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História Invictus - Por um fio


Escrita por: thisislari

Notas do Autor


"Is it too late now to say sorry?"
Moooooores me desculpem o atraso e não desistam de mim hahaha
Mais um capítulo fresquinho. Errinhos é só me dizer depois.
Aproveitem!!!

Capítulo 48 - Por um fio


Fanfic / Fanfiction Invictus - Por um fio

 

POV Arizona

 

Perdi a conta de quantas vezes respirei fundo inquieta e ansiosa com a ida a Washington. Estávamos a caminho e pra tentar me distrair eu observava o caminho. Tudo parecia deprimente, meio opaco e devagar demais. Era os ares da epidemia, que deixava tudo com um ar mais mórbido e pesado.

Felizmente a esperança começava a contagiar aos poucos. Por trás de cada olhar de cautela, tinha um sorriso fraco tentando sair. Em toda rua vazia e suja, tinha uma flor querendo brotar no canto da calçada. Pra cada grunhido dos walkers, era um novo cantar de pássaros.

Eu me sentia diferente, nova e melhor. Era como se eu tivesse passado por etapas, cada uma representando uma fase da minha vida. Primeiro eu era a Arizona filha; que dava orgulho aos pais, se dedicava aos estudos, passava tempo com a família e amava meus amigos. Depois eu virei a Arizona recruta da repartição Delta; filha do coronel Michael King, ávida por ser a melhor da turma, sonhando com minhas futuras missões e com uma vontade de servir meu país e proteger minha família que não cabia em mim. Em seguida me tornei a Arizona soldado; eu era fria, precisava ser, e focava em cumprir as minhas missões com perfeição, era a eu que mesmo tendo menos tempo pra família se esforçava pra ser presente. Logo me tornei a Arizona aventureira; eu me arriscava cada vez mais em missões e sempre estava no bar onde conheci Paul enchendo a cara, e essa Arizona veio com o bônus do noivado. A próxima foi a Arizona fechada; eu tinha acabado de perder Mark e fingia pra todos que estava bem, mesmo estando destruída por dentro. O apocalipse chegou e com ele veio a Arizona com cicatrizes; era uma mistura da soldado com a fechada com uma pitada de amargura nos primeiros meses. Tinha perdido minha família, dado meu corpo em troca da segurança dos meus irmãos e ainda assim não demonstrava o quanto estava assustada, confusa e triste. Alexandria trouxe a Arizona aventureira, junto da Arizona filha, e uma nova eu que eu julgava ser a melhor versão. Eu tinha encontrado o equilíbrio entre todos os meus “eus” e descoberto uma Arizona apaixonada e pronta pra ser mãe.     Tudo tinha me levado a isso. E mesmo que o mundo estivesse nesse estado, nós íamos fazer de tudo pra dar continuidade a história e dar um futuro às próximas gerações.

Observei meu irmão sentado ao chão do trailer conversando com Maggie que estava sentada a mesa ao meu lado. Trevor sorria suavemente ao falar com ela, isso aquecia meu coração. Não pensei que fosse ver meu irmão sorrir assim de novo.

De um jeito estranho, tudo de ruim que tinha nos acontecido tinha nos ajudado a caminhar para nosso destino.

Olhei pra Daryl, olhando pela janela observando e vigiando o caminho. Ele percebeu que eu o olhava e me encarou, piscando um olho em seguida. Fui até o lado dele no pequeno sofá do trailer e ele passou um braço por meu ombro e me puxou pra mais perto.

-Tudo bem?- Perguntou baixo.

Balancei a cabeça afirmando e sorri.

-Ansiosa, pra ver Washington.- Olhei nos olhos dele. -Eu tinha um bom pressentimento sobre a capital desde o início.

-Vai gostar do que vai ver, nem parece que a cidade passou pela mesma merda que todo mundo.

E Daryl estava certo. Os portões de Washington apareceram no nosso campo de visão e mesmo sem estar aberto ainda já dava pra ter uma ideia de como majestosa a capital ainda continuava. Logo se abriram dando passagem ao nosso comboio e era impressionante como a cidade parecia a mesma que eu já visitei várias vezes.

Eu não conseguia tirar meus olhos da janela. Era incrível. Washington nem parecia ter passado pelo mesmo inferno que todos nós passamos.

Olhei pra Maggie, ela olhou de volta pra mim e sorriu. Nós duas éramos as únicas do comboio que ainda não tinham visto a cidade.

-É incrível!- Maggie disse.

-Nem parece que começou a epidemia.- Falei dando um tchauzinho pra umas crianças que andavam com a mãe pela calçada.

-Também fiquei surpreso.- Trevor disse. -Incrível mesmo é como você sempre acerta maninha.

Levantei uma sobrancelha olhando pra ele.

Uns minutos depois o carro parou. Trevor levantou e abriu a porta do trailer, nós o seguimos pra fora. O líder da cidade, que tinha vindo conosco de Alexandria, caminhou até nós e sorriu.

-Bem vindas as duas.

-É impressionante.- Falei olhando em volta.

Estávamos na frente do capitólio. Eu já tinha estado ali algumas vezes. O setor de coleta de relatório da divisão era lá.

-Parece que tô sonhando com o passado.- Maggie disse olhando para o topo do prédio.

Owen Jackson sorriu e fez um sinal para acompanharmos ele.

A filha desprezível dele saiu do carro e me lançou um olhar antes de seguir pra longe de nós.

Entramos no prédio do capitólio atrás de Owen. Ele nos guiou até uma sala que antes era do chefe de estado da Casa Branca, eu também já estive ali.

-Eu ia perguntar o que acharam, mas já me responderam sem eu perguntar.- Ele disse se sentando em uma cadeira grande.

-Pois é.- Falei me sentando em uma das cadeiras, Maggie sentando na do lado da minha.

-Esses dias que vão passar aqui, quero lhes mostrar toda a cidade e seus setores. Na realidade normalmente eu levaria apenas um dia, mas como as duas estão grávidas acho melhor fazermos isso com calma. E além disso, é uma maneira minha de dar um presente de casamento a você e seu marido.

-Isso não é necessário.- Falei meio sem jeito.

-Mas eu insisto. Vocês todos vão ficar em um dos hotéis da cidade, eu fico na Casa Branca e lhes darei um rádio de comunicação direta comigo. Vamos conversar sobre nosso planos e nossos acordos comerciais depois, agora eu quero só que aguardem até eu resolver umas pendências da cidade pra poder levá-los para conhecer tudo, enquanto isso podem me esperar em uma das salas, nos carros de vocês ou nas escadas.

-Vamos esperar nos carros.- Rick disse.

Owen assentiu e nós voltamos para o trailer e a caminhonete.

 

-Aqui é nossa divisão de pesquisas.- Owen disse entrando em um prédio. -Era a sede de uma companhia de pesquisas, e quando tudo começou resolvemos manter sua função e focar no estudo da epidemia.

Estudo da epidemia. Eu me lembrava muito bem do meu pai dizendo que o governo tinha plena ciência da bactéria, e que inclusive fazia estudos com ela há anos. O que ele tinha nos contado sobre essa história era revoltante.

Entramos no elevador e eu me senti estranha. Era estranho estar em uma cidade em que tudo, absolutamente tudo ainda funcionava perfeitamente. Estar dentro de um elevador me fazia pensar inevitavelmente que ele ia parar e nós estaríamos em perigo. E então ele parou e a porta abriu, me fazendo soltar todo o ar que eu nem percebi que tinha prendido.

-Nesse andar é onde nossos cientistas estudam a bactéria que causa a transformação.

Trevor soltou uma risada e todos olharam pra ele.

-Me desculpem, mas eu achava que o governo já teria um estudo completo da bactéria.

-Como assim?- Rick disse.

-Nosso pai nos contou que o governo detinha a bactéria há anos, e que fazia estudos sobre ela.

Owen parecia ter sido pego escondendo bombas em casa. Ele sabia disso tudo também, estava estampado na cara dele.

-Como é?- Daryl perguntou nervoso.

-O governo sabia de tudo.- Falei.

Todos olharam pra Owen e ele suspirou.

-É verdade. Inclusive eu tinha conhecimento dos estudos.

Vi culpa nos olhos dele.

-Mas como isso tudo causou a epidemia?- Tara perguntou.

-Aparentemente espiões inimigos conseguiram invadir a unidade de estudo dessa bactéria que tinha sido montada no pentágono para demonstração ao presidente, só que ninguém contava que uma brecha tivesse sido deixada na caixa que continha a bactéria e na sala, o que causou o vazamento pelo ar. A população acabou sendo infectada aos poucos e na encolha.- Owen explicou. -De uma hora pra outra tudo tinha virado um caos. O projeto genoma acabou sendo suspenso de todas as atividades, exceto estudos sobre a bactéria.

-Mas nunca descobriram uma cura?- Maggie perguntou.

-Infelizmente ainda não chegamos nessa etapa. Por isso esse andar é focado somente nisso. Achar a cura.- Ele sorriu meio sem jeito. -Bom, vamos continuar?

 

A nossa tour pela cidade continuou. Owen parecia meio penalizado depois da conversa sobre o governo saber da bactéria. Bom, ele fazia parte do alto escalão e com certeza sabia de tudo que acontecia. Será que Owen tentou colocar juízo na cabeça do presidente pra destruir tudo isso? Ou sua expressão de culpa tinha haver com ele ter feito vista grossa pra mais uma falta de sensatez dos homens de terno desse país?

Eu como soldado tinha feito muito disso. Era uma consequência da minha função como dizia meu pai. Ele odiava isso, mas nos orientou a fazer o mesmo. Afinal, todos que tentavam mostrar alguma coisa errada ou mudar acabavam misteriosamente desaparecidos.

Soltei meu cabelo e olhei pela janela do quarto que tinha sido designado a mim e Daryl. Era um daqueles hotéis de luxo próximo a Casa Branca, o qual o nome eu não lembrava. Daryl entrou no quarto e veio pra perto.

-Rick disse que vamos acordar cedo pra continuar conhecendo a cidade.

-Tudo bem.- Falei sem tirar os olhos da janela.

Washington tinha vários pontinhos de luz. Não na quantidade normal, mas eram muitos.

Daryl sentou do meu lado na cama.

-Aquilo sobre o governo saber.- Ele falou. -Filhos da puta.

Ri fraco.

-Pois é. Meu pai nos contou quando a epidemia começou, ele disse que dessa vez tinham passado de todos os limites.

A noite estava clara, a lua estava tão bonita que dava vontade de ficar ali encarando ela a noite toda.

-Essa cidade pode não ser a única que resistiu.- Falei olhando pra Daryl. -Talvez tenham outras que resistiram do mesmo jeito.

Ele deu de ombros.

-Acho que sim. Mas vamos com calma, uma cidade de cada vez.- Beijou minha testa.

Assenti sorrindo sem mostrar os dentes.

-Olha só pra isso tudo.- Levantei o puxando comigo e apontei a cidade. -Isso é vida Daryl, essas pessoas estão vivendo e não apenas sobrevivendo.- Me virei pra ele. -É isso que quero pra meus irmãos, pra todos em Alexandria. É isso que quero pra nós.

Ele colocou uma mão no meu rosto e sorriu de lado.

-É isso que teremos.

O abracei respirando fundo.

-Não vi a filha do Owen o dia todo.- Comentei percebendo que Anne tinha sumido depois que chegamos.

-Ainda bem.- Ele respondeu me fazendo rir.

-Não gosto dela.

-Nem eu.

-Isso não é bom.- Olhei pro rosto dele. -Esse é o momento que nós deveríamos todos estar unidos meu amor.

-Sabe que não é culpa nossa, ela que insiste em ser uma doida.

-É.- Respondi pensativa. -Melhor tentarmos dormir um pouco.

-Dorme, eu fico de vigia.

Olhei pra ele sorrindo divertida.

-Amor, a porta ta trancada e estamos em uma cidade segura.

-Eu sei.- Falou deitando sem tirar os sapatos.

Me deitei do lado dele.

-Pode dormir também, estamos bem e qualquer coisa acordamos rápido.

Daryl resmungou algo que não entendi e cruzou os braços.

Ri e o abracei na altura da sua cintura.

-Boa noite Dixon.

Fechei meus olhos. Eu estava muito cansada, e andava com muito sono e fadiga. Maggie disse que era a gravidez, algumas mulheres acabam ficando mais cansadas e com sono.

Senti Daryl passar o braço por trás de mim e me envolver em um meio abraço, e então caí no sono.

 

Acordei de sobressalto, meio suada e ofegante. Tinha tido um pesadelo daqueles que parecem reais, e agora meu coração batia acelerado.

Olhei pra Daryl, ele dormia tranquilo e não ousei acordá-lo ao me levantar. Segui pro banheiro e lavei o rosto me olhando no espelho em seguida.

Era só um pesadelo. Nada ia acontecer.

Não era possível que nessa altura do campeonato eu estivesse com receio de um sonho ruim. Ainda mais já tendo vivido pesadelos acordada.

Ouvi um barulho no quarto e fui devagar saindo do banheiro. Não tinha nada. Daryl continuava dormindo, seu peito descia e subia devagar com a respiração, sua sobrancelha levemente franzida.

Senti uma sensação de ser observada e me virei encontrando a porta com uma brecha. Ok, isso era bem estranho já que eu jurava que Daryl tinha trancado ao entrar. Franzi o cenho e andei até a porta a abrindo com cuidado depois de pegar minha machadinha em cima de um gaveteiro. Olhei pra um lado e quando ia olhar pro outro vi um vulto sair do corredor e ir em direção à entrada esquerda do corredor. Segui naquela direção encontrando uma porta.

Eu não devia abrir, alguma coisa dentro de mim alertava que andar de madrugada em lugar que eu mal conhecia era uma ideia ruim. Mas eu queria descobrir o que tinha ali e que estava me vigiando. Abri a porta com a machadinha em punho, e pelo barulho tinha gente descendo as escadas com cuidado pra não fazer muito barulho, porém sem sucesso.

Desci as escadas com cuidado e depois de vários lances acabei chegando a uma porta que dava aos fundos do saguão do hotel. Mais um som de porta a esquerda e eu segui pra lá saindo e dando de cara com a rua de trás.

A sombra virou a direita do lado esquerdo da rua e eu a segui. Ela foi se esquivando, no escuro e por isso eu não conseguia ver quem era. Mas eu tinha um pressentimento de que sabia quem era.

Washington, a noite, eu sou uma estranha aqui. Só podia ser uma pessoa. E quando entrei em um galpão eu confirmei minhas suspeitas.

Anne Jackson saiu das sombras sendo iluminada pela luz que vinha da lua e sorriu pra mim.

-Não acreditei que seria mesmo muito burra pra me seguir até aqui.

-E eu não pensava que você ia ser louca o suficiente de ficar me vigiando a noite.

Ela riu.

-Meu planinho no final deu certo.

-Me fazer descer e provar que você é uma completa maluca? É, deu certo certo mesmo.

Anne sorriu macabramente de lado e mostrou um botão, o qual ela apertou. A porta atrás de mim se fechou e eu soube que ia dar merda.

-Arizona, você não acha mesmo que eu só pensei em te acordar de madrugada e te fazer sair do lado do Daryl por nada não é?

Trinquei o maxilar.

-Eu achava que os soldados da divisão Delta eram mais inteligentes. Como seu falecido noivo, Mark.

-Como sabe do Mark?

-Vamos apenas dizer que eu fiz meu dever de casa.- Ela deu uma pausa. -Eu sei o suficiente sobre sua família. Os King são conhecidos na capital. E devo dizer que esperava mais, porque até fiquei preocupada de como ia tirar você do meu caminho.

-Anne, vê se para e pensa direito. Daryl é meu marido, você não pode simplesmente tomar o marido de outra mulher assim sem mais nem menos. Ainda mais quando esse homem já deixou claro que não corresponde seu desejo insano.- Ela fez uma careta de nojo e eu continuei porque sabia que ela tinha alguma ideia de como me tirar do caminho. -Escuta, você é tão bonita, inteligente imagino e jovem também. Com certeza existe alguém pra você por aí.

-Alguém pra mim?- Ela riu com escárnio. -Ou você se faz ou é mesmo muito burra. Caso não tenha notado a humanidade foi reduzida. E eu me apaixonei por Daryl assim que o vi, foi amor a primeira vista.

-Amor?- Ri. -Anne isso não é amor, é uma obsessão absurda que você criou por conta da vontade de ser amada. Amor é o que eu e Daryl sentimos um pelo outro. E não nasceu da noite pro dia, foi cultivado.

-Ah cala a boca.- Ela falou e então apertou outro botão.

Dessa vez uma porta foi aberta e uma horda saiu de dentro daquele cômodo. Anne subiu uma escada para uma passarela e quando chegou no topo a empurrou me deixando sem ter como subir.

-Merda.- Falei vendo os walkers vindo em minha direção.

O galpão era mediano, não tinha como eu ficar sem espaço ali. Mas pela quantidade que entrava eu julgava que ia ser difícil.

Olhei em volta tentando encontrar uma saída e vi um cano que subia por uma das paredes e dava perto da plataforma. Eu poderia tentar subir por ali, escalando os prendedores do cano. Seria difícil, mas não impossível.

O primeiro walker me alcançou e eu o chutei fazendo ele cair derrubando outros dois atrás dele. Outro tentou me agarrar e eu cravei a machadinha no crânio dele.

Anne me observava, vislumbrei um olhar de puro deleite dela.

A adrenalina e a fúria me invadiram e eu acertei a machadinha em mais três abrindo caminho até a parede do cano. Parei na frente dele e chutei mais um walker enquanto urrava cravando a machadinha em outro.

Me virei para o cano e agarrei as abas dos prendedores tentando dar impulso. Um walker agarrou meu pé e eu o chutei. Ouvi passos na passarela e me apressei em subir. Mesmo com dificuldade cheguei ao topo e subi na passarela ante que Anne me alcançasse.

-Você é uma pedra no meu sapato.- Ela falou me atacando com uma faca em punho.

Dei uma banda nela a fazendo cair sentada.

-Anne para!- Gritei. -Eu não quero ser forçada a dar um jeito em você.

-Oh nossa, você tem a generosidade de poupar a minha vida?- Ela falou debochada e gargalhou alto ecoando pelo galpão. -Me poupe sua sonsa. Eu vou matar você, mesmo que leve a noite toda eu vou conseguir.

Ela levantou e avançou pra mim de novo. Eu a chutei, o que a fez cambalear pra trás e voltar com mais raiva. A golpeei no rosto e senti uma pontada na barriga. Ah não.

-Eu não vou descansar.- Ela falou enquanto tentava me acertar com a faca.

Consegui uma brecha e fiz uma manobra tirando a faca da mão dela e a segurando com um braço pra trás e a faca no pescoço dela. Ela riu.

-Esse esforço todo não está afetando o seu precioso bebê?- Perguntou tentando se soltar.

Reprimi um gemido de dor. Senti molhado na calça e suei frio. Eu ia acabar perdendo o bebê por causa dessa louca.

Virei Anne pra mim e a encarei.

-Você vai sofrer as consequências dos seus atos. Mas não sou eu quem vai fazer isso.

Ela me deu uma cabeçada e eu cambaleei tentando focar a visão. Anne andou um passo pra trás com o golpe que ela me deu e se desequilibrou acabando pendurada na plataforma.

Ouvi vozes e a porta do galpão foi sendo aberta. Andei até Anne e estendi a mão para que ela segurasse.

-Segura, eu te puxo.

-Ah ta, até parece que não vai aproveitar pra me jogar para os walkers.

Ela gritou e eu percebi alguns walkers avançando na canela dela.

-Anne para com isso, me dá a sua mão.

Falei sentindo a dor aumentar.

-Não!- Ela gritou e as mãos dela começaram a escorregar.

Os walkers foram atraídos pelo grupo que entrou no balcão os matando. Daryl estava ali, Trevor e Rick também.

-Anne!- Gritei de novo. -Eu posso te puxar.

Ela olhou pra mim e os olhos lacrimejaram.

-É tarde demais.- Falou e soltou as mãos caindo entre os walkers que avançaram nela como lobos famintos. A cena era horrorosa.

Eu tinha presenciado muitas cenas brutais na vida, depois da epidemia mais ainda. Mas ver Anne servir de comida para uns quatro walkers ao mesmo tempo foi a cena mais forte que já vi com certeza. Não só pela brutalidade, mas também por seus gritos que eram tão agonizantes que me arrepiaram a nuca. E eles se confundiram com os meus quando senti mais uma pontada e caí de joelhos na passarela.

-Arizona!- Ouvi Daryl gritar e olhei na direção dele.

Eles mataram os walkers e Daryl então suspendeu a escada e subiu chegando do meu lado.

-Eu vou ficar bem.- Falei.

Ele me pegou no colo e andou até o topo da escada.

Daryl me fez descer com cuidado e Trevor me apoiou no final da escada.

Me deixei ser carregada. Um carro parou na entrada do galpão e eu fui colocada dentro dele.

Não desmaiei, não senti tontura. Só fiquei paralisada o tempo todo. Os gritos de Anne ecoando na minha mente.

Ela era louca, mas ninguém merece morrer pelas mãos dos walkers.

Ela escolheu o fim que teve.

Agora eu tinha que me concentrar na saúde do meu bebê.

 

Depois de algum tempo sendo examinada, com Daryl nervoso se recusando a sair do meu lado eu fui levada para um quarto do hospital. Meu irmão entrou com um olhar preocupado e soltou todo o ar que segurava quando me viu.

-E então?- Perguntou.

-Ela ta bem.- Daryl disse. -O bebê também.

Eu não falava nada. Só ouvia e observava eles conversando.

-Arizona.- Trevor chegou perto e eu olhei pra ele. -O que aconteceu?

O grito de Anne soou na minha cabeça de novo.

-Ela planejou aquilo tudo.- Comecei. -Por isso não a vimos o dia todo. Ela entrou no nosso quarto de madrugada.- Virei pra Daryl. -Eu tive um pesadelo e fui ao banheiro lavar o rosto, mas ouvi um barulho e era ela. Eu segui, na hora ainda não sabia quem ou o que era, mas era ela me levando pra aquele galpão. Eu não devia ter ido.- Respirei fundo. -Eu não devia ter agido por impulso. Talvez ela estivesse viva.

-E tentaria te matar de novo.- Daryl disse meio nervoso.

-Sim, provavelmente.

-Ela era uma maluca Nana, Maggie me contou que você estava desconfiada dela.

Assenti.

-Ela mencionou o Mark.- Falei encarando o ferro da maca. -Não disse muito dele, mas mencionou e deu a entender que pesquisou sobre mim. Agora já passou.

Eles concordaram com resmungos.

-E Owen?- Perguntei levantando a cabeça.

-Ele disse que quer conversar com você.- Trevor disse.

-Mas amanhã você fala com ele.- Daryl disse. -Agora descanse, nossa cria nos deu um susto da porra hoje. E você também.

Sorri fraco e me ajeitei na maca.

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Eram por volta das oito da manhã quando tive alta e agora ia encontrar Owen Jackson no capitólio. Mais uma vez tendo que repousar e com recomendações de não fazer nada muito arriscado por pelo menos um mês dessa vez.

Entrei na sala dele depois de uma moça simpática me acompanhar até a porta e o encontrei com o semblante abatido, sentado em sua cadeira.

-Senhora Dixon.

-Por favor, só Arizona.

Ele sorriu.

-Arizona, sente-se por favor.

Me sentei em frente a ele e esperei que falasse.

-Seu irmão esteve aqui antes da senhora receber alta e me contou a história.

Ele olhou nos meus olhos e seu lábio tremeu levemente.

-Sinto muito que minha filha tenha lhe causado tanto perigo, eu não fazia ideia de que ela era capaz de algo assim e nem que estava obcecada por seu marido.

Sorri fraco.

-Não precisa se desculpar.

-Preciso, preciso sim. O que ela fez foi maquiavélico.

-Já passou, eu estou bem. E sinto muito por sua perda.

Ele respirou fundo.

-Anne sempre foi uma menina cheia de vontades. Nunca achei que ela fosse chegar no nível de atentar contra a vida de alguém.

-Está tudo bem.- Tentei o confortar. -O que importa é seguirmos nossa vida agora.

Ele assentiu devagar.

-Como está o bebê?

-Está bem, foi só um susto.- Passei a mão na barriga sorrindo.

Owen sorriu.

-Senhora Dixon.- Levantei uma sobrancelha e ele riu. -Ah, Arizona. Espero que nossas comunidades tenham um futuro brilhante pela frente e que possamos reerguer o mundo ao seu explendor. Vejo em Alexandria uma oportunidade de continuarmos formando uma geração forte. Eu conversei com seu líder e espero que em breve voltemos a conversar. Imagino que queira voltar para casa depois da madrugada que passou.

-Sim, Rick achou melhor voltarmos. Ele falou que trará a mim e Maggie um outro dia mas que agora seria bom voltarmos.

Ele balançou a cabeça concordando e se levantou. Me levantei em seguida e o segui até a porta.

-Sabe Arizona, tenho grande estima pela sua família. Seu pai foi um grande homem e deixou um legado incrível além de filhos tão fortes quanto ele.

-Obrigada senhor.- Falei por força do antigo hábito.

Ele riu levemente e fomos em direção a saída.

Paramos no alto dos degraus e Daryl que estava encostado em um pilar veio até nós.

-Cuide bem dessa moça senhor Dixon.- Owen disse. -E dêem notícias.

Assenti e apertei a mão dele. Daryl resmungou uma despedida e me deu o braço.

Descemos as escadas, os carros esperando para voltarmos para casa.

Antes de entrar no trailer olhei para trás e Owen acenou. Devolvi o aceno e entrei no trailer depois de ver mais uma vez o olhar de tristeza de um pai que perdeu a filha sem poder fazer nada.

 

 

 

Chegamos em Alexandria pouco antes do entardecer. Após um breve check sobre tudo, mais perguntas sobre eu estar bem e recomendações de um doutor Carson preocupado ao ouvir o que houve eu deitei na minha cama. Daryl não viria agora, hoje ficaria na vigia.

Ouvi batidas na porta e suspirei.

-Entra.

Dakota entrou no quarto e fechou a porta atrás dela.

-Oi.- Falei sorrindo.

-Oi Nana.- Falou sentando na ponta da cama. -Daryl não dorme em casa hoje?

Neguei.

-Vai ficar na vigia.

Ela assentiu devagar.

-Então eu posso dormir com você?

-Claro que pode meu amor.

Ela sorriu abertamente e se ajeitou do meu lado. Me virei pra ela.

-Quando foi que você cresceu tanto?- Falei baixo alisando os cabelos dela.

Dakota deu uma risadinha e deu um beijo na minha bochecha.

Outra batida na porta e Oliver entrou.

-Ah Nana, se a Dakota pode eu também quero.

Ri e o chamei com um gesto.

Oliver subiu na cama e deitou do lado de Dakota.

Mais uma batida e eu ri falando pra entrar.

Trevor e Connor entraram.

-Como assim vão dormir sem nós?- Trevor disse se fingindo de indignado.

-Eles são traidores.- Connor falou cruzando os braços.

-Eu realmente não sei como vocês vão caber aqui.- Falei rindo.

Trevor arrastou a poltrona pra perto da cama, sentou nela e colocou as pernas em cima da cama.

-Eu posso dormir aqui, e Connor vai caber aí sim.

-E eu vou dormir todo espremido?- Oliver disse.

-Vai ter que aceitar.- Connor disse deitando do lado dele.

Ri vendo meus irmãos se ajeitarem.

Eles logo caíram no sono e eu os observei.

Trevor ainda não tinha adormecido, e sorriu quando olhei pra ele.

Eles podiam crescer e virar adultos, mas esses três pra sempre serão nossas crianças.

Falando em criança, eu estava muito aliviada por meu bebê estar bem. Na medida do possível né.

Eu não conseguia imaginar como seria se perdesse mais alguém. Minha família já tinha tido perdas suficientes pra mim.

Pensei em Owen e como ele devia estar devastado.

Essa madrugada passada tinha sido tensa. Meu corpo ainda estava um pouco tenso. Mas eu não podia fazer nada. Aconteceu e agora só me restava esquecer. Anne podia ter escolhido outro final, mas infelizmente ela escolheu continuar na loucura.

No final tudo é um resultado das nossas escolhas, das nossas atitudes. E não há nada que possamos fazer por causa das escolhas erradas de alguém.

Mas agora Anne faria parte dos fantasmas que me assombram. Me lembrei de Simon, e como eu o matei. Ele também fazia parte desses fantasmas. E todos os outros inimigos de guerra.

Por mais que a pessoa nos faça mal, ou faça mal a outras pessoas, quando essa pessoa é morta, ou por nossas mãos ou porque podíamos ter tentado mudar o rumo, sua lembrança nos assombra.

Eu viveria com isso. Agora tinha outra missão. Minha família estava segura mas estava na hora de ajudar a consertar o mundo.

 


Notas Finais


E então darlings??? Anne finalmente morreu! Aryl livres dessa louca.
Mas a Nana demonstrou sua nobreza ao sentir muito pela morte da Anne. Afinal, ela era louca mas se quisesse podia mudar né!
Essa parte do final aqueceu meu coraçãozinho <3 Os King são uns amores mesmo.
Desculpem a demora, vários imprevistos rolaram e só consegui postar hoje. Inclusive só consegui acabar de escrever esse capítulo hoje.
O capítulo que vem será nosso penúltimo :( Invictus chegou a sua reta final. Eu agradeço muito muito muito por estarem esse tempo todo aqui me dando força e acompanhando a estória. Cada favorito, cada comentário, cada adição a biblioteca me enchem de felicidade e me motivam a continuar. Vocês são incríveis demais hahaha
Mas nada de clima de final agora porque ainda temos mais dois lindos capítulos pela frente!! E depois disso vem a nova saga, com uma nova personagem hahaha
Obrigada por acompanharem Invictus e até o próximo meus amores,
Xx


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