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História Invisible - TAEGI - We can smile if we are together


Escrita por: JhamilleBelmino

Capítulo 14 - We can smile if we are together


Fanfic / Fanfiction Invisible - TAEGI - We can smile if we are together

BTS – A Supplementary Story: You Never Walk Alone

Mesmo se estivermos cheios de hematomas, podemos sorrir se estivermos juntos"

(Even if we are full of bruises, we can smile if we are together)

 

Naeun levantou o rosto assim que viu a porta da frente sendo aberta e Yoongi passando por ela. Estava terminando de assar a carne de porco para o almoço, por mais que tenha tentado muito, não foi capaz de manter a pose por muito tempo logo após a ligação com o ex, e quando sua marca começou a sangra – agora em uma quantidade bem inferior que as vezes anteriores – ela precisou ir cuidar daquilo. Tomou um banho, cuidou da ferida, e colocou uma roupa que não batesse em cima para não machucar mais, enquanto esperava o filho. 

Estava quase tudo pronto e o Yoongi chegou bem na hora marcada como sempre. As bochechas coradas e um sorrisinho miúdo contra os lábios, muito diferente da imagem que viu quando deixou o filho na escola naquela mesma manhã. Agora sendo muito melhor de olha-lo, porque ele até podia desconhecer disso, tentar ignorar tal fato, mas era particularmente lindo vê-lo brilhando daquele jeito. Torcia muito para que Yoongi enfim pudesse perceber a luz que emanava de si mesmo, e no que lhe coubesse, ajudaria ele nisso.

O ômega mais novo, por outro lado, não viu a mãe ao entrar em casa, tirou seus sapatos e colocou no lugar no armário ao lado aonde normalmente ficava. Fez o mesmo com a mochila, deixando sobre o sofá porque não pretendia subir para o quarto tão cedo. Sentia suas bochechas queimando em vergonha, não sabia se de vergonha por ter parecido um idiota junto a Taehyung, ou porque gostou de como o alfa sempre agia ao seu lado, despreocupado e leve. O que fazia com que sentisse da mesma forma.

Aquilo era novo, nunca se sentiu de tal modo por alfa algum, nem mesmo por Jung Hoseok que jurou – na época que sentiu-se confuso sobre o alfa – que poderia gostar dele e que aquilo era algo o mais próximo que se podia ter da primeira paixão. Não era, como o tempo pode comprovar isso. E não era como se estivesse dizendo que gostava daquela forma de Kim Taehyung, não era essa a questão, mas era algo que o fazia pensar bastante a respeito porque nunca tinha acontecido até então.

Porquê, veja bem, Yoongi era amigo de Seokjin, um alfa, que apesar de todos os defeitos, também tinha muitas qualidades que o Min adorava. Ele realmente amava seu amigo. Mas não tinha aquele tipo de sentimento, sabe? Seokjin sempre lhe fez bem, no entanto, nunca foi capaz de despertar aquele tipo de sentimento bobo que Taehyung causava bem na boca do seu estômago.

Achava muito cedo para determinar o que sentia, muito cedo e muito mais inexperiente para saber o que estava lhe ocorrendo. Fazia o que, duas semanas que Taehyung tinha se aproximado? Isso era um tempo relativamente muito curto para se deixar envolver por tanto sentimento, mas as coisas eram daquele jeito e não podia controlar nada. Seu ômega sentia-se bem ao lado dele, sentia-se protegido – por mais incomum que aquilo pudesse soar – ao lado do alfa e por mais que tentasse, Yoongi não podia controlar aquele seu lado.

Tão pouco o sorriso impertinente em seu rosto que não passou despercebido por sua mãe, fitando-o de longe com um sorriso tão bonito quanto, admirada em ver as bochechinhas rosadas do seu filho depois de tanto vendo-o cabisbaixo e triste.

- Que sorriso é esse, em? - ela perguntou dando um baita susto nele, que além de dar um saltinho fofo ainda soltou um suave berro olhando para ela.

- Nossa, mamãe, que susto. - resmungou com as mãos apoiadas na altura do coração e as sobrancelhas franzidas – Quase me mata.

- Deixa de ser exagerado, ômega. Você quem estava distraído demais e não me viu aqui.

- Não estava tão distraído assim... - falou emburrado, se aproximando da mãe para ajudá-la com o que estava fazendo. Não sentia fome apesar de ser hora do almoço, mas apreciava que a mulher o tenha preparado comida e comeria com todo gosto ao lado dela. - Quer ajuda? 

- Sim, obrigada, separa o arroz, já está cozido na panela. 

- Tudo bem.

- Com quem você veio que não ouvi aquele barulho chato do carro de Seokjin?

- Eu não vim com ele. - Yoongi deu de ombros alcançando duas tigelas média e a espátula do arroz para ir servir as porções. Sua mãe sempre conheceu todos os seus amigos, quando era criança tinha mais facilidade em manter as pessoas por perto e era sempre rodeado de crianças que queriam brincar consigo e lhe estimavam muito. Quando foi crescendo, tudo pareceu mudar e ele se viu afastado de todo mundo, envergonhado de ter pessoas ao seu redor e tão constrangido com quem era de verdade que todos acabaram se afastando, incapazes de entende-lo e Yoongi de se explicar.

- E foi com quem ou você saiu mais cedo?

- Não, eu vim com um... Amigo? É, um novo amigo.

- Que novidade é essa, filho? - ela tirou um dos pedaços de carne de porco da panela, colocando para descansar enquanto a outra ainda precisava de mais um tempo. Usando a tampa para abafar o alimento, ela se virou para o filho que já estava ocupado separando a quantidade adequada de acompanhamentos que comeriam. - Quem é esse novo amigo?

- O nome dele é Kim Taehyung, é um alfa que estuda lá na escola. Ele é bem legal, mamãe e sempre faz de tudo pra me deixar o mais confortável possível. Então hoje ele me ofereceu uma carona e eu aceitei, não queria voltar com o Seokjin-hyung.

- E esse novo amigo te trata bem? - insistiu tentando ignorar aquele pequeno detalhe sobre Seokjin, algo lhe fez crer que ele tinha alguma coisa haver com o fato do seu filho está triste, mas se o filho não falou nada, não iria ficar insistindo, ainda mais sabendo que qualquer insistência faria com que ele se retraísse mais. - Por que sabe que no final é isso que importa, não é? Ter um amigo que te trate bem.

- Ele trata. Na verdade, ele me trata muitíssimo bem e me sinto confortável ao lado dele. É fácil rir e ser apenas eu ao lado do Taehyung-ssi.

Naeun quis fazer algumas considerações quanto a isso. Porém não fez. Fazia bastante tempo que não via aquele tipo de brilho nos olhos do filho, aquela animação ao falar e o quão ele parecia gostar de uma novidade, de ter um amigo novo.

Claro que tinha receio, era mãe e não podia apenas ignorar. Porém achava saudável Yoongi ter novas pessoas perto de si e ter uma adolescência o mais normal possível. Não queria ele por aí aprontando como via tantos jovens fazendo. Levantava as mãos para os céus por ele nunca ter lhe dado trabalho algum, nem mesmo quando criança. Porém ainda assim, queria vê-lo saindo mais, se divertindo mais e sendo feliz. E se um novo amigo significava isso, ótimo, iria apoia-lo.

- Não esqueça de me apresenta-lo assim que possível, hm? - ela deixou um beijo contra a testa do filho, recebendo um risinho e um aceno positivo como resposta. As bochechas dele ainda vermelhas da mesma forma como tinha entrado em casa – Adoro que você tenha novos amigos, amor, mas não gosto da ideia de você andando com alguém que não conheço.

- Ele me convidou para o cinema qualquer dia desses, e eu falei que só podia quando você soubesse quem ele é. Então o Taehyung-ssi disse que não teria problema algum em te conhecer.

- Sério?

- Hm, sim, ele é muito divertido, mãe. - deu de ombros vendo a mãe enfim desligar o fogo da carne e terminar os preparativos do almoço. Não estava com fome antes, mas o cheirinho da carne tinha aberto seu apetite, adorava. - Fiquei meio receoso no começo, mas ele até que está me fazendo entender que não preciso ficar com tanto receio de me aproximar de um alfa.

- Pois bem, eu já gosto desse alfa só pela resposta que deu sobre me conheceu. Mas agora vamos comer que estou morrendo de fome.

- Pior que eu acabei ficando com fome também com o cheirinho da comida.

- Lava suas mãos que eu vou cortar a carne pra gente comer.

- Tudo bem.

***

Dar-hu estava terminando de colocar a mesa, Gayoung tinha chegado do trabalho bem mais cedo do que seu habitual e estava no andar de cima tomando um banho para enfim almoçarem. Estava terminando de colocar todas as porções individuais de arroz quando ouviu o carro entrando na garagem e conferindo as horas em seu relógio de pulso, percebeu que o filho estava quase meia hora fora do horário habitual de chegara e aquilo normalmente não acontecia. Provavelmente tinha uma explicação ótima para aquilo, porque Taehyung sabia bem a regra “se for se atrasar, avise, ou seus pais ficarão preocupados” e ele cumpria direitinho sempre.

O alfa, por outro lado, nem mesmo tinha percebido as horas e não era como se pudesse ligar muito quanto a isso, focado demais em comemorar seu novo ganho pra se prender a coisas como horário. Sua casa não era tão próxima assim da escola, levava em torno de vinte minutos em um de rodovia livre, somado ao tempo que legou Yoongi em casa, saiu do seu horário que sempre chegava em casa. Raramente acontecia diferente e quando acontecia, avisava. Porém estava tão eufórico que nem conseguiu lembrar de tal detalhe.

- Aonde você estava?

- “Unforgettable...” (Inesquecível) - ele disse, melhor, cantou formando a voz em um tom mais sóbrio, o sorriso imenso no rosto enquanto fazia uma dança engraçada, os braços estendidos para o lado se aproximando de Dar-hu que não entendeu absolutamente nada do que estava acontecendo - That's what you are. (É o que você é).

- O que deu em você, alfa? - o ômega ali falou rindo alto quando o filho lhe segurou pela mão, fazendo-o girar perfeitamente antes de puxa-lo para um abraço, animado como Dar-hu sempre adorou vê-lo.

- “Unforgettable, though near or far, like a song of love that clings to me” (Inesquecível, seja perto ou longe, como uma canção de amor que se agarra a mim)

- Taehyung! - o ômega gritou quando foi pego no braço, sendo girado mais uma vez, dando tapinhas contra os ombros do filho para que fosse colocado no chão. Ele sempre ficava cheio de neura quando o filho ou a esposa tentava pega-lo no colo, sempre achando está pesado demais, mesmo não sendo um problema para os dois alfas da casa – Filho!

- O que está acontecendo aqui? - Gayoung perguntou descendo as escadas, os cabelos que batia contra seus ombros molhados causando uma mancha sobre os ombros dela, as roupas largas dando uma imagem ainda maior a quem ela era. Sempre foi muito bonita, mas tal coisa jamais foi abalada com o tempo, só ficou melhor. Estava no quarto terminando de colocar a roupa quando ouviu o barulho do carro do filho e em seguida a cantoria pela casa – Eu conheço bem essa música, hm? A nossa música, ômega.

- “How the thought of you does things to me? Never before has someone been more.” (Como pensar em você me faz sentir coisas? Nunca antes alguém foi tanto para mim) - largando o pai, Taehyung foi até a mãe puxando-a para perto do ômega ali. Os dois mais velhos rindo alto da clara animação do filho deles. - “Unforgettable...” (Inesquecível).

- O que deu em você, alfa?

- Estou feliz, mãe. - disse com um sorriso tão lindo no rosto que seus pais não falaram nada, apenas sorriso para a visão linda na frente deles. Gayoung passou um braço em volta da cintura do marido trazendo-o para junto do seu peito assistindo de perto a felicidade de Taehyung. - Eu conseguir dá uma carona para o Yoongi.

- Quem é Yoongi? - Gayoung sussurrou contra o ouvido do marido, bem baixinho recebendo um “é o ômega que ele gosta” como resposta – Ah. 

- E pode parecer bem pouco, sabe? Mas vindo do Yoongi, isso significa que ele confia em mim o bastante pra me permitir leva-lo em casa. E eu ainda consegui um abraço, pelos céus, um abraço!

- E isso é bom? 

- Isso é incrível! - ele deu uma risada escandalosa, dando dois soquinhos no ar em pura animação, fazendo os pais rirem alto também. - O cheiro dele ficou na minha camisa, eu não vou lavar essa camisa nunca mais.

- Mas aí já é demais, alfa, nem vem com essa. - Gayoung se afastou do marido para que enfim pudesse almoçar, estava com fome e eles podiam muito bem conversar enquanto comiam. - Vamos comer?

- Vamos, eu estou morto de fome. - Taehyung correu até a porta para chutar seus tênis para fora do pé, sua mochila tinha ficado dentro do carro, para logo em seguida correr até a cozinha pra lavar a mão. Dar-hu sempre o fazia lava-las, sempre. - Eu fiz algo mais cedo que o deixou chateado, então fui pedir desculpas e consegui fazê-lo aceitar uma carona. 

- Por isso que demorou?

- Sim, ele mora perto da escola, mas do lado oposto e eu garanti que ele não iria me atrapalhar, e não atrapalhou por isso que o Yoongi aceitou. 

- Como eu nunca ouvi falar do Yoongi antes? - Gayoung questionou já levando uma quantidade boa de comida para boca. Tinha se dado uma folga naquela tarde, sem coragem de continuar no trabalho então apenas disse que iria sair para o almoço e não pretendia voltar.

- Eu conversei só com o papa a respeito dele, é um ômega da escola. - ele também colocou uma quantidade generosa de arroz na boca, não ligando muito em falar de boca cheia por mais que seu pai estivesse lhe olhando de forma repreendedora. Estava tão animado, mas tão animado, que não se deu conta dos seus modos. - Ele é tão lindo, mãe, tão lindo, mas ele é muito tímido, demais. Então eu preciso ir com calma, não posso dá um passo maior que minhas pernas e é isso que estou fazendo. Tem sempre alguém babaca enchendo o saco dele na escola, por isso que é difícil dele confiar tão facilmente em alguém.

- Por isso que essa carona significa tanto pra você, filho?

- Sim, ainda mais que foi como falei, ele ficou chateado comigo no começo da manhã e isso me deixou mal pelo resto do dia. - quando Dar-hu lhe serviu um pouco de frango, Taehyung agradeceu ao pai voltando aos seus relados logo em seguida. - Tem um amigo dele que não está gostando nada da nossa aproximação e eu acabei caindo na provocação dele, então o Yoongi não ficou muito feliz comigo por isso.

- Você não vai arrumar confusão da escola, vai? - a alfa questionou parando a refeição só para olha-lo – Eu não quero saber que você está brigando por lá independente de por quem seja, não te ensinei dessa forma e não vou aceitar vim reclamação do colégio por conta disso. Não quero pra você a adolescência que eu tive sempre me envolvendo nessas brigas desnecessárias.

- Mãe, quer que eu seja honesto? 

- Hm?

- Eu não vou brigar, acredite em mim, falei até para o Yoongi isso, eu não vou atrás de confusão em momento algum, tem a minha palavra quanto a isso. Mas não vou recuar se um alfa vier tirar satisfação comigo por conta do Yoongi. Eu gosto dele, mãe, gosto de verdade, meu alfa também gosta e eu sinto, que de alguma forma, ele é o ômega escolhido, não vou força-lo a nada, e não vou procurar briga, mas se tiver que defende-lo, eu vou independente de com quem seja.

- Você tem certeza sobre isso, filho? Sobre seu alfa ter o escolhido? - o ômega questionou em um misto de fascínio e receio porque entendia o que aquelas palavras significavam. Seu ômega também escolheu o alfa da esposa muito cedo, e tudo foi bastante recíproco, estavam juntos há anos e entendia o peso de tal responsabilidade. Não queria que o filho lidasse tão novo com aquilo, mas sentia-se orgulhoso por sabia que ele era um alfa maduro e bom o suficiente para levar tal coisa com sabedoria.

- Não tenho certeza, papa, mas é isso que sinto quando estou com ele, não sei. - deu de ombros não querendo pensar muito naquela parte porque era realmente complicada. Sabia dos seus sentimentos pelo ômega, tinha total e completa certeza sobre eles, mas lhe era desconhecido a intensidade de tudo, ainda lhe era um mistério que esperava poder desvendar ao lado do Min. Então ficar fazendo afirmações naquele ponto não era a melhor coisa a se fazer e ele estava tentando com total empenho. - De qualquer forma, dar uma carona a ele, poder abraça-lo e de quebra ainda ter o cheiro dele na minha camisa, fez tudo vale imensamente a pena. Pode parecer pouco, mas eu sei que se tratando dele, é um passo muito, muito grande.

Dar-hu queria questionar mais o filho, saber mais sobre aquilo porque se preocupava com ele e era até normal querer saber mais a respeito. Apesar de simpatizar muito com Yoongi, não o conhecia, então não tinha grandes opiniões sobre ele, e isso era preocupante quando ouvia seu filho falando em um tom tão seguro, que seu alfa já tinha o escolhido.

Taehyung era muito novo, ainda tinha muita coisa pra aprender nessa vida e isso podia assustar qualquer um. Mas preferiu dar um voto de confiança ao alfa em vez de insistir em um assunto, que talvez, nem o próprio tivesse condições de conversar. Sabia que se as coisas se tornassem complicadas ele procuraria a si ou a mãe, sempre foi dessa forma, e precisava confiar que não mudaria logo naquele instante.

Deu a melhor educação que pode ao filho, fez seu trabalho da melhor forma que conseguiu e vendo como tinha crescido, acreditava ter feito um bom trabalho. Só lhe restava confiar que sim, porque se não, tudo estaria perdido e isso era a última coisa que precisava. 

Os três então almoçaram naquele clima familiar tão bom deles. Gayoung contou mais sobre como tinha sido seu dia de trabalho, explicando melhor ao filho os motivos dela ter largado tudo e ido para casa. Estava cansada e tudo que queria naquela tarde era ficar largada no sofá assistindo qualquer porcaria na tv até sentir-se entediada. Tinha 43 anos, trabalhava desde os 19, merecia uma tarde de folga. Seu filho já estava praticamente criado, seu ômega tinha o emprego que lhe dava o dinheiro que necessitasse e ela se deu aquela tarde de folga. Se iria descontar do seu salário, bem, não era como se fosse faltar o arroz para comer de qualquer forma. 

Trabalhava em um escritório de advocacia, era advogada tributária, ganhava uma quantia muito boa assessorando empresas e grandes negócios. Não eram ricos, mas tinha o suficiente para viver uma vida confortável com o marido e o filho. Já tinha trabalhado de tudo um pouco antes de se formar na faculdade. Tinha trabalhado em um supermercado no estoque, entregadora em uma rede de fast food de uma amiga do seu pai e até mesmo na construção civil na época que era encrenqueira. Trabalhava duro há anos. Uma tarde de folga não matava ninguém, ainda mais que não tinha nenhum trabalho urgente para fazer. Tudo estava dentro dos prazos. 

Dar-hu não teria tanta folga assim porque tinha uma sessão para fazer naquela tarde. Ele era socio em uma clínica de estética e fazia grandes partes dos trabalhos. Uma cliente famosa nas redondezas da cidade havia marcado uma hora para uma limpeza de pele e ele tinha ficado encarregado – porque a ômega só queria ser cuidado por ele - então, após o almoço, já que ele teria que ir de carro e isso impediria Taehyung de lava-lo – como deveria ter feito ainda no dia anterior – a louça do almoço ficou por conta do mais novo, enquanto Gayoung ficou responsável pelo jantar. Que seria algo do restaurante familiar que tinha um quarteirão da casa deles, já que a alfa detestava cozinhar, por mais que conseguisse se sair bem.

Assim, após comerem e a mesa ser tirada, Taehyung tratou de lavar a louça - lembrando de tirar o uniforme porque não queria molha-lo e ainda queria usar para sentir o cheirinho do Yoongi – e lavou a louça logo para se livrar do trabalho. Em seguida, tomou um banho e se juntou a mãe no sofá da sala. Os dois alfas largados um de cada lado, assistindo um programa de variedade duvidoso que passava naquela hora.

- Mãe, posso perguntar uma coisa? 

- Hm? - resmungou meio sonolenta, até bocejou olhando para o filho em um movimento letárgico de cabeça. Sempre batia um sono depois de comer tão bem na hora do almoço, e daquela vez não foi diferente.

- Lembra do Hyung-ski, não lembra? Aquele alfa que é meu amigo?

- Sim, lembro, sim, o que houve com ele?

- Não aconteceu nada, mas se o Seojoon-hyung não tivesse lá pra impedir, eu teria avançado nele hoje e o machucado feio.

Gayoung precisou de alguns bons segundos para entender com exatidão o sentido de tais palavras, o meio da sobrancelha franzida e uma cara de pura confusão, que foi dando lugar a um misto de incredulidade e irritação, à medida que tudo parecia soar com mais compreensão em sua mente. Ela até mesmo tomou outra postura no sofá, sentando-se para poder ver melhor o filho.

- O que você falou? 

- Meu alfa se descontrolou, eu juro que tentei de tudo, que respirei o mais fundo possível e tentei agir de modo racional, mas não consegui. 

- E por que isso aconteceu? 

- Porque o Hyung-ski é um alfa desagradável que faz comentários depreciativos sobre ômegas. Ele fez isso hoje com o Yoongi e meu alfa não aceitou, então tomou o controle e quase o atacou. 

- Isso não é nada bom, Taehyung. 

- Eu sei, e também me irritei com o melhor amigo alfa do Yoongi. 

- Tudo por conta desse ômega? 

- Sim. Mas não é culpa dele, se o Yoongi souber que isso está acontecendo, ele vai tomar uma atitude drástica, do tipo dizer que não me quer por perto, ou algo do tipo. E eu não quero isso, mãe. - suspirou em desespero, as mãos grandes passando contra o rosto, não gostava de admitir que perdeu a cabeça fácil, mas precisava desabafar aquilo com a mãe e pedir algum tipo de conselho. Ela era igual quando tinha a sua idade. - Eu gosto de verdade dele.

- Olha, eu entendo você, filho, de verdade. Quando tinha a sua idade, também precisei lidar com muita coisa pra ficar com seu pai e quase fiz besteira agindo de forma impulsiva. Mas esse não é o jeito certo de agir, então deve se controlar por mais complicado que seja. - quando ela viu o filho se sentando também no sofá, ela tomou um lugar ao lado dele, tocando-o gentilmente contra o ombro para ganhar a atenção dele – Mas, nós alfas, Tae, não podemos nos dar ao privilegio de perder a cabeça assim, quando as coisas não nos agradar. Violência não leva ninguém a nada, e você vai ganhar bem menos se continuar agindo desse jeito. 

- E o que eu faço, então? - suplicou, tinha tantas emoções desenhada em apenas aquele olhar que mal dava para ela suportar. Taehyung não expunha muitas vezes, principalmente diante seu pai, mas ele também tinha suas mágoas e problemas para lidar, também havia coisas mal resolvidas em sua cabeça que lhe afligia e que muitas vezes não conseguia resolver sozinho. Sempre corria ou para a mãe ou para Seojoon, sempre procurando um outro alfa mais experiente para tentar lhe ajudar porque tinha a suposição que saberiam lhe compreender de uma forma melhor. E sua mãe entendeu tudo com apenas um olhar – O amigo alfa dele me odeia porque estou me aproximando, não sei o que acontece, mas ele odeia me ver junto ao Yoongi, e eu não vou baixai a cabeça, mãe, se ele vier procurando um confronto, eu não vou recuar. E tem também o Hyung-ski que fica falando merda sobre ele e me irrita. Também não vou conseguir só ignorar e nem tenho paciência pra ficar tentando ensinar um cara daquele tamanho. Então, o que eu faço?

- Filho, sempre vai haver pessoas que não se agrada da sua relação. Comigo e com o seu pai mesmo, tinha muitos insultos a ele também, tinha muita gente que achava que eu não o merecia. Também teve muitas palavras ruins sendo ditas a nós dois e que me irritava. Mas imagina se eu fosse perder minha cabeça sempre que isso acontecesse. Você acha que teria dado certo?

- Não...

- Não teria mesmo, e é isso que te aconselho a fazer. Você não tem que aceitar as coisas de cabeça baixa, não é assim que funciona, mas entrar em conflito desnecessário também não é legal. O Yoongi já reclamou de algo que você fez? Pediu pra você se afastar e você o desrespeitou? 

- Não, nunca, quer dizer, hoje eu o chateei entrando na provação daquele alfa, mas fiz questão de me desculpar, como você sempre me aconselha a fazer.

- Pois então, se ele não tem queixas a fazer, não dê ouvidos para os outros, por pior que seja. - ela fez um novo carinho contra o ombro do filho, massageado de uma forma quase dolorosa o músculo tenso - Quanto a Hyung-ski, em vez de perder a cabeça com ele, apenas o deixe ciente de que não gosta desses comentários e quer respeito, que ele precisa olhar primeiro para si para ficar falando dos outros. Não deixe que insultem ômega que gosta, alfa, e nenhum outro, mas se você cair nas provocações bestas, serão apenas dois idiotas. Entendeu?

- Sim, entendi. Obrigado, mãe, valeu mesmo, estava precisando ouvir isso.

- Sempre que precisar, estou aqui, e eu falei bastante sério quando disse que não quero você entrando em confusão na escola. 

- Pode deixar, não vou me esquecer.

Taehyung estava determinado em seguir os conselhos da mãe, ficar o mais longe de confusão possível, não entrar em conflito com ninguém. Iria conseguir? Bem, a vida era uma grande incógnita, mas iria tentar. Com todas as suas forças se fosse preciso, iria tentar.

***

- Acho que a gente já enrolou demais e deveria conversar de uma vez, alfa. - Jimin disse sério, nem um pouco humorado e com uma expressão firme no rosto, pelo menos uma que Namjoon nunca tinha tido a oportunidade de vez ocasião alguma. - Por que me chamou aqui e do que quer conversar? 

Namjoon tinha o mandado uma mensagem pela tarde pedindo para que se encontrassem no colégio, sabia que ele não teria aula de dança e ficaria por lá resolvendo algumas mateiras do jornal. Além do mais que ali era um campo neutro e tinham mais liberdade para conversar, o alfa estaria apenas na companhia de Siu no termino da matéria, mas o beta poderia dar a eles um tempo livre para conversarem. Não seria muito tempo.

O Kim já não suportava mais aquela situação com o ômega. Conseguiu conversar um pouco com ele no intervalo naquela manhã, mas Jimin tinha sido particularmente muito reservado em lhe responder e não deixou de mostrar que estava chateado com a situação. E por mais que Namjoon quisesse se colocar contra tal comportamento, não podia porque o Park tinha razão em agir de tal forma.

Deveria ter sido honesto desde o princípio, ter dito a verdade ainda na noite que trocaram o primeiro beijo. O Park nunca lhe enganou sobre o que queria e como as coisas eram para si. Nunca usou de meias palavras para deixa-lo ciente de tudo. Porém aquilo não foi reciproco. Ficou tão assustado por enfim ter aquele ômega nos braços, por enfim poder colocar para fora todo o sentimento que a tanto tempo era aprisionado em seu peito, que não teve coragem de estragar as coisas quando tudo era tão recente entre eles.

E continuava sendo recente. Tinha plena consciência disso. Fazia menos de duas semanas que tinham ficado a primeira vez e as coisas já tinham desandado completamente. Mas foi como havia falado ao melhor amigo no dia anterior: quanto tempo se precisa pra saber que deseja namorar alguém? Quando tempo se precisa oficializar as coisas quando duas pessoas se gostam e querem está juntas?

Duas semanas pareciam uma eternidade quando Namjoon esperou um ano inteiro para poder ter uma chance com Jimin. E ele queria, pelos céus, ele queria como ninguém poder chamar aquele ômega de namorado e construir algo com ele. No entanto, não era tão simples e foi culpa sua não ter aberto o jogo com ele logo no início. Culpa sua em ter tentado empurrar com a barriga uma situação que claramente não daria certo.

Deveria ter sido honesto como admirou tanto Jimin sendo. Mas não foi. Escondeu o ponto crucial e era culpa sua estarem naquela situação. Tinha plena certeza disso.

- Sei que está chateado comigo e sei os motivos.

- Será que sabe mesmo, Namjoon? - Jimin estava sério, irritado e chateado, mas não tinha nenhuma elevação no tom da sua voz. Continuava bastante mansa e dócil. Seus olhos um felino, mas a calma de um anjo. - Ou você está só supondo sobre?

- Está com raiva porque fui pra festa do Jay.

 Não, estou com raiva porque mentiu e ainda usou de um argumento estúpido pra justificar isso. Eu não posso me importar menos que você foi para uma festa, Namjoon, mas me importo quando me faz de bobo. 

- Eu não sabia como agir diante aquela situação, Jimin, eu nunca me envolvi sério com alguém, então não sei como deveria agir. Nunca precisei dar satisfação a ninguém. 

- Não precisava me dá satisfação também, essa é a questão, você só não precisava mentir. - recostado contra uma das mesas da sala, ele cruzou os braços em cima do estômago quando viu Namjoon usando as duas mãos para esfregar o rosto, em um claro sinal de agonia. Em muitos aspectos o Kim se parecia com seu pai alfa, principalmente nos aspectos negativos, e essa era a parte que o deixava receoso porque ele era um ótimo mentiroso e Jimin abominava isso – Quando te perguntei se iria na festa, não foi uma pergunta do tipo “estou te perguntando pra te vigiar porque não quero que vá” e sim porque você perguntou a todos na ocasião e não deu uma resposta, foi algo absurdamente comum que você transformou em algo grande ao ponto de ter que mentir. E sinceramente, alfa, essa desculpa de que você nunca se envolveu com ninguém e não sabe como agir, não cola. Esse tipo de atitude está atrelado a caráter, e não se precisa de experiências pra ter caráter ou não. 

- O que você quer dizer com isso? 

- Você entendeu bem, alfa, porque você pode ser muita coisa, mas burro sei que não é. - desdenhou recebendo um olhar estranho do maior. Jimin, apesar de ser um doce, podia ser cruel em alguns momentos e naquele instaste ele deixou bem claro aquele seu lado – E outra coisa, quando te convidei pra você conhecer a minha mãe, não era pra te pressionar a me pedir em namoro, ou algo do tipo. E sim porquê, acima de qualquer coisa, eu já te considero meu amigo e minha mãe conhece todos os meus amigos. Mas você, sequer me deixou explicar isso e foi logo tirando suas conclusões. 

- Qualquer um em meu lugar se sentiria pressionado, Jimin, não é todo dia que a gente se depara com uma situação dessas e por mais que eu goste muito te você, não é assim, eu não posso simplesmente só pedir você em namoro e te levar pra conhecer meus pais. Não é assim. 

- E como é, Namjoon? Me explica como as coisas são, porque eu já estou de saco cheio de tentar adivinhar qual a droga do problema e você não me falar nada. - agora sim a voz dele tinha se abalado, mostrando que estava de fato irritado e que Namjoon não iria ficar ali, lhe enrolando sem uma explicação - Eu não estou te pressionando a me pedir em namoro, sinceramente, diante essas coisas, nem sei se aceitaria caso me pedisse, mas eu quero saber o que te impede de fazer isso. Por que você apenas não pode.

- Porque meus pais tem planos para mim, Jimin, que não inclui namorar um ômega que eles não aprovar. Esse é o problema. 

- Como é a história? 

Namjoon fez questão de explica tudo. Cada ponto. Cada virygula. Não omitindo absolutamente nada porque já estava cansado de mentiras. Tinha sido suficiente até então, não precisava de mais e não faria mais. Jimin merecia que fosse honesto e o Kim tentaria ser ainda mais a partir daquele instante, não valia a pena ficar guardando tais coisas para si. Não lhe fazia bem, sua irmã sempre lhe fazia isso. E o Park o ouviu, com cautela, com cuidado, ouviu cada coisa com a maior paciência do mundo e com o coração aberto para qualquer coisa. 

Empatia era o sentimento mais digno que uma pessoa poderia destinar a outra. Não era pena. Não era compaixão. Era empatia. Ouvindo aqueles relatos, Jimin se colocou no lugar de Namjoon e tentou ser o mais compreensivo possível. Por mais difícil que fosse, tentou. Deu espaço para o alfa falar tudo – o que era muita coisa, mesmo – tentando raciocinar de forma clara para enfim tomar um posicionamento. 

Era muito complicado está naquela situação. Porque gostava de verdade do Namjoon, e fazia muito tempo que gostava dele, mas o alfa nunca seria livre para ser seu. E não era daquela forma que o ômega tinha desejado em ter alguém, nunca foi. Então, por mais que gostasse imensamente do alfa, ainda assim, não era fácil decidir sobre o que faria porque tinha muito mais fatores envolvidos atrás disso. 

- Tem... - suspirou em um ato cansado, os ombros caídos e a perda total de postura. Sua irritação tinha quase desaparecido por completo, os motivos não sendo mais os que eram anteriormente. - Tem alguma chance de você falar com seus pais que não quer casar com o seu primo? 

- Eu já tentei, eles me falaram que posso me envolver com quem desejar, mas um relacionamento sério, não. No começo do ensino médio eu até tentei, não era um amor proibido nem nada do tipo, mas eu queria saber como era a sensação de namorar, entende? De poder ter alguém. Mas eles descobriram e foram falar com os pais da ômega, e fomos afastados. 

- Isso é uma droga, Namjoon. 

- E você acha que eu não sei? - tinha um tipo de emoção contida no tom de voz dele, um desespero nascendo dentro do seu peito e se expandindo por todo o corpo. Por um momento Jimin pensou que ele fosse chorar, e isso foi a deixa perfeita para ele se aproximar o tocando no braço, tentando confortá-lo – Eles deserdaram a minha irmã porque ela casou com outro alfa, e pode parecer besteira pra todo mundo, mas não é. Eu não sei como sair dessa situação e não consigo me livrar dessas amarras. Nem eu nem o meu primo querem isso. Mas a gente não pode mais sair. Fomos criados para isso. Nossos pais foram criados para isso também. É um ciclo que eu só posso quebrar quando tiver meus próprios filhotes. Infelizmente essa é a minha família. 

- Eu entendo, alfa, e eu sinto muito por isso, se eu pudesse libertava você dessa situação. 

- Fica comigo... Por favor, fica comigo. 

- Namjoon...

- Eu vou dá um jeito, ômega. - suplicou, suas mãos grandes chegando até a cintura marcada do ômega, o rosto contra o pescoço dele enquanto Jimin ficava sem reação diante tal atitude. - Gosto de você de verdade, ômega, sou apaixonado por você há um tempão então, por favor, fica comigo, eu vou resolver, a gente pode dá um jeito. 

- Namjoon, eu mereço mais do que isso... 

- Por favor.

- Ei, olha pra mim, alfa, olha pra mim. - Jimin o segurou pelo rosto fazendo com que Namjoon pudesse erguer o rosto e poder olha-lo. Os olhos de ambos brilhavam de emoção, o alfa sentindo mais, porém o Park não ficava por trás porque também era ruim para si. Por mais que quisesse dizer que não era, não podia esconder o óbvio. - Eu passei a minha vida inteira vendo meu pai alfa se envolvendo com vários ômegas e betas ao longo desses anos. Eu o vi partindo um monte de corações, e jurei pra mim mesmo que nunca me envolveria com alguém que fosse partir o meu também. E você vai, Namjoon. Se eu me insistir nessa história, a única coisa que vou ganhar é meu coração partido porque você nunca vai ser meu. 

- Jimin... 

- Alfa, eu adoro você, adoro de verdade, mas eu gosto muito mais de mim. - ele sussurrou, sua testa sendo recostada contra a testa do maior. Sua voz tremendo enquanto falava igual as suas mãos. Namjoon permaneceu com a mão contra a cintura dele, olhando para si prestes a transbordar – E eu não estou falando isso porque queria que você me pedisse em namoro agora. Mas porque eu nunca vou poder fazer planos algum com você. Não quero perder tempo com alguém que nunca vai poder me dá nada. 

- Mas eu posso tentar. 

- Eu não quero assim e eu sei que não mereço só isso. Mereço alguém que eu possa apresentar aos meus pais, que eu possa participar de um almoço de domingo, sei lá, Namjoon, eu quero uma relação normal e saudável, eu quero ser livre pra ter alguém ao meu lado e eu nunca vou ter isso com você. - quando suas lágrimas travaram sua garganta, ele abraçou o alfa pelo pescoço, ficando na pontinha do pé para alcança-lo. Sendo levado toda as emoções porque sentia-se triste de verdade, apesar de não querer demonstrar. Ainda era triste demais. - Não quero chegar a amar você para depois te tirarem de mim. Prefiro acabar agora e preservar nos dois, do que insistir em uma relação que tem data limite. 

- Então a gente terminou? 

- A gente não pode terminar algo que nunca deu início, alfa. - ele falou tentando ser o mais vem humorado possível, sorrindo fraquinho quando se afastou, apenas para deixar Namjoon perceber seus olhos úmidos de quem havia deixado escapar algumas lágrimas impertinentes. - Mas eu vou adorar continuar sendo seu amigo, hm? Você é um bom alfa, não quero que se afaste de mim. 

- Acho que só preciso de um tempo, me sinto como aquela criança que ganhou enfim o presente de natal que tanto desejou, e depois arrancaram dele. 

- Sinto muito. 

- Tudo bem, a culpa não é sua. - ele deu de ombros tentando agarrar Jimin mais uma vez quando o ômega se afastou, dando alguns passos para trás. - Jimin... 

- Eu preciso sair daqui. 

- Ômega! 

Jimin não ficou para ouvir mais nada, apenas deu as costas e saiu o mais rápido possível dali. Não conseguia aguentar mais está na presença do alfa sem desmontar e sabia que faria se não agisse rápido. Por mais que não fosse perdidamente apaixonado pelo Namjoon, ainda assim, gostava demais dele e era triste as coisas acabarem daquela forma e tudo que queria era poder sair dali e ficar um pouco longe. Quem sabe chorar sozinho as suas magoas aliviasse. 

***

Mensagens no grupo: Sem Seokjin” 

JIMIN: Eu e o Namjoon terminamos. 

JIMIN: Quer dizer, não terminamos, terminamos porque nunca tivemos nada sério.

JIMIN: Mas é isso, terminamos.

JIMIN: E eu queria dizer que não, mas isso me deixou triste pra caralho.

[Responder privado]

YOONGI: Gguk, vamos na casa do Minie?

JUNGKOOK: Eu já ia te mandar mensagem chamando.

YOONGI: Pedi a mamãe uma carona, daqui a cinco minutos estou passando aí. 

YOONGI: Vamos levar chocolate porque isso deixa o Minie feliz.

JUNGKOOK: Sim, e salgadinhos de queijo. 

YOONGI: Mamãe já está tirando o carro da garagem, fica na porta. 

*** 

Era pouco mais das 18h e Jimin estava jogado na cama do seu quarto, ouvindo música triste e com os olhos meio irritados pela sessão de choro findada a pouco tempo. Tinha mandado mensagens para os amigos – evitando deixar Seokjin sabendo porque ele era bem chatinho e podia fazer mais confusão do que queria - porém não recebeu respostas e isso o deixou ainda mais frustrado. Era tão chato aquela situação e o Park não sabia como lidar. 

Houve algumas batidas na porta do seu quarto, pelas horas seu pai já tinha chegado e ele sempre ia lhe cumprimentar. Mas deixou bem claro a sua mãe que não queria conversa, quando chegou e ela logo percebeu que algo não estava certo.

- Estou bem, pai, não quero conversar agora. - o ômega falou sabendo que era o suficiente para o beta lhe deixar quieto no seu quarto. 

No entanto, para a surpresa do ômega, a porta foi aberta apenas uma brechinha e por lá ele viu quando Min Yoongi enfiou a cabeça para dentro do quarto e sorriu em sua direção, fazendo com que o Park se levantasse um pouco confuso sobre o que estava acontecendo. Quando a porta foi aberta por completo, Jimin pode ver que Jungkook também estava ali, os amigos segurando sacos de supermercado e com um sorriso imenso nos lábios. 

- Foi aqui que um ômega fofinho nos convidou pra ajudar na bad? - Jeon perguntou todo bem humorado, já entrando no quarto deixando Yoongi pra fechar a porta. Ele nem mesmo cumprimentou o melhor amigo, já se jogando por cima dele porque Jungkook era um tremendo folgado e não tinha o menos senso - Olá, Jiminie, aqui estamos nós. 

- Você vai esmaga-lo, Gguk, sai de cima. - Yoongi meio que berrou tentando puxar o corpo grande do ômega de cima de Jimin, que só conseguia rir em meio ao desespero de estar sendo esmagado. - A gente trouxe chocolate e salgadinho, Minie, viemos saber como você está. 

- Ficaria melhor se o Jungkook saísse de cima de mim. Você vai me matar, ômega! 

- Como vocês são chatos. - Jeon resmungou se jogando para o lado livre da cama, deixando Jimin solto para se levantar. 

- Vocês são demais, sabia?

- Não podíamos te deixar mal aqui, sozinho, sem uma companhia. 

- Ah, gente, eu amo vocês. 

- E a gente ama você também, Minie. 

Os três se espalhou pela cama de Jimin, conversando sobre o que tinha acontecido e o ômega contou todo o ocorrido com o Namjoon. Sendo honesto também sobre os motivos que os dois tinham rompido, sabia que nem Jungkook e tal pouco Yoongi falaria sobre aquilo com ninguém, então se abriu com os amigos. 

Falou sobre sua visão sobre aquilo, de que apesar de gostar bastante do alfa, deveria pensar mais em si e não queria lá na frente, depois de alguns anos, Namjoon apenas romper consigo porque iria se casar com outro ômega. Não era justo e não aceitaria de forma alguma viver uma relação assim. Merecia ter um relacionamento saudável e feliz, aonde não existisse medo ou mentiras, e sabia que o alfa nunca seria livre o suficiente para proporciona-lo tal coisa. Preferia chorar agora e se lamentar enquanto ainda tinha tempo, do que chegar a ama-lo, construir algo com Namjoon e depois ser obrigado a larga-lo. Seria bem mais doloroso dessa forma. 

Era muito mais complicado se ver livre das amarras da família do que se podia supor. Namjoon não sairia daquela situação né dede uma hora para outro ou de forma pacifica. Jamais. Apesar de estarem em pleno século 21, haviam muitas, muitas famílias terrivelmente tradicionais em todo país e não era como se pudessem bater de frente quanto a isso. Não estavam infligindo as leis, não estavam fazendo nada que fosse contra os princípios da constituição do país, então ninguém iria falar nada e as coisas só ficariam daquela forma até alguém de dentro quebrar o ciclo vicioso. E Jimin sabia de tudo isso, e era esse o motivo dele nem mesmo pensar antes de dar um basta no seu envolvimento com o Namjoon. 

Seus amigos entendiam o ponto dele. E acima de tudo, ficaram ao seu lado. Podia soar um pouco egoísta da sua parte, claro que haveria pessoas que pensaria assim, mas o Park tinha aprendido desde cedo que não havia mal algum em pensar em si mesmo em primeiro lugar. “Amor próprio e auto preservação nunca matou ninguém, filho”, era o que sua mãe sempre lhe dizia, desde que era pequeno. Não era o tipo de relacionamento que queria, que achava certo, e não fingiria apenas porque gostava do alfa. Sinceramente, por pior que isso pudesse soar, gostava muito mais de si. 

E ele falou isso aos amigos, abertamente, e os outros dois ômegas entenderam por completo a atitude do amigo. 

- Por pior que seja, sinceramente, eu prefiro me manter longe, entende? Prefiro ser só amigo dele e não confundir mais as coisas, do que insistir e ter meu coração partido. 

- Você está certo, Minie, não fica pensando nessas coisas não, se não dava, não dava, pronto. Não precisa nos dá satisfação e não precisa se fazer de forte, hm? Vai, come um pouco mais e chocolate, vai se sentir melhor. 

- Obrigado, Gi. Vocês são os melhores amigos do mundo. - ele não chorava mais, e nem sentia vontade. Dando uma mordida generosa no chocolate, ele se jogou deitando contra seu travesseiro ao lado de Jungkook, que em algum momento no meio dos relatos, tinha se deitado. - Mas e vocês em? Fizeram o que hoje? 

- Eu levei bronca, como sempre. - Jungkook resmungou super relaxado, descansado. Tinha saído contra a vontade da sua mãe alfa e não tinha o menor peso na consciência em relação a isso. Se fizesse, levava bronca e gritos. Se não fizesse, também. Então, se teria a parte ruim, pelo menos tiraria um bônus daquilo – E olha que eu pedi desculpas a mamãe, mas parece que não adiantou. 

- Como assim? 

- Ontem mesmo depois que cheguei, pedi desculpas a mamãe, falei que não deveria fazer aquilo e que não queria ter a tratado de forma ruim. E ela aceitou, ficamos de bem. Mas assim que a alfa me viu, veio gritando horrores e quase me bateu, se não fosse a mamãe, ela teria me dado uns bons tapas.

- Você está começando a passar do limite, Gguk.

- Pior que não, eu não falei nada, fiquei quieto, calado, baixei minha cabeça e ouvi e isso a irritou porque, aparentemente, eu estava a provocando. E hoje do mesmo jeito, ficou me gritando quando cheguei da escola e me obrigou a limpar o quarto, depois me chamou de irresponsável e que eu não poderia sair até semana que vem, só ir para a escola e voltar. 

- E como você está aqui, ômega? - Yoongi questionou olhando abismado para o amigo, não entendendo mais anda. 

- Ué, eu só sai do meu quarto, abri a porta da frente e fiquei te esperando, porque não sou obrigado a ficar ouvindo besteira. - deu de ombros com aquele ar debochado que seus amigos tanto conheciam - Mas agora vamos falar de algo melhor, do tipo: Kim Taehyung levando Min Yoongi para casa. 

- Ah, não. 

- Isso mesmo! A carona! Gi, você precisa nos contar. - Jimin animou-se puxando-o para junto deles deitados, as bochechinhas do Min ficando vermelhas só em lembrar do alfa. Céus, será que nunca pararia de ficar daquele jeito toda vez que fossem falar dele? - Como foi? 

- Eu preciso mesmo falar sobre isso? 

- Lógico que sim, não é todo dia que... 

Antes de Jungkook terminar de falar, o celular de Min Yoongi começou a tocar no som padrão do telefone, chamando atenção dos três ômegas deitado na cama pequena de Jimin. Yoongi se jogou para fora da cama, andando a passos largos até aonde o aparelho estava, soltando um risinho afetado assim que viu o nome contra a tela. Kim Taehyung. Não poderia existir coincidência mais certeira. 

- Falando dele. - Yoongi resmungou virando o celular para os amigos. 

- Atende. 

- Não... 

- Gi, atende ele! 

- Lógico que... Jimin, me devolve esse celular, não atende a... 

- Oi, Kim Taehyung! - o Park falou, melhor, gritou, quando atendeu a chamada, fazendo Jungkook se aproximar dele para falar também, enquanto Yoongi apenas tentou se esconder, tampando o rosto com as mãos. - Boa noite. 

- Você não é o Yoongi. - Taehyung respondeu do outro lado da chamada, em um tom divertido na voz. 

- Perspicaz.

- Coloca no viva-voz, Minie. 

- Essa voz também não é a do Yoongi.

- Olá, Taehyung-ssi, aqui é o Jungkook. - sim, ele fez questão de gritar isso, assim que Jimin colocou no viva-voz. Yoongi morto de vergonha no lado contrário ao que os amigos estavam. - O Gi está aqui, prestes a explodir de tanta vergonha porque a gente tomou o celular dele e te atendeu. 

- Não façam isso. 

- A gente estava falando de você quando o celular chamou.

- Sério, de bom ou de mal?

- Tentando fazer o Gi contar como foi a carana, mas ele não teve muito tempo porque você ligou bem no meio do processo de convencimento. 

- Putz, sinto muito. 

- Não sinta, nos conte  você como foi. 

- O Yoongi está de acordo quanto a isso? - perguntou mantendo seu tom divertido. Gostava daqueles ômegas, de verdade, e se eram amigos do Yoongi, não via mal algum em ligar com eles. - A propósito, ele está aí? 

- Sim, envergonhado demais pra se aproximar. 

- Yoongi-ssi? 

- Hm... - ele resmungou se aproximando dos amigos em passos desconfiados – Oi, Taehyung-ssi. 

- Olá, ômega, você está aí. Como vão as coisas? 

- Estão indo bem, e com você? 

- Ah, são tão fofinho! - Jimin falou todo empolgado, tendo o apoio de Jeon Jungkook naquilo. 

- Eu shippo você, pode apostar que sim, tem minha aprovação, só não vacila, alfa, ou você vai precisar lidar comigo e com o Jimin. 

- Sim, e cuida bem do nosso Gi, ele é nosso ômega fofinho e lindo. 

- Pode deixar, ômegas, eu vou cuidar bem dele. - Taehyung garantiu para deleito de Jungkook e Jimin.

- Oh, não.  

Yoongi, se era possível, ficou ainda mais vermelho diante tais relatos. Céus. Se lidar com Taehyung era complicado, lidar com ele tendo Jungkook e Jimin de apoio, era muito mais. Suas bochechas iriam explodir, certeza. O Kim, por outro lado, adorou aquele momento e fez questão de aproveitar, claro, respeitando os limites que sabia que o Min tinha. 

Momentos como aquele valiam mais do que muitos outros. E o dia dele tinha sido cheio de momentos inestimáveis.


Notas Finais


Música do capítulo: https://youtu.be/6zu-7sgObQ4


Assumo que detestei esse capítulo com todo meu coração. Ficou uma porcaria. Mas vida que segue, tem dias que são assim mesmo.
Eu sei, ainda não é sexta, mas está quase e eu resolvo postar logo porque pode ser que amanhã me esquecesse. Espero não ter decepcionado muito vocês.
Desculpem por qualquer erro, estou terminando de corrigir pelo celular e estou com sono, então pode ter passado muita coisa.

Música que o Taehyung cantou junto dos pais: https://youtu.be/dT-7Ru6tDC4



Ps: pra quem quiser dá um olhada, eu tô fazendo uma versão da minha fanfic Jikook pra Taegi e postando no site ao lado. Quem quiser dá uma olhada, o link vai tá no meu perfil.

Tchau e semana que vem.


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