. Enfiou a mão sob o tecido da camisa que Chanyeol usava, subindo até onde conseguiu para descer arranhando seu peito, e quando chegou no cós da calça que ele usava, ele não parou, deslizou a palma sobre seu pau e apertou até Park fechar os olhos com força. 

― Tudo em mim te deixa louco, Park. ― Baekhyun beijou o canto de seus lábios, antes de alcançar seu ouvido, segurando o lóbulo na boca, antes de chupá-lo. ― Minha voz, meu corpo, minha presença, até mesmo o que pensa sobre mim te deixa louco. E eu sei exatamente o que você está pensando agora. 

Byun enfiou a mão dentro de sua calça, segurando seu pênis enquanto o sentia endurecer dentro de sua palma, e aquela era uma das sensações mais prazerosas do mundo. 

― E o que eu estou pensando, Baekhyun? 

O toque subiu até chegar na glande, e ele esfregou o dedo na fenda, sentindo como ele ficou úmido de pré-gozo. Era tão fácil excitar Chanyeol…

― Você está se remoendo na dúvida entre me dedar no colo, ou me levar para cama. ― A voz entrava por seu ouvido, atingindo direto a parte mais inóspita de seu cérebro. ― Porque eu estou sentindo você esfregando o dedo no meio da minha bunda, se controlando para não descer mais. Mas você quer me pegar no colo, Park, e levar até a cama para me jogar sobre ela sem delicadeza alguma. Então você vai puxar minha cueca com a boca, só para sentir o pau arrastando pelo seu rosto e depois vai ajoelhar no meio das minhas pernas, porque você quer muito me chupar. ― Baekhyun conseguia manter um ritmo completamente cruel na masturbação enquanto profanava cada uma daquelas palavras dentro da sua cabeça. ― E se você me chupar, eu vou foder sua boca do mesmo jeito que você fez comigo, Park. ― A mão livre de Baekhyun foi direto para seus fios de cabelo, o puxando para o lado oposto de onde sua boca estava, fazendo Chanyeol apertar sua bunda com mais força. ― Eu vou gozar e quando isso acontecer, você vai me colocar sentado no seu pau para me foder de baixo, porque você adorou a forma como eu sentei em você nessa madrugada, e desde então você tá contando os segundos para fazer de novo. ― Puxou os fios com mais força, como se sua única intenção fosse torturar o homem à sua frente, e Baekhyun fazia aquilo com perfeição. ― Não é isso que você está pensando, Park? 

Chegava a ser vergonhoso o quanto aquele garoto controlava sua sanidade. Porque Chanyeol sequer conseguia saber se era ou não aquilo que estava em sua mente antes do garoto começar a falar, entretanto, a partir daquele momento, era tudo o que queria e ia fazer. 

Park tentou erguê-lo em colo, no intuito de levá-lo para a cama, porém, tudo o que Baekhyun fez foi se manter firme em seu colo, o impedindo de levantar. 

Byun ergueu o rosto e olhou fundo em seus olhos. Estudando cada uma das mais pequenas expressões dele. ― Mas eu quero foder aqui. Vendo o Sol se pôr, Park. 

― Puta merda, Baekhyun. ― Seu pau deu uma guinada debaixo da mão garoto. E quem era ele para negar qualquer coisa que Byun pudesse querer? ― Qual prazer que você sente me provocando desse jeito?

Chanyeol subiu as mãos até sua cintura, fazendo menção de se levantar e Baekhyun não se opôs daquela vez. 

― Todo o prazer do mundo. ― Seus pés tocaram no chão, no mesmo momento que ele puxou a mão que estava dentro da cueca de Chanyeol para fora. Ele levou os dedos até sua boca, os lambendo do mesmo jeito que havia feito minutos antes quando estavam sujos com a calda do morango. ― Vai pegar a camisinha, anda. 

Park não teve tempo ou vontade de pensar em outra coisa a não ser fazer o que Byun havia dito. E quando menino se virou de costas para si, não perdeu a oportunidade de deixar um tapa gostoso em sua bunda. 

Daquela vez, Chanyeol colocou a camisinha em si mesmo, voltando para a sacada com o vidro de lubrificante nas mãos, já sem nenhuma peça de roupa. Baekhyun estava apoiado na mesa que havia no local, como o quadril inclinado, como se estivesse o esperando. E estava mesmo. Park jogou o lubrificante em cima da poltrona e parou atrás de seu corpo, beijando suas costas que se curvavam de leve sob cada toque. Empurrou a boxer que o garoto usava para baixo, antes de se ajoelhar atrás de sua bunda e enfiar a cara entre ela, o lambendo do mesmo jeito que havia feito durante a madrugada, e quando os gemidos de Baekhyun ficaram altos o suficiente para deixar claro que o garoto acabaria gozando apenas com aquele estímulo, Park parou e pegou o lubrificante para passar em seu membro. 

Baekhyun continuava apertado como o inferno enquanto ele se esforçava para manter o controle e não enfiar tudo de uma vez só a cada vez que o garoto se empurrava para trás, e foi preciso dar um tapa forte em sua bunda e o mandar parar com aquela porra para conseguir continuar deslizando sem machucá-lo. 

Era delicioso sentir o interior de Baekhyun ao redor; o aperto, a temperatura e forma como ele se contraia, tudo isso estilhaçava a saúde mental de Park, e ele estava pouco se fodendo para isso. Estocava forte e devagar, querendo aproveitar cada mínimo centímetro seu, como se precisasse gravar cada movimento em sua mente para tê-los intrínseco em si no momento que não pudesse mais ter seu garoto entre seus braços. E quando Baekhyun levou a mão a sua nuca, num abraço meio desajeitado e procurou pela sua boca, com as estrelas já brilhando no céu, Chanyeol intensificou o ritmo, deixando seus corpos se chocarem um contra o outro em sons altos que reverberam pelo deck e se misturavam com seus gemidos, até Byun gozar sujando a mesa. 

Foi lindo ver o garoto ficando na ponta dos pés, para puxar seu pau fora antes de tirar a camisinha e colocá-lo em sua boca, mamando seu pênis com um brilho safado nos olhos até sentir a porra de Chanyeol atingindo o fundo de sua garganta. 

Chanyeol estava irreversivelmente apaixonado. 

 

* * *

 

A brisa salgada que dançava pelo ar bagunçando os fios de cabelo de Baekhyun vinha direto do oceano azul à sua frente, onde as ondas eram um tanto quanto agitadas. O Sol estava alto no céu, preenchendo o clima típico de primavera em maio, se espelhando direto nas águas azuis. Ele estava sentado em uma das espreguiçadeiras, tomando uma dose de Gin Tropical enquanto seus olhos se perdiam no mar para acompanhar os movimentos que Chanyeol fazia em cima do jet ski que pilotava. 

Depois das horas preguiçosas que passaram no quarto de hotel, onde os dois perderam o horário do café da manhã assim que acordaram, Baekhyun decidiu que queria apenas aproveitar a praia naquela tarde, já que fazia bastante tempo que não saia de férias, e ele estava começando a perceber que Chanyeol não ia se opor ao qualquer coisa que pudesse pedir. E, no fundo, Baekhyun não desejava nada além disso. 

Havia uma linha débil entre a confiança, a qual sempre sustentou quando estava perto daquele homem, e a insegurança que era tê-lo para si. Não podia culpar ninguém além de si mesmo, porque reconhecia o quanto havia colocado Chanyeol num pedestal que, mesmo após tocá-lo, ainda achava que jamais o alcançaria. Mas ele havia feito, não só alcançado Park, como também seu coração, e era isso que era o mais difícil de acreditar, porque uma parte de si esteve tanto tempo se concentrada na tarefa de se esquivar para dentro de Chanyeol, que talvez tenha perdido o momento em que se encontrou por completo preso a ele. 

Todavia, não queria perder a si mesmo dentro daquela incerteza, porque ali, naquela praia em Sokcho, e dentro de tudo o que estavam criando juntos, Chanyeol era dele. 

Os raios de Sol que brincavam sobre a lente de seus óculos escuros foram bloqueados pela imagem de Park se aproximando pela areia. E era de tirar o fôlego vê-lo caminhando em sua direção, com aquela blusa térmica preta que era apertada na proporção certa, contornando os músculos de seu peito e de seus braços, e como se não bastasse, ele ainda tinha aquela maldita mania de passar a mão por entre os fios de cabelo, fazendo a água escorrer por entre eles e ir de encontro ao chão. Às vezes, as gotas escorriam por seu peito, morrendo na barra do short que usava, e se Baekhyun pudesse desejar alguma coisa naquele momento, era poder ser uma daquelas gotinhas. 

Byun riu, mas seu riso se tornou um som esganiçado que ele tratou de engolir quando Chanyeol, parado ao lado da sua espreguiçadeira, puxou a blusa pela parte de trás da gola, a arrancando de seu corpo antes de jogar na cadeira livre. 

― Delícia! ― Soltou baixinho, dando mais um gole em sua bebida. 

― Oi? 

― A bebida. Tá uma delícia. 

Park se sentou na beira da espreguiçadeira que Baekhyun estava deitado, apoiando o braço do outro lado. 

― É o quê? ― Perguntou se referindo a bebida. 

― Gin Tropical com morango. Experimenta! ― Baekhyun se inclinou em sua direção, estendendo a taça para Park, que não demorou a bebericar um pouco. ― Bom, né?

― Um pouco forte, você não acha?

Baekhyun rolou os olhos, não respondendo, e tomou mais um gole. ― A água está boa? 

Chanyeol puxou a mochila que haviam levado, pegando seus óculos de Sol e o protetor solar. ― Um pouco gelada, mas está boa. ― Colocou os óculos e abriu a embalagem do protetor, derramando uma quantidade boa nas mãos antes de passar pelas coxas brancas de Baekhyun. ― Você não passou protetor?

Uh-hm... Eu estava esperando você para passar em mim. ― Baekhyun separou as duas pernas, dando espaço para que Park passasse a mão no interior de suas coxas, e quando os dedos deslizaram por dentro da barra do short, Byun fechou as pernas, prendendo-o ali. 

― Baekhyun... ― Park chamou num aviso, com a testa franzida. 

― Sobe mais, Park. ― O sorriso travesso em seu rosto deixava claro que ele queria apenas provocar Chanyeol um pouquinho, e antes que pudesse ser repreendido outra vez, Baekhyun afrouxou o aperto entre suas coxas, logo se levantando para que Park pudesse passar o protetor na parte de trás. 

Assim que Chanyeol terminou, ele jogou mais um pouco do produto em sua mão para espalhar em seu peito e barriga, fazendo Baekhyun acompanhar cada um dos seus movimentos com os olhos.

― Deita aí na canga. ― Byun apontou com a cabeça em direção à peça aberta sobre a areia, levantando-se da espreguiçadeira para pegar a embalagem de protetor das mãos de Park. ― Eu vou passar nas suas costas. 

Chanyeol deitou de bruços, com os braços cruzados sob seu queixo e logo Baekhyun se ajoelhou ao seu lado, jogando uma quantidade generosa do produto sobre seus ombros e começou a espalhar com uma das mãos. 

A verdade era que ele gostava de qualquer desculpa para estar tocando o corpo de Park, para sentir os relevos de seus músculos e a temperatura única que tinha. Gostava, também, do tom de sua pele, que era mais escuro que a sua, às vezes, numa nuance de dourado que nunca nunca viu antes. Essa era uma das magias de Chanyeol; porque a paleta que passou a compor a vida de Baekhyun, depois que se deixou manchar por tudo o que consistia naquele homem, era feita de cores que o garoto jamais seria capaz de enxergar com outra pessoa. 

Era cintilante, áureo, flavo. Quase etéreo e sagrado. Dando calor aquela beleza branca e fria que Baekhyun sempre carregou consigo, o permitindo ferver em vermelho. 

E de todas as cores que conheceu ao lado de Park, aquela era a mais profunda porque nos livros que sempre leu na biblioteca da mansão, vermelho havia vários significados como paixão, pecado, ódio, vida, amor, e embora a superfície de Chanyeol fosse dourada, seu interior era submerso em rubedo. 

Baekhyun amava tudo aquilo, se sentia abraçando cada um dos sinônimos intrínsecos sob a pele de Park. Todavia, naquele momento, ele queria aquilo que estava ao alcance de seu toque. 

O Sol refletia nas costas de Chanyeol, deixando suas próprias marcas ali, fazendo o garoto suspirar conforme a ponta de seu dedos desenhava formas abstratas sobre a pele, e quando Baekhyun escreveu seu nome ali, ele desejou que aquele homem fosse seu para sempre.

― Eu daria uma moeda para saber o que está passando na sua cabeça agora. 

A voz de Chanyeol puxou Baekhyun para fora de sua distração, o fazendo olhar para Park através das lentes dos óculos escuros. Ele sorriu, piscando algumas vezes antes de desviar o olhar para o mar. 

― Eu não diria nem por mil moedas. 

― É mesmo? ― Chanyeol se levantou, colocando-se sentado perto demais de Baekhyun. Uma mão apoiando o peso do seu corpo, a outra pronta para começar a brincar com os fios de cabelo do garoto. ― E por um milhão de moedas? 

Baekhyun balançou a cabeça de um lado para outro com um sorriso pequeno dançando em seus lábios. 

― Quanto vale os seus pensamentos? 

E Baekhyun amava aquilo também; a maneira como seus olhares se encontravam e conversavam antes das palavras, trocavam segredos e pensamentos, trocavam instantes e traços que eles deixavam para trás, que se perderiam no tempo. 

Amava aquela bagunça absurda que Park havia feito de si. 

― Um beijo, um jantar romântico e todas as estrelas do céu. 

E Chanyeol amava aquilo; como já conhecia Baekhyun bem demais para traduzir seus pedidos. 

― O beijo eu posso te dar agora, mas os outros você vai ter que confiar que te darei depois. 

― E qual a garantia, Park? 

Chanyeol respirou mais alto e pegou uma das mãos de Baekhyun, a levando até seu peito, encostando a palma em cima do seu coração. ― Essa serve? 

Byun sentiu seu rosto esquentar e pela primeira vez não conseguiu sustentar o olhar de Park por muito tempo. O coração sob sua mão batia de um jeito acelerado, apressado, desritmado, assim como o seu. 

Talvez, fosse mais fácil contar seus pensamentos a contar os batimentos de Chanyeol. 

― Eu escrevi meu nome nas suas costas para você saber que vai ser para sempre meu. 

Chanyeol não sabia dizer por que aquilo o fez sorrir, mas fez. Soltou a mão de Baekhyun, que deslizou por seu peito até alcançar sua coxa, e o segurou pelo queixo, puxando o rosto para si, para pagar a primeira parte da sua dívida. 

― Eu já sei disso. ― Sussurrou contra os lábios vermelhos do garoto. ― Muito antes de você escrever seu nome em mim. 

― Você é muito injusto, Park. ― A voz de Baekhyun era baixa e quase dolorida. ― O tempo todo eu tento fazer você se apaixonar mais por mim e tudo o que eu consigo é ficar ainda mais apaixonado por você. 

Aquela confissão era quase irritada, fazendo Chanyeol rir com os olhos fechados e a testa grudada à de Baekhyun. 

Havia aquela coisa sobre Park que desmoronava sempre que eles estavam perto demais, desaparecia expondo muitas coisas sobre aquele homem, e todas essas coisas diziam respeito apenas à forma como ele queria Baekhyun.

― Você realmente não tem ideia do quanto eu gosto de você, garoto. ― Baekhyun apenas negou com a cabeça, porque realmente não tinha. ― Espero que você não demore a entender isso, então.

― Me dê meu tempo para entender. ― Chanyeol nunca tinha ouvido Byun falar num tom tão sincero quanto aquele antes. ― Ainda é difícil de acreditar que tudo o que eu estou vivendo nesse momento é real, Park. Pensar que o que você sente por mim pode ir além do interesse carnal, realmente dá um nó na minha cabeça. 

Chanyeol entendia muito bem o que Baekhyun queria dizer com aquilo, afinal, ele também já teve vinte anos, e ele também já teve seu primeiro amor. Por isso, era maduro o suficiente para, mais uma vez, traduzir o que ele estava falando. 

― Eu nunca teria te levado para cama se isso fosse apenas carnal, principalmente sabendo o que você sente por mim, Baekhyun. ― Por Deus, Byun se sentia a cada segundo mais bagunçado. ― Mas eu vou sempre te dar todo o tempo do mundo para tudo.

O garoto riu e ergueu o rosto para mais um beijo, que não demorou nem mesmo um segundo para começar, deixando Baekhyun naquele estágio de quente no estômago e frio nas costas, mais uma vez. 

 

A tarde foi embora junto das ondas que batiam sobre a areia de forma violenta, deixando sua espuma antes de voltar ao mar o mais branda possível. As estrelas estavam começando a aparecer no céu, que era uma mistura de tons laranja e púrpura, quando Chanyeol e Baekhyun caminharam de mãos dadas pela calçada até chegar no hotel em que estavam hospedados. 

As primeiras horas no comecinho da noite, eles perderam entre os lençóis com os corpos suados, enquanto Baekhyun tinha as duas mãos espalmadas sobre o peito de Park para se dar algum apoio conforme seu corpo quicava sobre o dele, e quando o garoto se esquivou sob o tecido branco e suave, mesmo depois de já ter gozado duas vezes, e colocou o membro do seu homem em sua boca, o chupando até estar duro de novo, Chanyeol decidiu que pagaria a segunda parcela de sua dívida na noite seguinte, porque naquele momento, tudo o que queria era continuar fodendo Baekhyun até ver o Sol de novo, e ninguém precisou pedir para que aquilo de fato acontecesse. 

A cada vez que eles transavam, Baekhyun podia sentir o quanto mais seu corpo se moldava ao de Park, e os momentos de desconforto, que antecediam o prazer que sempre sentia com aquele homem, estavam começando a se tornar cada vez menores, deixando para eles apenas aquela sabor agridoce de serem um só. 

 

* * *

 

Chanyeol estava sentado em uma das poltronas do deck, na varanda de seu quarto, com o celular colado em seu ouvido enquanto um cigarro queimava entre os dedos de uma de suas mãos e o copo de uísque, com as pedras de gelo ainda se mexendo, repousava sobre a mesa. Seu corpo estava coberto por um dos roupões do hotel, e na ponta de seu pé, que repousava sobre um de seus joelhos, balançava um chinelo de tecido com o nome do estabelecimento bordado em azul. Havia acabado de sair do banho, e estava esperando Baekhyun fazer o mesmo para começar a se arrumar. 

Ou, talvez, estivesse esperando apenas o término daquela ligação. 

― Eu nunca vi meu tio de tão mau-humor como ele tem estado nos últimos dias, Chanyeol. ― Park suspirou mais uma vez ao som das palavras de Sehun. ― Mas eu não vou ficar batendo nesse assunto, porque eu tenho certeza que a última coisa que você quer ouvir falar é sobre ele. 

― Eu te agradeço. ― Os dois riram, e Chanyeol deu mais uma tragada em seu cigarro. 

― Você e Baekhyun vão ficar quanto tempo fora?

― A gente vai voltar no sábado ou no domingo à tarde. ― Park pegou o copo, dando um gole generoso na bebida antes de voltar a falar. ― Eu quero ficar um tempo com ele, sabe? Porque eu não sei como as coisas ficarão quando a gente voltar, então... 

Se Sehun pudesse ver a expressão do amigo, o veria dando de ombros, como se quisesse dizer que não estava ligando muito para o que viria em seguida, ao mesmo tempo que sua testa estava franzida em preocupação.

― Se você quer saber o que eu penso sobre tudo isso o que você está fazendo, eu diria que você realmente perdeu o juízo, mas no fundo eu acho que vocês não estão errados, sabe? 

― Eu sei lá, Sehun... É muita coisa se passando na minha cabeça ao mesmo tempo, entende? ― Chanyeol virou o rosto para trás, rapidamente, apenas para ver se Baekhyun já havia, ou não, saído do banheiro. ― Eu pensei muito sobre meu relacionamento com a Soojung antes de decidir me envolver com o Baek, pensei na forma como eu abri mão dela tão fácil, mesmo depois de anos juntos, só para ter mais espaço na minha vida para correr atrás do que eu queria, e então aparece esse garoto que me faz querer abrir mão de todo o resto só por causa dele. Pode soar egoísta o que eu vou falar, mas eu nunca me arrependi da escolha que eu fiz em relação a Soojung. ― Deu mais uma tragada, realmente não sabendo se estava conseguindo se fazer entender. Esperava que sim. ― E a situação é exatamente a mesma. O que eu estou tentando dizer é que eu sei que eu não vou me arrepender da escolha que eu estou fazendo agora. 

― Eu sei que não. E é isso que, às vezes, me assusta. ― Sehun ficou em silêncio por alguns segundos antes de voltar a falar. ― Bom, mas você sabe o que está fazendo, né? 

Park soltou uma gargalhada baixa e coçou a testa. ― Espero que sim. ― E dito isso, Oh se juntou a ele, rindo também. ― Mas eu gosto do Baekhyun. Gosto de verdade dele. E eu não duvido do que ele diz que sente por mim, só espero que dure o bastante para tudo valer a pena. Afinal, ele ainda é só um garoto de vinte anos. 

― Sobre o Baekhyun eu não posso falar muito, porque, como eu te disse no aniversário dele, ele sempre foi muito introspectivo, então é difícil querer entender o que se passa na cabeça dele. Mas pelo menos ele sempre foi do tipo de não gastar a energia dele com coisas que ele não queria, sabe? 

Chanyeol riu mais uma vez, dando uma última tragada no cigarro antes de apagá-lo do cinzeiro. ― E como estão as coisas por aí? 

― Você não está fazendo a menor falta, cara. Sério. ― A gargalhada de Sehun preencheu a linha, fazendo Chanyeol rolar os olhos. 

― Vai se foder, Sehun! 

― Não, mas está tudo bem, sim. Não precisa se preocupar! As duas reuniões que a Sooyoung não conseguiu remarcar, eu mesmo atendi no seu lugar, e estou resolvendo as pendências que você deixou.

O som da porta do banheiro chamou a atenção de Chanyeol que, mais uma vez, olhou para dentro do quarto por cima do ombro, encontrando Baekhyun andando em direção ao armário. ― Quanta eficiência, Sehun. Me lembra de te dar um aumento quando eu voltar. 

― Eu só não vou mandar você se foder também porque eu ainda tenho o mínimo de respeito por você. 

Park deu mais um gole em sua bebida, se levantando logo em seguida. ― Vou desligar agora. Baekhyun acabou de sair do banho. Se cuida, e cuide de tudo por aí até eu voltar. 

― Se cuida também. E cuida bem do meu primo. 

Chanyeol apenas concordou com a cabeça antes de encerrar a ligação. Virou o resto do uísque de uma vez só, já sentindo o gosto fraco graças às pedras de gelo que já haviam derretido.

Deu alguns passos para dentro do quarto, deixando o copo no primeiro lugar que viu e quando seus olhos encontraram Baekhyun, que estava de costas para si, precisou cruzar os braços e franzir a testa. O garoto estava dentro de uma calça preta que Chanyeol tinha quase certeza absoluta ser de couro, que parecia grudada em seu corpo de tão apertada que estava, delineando perfeitamente bem sua bunda de um jeito que parecia deixá-la um pouco maior, acentuando maravilhosamente seu quadril e suas coxas e, sinceramente, Park não queria saber como ele conseguia se mexer dentro de uma peça tão justa. Não falou nada, apenas continuou observando enquanto Baekhyun colocava uma blusa também preta de gola alta e uma jaqueta de couro, por cima, da mesma cor. 

Balançou a cabeça de um lado para o outro, indo até o armário para pegar algo para se vestir, entretanto, por mais que quisesse controlar a vontade de falar, não se conteve em virar para Baekhyun e perguntar: 

― O que é isso que você está usando? 

Baekhyun se virou em sua direção e, pelo olhar satisfeito que o menino tinha no rosto, Park soube que não precisaria explicar à que estava se referindo. 

― Uma calça. ― Respondeu com toda simplicidade do mundo. ― Gostou? 

Chanyeol soltou um riso fraco, tirando o roupão antes de pegar uma blusa social azul marinho do cabide. ― Isso não é uma calça, garoto. ― Num movimento rápido, passou os braços pelas mangas da camisa, a arrumando em seu corpo antes de começar a abotoar. ― Isso é uma dor de cabeça que você está arrumando para mim. 

Baekhyun não podia gostar mais da resposta. 

― Dor de cabeça? 

― É. Dor de cabeça. Porque eu vou ter que me preocupar com o bando de cretinos que vão ficar de olho no rabo do meu garoto. 

Um arrepio se passou pelo corpo de Baekhyun no momento em que Chanyeol disse as últimas palavras, resultando em um sorriso ainda maior em seu rosto, daquele que a pontinha da língua escapava para fora, serpenteando por seus lábios. 

― Vou adorar ver você com ciúmes, Park. 

Chanyeol riu, pegando uma calça jeans para vestir e quando estava já levantando o zíper, se virou para Baekhyun, passando as mãos por seus fios de cabelo. 

― Ficar com você vai me matar antes de eu ter a chance de chegar aos quarenta. 

Byun ficou em silêncio por alguns segundos analisando o que havia acabado de ouvir. ― Então, você está dizendo que quer ficar comigo por mais de dez anos? ― A pergunta pareceu meio idiota depois que saiu de sua boca. 

― Seria bom, não? ― A resposta foi simples, sem nem precisar ser pensada antes, deixando claro para Baekhyun, mais uma vez, o quanto Chanyeol já tinha certeza sobre eles. 

Terminou de calçar seus sapatos, vendo Park fazer o mesmo, antes de procurar pelo celular, colocando-o no bolso da calça. 

― Já está pronto? ― Baekhyun concordou com a cabeça, se levantando da poltrona onde estava sentado. ― Pegou a chave do carro? ― Ele a balançou no ar, caminhando em direção à porta do quarto enquanto Chanyeol o seguia, e quando chegou perto o suficiente, segurou Byun pelo pulso, o fazendo virar para si. 

Chanyeol o fitou com um olhar atento e curioso, completamente diferente daquele que o havia dado quando reparou suas calças, e o observou dos pés à cabeça, demorando o tempo que achou necessário em cada detalhe. 

Byun estava pronto para perguntar o que havia de errado quando Park falou. 

― Você está lindo. ― A mão em seu pulso subiu sobre o tecido da jaqueta até alcançar a lateral de seu pescoço, esquivando os dedos para a nuca, o acariciando. ― Ainda mais lindo do que você é todos os dias. 

Droga, Baekhyun estava ficando corado outra vez, tinha certeza. Mas quando viu o brilho e a intensidade nos olhos de Chanyeol, tudo o que conseguiu fazer foi sorrir. 

O carinho em sua nuca durou pouco, porque logo os dedos se arrastaram até o seu rosto, o puxando pelo queixo até que suas bocas estivessem perto o bastante para não se tocarem. 

― Lindo e todo meu. ― Sussurrou antes de cobrir os lábios de Baekhyun com os seus e o beijo sem muita delicadeza, do jeito que ele sabia que o garoto adorava.

Byun subiu as mãos por seu peito, sentindo seus músculos nas pontas dos dedos, até alcançar seu pescoço e entrelaçou os dígitos no começo de suas costas, querendo se aproximar um pouco mais. Podia sentir como a língua de Chanyeol começava a se misturar com a sua, impondo o ritmo que ele queria conforme suas bocas se encaixavam com mais exatidão naquele quebra-cabeças que só eles podiam montar. Os dedos, que até então tocavam seu queixo, voltaram para a lateral de seu pescoço, apertando com um pouco mais de força, antes de descer até o fim de suas costas, puxando o corpo de Baekhyun contra o seu com apenas um gesto. E aquele impacto pequeno, mas preciso, fez o garoto gemer entre o beijo.

Por um momento, Baekhyun havia se esquecido de tudo. Da reserva que haviam feito num restaurante para jantar, da porta do quarto deles já parcialmente aberta, e até mesmo do próprio nome, porque beijar Chanyeol era mergulhar num estado pleno de torpor que apagava sua mente por completo. 

No entanto, antes que qualquer coisa pudesse começar a ficar mais profunda, Park quebrou o beijo, prendendo o lábio inferior de Baekhyun entre os dentes por alguns segundos e soltou devagarinho enquanto ouvia o som de sua respiração já afetada.

― Vamos? 

Baekhyun só pôde concordar com a cabeça, porque se fosse falar qualquer coisa seria para implorar que Park continuasse beijando-o e que o levasse de volta para cama, arrancasse sua roupa e tudo o que havia restado de são em seu corpo.

Chanyeol lhe deu mais um daqueles sorrisos elegantes e apoiou a mão no final de suas costas, conforme começava a guiá-lo pelo corredor em direção a recepção. 

 

O restaurante que haviam reservado era uma típica cantina italiana, com o nome de Matsu, localizado um pouco mais para o interior da cidade, no topo de uma colina mais alta. Tinha um estilo que misturava o colonial europeu com a arquitetura moderna coreana, todo trabalhado na madeira bruta, o que ressaltava o ar rústico do lugar. Entretanto, as cores claras e os acabamentos asseguravam o clássico e a elegância. O interior do local tinha uma atmosfera mais aconchegante e familiar e, do lado de fora, no enorme jardim que se formava ao redor de uma lareira ao ar livre, havia algumas mesas para dois, sob a meia luz, o que garantia maior privacidade aos clientes. Durante as estações frias, ou nos dias de chuva, toda a parte externa era coberta por um enorme teto de vidro, e por isso aquela área era chamada de jardim de inverno.

Baekhyun foi o primeiro a passar pelas portas envidraçadas da entrada principal, com Chanyeol um passo atrás, e no mesmo instante a hostess do restaurante se aproximou, cumprimentando-os.

― Boa noite, senhores. Sejam bem-vindos. ― Chanyeol e Baekhyun responderam juntos, devolvendo o cumprimento com um aceno educado e por dois segundos, Byun se perdeu admirando a enorme árvore que existia no meio do salão. ― Me chamo Lee Haesoo, e vou acompanhá-los até a mesa de vocês. A reserva está no nome de quem? 

― Park. ― Chanyeol respondeu em toda sua educação, observando-a enquanto a hostess começa a procurar seu nome na lista. ― Park Chanyeol. 

― Uma mesa para dois no jardim de inverno, certo? ― Baekhyun balançou a cabeça algumas vezes, concordando. ― Vou levar os senhores até lá. 

Byun parecia curioso sobre tudo o que havia ao seu redor, e Chanyeol adorava a maneira como ele sempre acabava se deslumbrando fácil com tudo o que via de novo na vida. Às vezes, chegava a se esquecer de que Baekhyun vinha de um berço de ouro com muito mais valor que o seu, porque eram as coisas mais simples e pequenas que ganhavam sua atenção. 

Assim que chegaram do lado de fora, a hostess os acompanhou até uma mesa mais afastada, próxima à cerca de madeira que marcava os limites do restaurante, onde tinha também a vista encantadora de toda a cidade sob eles. Chanyeol agradeceu quando Lee Haesoo disse que logo o garçom viria para entregar o menu, e puxou a cadeira de Baekhyun para o garoto se sentar, antes de se colocar em seu lugar. 

A música que tocava era uma que Baekhyun julgaria como um remix lofi de Mozart ou Beethoven e, mesmo que não fosse algo que ele escolheria para ouvir no seu dia a dia, combinava perfeitamente com o local. 

― É mais bonito que nas fotos. ― Byun comentou, apoiando os braços na beira da mesa com os dedos entrelaçados. 

Chanyeol deu uma olhada ao redor, observando rapidamente cada detalhe, antes de voltar a olhar o detalhe mais importante que existia ali. 

― É sim. Eu nunca tinha vindo aqui a noite, então não fazia ideia de como era de verdade. 

― Não sabia que você conhecia esse lugar, também. Trouxe algum affair para almoçar, foi? ― Baekhyun tinha um ar atrevido e provocação nos lábios, fazendo Chanyeol rolar os olhos.

― Não. Foi um almoço de negócios com o dono do restaurante e o cerimonialista do nosso hotel, há uns dois meses. ― Baekhyun abriu a boca, soltando um “ah” de entendimento, conforme Park continuava. ― Foi um casamento que aconteceu no Lotte Resort Sokcho, e a família da noiva era vegana. Esse restaurante aqui é a maior referência de culinária vegana da cidade, então decidimos fazer uma parceria com o chefe daqui e o nosso próprio buffet

Havia um sentimento quase enciumado em Baekhyun sempre que Chanyeol lhe contava sobre algo relacionado às coisas que ele fazia para os hotéis. Porque sempre que ele comentava alguma coisa consigo, Byun percebia o quanto aquele mundo hoteleiro era extenso e quanto ele queria um dia ser parte daquilo. A cada dia, percebia mais que trabalhar em hotéis ia além de receber e cuidar dos hóspedes, e se via cada vez mais encantado por cada parte daquela ramificação. 

No entanto, Baekhyun não teve tempo de fazer nenhum comentário. O garçom, que se apresentou pelo nome de Kim Soohyun, entregou o menu para cada um deles junto da carta de vinho, dizendo que estaria esperando para pegar o pedido assim que tivessem já suas escolhas. 

Byun dispensou as opções de entrada, indo direto para os pratos principais. ― Hm... eles têm opções de peixe também. ― Comentou, virando a página. ― Tem medalhões de salmão ao molho de laranja. Nossa, eu adoro! ― Chanyeol ergueu os olhos do seu cardápio, dedicando sua atenção por completo à empolgação que surgia no garoto. ― Tem salmão ao forno com crosta de queijo também. 

― Você gosta bastante de salmão, não gosta? 

Baekhyun ergueu o olhar, encontrando o de Chanyeol um tanto curioso sobre si. ― Gosto normal... Eu não gosto bastante

Park riu, coçando o queixo por um momento. ― Baek, ― E Deus sabia o quanto Baekhyun gostava quando Chanyeol o chamava daquela forma. ― de todas as vezes que nós tivemos alguma refeição juntos, apenas em uma você não comeu salmão. Sempre com molho ou regado no azeite porque, pelo que deu para perceber, você não gosta quando o salmão fica ressecado, certo? Foi por isso que você não terminou de comer o seu jantar naquele dia, lá no hotel, quando o grupo da ONU chegou, não foi? 

Certo, Baekhyun estava um pouco impressionado. Gostava, sim, de salmão e nunca reparou na frequência que comia, ou na maneira que comia. Entretanto, até isso, Chanyeol teve o capricho de reparar e, mais do que reparar, perceber as entrelinhas. Será que ele era tão ridiculamente fácil de ler como Park demonstrava? 

― Naquela noite, meu pai conseguiria estragar até o melhor prato. Não foi só culpa do cozinheiro. 

― Ele brigou muito com você? ― Era a primeira vez que Chanyeol perguntava algo mais específico que tivesse a ver com o relacionamento de Baekhyun e seu pai. 

Byun deu de ombros, voltando a atenção para o cardápio enquanto respondia. Não sabia exatamente por que, mas não gostava muito de falar sobre qualquer assunto que pudesse dizer respeito ao seu pai com Park. Talvez pelo receio de Chanyeol querer parar as coisas entre eles por causa disso. 

― Depois que ele saiu do seu escritório, naquele dia, ele passou quase duas horas me dando sermão. Me chamou de irresponsável, falou que o que eu estava fazendo era um ato de rebeldia e que eu estava jogando tudo o que ele faz por mim no lixo. Que eu não posso me envolver com qualquer pessoa, por infinitos motivos, principalmente pelo fato de a família Byun ser muito conhecida e muito influente e que eu posso acabar me colocando em perigo, e por último, falou que se a minha mãe estivesse viva, eu já a teria matado de preocupação. ― Suspirou, parando por dois segundos antes de continuar. ― A mesma coisa de sempre, Chanyeol. Só não foi pior que no dia do acidente. 

― E mesmo assim você não deu ouvidos ao seu pai. ― Park soltou um riso baixo, e Baekhyun não saberia dizer se era sarcasmo ou falta de humor que havia nele. 

― Por que? ― O tom de Byun era desafiador. ― Você queria que eu tivesse dado ouvidos a ele, Park? ― Chanyeol ergueu as sobrancelhas, abrindo a boca para responder. Todavia, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Baekhyun continuou. ― Você se lembra do que você fez comigo no quarto, logo depois do jantar? ― A voz ficou mais baixa e afiada, atingindo Chanyeol direto em sua mente. ― De como você só precisou tocar meu corpo com as suas mãos para me fazer gozar na sua cama? ― Então sua expressão suavizou conforme Baekhyun balançava a cabeça de um lado para o outro, devagarinho. ― Eu tenho certeza que você nunca quis que eu desse ouvidos ao meu pai. 

Park ainda continuou com o cenho franzido por mais alguns segundos antes de responder qualquer coisa. ― Você sempre foi muito sem juízo, garoto. ― Pressionou os lábios um contra o outro e continuou logo em seguida. ― Mereceu cada um dos sermões que seu pai te deu na vida. 

Baekhyun encolheu os ombros, colocando um sorriso inocente nos lábios que Chanyeol quis arrancar com um beijo. ― Se eu tivesse juízo, nós não estaríamos aqui agora, jantando juntos nesse lugar maravilhoso, e você não estaria tendo as melhores fodas da sua vida.

― Como você consegue ser tão convencido sendo tão pequeno? 

― Vai a merda, Chanyeol! ― Soltou se fazendo de ofendido. ― Eu não sou pequeno, meu tamanho está dentro do padrão. Você que é ridiculamente alto. ― Park riu mais uma vez, porque adorava quando Baekhyun ficava irritado. ― Já podemos pedir? 

― Claro. ― Chanyeol chamou o garçom que, em poucos minutos, já tinha o pedido de cada um. Baekhyun tinha optado por Fettuccine com salmão cremoso, enquanto Chanyeol escolheu Rigatoni à carbonara com medalhão ao molho madeira e uma garrafa de Cantale Chardonnay Pugliese, que cumpria bem o papel de harmonizar com os dois tipos diferentes de molhos que haviam escolhido

O vinho e as duas águas com gás que o acompanhavam foram os primeiros a chegar à mesa, e quando o garçom pegou a garrafa de Cantale para servi-lo, Chanyeol disse que ele mesmo gostaria de fazer, preenchendo uma das taças de Baekhyun com a quantidade certa antes de servir a sua. 

Byun pegou a taça e logo provou um pouco do vinho, sentindo o sabor mais concentrado e amadeirado. 

― Bom? 

― É um pouco forte, mas é bom. 

― Ele vai ficar mais suave no paladar quando você estiver comendo.

Baekhyun tomou mais um gole, devolvendo a taça para a mesa e arrumou a postura sobre a cadeira. ― Sabe uma coisa que eu fiquei curioso desde aquela noite que passamos naquele hotel? ― Park ergueu as sobrancelhas, fazendo um gesto para que ele continuasse. ― Você disse que costumava matar aula quando estava no colegial para jogar e beber com seus amigos. Eu queria ouvir mais sobre isso. 

Chanyeol a garrafa de água com gás, a derramando na taça vazia ao lado de Baekhyun antes de colocar o resto na sua. ― E o que você quer saber? 

― Não sei... ― Deu de ombros, batendo os dedos sobre a madeira da mesa enquanto seu olhar se desviava por entre as luzes da cidade abaixo deles. ― Só queria ouvir suas histórias... É difícil imaginar que você nem sempre foi esse homem controlador e correto com tudo, sabe? Você parece sempre tão perfeito e eu quero conhecer os defeitos. 

Park soprou o ar num riso baixo e molhou os lábios com a língua. ― Você precisa começar a desfazer essa imagem de príncipe encantado que você criou sobre mim, Baekhyun, antes que você comece a se decepcionar demais. ― Baekhyun quis se defender e dizer que a culpa não era sua se tudo o que ele fazia para si era mesmo perfeito, porém, não teve a chance. ― Bom... não é nada muito interessante. ― Entretanto, seu olhar ficou distante com um brilho nostálgico à medida que começava a falar. ― Eu gostava de fazer apostas com meus amigos, jogos de carta, bilhar, roleta, todas essas porcarias meio que clandestinas. E lá, naquele lugar que eu te levei, costumava ter um bar, daqueles que parecem parados no tempo e que servia cerveja gelada em canecas enormes. A cerveja era ótima, mas tinha espuma demais. ― Baekhyun riu com aquele comentário, conseguindo imaginar um Chanyeol de dezessete anos tomando cerveja em caneca, com as cartas de baralho na mão. E nunca, antes ele poderia pensar em algo. ― Então a gente fazia algumas apostas idiotas, como ― Tomou mais um gole de seu vinho, com o olhar de Byun acompanhando cada um de seus movimentos. ― quem perdesse faria os exercícios da semana, ou o trabalho do bimestre. 

― E você ganhava?

― Quase sempre. ― Respondeu sério, com um ar convencido. ― Eu era muito bom nesses jogos e as partidas de sinuca, eu ganhava todas. Só perdia nas cartas porque nem sempre é uma questão de ser bom jogando. Se você não receber uma mão boa, fica difícil, sabe? 

Baekhyun passou a mão pelos fios de cabelo que caiam em sua testa, os jogando para trás, e a apoiou sob queixo. 

― Às vezes, a gente passava o dia todo lá, dividia um pote de ramen para três e quando a gente ficava sem grana, eu apostava na sinuca com outros caras. 

― E isso não é meio ilegal? Fazer apostas envolvendo dinheiro? 

Chanyeol riu um pouco mais alto, apoiando o cotovelo sobre a mesa. ― Tinha coisas mais ilegais rolando lá, Baek. Nós tínhamos entre quinze e dezessete anos, matando aula e bebendo cerveja enquanto o dono do bar, um velho careca e barrigudo, fazia vista grossa. Uma vez um dos nossos amigos, o Gaeko, virou duas doses de vodca pura, era noite já, e todo mundo estava meio bêbado. Trinta minutos depois, ele caiu em coma alcoólico e foi um dos momentos mais desesperadores que eu passei na vida, porque achei que ele tinha usado alguma coisa mais ilícita, sabe, e achei que ele poderia acabar morrendo. 

― Meu Deus, Chanyeol! ― Byun tinha uma expressão completamente surpresa, enquanto sua cabeça tentava organizar todas as informações que estava recebendo. ― O que aconteceu depois? 

Park deu de ombros, tomando mais um pouco de sua bebida. ― O dono do bar colocou Gaeko no carro e o levou para um hospital que tinha lá naquela cidade. O problema é que, como aquela sempre foi uma cidadezinha pequena onde todo mundo conhece todo mundo, o médico que estava de plantão sabia que aquele cara era dono de um bar que estava onde algumas coisas erradas aconteciam por baixo dos panos, ele pediu os documentos do Gaeko e não demorou muito para ligar os pontos que ele certamente estava bebendo no bar dele. Veja bem, Gaeko tinha quinze anos ainda. E aquilo foi o bastante para o local ser interditado e nunca mais abrir. 

― Poxa, isso é uma pena. Quero dizer, esse senhor, o dono do bar, só quis ajudar e acabou perdendo o estabelecimento dele. 

A conversa foi rapidamente interrompida quando o garçom voltou com o pedido deles, arrumando os pratos sobre a mesa, antes de se retirar novamente. Baekhyun sentiu a boca salivar quando o cheiro do macarrão com os pedaços de salmão o alcançou, e Chanyeol estava começando a perceber que, ver as expressões no rosto de Byun sempre que paravam para comer alguma coisa estava se tornando uma de suas coisas favoritas. 

― Bom, ― Park voltou a falar, continuando o assunto. ― foi uma pena, mesmo, porque nós nunca mais encontramos outro lugar como aquele, mas o cara estava afundando na merda até o pescoço. ― Cortou um pedaço da sua carne, comendo-o antes de terminar. ― Depois que o local fechou, descobri que estava com algumas dívidas com os agiotas de lá, e que deixava os caras usarem o porão do bar como ponto fixo de tráfico. 

― Caramba, Chanyeol! E vocês nunca desconfiaram? 

― Não, mas deveríamos. Quero dizer, nós fazíamos apostas e bebíamos mesmo sendo menores de idade. Qualquer um podia imaginar que aquele velho e o lugar não eram muito corretos. 

Baekhyun comeu duas garfadas de comida, ficando em silêncio por alguns segundos, conforme pensava em tudo o que teve na sua vida. E infelizmente, antes de Chanyeol nada era animador. 

― Eu queria ter vivido algo assim... ― Sua voz tinha um tom distante, ganhando a atenção de Park no mesmo instante. ― Acho que eu sempre fui muito fechado, eu nunca tive muitos amigos quando eu estudava. Só o Minseok que sempre foi um nerd chato e toda vez que eu ia para casa dele, era pra fazer trabalhos de escola e as festas da família dele conseguiam ser mais chatas que as que acontecem na mansão. Acho que, no fundo, a culpa é da forma como meu pai me criou, sempre me proibindo de fazer tudo... Não me deixava fazer nada, e até para ir ao shopping ou sair para lanchar em algum lugar, ele colocava um segurança no meu pé. ― Se lamentou, rolando os olhos.

Aquilo fez Chanyeol rir mais um pouco. Terminou de engolir a carne que mastigava e limpou a boca no guardanapo. 

― É por isso que hoje em dia você inferniza tanto a cabeça dele. ― Não era uma pergunta. Na verdade, era uma constatação bastante óbvia no ponto de vista de Chanyeol. 

― Eu não infernizo a vida do meu pai, Chanyeol. É uma questão de que eu não aguento mais ele me proibindo de fazer tudo e dando aquela mesma desculpa de que eu não sei o que eu estou fazendo da minha vida. 

― E você sabe? ― Chanyeol não estava usando um acusador, nem tentando tirar a razão de Baekhyun, ele só queria que o menino pensasse em sua própria vida com seriedade. 

― E por que você acha que eu não sei? ― Devolveu num tom um pouco mais firme. 

― Não foi isso o que eu disse. Eu só fiz uma pergunta, Baekhyun. Olha só... ― Parou por um segundo, tomando mais um pouco do vinho e colocou sua atenção no prato enquanto falava. ― Eu já falei com você que seu pai vai começar a te levar mais a sério quando você provar a ele que é responsável por você mesmo. E não é fugindo com o sócio dele para outra cidade que você vai conseguir isso. 

Certo, Baekhyun não estava conseguindo acompanhar a linha de raciocínio de Park. Colocou os talheres sobre o prato, levemente inclinados, e apoiou os dois cotovelos na mesa, olhando para Chanyeol. ― Às vezes eu não te entendo. Você age como se o que a gente estivesse fazendo é errado, mas você está aqui comigo. 

― Eu nunca disse que isso é certo. 

― E o que seria o certo a se fazer então, Park? A gente simplesmente desistir do que a gente queria porque era algo que meu pai não permitiria? 

Chanyeol balançou a cabeça de um lado para o outro, piscando algumas vezes. ― O certo seria eu ter conversado com Ji Sung e contato a ele sobre o interesse que eu tenho em você. E se você, realmente, tivesse um pouco de juízo, não teria aceitado passar a semana comigo antes de eu tomar esse tipo de atitude, mas nós dois fomos bastante inconsequentes. 

Era incrível como Chanyeol o dobrava com poucas palavras, transformando sua irritação em um motivo para ficar ainda mais apaixonado por aquele homem. 

Esperou um tempo para que Baekhyun falasse qualquer coisa, mas o garoto apenas torceu os lábios algumas vezes antes de pegar os talheres novamente e voltar a comer. 

― Mas não pense que você perdeu alguma coisa na sua vida por ter sido obediente ao seu pai. ― Baekhyun desviou o olhar até Chanyeol, que tinha um sorriso pequeno nos lábios enquanto cortava mais um pedaço de carne. ― Eu vou me certificar de que você viva vários momentos inesquecíveis na sua vida, a partir de agora.

Byun jamais poderia mensurar o tamanho do sorriso que cresceu em seu rosto ao som daquelas palavras. Por Deus, será que realmente merecia aquele homem? 

O jantar se seguiu ao som de mais infinitas histórias de Chanyeol sobre seu tempo de escola e os anos que morou na Inglaterra. Contou sobre o choque cultural brutal que sofreu nos primeiros meses e como conseguiu superar as diferenças entre os dois países de um jeito que passou até mesmo a sentir falta depois que voltou para Coreia do Sul. E enquanto comiam panna cotta de sobremesa, Chanyeol contou sobre sua infância e sobre o furão que tinha comprado depois de passar semanas juntando o dinheiro que ganhava por ajudar a mãe com as tarefas da casa, que aparentemente fugiu quando ele foi um pouco menos cuidadoso. 

As estrelas brilhavam altas no céu quando Park pediu a conta e, mesmo que Baekhyun já estivesse se sentindo mais leve que o saudável por conta das taças de vinho, ele não queria voltar para o hotel, não ainda. E talvez, Chanyeol tenha lido aquele pedido em seus olhos quando passou a guiar o carro para a direção contrária. 

― Onde estamos indo? ― Byun perguntou, abaixando o vidro do carro para deixar o vento da noite entrar. 

― Tem um lugar que eu quero te mostrar, não fica muito longe daqui. 

O lugar em questão era o observatório Sokcho Lighthouse, que ficava quase no limite da cidade, depois de uma pequena estrada de pedras. Baekhyun nunca havia entrado em um observatório, talvez por falta de oportunidade ou por nunca ter pensado em visitar um antes, mas, de alguma forma, aquilo parecia mais uma coisa incrível para fazer ao lado de Park. 

― Esse lugar não está fechado? ― Byun perguntou enquanto subiam as escadas que os levava até a parte mais alta do observatório. Chanyeol estava um pouco à frente, segurando a sua mão.

― Sim, a gente vai invadir. 

― Chanyeol! ― Baekhyun chamou um pouco assustado, e se não fosse pelos seus dedos entrelaçados aos de Park, teria parado. ― Você ficou maluco?

― Ué, não foi você quem disse que nunca fez nada de interessante? Estou te dando algo de interessante agora. ― Ele parou, virando-se para o analisar a expressão no rosto do garoto e precisou segurar a vontade de rir quando Baekhyun o olhou com horror. ― É brincadeira. ― Deu uma puxadinha em sua mão, antes de voltar a subir. ― Do lado de fora, no terraço desse observatório tem um telescópio que fica aberto ao público vinte e quatro horas por dia. É ele que vamos usar. 

― Idiota. ― Baekhyun rolou os olhos, suspirando. ― Como você conhece esse lugar? Isso não é bem um ponto turístico pra você ter conhecido por causa do hotel. 

Eles chegaram ao último degrau, e Chanyeol abriu o pequeno portão de grades dando espaço para Baekhyun entrar primeiro. ― Não. Bem, na verdade eu gosto de observar as estrelas, então eu venho aqui algumas vezes quando estou na cidade. É uma daquelas coisas que você gosta de fazer porque te faz bem. 

Deram a volta ao redor de uma estrutura grande e arredondada que Baekhyun julgou ser o telescópio principal, e logo chegaram na parte da frente, onde havia outro telescópio apontado para o lado Sul do céu. 

― Vem cá! ― Park apoiou a mão no fim das costas de Baekhyun, o conduzindo até estar em pé ao lado do telescópio, e se posicionou logo atrás de uma das lentes. ― Quero te mostrar uma das minhas estrelas favoritas. 

Baekhyun suspirou, observando cada movimento que Chanyeol fazia com o telescópio após colocar o olho direito no buscador. Era incrível quantas nuances diferentes ele tinha e como estava, pouco a pouco, mostrando cada uma delas a Byun o fazendo desejar ter coisas bonitas para mostrar a Park também, porque a verdade era que Baekhyun não fazia ideia de todas as coisas maravilhosas que vinha mostrando e entregando àquele homem, o fazendo se apaixonar e se render a cada uma de suas palavras, mesmo quando ele não falava absolutamente nada. 

Chanyeol levou alguns segundos, mirando no aglomerado de estrelas que formavam a constelação do Cão Maior, ajustando o zoom algumas vezes, até que a visão estivesse completamente limpa, focada na estrela que mais brilhava dentre todas ao redor. 

― Vem. ― Chamou mais uma vez, deixando Baekhyun ocupar o lugar onde estava até instantes atrás. Byun colocou o olho no observador, encontrando um brilho intenso mais afastado dos outros. ― Está vendo? 

― Uhum... 

― Essa é Sírius. ― Chanyeol passou os braços ao redor de sua cintura, aproximando o rosto de seu ouvido para continuar falando. ― Ela faz parte da constelação do Cão Maior e é a estrela mais brilhante do céu noturno. O que você achou? 

Baekhyun achava muitas coisas naquele momento, como o quanto os braços ao redor de sua cintura o abraçando eram aconchegantes, ou como o tom de sua voz parecia ter sido feito apenas para ser escutado por ele. Achava que seus corações estavam ficando loucos, porque sempre que estavam perto demais, eles batiam no mesmo ritmo. E achava que acabaria morrendo a qualquer momento, porque não era possível se sentir tão feliz sem ter isso sendo cobrado mais tarde. 

Mas Chanyeol estava perguntando sobre a estrela, a que era a sua favorita e que de alguma forma estava dividindo com Baekhyun. 

― É diferente. ― Sua voz era baixa, como se tivesse medo de assustar o brilho daquela estrela. ― Ela é azul. 

― Sim, o brilho dela é azul. ― Park apoiou o queixo em seu ombro com calma, e olhou para o céu. ― Na verdade, Sirius são duas estrelas brancas binárias.

― O que é isso? Estrelas binárias? ― Uma das mãos ao redor de seu corpo, fazia um carinho leve em sua cintura, onde conseguia escapar para dentro de sua jaqueta.

― São estrelas que orbitam o mesmo centro de massa, fazendo parecer que elas orbitam uma a outra. Nesse tipo de sistema, uma estrela é sempre maior que a outra. A maior estrela leva a sigla A, sendo chamada de estrela primária, enquanto a estrela secundária e menor, leva a sigla B. Essa que você está vendo é a Sirius A. 

Baekhyun riu baixinho, pressionando o olho por alguns segundos quando a lente pareceu sair de foco. 

― A distância entre essas duas estrelas é a mesma distância entre o Sol e Urano. 

― E o que acontece com elas? Giram ao redor uma da outra para sempre? 

Foi a vez de Park soltar um riso fraco. 

― Normalmente, a estrela maior acaba engolindo a massa da estrela menor que desaparece. Ou elas podem colidirem, também, em algum momento criando uma nova estrela, relativamente menor e com mais massa. 

― Como se elas fizessem amor e dessem a luz a uma estrela bebê. ― Baekhyun riu, achando graça do próprio pensamento. 

― Por que você é assim, hm? ― Chanyeol tinha um tom divertido conforme enterrava o próprio riso na curva do pescoço do garoto. ― Mas é. Uma estrela bebê e órfã que perdeu os pais na explosão. 

― Coitada, Chanyeol! 

Park deixou um beijo pequeno sobre sua pele, se afastando um pouco para continuar falando. ― Bem... Na mitologia egípcia, Sirius era uma mulher chamada Sótis que carregava uma estrela em sua cabeça, adorada como a deusa da fertilidade do solo, porque era quando Sirius estava em seu ponto mais brilhante no céu, durante o mês de julho, que as inundações no rio Nilo começava. 

Baekhyun afastou o rosto do telescópio, olhando para Park com uma expressão encantada no rosto. ― Como você sabe sobre tantas coisas, assim? É surreal, Chanyeol, parece que você conhece tudo no mundo.

― Eu sempre gostei de astronomia, gostava de assistir documentários e ler livros sobre o assunto quando era mais novo. E durante as férias de verão, em Cambridge, eu fazia os cursos de astronomia que a universidade oferecia. ― Deu de ombros, desfazendo o abraço para colocar as mãos nos bolsos frontais da calça. ― Eu não conheço muito. ― Era a primeira vez que Baekhyun via Chanyeol ficar genuinamente sem graça. 

― Você é incrível. ― Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, compartilhando apenas um sorriso pequeno enquanto Baekhyun queria apenas poder continuar ouvindo Chanyeol lhe contar sobre tudo o que havia no universo. ― Me mostra outra estrela? ― Pediu, se afastando do telescópio. 

Chanyeol concordou e posicionou o olho no observado outra vez, virando o telescópio para o outro lado do céu. Ajustou o zoom mais algumas vezes, focando em uma grande massa de luz branca. ― Pronto! ― Deu o lugar para Byun que rapidamente voltou a olhar através da lente. 

― Qual é essa? 

Park deu alguns passos para trás e se recostou contra as grades de proteção do observatório. Pegou um cigarro do maço, acendendo-o antes de começar a falar. 

― Essa se chama Vega. Ela fica na constelação de Lira e é quase três vezes maior que o nosso Sol. Também é a estrela mais próxima a ele. ― Parou por um segundo dando uma tragada pesada e continuou. ― Há mais ou menos catorze mil anos, Vega era uma estrela polar, porque ela estava alinhada ao eixo de rotação da Terra, e alguns astrônomos presumem que isso pode voltar a acontecer daqui a doze mil anos. 

― Essa parece ser mais bonita que Sirius. ― Comentou, trocando o peso de uma perna para outra. ― Qual a história dela? 

Chanyeol riu, chutando uma pedrinha no chão com o bico do sapato. ― Você acha que todas as estrelas têm uma história. 

― Não. Mas se você me mostrou essa, com certeza tem. 

― Bom... ― Deu outra tragada e olhou para o céu, exatamente para a mesma posição que o telescópio estava apontado. ― Existe uma lenda japonesa chamada Tanabata, que conta a história de um pastor e uma princesa que se apaixonaram e decidiram viver o amor deles sem se preocuparem com suas obrigações. O pai da princesa ficou bastante indignado com a irresponsabilidade dos dois, por simplesmente largarem suas tarefas de lado, e os obrigou a viverem um em cada lado da Via-Láctea. A princesa entrou numa tristeza profunda, deixando seu pai bastante preocupado. Então, ele permitiu que o casal se encontrasse uma vez a cada ano. No sétimo dia, do sétimo mês. A princesa era Vega, e o pastor era Altair, uma estrela paralela que fica do outro lado da nossa galáxia. ― Se aproximou de novo, diminuindo o zoom pelo painel digital onde mostrava uma imagem pequena que estava sendo visto pelo observador. ― Consegue ver? Vega está um pouco acima, no meio tem uma linha mais densa de estrelas que é a Via-Láctea, e embaixo tem essa outra estrela, com o brilho parecido com a de Vega, mas um pouco menor. Essa é Altair.

― São lindas... Acho que é a coisa mais bonita que eu já vi. ― Baekhyun se afastou, virando-se para Park com um sorriso bobo em seu rosto. ― Elas se parecem com a gente. ― Chanyeol ergueu as sobrancelhas, perguntando por que e levou o cigarro até os lábios, de novo. ― Dois apaixonados fugindo de suas obrigações para ficarem juntos. É tipo eu e você. ― Baekhyun usou os dois indicadores para apontar para si mesmo e depois para Park, o fazendo rir. 

― Vem cá, vem! ― Chanyeol jogou o cigarro no chão e o puxou pelo pulso, trazendo o corpo de Byun para perto do seu e se inclinou para deixar um selinho demorado em sua boca. ― É você quem é inacreditável, sabia? ― Passou os dedos pelos fios de cabelo de Baekhyun, que começavam a cair sobre sua testa, os jogando para trás. ― Todas as coisas que você me faz sentir sempre que eu olho para você, garoto... Me faz querer te roubar do resto do mundo e te ter só para mim, para sempre. ― Deu outro beijo, um pouco mais demorado, mas não tanto quanto Baekhyun queria. 

Byun balançou a cabeça de um lado para outro, olhando fundo nos olhos escuros e densos de Park, onde havia apenas um único ponto brilhante, e Baekhyun desejou ser sua estrela ali presa dentro daquele vácuo, brilhando eternamente.

― Você não precisa me roubar de nada nem ninguém, Chanyeol. Porque a única pessoa que me tem nesse mundo é você. ― Levou um dos braços até sua nuca, enquanto usava a outra mão para deslizar sobre seu peito. ― Obrigado pelo jantar romântico e pelas estrelas que você me deu. ― Parou por um segundo, e subiu seus dedos até os lábios cheios de Chanyeol, sentindo a respiração quente tocando sua pele. ― Mas os beijos ainda não foram suficientes. 

Park não precisou de um pedido mais explícito para voltar a juntar sua boca àquela pela qual ele estava tão loucamente apaixonado. 

 

* * *

 

Já passava das onze da noite quando Chanyeol e Baekhyun estacionaram o carro na vaga destinada a eles no hotel, e decidiram gastar mais alguns minutos caminhando pela parte reserva da praia, com o som das ondas agitadas se espalhando pela areia enquanto a lua se refletia naquela manta escura e negra que cobria o mar. 

A noite não estava fria, a brisa que vinha do oceano não chegava a ser incômoda e talvez o calorzinho gostoso que Baekhyun sentia tinha a ver com os dedos de Chanyeol entrelaçados aos seus, e com o carinho que seu polegar fazia nas costas de sua mão enquanto mantinham uma conversa calma.

Baekhyun suspirou e olhou para o céu. ― O que você acha que vai acontecer quando a gente voltar para Seul? 

Chanyeol levou alguns segundos pensando naquela pergunta e em todas as incertezas que ela segurava. 

― Eu não sei. ― Começou calmo porque era mesmo um assunto delicado, eles sabiam disso. ― Sinceramente, não acho que seu pai vai aceitar o nosso relacionamento com naturalidade, então é bom que nós dois estejamos preparados para qualquer coisa que ele possa fazer. 

O som de seus passos sobre a areia da praia se misturava com as ondas e só havia eles ali, literalmente. 

― Acho que eu não tenho medo dele... Quero dizer, por mim, entende? Porque apesar de tudo, meu pai sempre foi bom em tirar a culpa de mim para colocar em outra pessoa. Então, eu só tenho medo mesmo do que vai acontecer com você. 

Park riu, mesmo não querendo menosprezar aquela preocupação, mas, de alguma forma, durante os dias que passaram em Sokcho, ele já tinha conseguido pensar em um plano B para qualquer que pudesse lhe acontecer. Porque era verdade quando Baekhyun falava que ele tinha aquela péssima mania de querer ter o controle de toda e qualquer situação. 

E era verdade também que a única coisa que não podia controlar era Baekhyun. 

― Provavelmente, seu pai vai querer desfazer a sociedade que nós temos. ― Byun o olhou com os olhos grandes, assustado com aquela possibilidade. ― Sehun já me alertou sobre isso. E se isso acontecer eu vou ter que dar um jeito.

― Ele não pode fazer isso, Chanyeol. Se meu pai não afundou na falência foi graças ao seu investimento, e seria um tiro no próprio pé. 

Park soltou sua mão e o segurou pelo quadril, deixando seus dedos acariciarem sua curva, porque havia algo que precisava conferir desde o momento que viu Baekhyun dentro daquela calça e ainda não teve a oportunidade. 

― Ji Sung está se sentindo traído. Ele sempre me procurava para conversar sobre você, e sempre deixava clara toda a preocupação que tinha em você acabar se envolvendo com alguém, e pelas poucas vezes que mencionou, eu pude ter certeza que ele detestaria a ideia de te ver com alguém muito mais velho do que você. 

Aquilo fez Baekhyun rir abertamente sob a noite. ― E na primeira oportunidade que você teve, você enfiou uma faca em suas costas e levou o filho dele para cama. Com um amigo como você, quem precisa de inimigos? 

Chanyeol se sentiu extremamente atingido pela audácia nas palavras de Baekhyun. E era patético o fato de que ainda ficava surpreso com aquilo, pois já o conhecia bem demais para saber que ele não dispensaria a oportunidade de cutucar seu ego sempre que pudesse. 

― É muita cara de pau sua falar uma coisa como essa, não acha? ― A mão desceu mais um pouco sentindo apenas o tecido pesado e liso do couro, antes de subir de novo. ― Depois de todas as vezes que você se esfregou em mim, na primeira oportunidade ainda tenta me fazer sentir culpa. ― Mas ele não estava chateado com aquela fala. Sabia que Baekhyun fazia aquilo por pura provocação, e Chanyeol amava aquilo tanto quanto o garoto. Porque sempre chegava o momento de Byun engolir suas palavras.

― Você poderia ter se empenhado mais em me afastar. ― Deu de ombros com um tom cínico em sua frase. ― Eu teria parado. 

Naquele momento, a mão deslizou descaradamente pela bunda, descendo até embaixo da polpa, e Chanyeol teve certeza. ― Eu não queria te afastar. Na verdade, eu queria mesmo era te colocar sentado no pau, na cadeira do meu escritório, e foder até você começar a pensar duas vezes antes de atrapalhar meu trabalho. 

Baekhyun precisou fechar os olhos com força para convencer sua mente a não imaginar aquela cena pois, se fizesse, acabaria com uma ereção antes de chegar no hotel. Entretanto, qualquer tentativa foi por água abaixo, quando o silêncio ficou pesado entre os dois, e Park parou de andar, agarrando sua cintura com uma mão para que fizesse o mesmo. 

A praia estava terrivelmente deserta, e como se fosse um presságio, Baekhyun desejou que tivesse alguém ali, porque antes mesmo de qualquer movimento de Chanyeol, seu corpo já estava sensível demais, e todo o sangue que seu coração bombeava começava a se concentrar em uma única parte. Seu pênis. 

Park abriu o botão de sua calça com uma facilidade absurda, usando apenas uma mão, e quando Byun tentou perguntar alguma coisa, com o peito agitado, sentiu a boca dele em seu ouvido, sussurrando um shhh baixinho. Chanyeol empurrou a mão para dentro, mas nem sequer chegou perto de seu pau, e quando ele deslizou a palma pelo começo de sua coxa, Baekhyun grunhiu se sentindo levemente desesperado. 

― Você achou mesmo que eu não ia notar? ― Park moveu a mão para trás, para sua bunda, sentindo o contato direto com a sua pele. ― Era óbvio que eu ia passar a noite toda olhando para sua bunda e você ainda achou que eu não ia notar que você está sem cueca, garoto? 

Baekhyun soltou o ar num resmungo, se remexendo um pouco. Seu raciocínio estava tão lento que não sabia se Chanyeol o estava repreendendo ou o provocando. 

― Essa calça apertada enterrada no teu rabo, marcando cada curva tua, exceto o tecido da cueca. Tcs... às vezes eu acho que você não tem ideia das merdas que você faz, e às vezes eu tenho certeza que você faz tudo de propósito só pra me testar. 

Certo, talvez Baekhyun tenha deixado de colocar a boxer porque queria mesmo que Chanyeol notasse para instigá-lo durante o jantar, porém, não tinha como imaginar que Park pudesse usar aquilo contra ele.

― Chanye-

Shhh, fica quietinho, fica. ― Tão rápido quanto pôde, Park tirou a mão de dentro da calça de Baekhyun, a abotoando com calma e voltou a andar. ― Eu vou dar um jeito em você no quarto. 

E Baekhyun não se atreveu a dizer mais nada durante aquele pequeno caminho entre a praia e o hotel.

As luzes da recepção já estavam baixas quando passaram pelo balcão em passos calmos e cumprimentaram o recepcionista de forma educada. O corredor pareceu mais longo que o normal, fazendo cada segundo parecer um minuto inteiro, e o som dos seus passos ecoavam tão altos que chegava a ser obsceno. Baekhyun sentia com perfeição a presença quente e pesada da mão de Park em seu quadril, e a possessividade naquele toque tão simples começava a espalhar por seu corpo alguns arrepios conforme se sentia entrando numa tensão perigosa ao que se aproximava da porta. Puxou o cartão magnético do bolso, passando sobre a fechadura digital, e o bip informando que a passagem estava liberada fez seu coração disparar.

O quarto estaria em um completo breu se não fosse a luz da lua atravessando as portas de vidro da sacada. O baque da porta se fechando atrás de si fez Byun se sobressaltar, sentindo cada músculo de seu corpo tenso. E quando se atreveu a olhar para trás, sob a penumbra da noite, ele viu Chanyeol desabotoando a própria blusa com uma lentidão louca, conforme seus olhos continuavam analisando Baekhyun todo vestido de preto. 

A blusa social branca foi atirada em qualquer lugar do quarto, e Baekhyun deu um passo atrás, sentindo todo aquele fogo se espalhando no silêncio. 

― Tira a jaqueta. ― Byun faria qualquer coisa que Chanyeol mandasse naquele tom duro e abusado, por isso, logo a peça foi jogada no chão. 

Foram precisos apenas dois passos para que Chanyeol o alcançasse e o segurasse pelo cós de sua calça, o puxando até que os dois quadril estivessem se chocando um contra o outro. Ele aproximou a boca de seu pescoço, e Baekhyun levou as mãos, intuitivamente, até seu peito. 

― Mas você ficou uma delícia dentro dessa calça, e imaginar que, a noite toda, você não estava usando mais nada por baixo está deixando meu pau fodidamente duro.

Baekhyun respirou fundo quando Park pressionou os quadris, novamente, deixando explícito o que ele havia dito. Soltou uma risada cínica, que vibrou contra o seu ombro, e mordeu a carne quando o sentiu empurrando seus corpos em direção à cama. 

― Eu sou uma delícia, Park. Ainda não entendeu isso? ― Chanyeol gostava daquilo, gostava de como Baekhyun continuava agindo como se estivesse ganhando, mesmo que já tivesse, claramente, perdido a partida. ― Ou será que você precisa comer de novo para ter certeza? 

― Vou te comer todos os dias só para não esquecer. 

Park esquivou as mãos para sua cintura, o erguendo do chão, e Baekhyun não soube dizer se o que o impediu de entrelaçar as pernas ao redor de seu quadril foi a calça muito apertada ou o fato de ter sido, rápido demais, jogado na cama sem a menor delicadeza. 

Seu corpo quicou sobre o colchão, arrancando de si um gemido arrastado que se afogou na saliva acumulada em sua boca no momento que viu Park abrindo a própria calça, a empurrando para baixo junto de sua cueca. 

Era invejável a destreza que ele tinha em se despir rapidamente, porque em menos de meio segundo, mesmo o par de meias que usava já estava perdido pelo quarto, enquanto Baekhyun ainda tentava se acomodar sobre a cama. 

― Vem chupar meu pau, garoto. 

Caralho, Baekhyun sentiu seu pênis ficar mais duro e mais melado ao som daquelas palavras. 

Não pensou duas vezes antes de engatinhar até os pés da cama e colocar Chanyeol por completo na boca, sem cerimônias, porque já estava começando a perder as contas de quantos boquetes tinha feito em Park, e a cada um se sentia se tornando mais experiente. 

Por um momento, Chanyeol se arrependeu de não ter mandando o garoto tirar a roupa toda quando viu o rabo redondo e gostoso de Baekhyun completamente arrebitado, conforme deslizava os lábios pelo comprimento de seu membro para deixar só a cabecinha e começar a chupá-la. Entretanto, foi preciso duas mamadas para que ele perdesse a linha de qualquer pensamento racional. 

Jogou a cabeça para trás, e afundou os dedos nos fios castanhos de Byun quando a glande se arrastou no céu de sua boca, não conseguindo controlar a vontade de dar uma estocada mais forte. Não podia negar o prazer que sentia em foder aquela boquinha, o quanto gostava de ver as bochechas de Baekhyun acompanhando os movimentos do seu pau entrando e saindo, e a forma como seu corpo entrava em êxtase quando ia mais fundo em sua garganta, e Baekhyun colocava toda sua concentração e dedicação em não engasgar. E no fundo, tinha que controlar os próprios instintos para não ser agressivo demais. Embora o olhar safado do garoto sempre lhe dizia que adorava tudo o que fazia com seu corpo. 

Puxou o pau para fora, vendo a linha pesada de saliva que ligava sua glande ao lábio inferior de Byun e desejou poder fotografar aquela cena para nunca se esquecer do quanto ele ficava lindo depois de ter a boca fodida. 

Baekhyun tentou se aproximar outra vez e segurar o membro com a mão, mas antes que pudesse tocá-lo, sentiu seu pulso sendo agarrado, e rápido demais, estava novamente deitado sobre a cama, com Park no meio de suas pernas. 

― Eu falei que vou dar um jeito em você, garoto. Então você só vai fazer o que eu deixar. 

Chanyeol enfiou as mãos por baixo da camisa que Byun usava, e tudo o que Baekhyun pôde fazer foi arquear as costas com a respiração bagunçada, o ajudando na tarefa de tirá-la de seu corpo, e quando do dois braços estavam erguidos sobre sua cabeça, ele sentiu uma movimentação diferente que só pôde entender o que era quando a pressão do nó apertou seus dois pulsos antes de serem levados até a cabeceira da cama. 

― Filho da puta! ― Baekhyun xingou, tentando puxar os braços para baixo e quando não teve sucesso algum, usou um joelho para empurrar Chanyeol pelo peito, mas foi tão inútil quanto poderia ser. ― Você é um canalha, Park. 

Entretanto, tudo aquilo fazia seu pau doer ainda mais dentro de sua calça. 

― Cuidado com essa boca, Baekhyun. ― Byun nunca tinha visto um sorriso tão pornográfico no rosto de Park, e o jeito que ele usou a língua para molhar os próprios lábios quando começou a puxar sua calça o fez gemer em desespero. Era demais para sua saúde mental saber que aquele homem era todo e apenas seu. 

Baekhyun sabia que merecia tudo aquilo que Chanyeol estava fazendo, porque havia passado tempo demais brincando com o fogo e agora ele não estava apenas sendo queimado. Park o estava incendiando sem intenção de deixar nada além de cinzas quando acabasse. 

Antes que a calça pudesse cair por completo no chão, Byun foi virado de bruços sobre a cama e ele aproveitou aquilo para tentar se acomodar um pouco melhor, de um jeito que pudesse apoiar seus cotovelos sobre os travesseiros para evitar a dormência. O tapa forte em sua bunda o fez gemer de novo, e seu pau doeu mais uma vez quando sentiu o peso do corpo de Park sobre o seu. 

A boca dele tocou a curva de seu ombro de um jeito diferente de como sempre acontecia quando estavam transando, e aquilo fez algo dentro do estômago de Baekhyun se afundar um pouco mais numa sensação ébria. 

― Você gosta disso, não gosta, Baekhyun? ― O timbre grosso e sério era injetado direto em sua veia, causando um torpor absurdo de controlar, e Byun ainda teve a audácia de empurrar o quadril contra o de Chanyeol como se precisasse de uma forma mais física para responder que, sim, ele gostava muito! ― É desse jeito que você sempre quis que eu te pegasse, não é? ― A língua quente de Park serpenteou sobre a pele de seu pescoço, deixando um rastro molhado e quente como se fosse fogo. ― Você faz de tudo para ser submisso a mim, Baekhyun, e hoje eu vou te foder do jeito que você tá implorando para acontecer desde o dia que tocou meu pau naquela reunião. 

― Caralho, Chanyeol... ― Porque xingar era a única coisa que Baekhyun tinha condição de fazer. 

O peso do corpo de Park se tornou uma lembrança fantasmagórica, por um momento, antes de sentir outro tapa pesado em sua bunda, que o fez gemer vergonhosamente alto. Tudo em si estava sensível para caralho, e os seus mamilos roçando contra o tecido do lençol doíam. 

― Eu mandei tomar cuidado com o palavreado, garoto. 

Baekhyun riu com a sombra de sarcasmo e remexeu o corpo. ― Minha boca suja te excita, Park. Porque é ela que mama teu pau da forma mais gostosa que você já provou na vida. 

Claro que ele sabia exatamente o que estava fazendo, e empurraria Chanyeol até a ponta do precipício da sua sanidade antes que ele finalmente lhe desse o que queria. 

Park não se deu ao trabalho de responder. Levantou-se para pegar o vidro de lubrificante e a camisinha na mesinha ao lado da cama, e quando voltou, ajoelhou-se no meio das pernas do garoto e puxou seu quadril para cima. Encheu as duas mãos com a carne avermelhada de sua bunda antes de morder com um pouco mais de força, ganhando outro gemido alto em resposta ao toque. 

Separou as duas bandas, sentindo a boca salivar ao ver a entradinha rosada se contraindo daquele jeitinho quase compulsório, como se Baekhyun soubesse exatamente o estrago que aquilo fazia na cabeça de Park. Aproximou o rosto, lambendo bem em cima das preguinhas uma única vez e, antes de afastar, deixou a saliva escorrer todinha sobre elas para poder usar o dedo médio para massagear a entrada um pouquinho antes de forçá-lo para dentro. 

Cuspiu de novo e o aperto ao redor do seu dedo ainda era surreal mesmo depois de quase uma semana fazendo sexo com Baekhyun, e talvez aquilo fosse algo que o garoto jamais perderia. Se fosse isso, Chanyeol poderia apenas agradecer aos céus, porque jamais se cansaria da forma como ele apertava seu pau. 

Empurrou tudo, indo direto até ao ponto mais sensível do corpo de Byun, pois já conhecia aquele caminho de cor, e Baekhyun rebolou contraindo a bunda quando ele usou a ponta do dedo para surrar sua próstata, como nunca havia feito antes. A mão livre percorreu a curva de suas costas, sentindo os pelos eriçados sobre sua pele, e do jeito que conseguiu, o cobriu com seu corpo, novamente, e deslizou os dedos para baixo de sua garganta, a apertando conforme seu dedo o fodia. 

― Eu vou te perguntar de novo. ― Baekhyun fechou os olhos com força e puxou a respiração por entre os lábios, seu interior se agitando na espera da pergunta. ― Quantas vezes você gozou se tocando aqui enquanto pensava em mim? 

De repente, a mente de Baekhyun foi levada até a tarde que almoçaram juntos e os minutos que passaram naquele parque próximo ao Lotte Hotel Seul, quando Chanyeol fez aquela mesma pergunta e Byun se negou a responder. Sabia muito bem que daquela vez não tinha a opção de se negar. 

Precisou de alguns segundos para acordar uma parte racional do seu cérebro e conseguir dar a Chanyeol o que ele queria. 

― T-todas... ― A voz falhou, e tinha muito mais a ver com o dedo em seu rabo do que com a mão em sua garganta. ― Todas as noites... ― Parou por mais alguns segundos para poder gemer, Park tocou sua próstata de novo. ― Desde que a gente se viu no estacionamento. ― Soltou tudo rápido demais porque se fosse dar as devidas pausas, não seria capaz de concluir, talvez pelo momento de vergonha que o assombrou. Mas talvez, também, Baekhyun já não tivesse vergonha nenhuma. ― Não teve um único dia que eu não desejei você exatamente assim. 

A mão saiu de sua garganta para se afundar em seu cabelo e puxar os fios até que Byun estivesse com o rosto erguido, e no segundo que eles se olharam, tudo derreteu no fogo.

― Eu sempre soube que você iria me fazer sentir como um homem de verdade, Park. ― A voz caiu, ficando tão baixa que parecia sussurrada direto na cabeça de Chanyeol. E talvez ele só tenha entendido o que veio em seguida porque seus olhos estavam presos em seus lábios. ― Me fode com força. 

Chanyeol puxou o dedo para fora e colocou uma perna entre as de Baekhyun porque, naquele momento, tudo o que ele queria fazer era beijar aquele garoto. Sem dar qualquer tipo de aviso, grudou sua boca na dele, empurrando a língua para dentro e sendo presenteado com o gosto do próprio pau que ainda estava nela. O beijou, tirando de Byun o resto de sua sanidade, e ele já não fazia mais nada, apenas deixava que Park guiasse suas línguas e controlasse cada movimento de seus lábios, e quando ele mordeu o inferior antes de se afastar, ele sentiu frio, porque não queria que aquilo acabasse. 

― Empina a bunda. ― Mandou e Baekhyun teve pouco tempo para se colocar firme sobre seus joelhos antes de sentir aquele toque familiar e molhado contra sua entrada, de novo. 

A língua de Chanyeol o penetrou sem aviso, fodendo cada vez mais fundo, a cada estocada, e em alguns momentos ele apenas a mantinha lá, fazendo pressão como se pudesse lamber seu interior, causando um prazer diferente em seu corpo, que tremia e se curvava involuntariamente. Byun queria muito ter suas mãos livres para poder agarrar qualquer coisa e tentar se conter um pouco, entretanto, mal conseguia morder o travesseiro que estava no alcance de sua boca, os gemidos ficando mais altos conforme Park apertava sua bunda, e quando ele voltou a estocar causando aquela sensação fantasmagórica dentro dele, pelo fato de estar perto demais de sua próstata e nunca tocá-la de verdade, Baekhyun sentiu um espasmo mais forte segundos antes de gozar sobre os lençóis. 

A força de seus joelhos se esvaiu, fazendo Byun cair sobre a cama conforme tentava reencontrar o ritmo normal de seus batimentos cardíacos. A língua de Chanyeol ainda estava em sua pele, descendo pelo períneo até tocar seus testículos e rápido demais, Park os tinha sua boca, chupando com calma só para tirar mais alguns gemidos sofridos do garoto que estava começando a ter certeza que acabaria morrendo a qualquer momento por ter seu corpo tão cruelmente estimulado daquela forma. 

Entretanto, quando o calor de Chanyeol o abandonou, Baekhyun se sentiu mais exposto do que em qualquer posição que Park pudesse colocá-lo. Arrastou o rosto pelo travesseiro, tentando olhar por cima do ombro, e pela visão lateral, conseguiu ver Chanyeol abrindo um pacote de camisinha. Puxou as mãos com mais força desejando que os nós que as mantinham atadas por sua blusa se desfizessem para que pudesse usá-las para qualquer coisa mais interessante. Como tocar cada curva dos músculos de Park, sentir o coração dele batendo sob seu toque ou até mesmo fazer uma punheta gostosa naquele homem, porque Byun adorava tocá-lo, especialmente quando era em seu pau.

Chanyeol afastou as bandas da bunda de Baekhyun com uma mão, e derramou o lubrificante direto sobre seu ânus, vendo parte do líquido escorrendo para dentro pelo fato de ele já estar mais aberto. Quando a sensação gelada o atingiu, Byun se remexeu sobre a cama e se contraiu gostoso diante dos olhos de Park, que deu mais um tapa no lado direito só pelo prazer de ver a carne balançando com o impacto, e segurou o falo de seu pênis para começar a roçar ali no meio. 

Chanyeol... ― Sua voz arranhou sua garganta, tão bagunçada quanto sua própria mente, naquela súplica para que ele entrasse logo. 

Baekhyun já conseguia sentir as gotinhas de suor escorrendo pelas curvas de sua cintura, acomulando-se em sua barriga, e quando sentiu a glande roçando em seu cu, fodendo o comecinho sem nem entrar, ele puxou as mãos com força, sentindo a frustração assumir o controle do seu corpo. 

― Puta merda, Chanyeol. Me solta... ― Mas tudo o que teve como resposta foi o riso debochado de Park enquanto ele empurrava o pau no meio de sua bunda. ― Não faz isso comigo... ― E Baekhyun sequer sabia sobre o que estava falando, mais.

― Se você ficar quietinho, eu posso pensar em te soltar e deixar você sentar no meu pau. Mas antes eu vou te foder assim. 

― Droga! ― Ele grunhiu e como uma reprovação, Chanyeol deu outro tapa em sua bunda. 

Entretanto, a verdade era que nem mesmo Park tinha mais condições de continuar naquela provocação. Roçou o pênis uma última vez antes de parar a cabeça em cima da entradinha rósea, que se contorceu um pouquinho quando ele forçou pela primeira vez. Não precisou parar o movimento e esperar que Baekhyun se acostumasse pouco a pouco porque a cada vez que transavam a penetração ficava mais fácil, todavia, não menos prazerosa. 

Ouviu o garoto puxar o ar por entre os dentes e quando entrou por completo, o gemido que preencheu o quarto foi o de Chanyeol, porque mesmo que o corpo de Baekhyun já estivesse começando a se acostumar mais com seu pênis o penetrando, o aperto natural ainda era absurdo, lançando aquela sensação de êxtase a cada uma de suas terminações nervosas. Começava a ter certeza que ele seria apertado daquela forma para sempre, não importava quantas vezes o fodesse. Mas Park gostava daquilo, gostava de sentir seu garoto se contraindo enquanto ele entrava e saia devagar e forte, repetidas vezes, socando bem no fundo onde o fazia gemer cada vez mais alto.

E mesmo com todos as ordens para que Baekhyun ficasse parado, ele continuava mexendo o quadril, rebolando e, às vezes, indo para frente e para trás, no intento de aumentar a velocidade e a fricção dos corpos, conforme eles começavam a ficar mais suados, suas peles embaçadas e seus quadris se batendo com mais força. 

Byun mordeu o travesseiro quando as mãos grandes de Park agarram sua cintura, para que ele mesmo pudesse ditar um ritmo mais rápido, puxando Baekhyun para si como se qualquer distância final entre eles pudesse ser errada. E era mesmo, porque o garoto não estava mais aguentando não ter o calor e o suor de Chanyeol lhe cobrindo. O queria, sim, no meio de suas pernas, metendo em cima de si, mas queria também sentir pele na pele. E talvez seu castigo fosse exatamente aquele; Chanyeol o tendo por completo enquanto ele não tinha tudo o que queria. 

Era mais uma vez em que estava sendo empurrado para o inferno.

Entretanto, Park parecia sempre estar um passo à sua frente, e quando já estava convencido de que não poderia sequer abraçá-lo por um momento antes de gozar, novamente, uma das mãos de Chanyeol agarrou o nó da blusa, o desfazendo numa facilidade ridícula, segundos antes de Baekhyun se sentir livre. 

Chanyeol se afastou devagar, o virando na cama e parou por um instante para observar o peito de Baekhyun subindo e descendo daquele jeitinho quase sofrido. 

― Vem cá. ― Pediu, estendendo a mão, e quando Byun a aceitou, puxou o garoto para seu colo, o colocando sentado em seu pau. 

― Eu não estava aguentando mais. 

Chanyeol riu, passando os dedos por seu cabelo e o empurrou para trás, deixando sua testa à mostra. Ele realmente amava aquela parte de seu corpo. 

Baekhyun o abraçou pelo pescoço, sentindo seu peito sendo pressionado contra o dele, e começou a se mexer, subindo e descendo até alcançar aquele ritmo gostoso conforme quicava em cima do seu pau, e ele estava começando a se sentir orgulhoso pelo fato de conseguir sustentar o peso do próprio corpo por cada vez mais tempo naqueles movimentos. 

Entretanto, já não era mais uma questão de condição física, porque Byun sabia que não aguentaria mais muito tempo antes de gozar de novo. Ele afundou o rosto na curva do pescoço de Chanyeol, sentindo as mãos grandes deslizando por suas costas; às vezes subindo até a nuca, outras vezes indo até sua bunda para dar mais suporte, e quando Park sentiu aqueles espasmos familiares percorrendo o corpo de Baekhyun, ele o deitou na cama, ficando entre as pernas que se enlaçaram seu quadril com força metendo mais algumas vezes até sentir a porra do garoto contra seu abdômen. 

Chanyeol continuou estocando, sentindo o próprio orgasmos crescer a cada segundo, e sabendo exatamente o que estava fazendo, Baekhyun se contraiu uma última vez aumentando a pressão e sensibilidade no pau de Park. Foi tudo o que ele precisou para gozar dentro do garoto, gemendo contra sua pele quente enquanto deixava o seu peso ceder todo sobre ele. 

As pernas de Byun perderam a força ao redor do seu quadril, e o Chanyeol continuou por quase um minuto inteiro ainda dentro dele, sentindo seus dedos acariciando suas costas antes de finalmente se retirar. Baekhyun sentou-se na cama e puxou o corpo de Park até que ele estivesse sentado entre suas pernas, de costas para si. Beijou a curva seu ombro respirando o aroma que se soltava de sua pele que era uma mistura de perfume, com suor e cheiro de sexo conforme Park tirava a camisinha e a amarrava antes de jogá-la em algum lugar no chão do quarto. 

O silêncio navegava pelo ar denso o bastante para que pudessem ouvir o som das ondas batendo fortes com a areia da praia a alguns metros de distância. Nenhum dos dois parecia querer falar qualquer coisa que pudesse quebrar aquela atmosfera diferente que só surgia sempre depois que transavam, porque era naquele momento que todos os sentimentos, que ainda não tinham coragem de dizer em voz alta, escapavam em palavras não ditas, mas que ainda assim chegavam ao outro.

Baekhyun sentiu as mãos percorrendo suas coxas num carinho gostoso tatuando formas abstratas sobre sua pele que jamais se apagariam, assim como a voz Park já tão bem gravada em sua mente, e riu baixinho atraindo o olhar de Chanyeol para si com um sorriso pequeno nos lábios.

― O que foi? ― Indagou, com a sobrancelha erguida. 

Byun passou o lado de sua unha sobre os músculos de um dos seus braços, descendo até o cotovelo antes de voltar a subir.

― Se eu te pedir uma coisa agora, você faz para mim? ― Os dedos bonitos e delicados de Baekhyun apertaram seus braços, sem muita força, esperando pela resposta.

E não havia nada que o garoto pudesse pedir que Chanyeol não faria. 

― O que você quer?

― Canta para mim. ― Ficou em silêncio por alguns segundos antes de voltar a falar com a voz um pouco mais firme, mesmo que o pedido o fizesse se sentir tímido. ― Eu te ouvi cantando no carro... ― Byun deixou a frase morrer ali como se aquilo fosse o bastante para justificar qualquer coisa. 

Chanyeol não respondeu de pronto. Pegou uma mão de Baekhyun na sua e a levou em direção ao seu rosto. Beijou cada um de seus dedos, em especial aquele que tinha uma pinta grande na lateral, os entrelaçou nos seus. Limpou a garganta e mesmo assim sua voz saiu rouca nas primeiras frases de My Funny Valentine. 

Baekhyun ouviu cada um dos versos de olhos fechados, se perdendo na fantasia de que tudo o que ele estava cantando era para ele e sobre ele. E no fundo, só Chanyeol sabia que realmente era. 

 

* * *

 

A manhã de domingo chegou indesejável e rápida demais, dizendo que era o momento para que voltassem à realidade de suas vidas. Chanyeol e Baekhyun tomaram o café da manhã na sacada daquele quarto de hotel, se perdendo em suas próprias conversas banais, empurrando mais um pouquinho para longe o pensamento de que em poucas horas estariam de volta a Seul. Juntaram os seus pertencesses, colocando tudo no porta-malas do Audi, decidindo que Chanyeol ficaria com ele, assim como com as roupas que haviam comprado para usarem aquela semana, e durante todo o caminho de volta, eles se mantiveram presos dentro daquele pequeno infinito particular que haviam construído nos últimos nove dias. 

Park assumiu a direção assim que chegaram em Seul, e fez o caminho direto até a mansão. Sua intenção era se sentar com Ji Sung naquele mesmo dia, e por em panos limpos tudo o que estava acontecendo, todavia, quando Baekhyun lhe pediu aquele final de dia de vantagem para ele poder conversar primeiro com seu pai, Chanyeol não o negou. Parou o carro em frente aos portões, o puxou para um beijo que mesmo que tivesse demorado mais do que qualquer outro beijo, pareceu a acabar rápido demais. 

Byun encostou a testa na sua por um segundo, com uma mão em sua bochecha, fazendo um carinho gostoso ao que cada um deles tentava tomar coragem para quebrar o silêncio. 

Foi Chanyeol quem o fez, no entanto. 

― Tem certeza que não quer que eu vá com você? 

― Tenho, sim. ― Baekhyun sorriu, olhando em seus olhos, olhando para aquele único ponto brilhante que existia naquela escuridão. ― Antes de qualquer coisa eu preciso resolver isso de filho para pai, entende? 

― Eu entendo. ― Passou os dedos nos fios de sua franja empurrando aqueles que caiam sobre seus olhos. ― Se acontecer qualquer coisa, me liga que eu venho aqui na mesma hora. 

― Pode deixar.

Baekhyun deixou mais um beijo rápido em seus lábios, e colocou a mão na maçaneta, embora a sua vontade fosse ficar trancado ali para sempre. 

― Cuida bem do meu carro, viu? Não quero ver nenhum arranhão nele quando eu pegá-lo de novo. 

Park riu, passando os dedos entre o próprio cabelo, o jogando para trás. ― Vou cuidar. ― Baekhyun abriu a porta, e quando colocou a perna para fora, ouviu seu nome sendo chamado outra vez. ― Me liga. Antes de dormir. 

Ele assentiu com a cabeça e com um último sorriso, saiu do carro. E Chanyeol sentiu que havia acabado de perder uma parte de si. 


Notas Finais


A você que leu até aqui, muito obrigada!

QUEM AMOU ESSES DOIS NESSE CLIMA DE LUA DE MEL, HM? QUEM AMOU O CHANYEOL LEVANDO O BAEKHYUN PARA VER AS ESTRELAS?

Chegou a hora do Chanyeol ir com Deus askdoaskdoaskodkasodkasokasoaskd O que vcs acham que vai dar no próximo, cap, hm?
Será que o Ji Sung vai deixar barato pro lado do Chanyeol?

Às vezes eu acho que o Chanyeol não faz ideia da merda que me meteu, porque Baekhyun é o tipo certo de chave de cadeia, viu?

Chegamos ao capítulos 05 e faltam apenas mais dois para Intrínseco acabar :( eu já estou morrendo de saudade e olha que eu ainda nem terminei de escreverkkkkkkkkkkk, mas tá vindo mais coisas boas aí para vcs!!! Vamos ter mais dois extras de Desvio de Orientação (o que? vc ainda não leu ddo? o que vc está esperando pra ler essa delicinha?) e vamos ter uma oneshot com o Chanyeol bem canalha que faz de tudo para levar Baekhyun pra cama, enquanto o coitado jura para si mesmo que nunca cairá nos encantos do cretino ;p

Bom, gente, estou morrendo de sono e agr vou assistir pica-pau até o sono tomar conta de vez.

e é isso...

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