O inverno chegou cedo em Campos do Jordão, trazendo um frio cortante e uma atmosfera mágica, típica da cidade. Junho, o mês dos namorados, era a época perfeita para casais visitarem as montanhas e desfrutarem das paisagens encantadoras. As ruas estavam decoradas com luzes e corações, e as lojas vendiam todo tipo de presentes românticos. Nesse cenário, Lara e Júlia planejavam um fim de semana especial, um refúgio para celebrar o amor delas.
Lara, uma arquiteta de São Paulo, e Júlia, uma fotógrafa que viajava frequentemente a trabalho, encontraram-se pela primeira vez num festival de arte na cidade. Desde então, tornaram-se inseparáveis. O que as unia não era apenas o amor, mas também o apoio mútuo e a compreensão profunda de suas lutas como mulheres LGBT num mundo que, muitas vezes, ainda lhes era hostil.
Para comemorar o Dia dos Namorados, decidiram passar um fim de semana numa charmosa pousada em Campos do Jordão. A ideia de estarem cercadas pela natureza, lareiras aconchegantes e a arquitetura europeia da cidade parecia o cenário perfeito para criar novas memórias juntas.
A viagem de São Paulo até Campos do Jordão foi tranquila. A estrada sinuosa que levava à cidade estava ladeada por pinheiros cobertos de geada, e a paisagem parecia saída de um conto de fadas. Lara dirigia com uma mão no volante e a outra entrelaçada com a de Júlia, o rádio tocava uma playlist de músicas que ambas adoravam.
“Estou tão ansiosa para esse fim de semana,” disse Júlia, olhando para Lara com um sorriso brilhante. “Tenho tantas surpresas planeadas para ti.”
Lara retribuiu o sorriso. “Não vejo a hora de ver o que preparaste. Sabes como adoro quando fazes essas coisas.”
Chegaram à pousada no início da tarde. O lugar era ainda mais encantador do que as fotos sugeriam. Um chalé de madeira, com janelas grandes que ofereciam uma vista panorâmica das montanhas cobertas de neve. Foram recebidas por Ana, a simpática proprietária, que as guiou até ao seu quarto.
“Espero que gostem,” disse Ana, entregando-lhes a chave. “Se precisarem de qualquer coisa, estarei por aqui. E não se esqueçam de aproveitar a fogueira à noite. É um dos pontos altos desta pousada.”
O quarto era acolhedor, decorado com um toque rústico e um charme acolhedor. Uma lareira de pedra ocupava o canto, e uma pilha de lenha estava pronta para ser usada. Lara e Júlia desempacotaram rapidamente as suas coisas e decidiram explorar a cidade antes que anoitecesse.
As ruas de Campos do Jordão estavam cheias de vida. Casais passeavam de mãos dadas, as lojas exibiam decorações festivas e o cheiro de chocolate quente e fondue estava por toda parte. Lara e Júlia pararam numa loja de artesanato local, onde compraram alguns presentes para a família e amigos.
Depois, foram a um café charmoso, onde se sentaram perto da janela e pediram chocolate quente. A conversa fluiu naturalmente, enquanto observavam a neve cair suavemente lá fora.
“Sabes, quando era criança, sempre sonhei em ter um Natal com neve,” disse Júlia, sorrindo nostalgicamente. “Agora, viver isso contigo faz com que tudo seja ainda mais especial.”
Lara apertou a mão dela. “Fico tão feliz de poder partilhar esses momentos contigo. Estar aqui, contigo, é como um sonho que se tornou realidade.”
Depois do café, caminharam de volta para a pousada, onde a fogueira já estava acesa. Vários hóspedes estavam reunidos ao redor do fogo, bebendo vinho quente e trocando histórias. Lara e Júlia juntaram-se ao grupo, sentando-se num cobertor perto do fogo.
Ana, a proprietária, apareceu com uma garrafa de vinho e copos, oferecendo a todos. “Aqui está algo para aquecer ainda mais esta noite,” disse, sorrindo.
Enquanto a noite avançava, as histórias continuavam a ser contadas. Algumas pessoas partilhavam contos de viagens, outras falavam sobre os desafios e alegrias dos relacionamentos. Quando chegou a vez de Lara e Júlia, elas contaram a história de como se conheceram e a importância daquele fim de semana para elas.
“Para nós, estar aqui é mais do que apenas uma escapadela romântica,” disse Lara. “É um momento para celebrar o amor, a aceitação e a liberdade de sermos quem somos.”
As palavras dela foram recebidas com aplausos e sorrisos de aprovação. Aquele grupo, embora diverso, partilhava um entendimento comum sobre a importância do amor e da aceitação.
No dia seguinte, Lara e Júlia acordaram cedo para uma caminhada pelas trilhas que circundavam a pousada. O ar estava frio e fresco, e o silêncio da manhã era quebrado apenas pelo som dos seus passos na neve. Caminharam de mãos dadas, sentindo a conexão profunda que compartilhavam.
Durante a caminhada, pararam num ponto de vista que oferecia uma vista deslumbrante das montanhas. O sol brilhava, fazendo a neve reluzir como diamantes. Júlia tirou várias fotos, tentando capturar a beleza do momento.
“És tão talentosa,” disse Lara, observando Júlia em ação. “A forma como consegues ver e capturar a beleza ao teu redor é incrível.”
Júlia sorriu, envergonhada. “Obrigado, amor. Mas sabes, a minha maior inspiração és tu. Cada momento contigo é uma obra de arte para mim.”
Voltaram à pousada ao meio-dia, famintas e ansiosas por um almoço quente. Decidiram experimentar um restaurante famoso por seus fondues, que ficava perto dali. O ambiente era acolhedor, com luzes suaves e música ao vivo, criando uma atmosfera romântica.
Enquanto saboreavam o fondue, falaram sobre o futuro, os planos e os sonhos que tinham juntas. Lara mencionou a ideia de morar fora do país por um tempo, algo que sempre quis fazer, e Júlia mostrou-se entusiasmada com a possibilidade.
“Podíamos escolher um lugar com uma cultura rica e muitas oportunidades para nós duas,” sugeriu Júlia. “Talvez Paris? Sempre sonhei em viver lá.”
Lara assentiu, sorrindo. “Paris seria perfeito. Um novo começo, novas aventuras. Contigo, qualquer lugar do mundo é o lar.”
De volta à pousada, a noite estava reservada para uma surpresa especial que Júlia tinha planejado. Quando entraram no quarto, Lara viu que Júlia tinha preparado um ambiente mágico: velas, pétalas de rosa espalhadas pelo chão e uma pequena mesa com champanhe e morangos.
“Quero celebrar o nosso amor de uma forma especial,” disse Júlia, segurando as mãos de Lara. “Cada dia contigo é um presente, e quero que saibas o quanto és importante para mim.”
Lara sentiu as lágrimas encherem seus olhos. “És incrível, Júlia. Obrigado por tudo isto. Eu amo-te tanto.”
Sentaram-se no chão, perto da lareira, e brindaram ao amor delas. A conversa fluiu, relembrando momentos felizes e sonhando com o futuro. A noite foi mágica, repleta de risos, carinho e a certeza de que estavam destinadas a ficar juntas.
Na manhã seguinte, era o último dia do fim de semana. Decidiram aproveitar ao máximo o tempo que lhes restava, fazendo um piquenique numa clareira próxima. Levaram um cobertor, comidas deliciosas e uma garrafa de vinho.
A clareira estava coberta de neve, e o sol brilhava suavemente, criando um cenário idílico. Sentaram-se lado a lado, desfrutando da comida e da companhia uma da outra.
“Sabes,” disse Lara, olhando para Júlia, “nunca me senti tão feliz e em paz como estou agora. Estar contigo é como estar num sonho do qual nunca quero acordar.”
Júlia sorriu, tocando suavemente o rosto de Lara. “Sinto o mesmo. Estar contigo dá sentido a tudo na minha vida. És a minha casa, o meu refúgio.”
Enquanto o sol começava a se pôr, o ar ficou mais frio, mas o calor entre elas era inegável. Júlia puxou algo do bolso do casaco – uma pequena caixa de veludo. “Lara, quero passar o resto da minha vida contigo. Queres casar comigo?”
Lara ficou sem palavras por um momento, sentindo uma onda de emoções. “Sim, Júlia, mil vezes sim!” respondeu, abraçando-a fortemente.
Colocaram o anel no dedo de Lara, e partilharam um beijo apaixonado, selando o compromisso. O inverno em Campos do Jordão tornou-se um símbolo do novo capítulo das suas vidas, um capítulo cheio de amor, promessas e novos começos.
De volta a São Paulo, começaram a planear o casamento, ansiosas para celebrar o amor delas com amigos e familiares. Decidiram que a cerimônia seria num lugar especial que representasse a jornada delas: um jardim botânico cheio de flores e vida, um contraste perfeito com o inverno onde tudo começou.
Enquanto planeavam, encontraram um forte apoio da comunidade LGBT. Organizações e amigos ofereceram ajuda, recursos e conselhos, transformando o casamento numa celebração não só do amor delas, mas também da diversidade e da aceitação.
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