BTS – Trivia: Just Dance
“Por sua causa, tudo isso tem sentido, amor. Eu gosto do sentimento de estar com você.”
(Because of you, it all makes sense, love. I like the feeling of being with you.)
Dizer que Bae Chaewon estava nervosa era usa de eufemismo para descrever o real estava dela naquele instante, parada na portaria no prédio que estava naquela semana. Seu irmão mais velho tinha viajado para Seul a trabalho, ele era um ômega que tinha construído uma carreira bem conceituada como modelo e vivia viajando a trabalho, deixando seu apartamento no centro de Daegu aos cuidados da irmã mais nova, que tomava conta de tudo e de quem podia confiar.
Não queria festas no apartamento e nem queria ninguém mexendo nas suas coisas, mas Chaewon podia levar alguém contanto que ficasse no quarto de hospede, não tinha problemas. E foi por isso que ela chamou Seokjin para jantar consigo no apartamento naquele sábado à noite, depois de ter passado quase a semana inteira tentando convencê-lo a dizer sim.
Era difícil demais aquela situação. Bae foi muito aberta com a família desde muito cedo, seus pais eram muito mente aberta - até porque não tinha um conceito tradicional de família - então abriu o jogo cedo para eles, tinha apenas 16 anos ainda na época e possuía muitas questões a resolver, porém o apoio dos pais foram muito, muito importantes. “Eu não consigo me atrair por ômegas, eu prefiro o cheiro e o porte de alfas e não sei o que isso faz de mim”, foi tudo que falou e foi tão, tão acolhida que nunca passou por grandes problemas em relação a quem era e suas preferências.
Nunca chegou a falar abertamente com ninguém sobre quem era, mas também nunca escondeu. Todos sabiam, mas ninguém tinha certeza. Até porque Chaewon não devia nada a ninguém, apenas aos pais e eles sabiam muito bem quem ela era. Era livre e estava acostumada a ser assim.
Então era muito complicado se ver tão fascinada e envolvida com um alfa que não tinha a mesma liberdade e ainda estava se descobrindo. Não era nada fácil e feria seu orgulho até certo ponto. Mas ela entendia o lado de Seokjin, e entendia, também, o quão complicado era toda a situação para ele. Tinha nascido em um lar cheio de amor, com pais devotos e sem conflitos algum. Não sabia de muito sobre a família de Seokjin, mas sabia o suficiente para ter a certeza que a realidade dele era totalmente diferente da sua e precisava ter paciência.
Paciência e respeito. Até porque aquilo também dizia muito sobre o que sentia. Gostava demais dele, e o entendia demais para simplesmente desistir. Não iria. Conversou até com o irmão sobre isso, de que não iria desistir até que o próprio Kim lhe falasse pra fazer. E ele não fez, Chaewon tinha esperança de que ele não fizesse nunca. Que deixasse se aproximar, ganhar um espaço na vida dele e construir algo legal. Podiam dar um jeito, era nisso que pensava, e era nisso que seguiria pensando até ver que tudo estava resolvido.
Aquele jantar era uma pequena amostra ao Kim disso, de que, com jeitinho, paciência e calma, eles poderiam dar um jeito e por isso ela estava tão ansiosa para vê-lo. Tão animada e eufórica.
Preparou algo para comerem - porque era ótima na cozinha – comprou um vinho – porque sabia que o alfa gostava – e preparou o quarto de hospede para ele passar a noite. Não esperava que fosse rolar nada entre eles, sabia que ainda não era o momento e que Jin não sentiria a vontade de dar esse passo. Apesar de já ter rolado algo do tipo, eles estavam agora tentando fazer tudo certo e precisavam de calma. Mas queria que ele ficasse ali consigo, principalmente, não queria que dirigisse após beber, então preparou a cama para passar a noite e ficaria na cama do irmão.
Seria uma noite boa. Seus amigos a convidaram para sair, mas ela não aceitou, falou que tinha outros planos. E seriam bem melhores. Claro que sim. Só de estar na presença de Seokjin, já valia completamente a pena.
O cheiro. O toque. O calor. O sorriso. Tudo nele. Apenas em olha-lo, tudo já valia a pena. E por isso dispensou tão facilmente o convite dos amigos e agora estava ali, bem no meio da recepção do prédio, esperando-o chegar e louca para vê-lo depois de só falar ao telefone a semana inteira. Estava com saudades e depois de tanto tempo tendo uma relação hostil com ele, estava querendo aproveitar ao máximo os bons tempos.
Seokjin, bem, Seokjin não podia dizer que não estava ansioso também para ver Bae. Claro que estava, porém o alfa sentia mais nervosismo que ansiedade no final das contas, e por mais que desejasse poder se livrar daquela sensação, ainda assim, não conseguia.
Ouvia sempre as pessoas falando que o proibido era mais gostoso, era mais empolgante e fascinante. Pra Seokjin nunca foi, pelo contrário. Sempre foi castigado severamente quando fazia algo proibido, sempre foi assim. Castigos que variavam a proibi-lo de assistir um programa que gostava, a ser trancado no quarto ou ser surrado com o cinto do pai. Sempre foi assim. Todas as vezes que tentou fazer algo escondido dos pais ou que ia contra o que acreditavam, sempre era tratado daquele jeito, então pra ele, está indo se encontrar com Chaewon, sabendo o que tal encontro significava não só para alfa, como para si também, tendo a certeza de que seus pais abominariam isso, era como chacoalhar todo o inferno dentro dele, lhe deixando com aquele nervosismo. A sensação dolorosa bem na boca do seu estômago.
Porquê, em contra partida, ele queria ir. Não estava sendo forçado a fazer tal coisa. Seu corpo, sua mente, seu coração, e o pior de todos, seu lobo queria Bae Chaewon. Desesperadamente, ele queria aquela alfa e Seokjin simplesmente acatava porque também queria. Seria muito mais fácil colocar a culpa no seu lobo e dizer que foi induzido a se envolver, claro, logicamente que seria, mas não era a verdade e ele estava tão cansado de todas mentiras que apenas disse sim e estava indo.
Queria isso. Tão desesperadamente quanto o alfa aprisionado em seu interior, que fazia parte da sua alma. Queria demais e tinha chegado a um estágio que não tinha mais forças para enfrentar. Não tinha forças para lutar contra. Não queria também.
Consumido pelo nervosismo, pela euforia e a saudade também, apenas foi sem se permitir pensar muito a respeito. Se pensasse desistia e não queria desistir.
Ele colocou uma música pra tocar no som do carro, mas não parecia focado no que cantava, tudo parecia desinteressante demais para sua mente registrar. Focado no GPS – que nem precisava muito ser usado já que conhecia bem a região aonde iria – ele só dirigiu sentindo o coração apertado em um sentimento quase angustiante.
Não era tão longe para chegar, na verdade, e em quinze minutos ele estava estacionando em uma vaga livre em frente ao prédio, do outro lado da rua. Conferiu se seus cabelos estavam bem arrumados no espelho retrovisor, conferindo a camisa também e se tinha algo sujo nos seus dentes ou nariz.
- Você é um completo idiota – o Kim resmungou quando percebeu o que estava fazendo, jogando a cabeça para trás no banco. Seu peito estava batendo tão forte no seu peito, tão forte que ele parecia sentir certa dor. Suas mãos estavam soando de tamanho nervosismo – Por que você veio, cara, por que você veio?
Era difícil demais lidar com aquilo, difícil admitir para si mesmo o que queria. Por mais que não tivesse mais forçar para ir contra, ainda era difícil porque Kim Seokjin estava morrendo de medo. Ele tinha medo o tempo todo.
Medo de ser quem era. Medo de admitir quem era. Medo de seguir seus desejos. E principalmente, medo dos pais. Medo do que faria consigo caso soubessem disso.
Seokjin vivia em uma constância de medo que não dava para simplesmente ignorar do dia para a noite. Porque não foi do dia para a noite que isso surgiu, foram anos vivendo sob os cuidados amargos de duas pessoas que deveriam ama-lo, mas logicamente não era isso que sentiam. Ele tinha medo de verdade deles e sabia o que aconteceria caso ao menos sonhassem com o que estava fazendo.
Céus, só de pensar sua espinha gelava. Por isso ele travou dentro daquele carro, sabia que não tinha mais volta caso descesse daquele carro. Não teria jeito mesmo. Não teria mais volta e naquele pequeno espaço se tempo, Seokjin estava tentando pesar os dois lados da balança.
Mas então, em um gesto não calculado e totalmente impulsivo, ele desligou o carro e pulou para fora. Apenas agindo, tentando não pensar em mais nada. Tentando não sofrer por antecedência.
Não levou mais nada consigo além das chaves do carro. O celular ficou no carro e em passos apressados chegou na portaria do prédio.
Bae o viu de imediato, acenando em sua direção com uma euforia realmente bonita de ver. Ela falou algo para o porteiro, esse que apertou um único botão e o portão fez um barulho estridente avisando que tinha sido liberado e que poderia entrar.
Chaewon tentou não pular no colo dele assim que o viu. Usando jeans escuro e moleton, ainda parecia a criatura mais linda que pisou na terra e ela tentou de tudo para não fazer uma cena bem no meio da portaria. Contentando-se em apenas sorria, mas tão largo que talvez desse para enxergar se costas.
- Oi. – ela cumprimentou ainda sorrindo, sua mão chegando até a dele entrelaçando os dedos de um modo muito, muito discreto.
- Oi. – Jin também sorriu, um sorriso meio trêmulo, meio nervoso, mas ainda sorriu e isso foi o suficiente pra ela. Ia com calma, prometeu isso a ele, e por mais que normalmente fosse impaciente demais pra esperar, ainda assim, por ele valia a pena.
- Você veio mesmo.
- Eu falei que viria.
- Sim, falou, mas eu ainda estava em dúvida se viria mesmo. Desculpa por dúvidas.
- Eu não te julgo por isso. – ele deu de ombros, suando de nervoso, sem saber se o que mais lhe afetava era o fato de estar ali ou o sorriso no rosto de Chaewon.
No entanto, o elevador apitou avisando que havia chegado alguém no andar e a primeira reação de Seokjin foi puxar sua mão para longe, enfiando dentro do bolso do jeans. A cabeça baixa envergonhado.
Chaewon soltou um riso amargurado pela reação do alfa, cumprimentando o casal que passou por eles de mãos dadas, prontos para sair. Fez um gesto casual para Seokjin lhe seguir até o elevador, desejando um boa noite ao porteiro antes de entrar na caixa de metal.
Determinada em não deixar aquilo estragar a noite deles, Bae colocou um sorriso largo no rosto ao sair do elevador, abrindo a porta do apartamento e o deixando entrar primeiro. O lugar era bem bonito, não estava completamente mobiliado, mas era muito, muito bonito. Um pouco acanhado, Seokjin pisou para dentro da sala, deixando os sapatos junto das sandálias da alfa, antes de adentrar completamente o cômodo.
Havia um cheiro bom de comida no ar, já era por volta das 19h e ele estava faminto porque não comeu nada no almoço. As luzes estavam baixas deixando um clima para lá de agradável ao ambiente, circulava um ar fresco em todo o ambiente devido a varanda aberta. Era um lugar aconchegante para Seokjin por mais estranho que fosse, e quando deu por si, havia um sorriso em seu rosto, tão singelo que se Bae não tivesse tão próxima dele, talvez não tivesse sido capaz de notar.
E era por isso, sabe? Por esses detalhes tão pequeno para muitos, mas tão significante para si, que ela não podia desistir dele. Pelo menos não ainda. Havia um brilho de inocência e fascínio nos olhos dele, havia um brilho que sempre parecia mais claro toda vez que estavam juntos. Havia tristeza também. Havia tanta coisa sob todas as camadas de quem era Kim Seokjin, aprisionado através dos seus olhos, que ela não podia desistir. Não antes de descobrir tudo, desvendar todos os mistérios que aqueles olhos abrigavam.
Se aproximando, ela o tocou delicadamente no braço tentando chamar sua atenção, os olhinhos inchados dele pousando em seu rosto de uma forma tão doce e ingênua que Chaewon sentiu seu coração afundando dentro do peito. Algo atingiu bem na sua alma, doeu de verdade, mas ela manteve o sorriso firme no rosto, não querendo desviar sua atenção dele instante algum.
- Está com fome? - perguntou baixinho, a mão ainda no braço dele, feliz em tê-lo ali.
- Pra ser honesto, estou faminto, nem almocei hoje.
- Então vamos comer, alfa, eu tomei a liberdade de cozinhar um pouco pra nos, então espero que você goste.
- Tenho certeza que irei gostar, só o cheiro está muito bom.
Jin a seguiu pelo corredor que dava até a cozinha, o ambiente parecia mais mobilhado do que a sala e era tudo muito aconchegante, o cheiro de comida circulando todo o ambiente e fazendo o estômago dele roncar baixinho por conta disso. Bae indicou um lugar para ele sentar na ilha da cozinha. Pegando duas taças no armário, ela alcançou logo a garrafa de vinho e colocando tudo na frente do Kim para que ele pudesse se servir.
- Fique a vontade para beber um pouco, alfa, sei que gosta de vinho e vou dar uma esquentada na comida.
- Obrigado. - ele serviu um pouco de vinho na taça e tomando um pequeno gole na bebida. Adora o gosto de álcool em algumas bebidas, mas não tinha permissão pra tomar em casa, seu pai dizia que alfa deveria só tomar café porque era coisa de alfas e que Seokjin era perigoso demais para tomar álcool. Ele nunca entendeu porque já que o mais velho tomava sempre whisky, mas desde muito cedo ele aprendeu que muitas vezes era melhor apenas balançar a cabeça e dizer sim, do que tentar entender. - O cheiro está realmente muito bom, alfa.
- Sim? Eu queria ter preparado algo mais elaborado e uma comida coreana, mas precisei fazer umas coisas para minha mãe e cheguei tarde, então tentei fazer algo mais rápido.
- Acredite, se você tivesse pedido uma pizza, eu já estaria agradecido, comi muito mal hoje e nem almocei.
- Ué, por quê? - ela arriscou olha-lo por cima do ombro, deixando visível suas sobrancelhas grossas franzidas e a expressão confusa em seu rosto. - Pode me servir um pouco de vinho também, alfa?
- Claro... E respondendo a sua pergunta, eu normalmente não como em casa, se não tiver nenhuma ocasião em que meus pais precisem de mim pra passar a imagem de família perfeita que eles tanto adoram, eles estão sempre me colocando pra comer fora. - se aproximando, ele levou a taça até a alfa, sorrindo com os olhinhos quando ela lhe agradeceu – A gente tem uma doméstica, mas minha mãe fica responsável por cozinhar porque ela é formada em gastronomia, mas normalmente ela só cozinha para meus irmãos e meu pai. Desde que eu comei a trabalhar, ela não faz nada pra mim.
- Céus, isso realmente existe? Desculpe, mas que mãe horrível. E o seu pai, fala o que?
- Acredite, Bae, meu pai parece me apreciar bem menos do que a minha mãe. - ele deu de ombros fugindo do olhar dela quando Chaewon o olhou com uma expressão de horror desenhado em seu rosto. - Desde muito cedo é assim e eu já estou habituado, então não precisa ficar com essa cara.
- Não, é só que... Céus, meus pais são tão terrivelmente melosos, sempre choramingando porque não tem o suficiente dos filhos que, sei lá, alfa, é um choque quando eu ouço relatos diferentes do que eu vivo.
- Eu também demorei muito pra entender o que acontecia, principalmente depois que meus irmãos nasceram, o porquê dos meus pais sempre parecerem felizes e amáveis com eles e comigo é tão diferente. Eu nunca recebi um abraço do meu pai, nunca ouvi minha mãe dizendo que me ama e quando era pequeno, passei 95% do meu tempo com babás. Depois que os ômegas nasceram, meu pai até diminuiu a jornada de trabalho pra ficar com eles, minha mãe sempre é tão carinhosa e amorosa. Demorei pra entender as diferenças.
- E você já entende?
- Não. Mas estranhamento parou de machucar. Não dói, não magoa, não mais. Não consigo sentir nada, Bae, não quando o assunto é eles.
- Eu nunca poderia imaginar que a dinâmica na sua família era assim, pelos céus, alfa, deve ter sido horrível crescer em um lar assim.
- Ainda é, mas até terminar o ensino médio, não posso fazer nada. - mais uma vez ele deu de ombros como se não lhe afetasse em nada. Bae desligou o fogo e tomou todo o seu vinho, engolindo o álcool como se fosse água antes de virar para olha-lo – Mas vamos falar de algo bom, alfa, não vamos gastar nossa noite falando dessas coisas. Já que falei sobre minha família, me fala um pouco sobre a sua também, a propósito, esse apartamento é bem legal.
- Você achou mesmo? É do meu irmão mais velho, ele foi fazer umas fotos em Seul e fazer um desfile também, então me pediu pra ficar por aqui. Ainda falta mobiliar, mas está quase pronto.
- Eu gostei muito, além de ser bem sossegado também. Isso é importante.
- Meu irmão diz a mesma coisa, acredita? Ele é um pequeno ômega velho e ranzinza no corpo de um adulto de apenas 23 anos, então normalmente se incomoda muito, muito com barulho e agitação.
- E ele é modelo?
- Contraditório, não? - agilmente, Bae montou um prato com um pedaço generoso de carne, batata sauté e salada verde. Colocando uma quantidade generosa e servindo ao alfa já que sabia que ele estava com bastante fome. - Meu pai sempre fala isso pra ele, que pra uma pessoa que se queixa tanto de agitação, ele escolheu uma das profissões mais badaladas do mundo.
- Obrigado, alfa... Seus pais aceitaram bem ele querer essa profissão? Quando eu era mais jovem, um olheiro me fez uma proposta dessas enquanto estava no shopping com minha mãe, mas meu pai falou que isso não era coisa de alfa e não deixou... Nunca liguei de volta, nem mesmo pra negar a oferta.
- Bem, minha mãe não ficou lá muito contente, ela sempre foi muito protetora com todos os filhos, ainda é, e Hanbin é o filho mais velho dela, o primeiro, então bate aquela insegurança. Mas ela fez questão em ir em todas as audições dele, fazia as viagens e acompanhavam em tudo, ou ela, ou um dos nossos pais, sempre estavam juntos. Apesar de difícil, sempre foi o sonho do Bin, então meus pais sempre fizeram de tudo pra que isso fosse realizado.
- Hm, é bonito quando os pais são assim, de verdade e que... Espera um pouco, você falou um dos nossos pais? Você tem uma mãe e mas de um pai?
- Oh, sim, alfa, eu sou filha de um trisal, uma alfa fêmea, um ômega macho e um beta também macho. - com seu prato servido e a taça de vinho, Chaewon sentou no espaço em frente a Seokjin, sorrindo diante a expressão quase chocada no rosto dele. Fofo. Um tremendo fofo.
- Isso de fato existe? Quer dizer, não me leve a mal, mas existe de fato na vida real? Não é coisa de fanfic ou de filme? Existe de verdade?
- Bem, levando em conta que meus pais estão juntos a 30 anos, eu acho que existe, alfa.
- Uau, deve ser... Uau, deve ser legal.
- Na verdade, é normal, não tem muita diferença assim. - cortando um pedaço de carne, e deixando o Kim a vontade para fazer o mesmo, ela levou até a boca, mastigando um pouco antes de voltar a falar – Meus pais, o ômega e o beta, se conheceram no final do ensino médio e se apaixonaram perdidamente. Eles namoraram por quase dois anos e foram para mesma faculdade, os pais do ômega não aceitaram muito bem, mas ele não ligava. Em seguida conheceram a alfa e se apaixonaram por ela, depois de muito conflito, brigas, discursões e negações, resolveram tentar. Tudo isso nos anos 90, enfrentaram o preconceito terrível, e estão juntos até hoje.
- E tem você e seu irmã?
- Biológicos, sim. Eles tentaram ter mais filhos, mas meu pai ômega sofreu alguns abortos entre o nascimento do meu irmão e o meu, então depois que nasci eles não tentaram ter mais e adotaram quatro crianças, que hoje em dia estão entre os 16 e 8 anos.
- Sua família parece incrível, Bae.
Os olhos dele brilhavam ao dizer aquilo, genuinamente afetado por tudo que acabou de ouvir. Ela percebeu isso e sorriu para ele.
A família dá alfa era tão diferente da sua que Seokjin não conseguiu ter outra reação a não ser aquela, fascinado de uma forma completamente significativa. Admirado como ele não costumava ficar sempre.
Naquele clima, e com a família de Bae como foco, eles conversaram durante todo o jantar, rindo alto toda vez que a alfa contava algo mais sobre sua família, como o fato dos seus pais serem ciumentos com a alfa e de que ela podia ser muito grudenta com os dois. Do temperamento forte do ômega e de como o beta era amoroso com toda e qualquer pessoa na face da terra.
Parecia um ambiente família incrível para Seokjin e ele se viu empolgado para saber mais e mais sobre eles. Encantando também por saber que Bae tinha pessoas boas por ela e que o fato dela ser incrível também vinha da criação que deve do trisal. Tudo soava tão encantador para o Kim que ele se viu aceitando o convide de conhecê-los sem nem pensar muito a respeito.
Quando terminaram, mais de uma hora depois de terem começado a comer, os dois se ocupara em lavar a louça enquanto terminavam com a garrafa de vinho. Se abrigando na varanda do apartamento logo em seguida, para apreciar um pouco da noite calma e do clima fresco que sobrava ali.
- Posso sentar com você aí? - Chaewon perguntou ao se aproximar da espreguiçadeira larga que Jin estava sentado, ofereceu um pouco de café a ele enquanto apoiava a sua xícara na mesa de centro perto deles.
- Hm, tudo bem.
Quando ele se afastou para lhe dar espaço, Bae ocupou o lugar ao lado dele, bem próximo ao alfa, mas sem deixar as coisas desconfortáveis. As coxas deles se tocavam e os braços também, as costas bem apoiadas enquanto bebericavam a bebida quente em silêncio. O céu não tinha uma única nuvem acima deles, o vento soprava fresco, mas sem deixar frio demais e não havia barulho algum além da suave batida do coração dos dois.
O clima perfeito para a noite perfeita.
- Posso te perguntar uma coisa? - Bae voltou a questionar recendo a atenção dele mais uma vez.
- Você já estar perguntando, alfa, mas fique a vontade.
- Você tem vergonha de mim? Tipo, lá na recepção, eu tentei pegar na sua mão e você afastou quando alguém apareceu, foi por vergonha de mim?
- Não, não foi.
- E por que então?
- Porque eu tenho vergonha de mim mesmo, Chaewon, tenho vergonha de ser quem eu sou, vergonha de admitir e também vergonha de ser tão covarde e não conseguir falar a verdade. Tenho vergonha de gostar tanto de estar ao seu lado, de estar aqui e me sentir vivo. Vergonha por saber que vou decepcionar meus pais caso eles descubram e vergonha por ligar tanto para opinião deles. - suspirando, ele esticou o braço até apoiar a xícara com café na mesinha dali. Sentindo-se desgastado por ter que fala sobre tais assuntos. - Eu não queria ser assim, não queria ser tão falho e tenho vergonha por não ter mais forças pra lutar contra.
- Você não precisa lutar contra, porque não há nada de errado com você, alfa.
- Não é tão fácil assim, Chaewon, eu passei minha vida inteira ouvindo que isso é errado, que eu sou errado, então é muito complicado agora se convencer do contrário. - ele ficou tenso quando sentiu a cabeça da alfa sendo apoiada contra seu ombro e um dos braços dela passando por sua cintura. Ele sempre ficava tenso, mas estava se esforçando para entender que não precisava ficar. Ela não iria lhe fazer mal, não seria capaz de fazer mal a si. - Então, não, eu não tenho vergonha de você, nunca tive, porém não é fácil e talvez nunca seja.
- O que você quer dizer com isso?
- Nada, eu só... Quero deixar as coisas claras, talvez eu nunca consiga me livrar dessa sensação, desse sentimento. Não quero que entre nessa sem saber disso.
- Eu estou esperando por você há três anos, Seokjin. - ela voltou a se erguer, olhando firme para ele, bem mais próximo do que antes. As mãos dela chegou firme em seu rosto, fazendo-o olha-la bem nos olhos – Desde a primeira vez que coloquei meus olhos em você, eu estou te esperando. Quatro anos na verdade. Você acha mesmo que eu simplesmente vou desistir assim? Acha mesmo? Cai na real, alfa. Eu não vou desistir, até você me falar pra fazer, eu não vou desistir.
- Não quero que perca seu tempo comigo, não quero que fique tão focada em me ter que perca uma oportunidade de ser feliz com alguém que pode te proporcionar tudo que você deseja.
- Você pode me proporcionar, isso que não entende, que você pode sim me proporcionar tudo que eu quero. - ela sentiu o quanto as mãos dele estavam trêmulas quando foram pousadas em sua cintura, os olhos dele se fechando gradativamente quando Bae aproximou o rosto e apoiou a testa contra a dele - O tempo é imprevisível e a gente está sempre propicio a errar. Não há garantias de anda, eu também tenho minhas limitações. Não precisa se cobrar por isso.
- Me sinto mal por não poder te dar certezas.
- Vamos com calma, lembra? Ninguém está com pressa aqui.
- Por favor, me beija.
- É isso mesmo que você quer, Jin?
Ele não usou de palavras pra agir. Usando suas mãos grandes e fortes, ele a puxou para mais junto de si dando espaço para alfa sentar em seu colo, os rostos juntos e o corpo colocado como fazia tanto tempo que não ficavam.
Foi movido por um rápido rompante de coragem, agindo mais por um impulso descontrolado do que por algo realmente calculado. Agindo por puro instinto, por vontade, mandando os pensamentos irem para casa do caralho, porque ele queria tanto aquela alfa, tanto que não tinha mais coragem de continuar fingindo que não queria.
As bocas chegaram uma na outra de uma forma afoita, desesperada que Jin sentiu quando seu lobo relaxou sob sua pele, satisfeito por aquilo. E o lobo de Chaewon não parecia nada diferente. Os alfas queriam se beijar e se beijaram querendo matar toda a saudade do tempo perdido, usando línguas e dentes em todo o processo, se deliciando com aquela sensação tão prazerosa.
Seokjin levou uma das mãos até os fios do cabelo de Bae, apertando os fios entre seus dedos de uma forma firme, ouvindo a alfa choramingar em seu colo, agarrando-se ainda mais contra ele. Amava Seokjin, essa era a verdade, Bae Chaewon o amava e aquele beijo a deixou ainda mais certa de que não iria desistir dele, não ainda, não sem tentar.
Porque por ele valia a pena. Sempre valeria a pena.
***
- Eu não sei, alfa, chamei ele pra passar a tarde comigo, mas a tia Solji não deixou, disse que não podia sair, então não falei mais com ele. O que aconteceu agora?
- Minha avó me mandou chama-lo para o jantar e eu falei para ele pedir as mães, liguei depois e ele não atendeu, estou até agora sem conseguir falar com ele... - Jimin ouviu Hoseok suspirando do outro lado da chamada, imaginando o quão frustrante era aquela situação para o alfa, até porque, foi dele a ideia de falar com as Jeon para oficializar um namoro com Jungkook e desde então, tudo tinha se tornado um problema – Puta que pariu, eu queria ir lá, mas sei que vai piorar tudo.
- Isso é verdade, se você for, vai foder com tudo, melhor não ir. Vou tentar falar com ele, falar com os meninos e ver se consigo alguma informação. Talvez ele tenha só ficado triste porque não pode sair e foi dormir, o Gguk sempre vai dormir quando fica muito chateado.
- Por favor, me avisa mesmo, eu estou começando a ficar preocupado.
- Talvez eu não consiga, porque a alfa pode ter pego o celular dele, mas te aviso qualquer coisa.
- Vou ficar te aguardando.
- Até daqui a pouco, te mando uma mensagem.
- Tudo bem, tchau.
- Tchauzinho.
Jimin estava no seu quarto, largado na cama, ouvindo música e trocando mensagens com alguns colegas aleatórios depois de ter dispensado m convite a festa na casa de uma pessoa que sequer conhecia. Adorava festas, mas nem sempre, então ficou mais quietinho naquela noite, ficando no seu quarto ouvindo música depois de ter jantado com seus pais e cuidado da louça com eles.
Amava os dois. Amava tanto os dois e, principalmente, tudo o que os dois fizeram por si. Eles não tinham a menor obrigação, mas eles lhe adotaram, lhe deram um lar, uma educação maravilhosa e acima de tudo, lhe deram tanto amor que Jimin sabia que em toda a Coreia do Sul – ou quem sabe de todo o planeta - não podia existir um ômega tão amado quanto ele era pelos seus pais.
Claro que não eram perfeitos. Sua família não era perfeita, existia problemas como qualquer outra e durante todos esses anos, Jimin ainda precisava lidar com coisas que não queria ter nunca ter que lidar. Mas ter seus pais ali, fazia toda e qualquer diferença. Ter a ajuda deles e a proteção que recebeu, tinham sido o fator determinante para ele ser quem de fato era naquele instante.
Poderia ter tido uma vida traumática, ter uma realidade completamente diferente da que tinha, mas seus pais o tinham ajudado e Jimin jamais saberia como recompensa-los por tudo que fizeram e ainda faziam por si.
Enquanto estava lá largado na cama, ele tentou entrar em contato com Jungkook, querendo saber sobre o paradeiro do amigo, mas não teve resposta alguma. Então ligou pra mãe dele, Bonah lógico, e ficou sabendo que ele tinha discutido com a mãe e se trancado no quarto. Provavelmente dormindo porque já tinha batido em sua porta para chama-lo para comer, e nada. Imediatamente, o Park mandou as informações para Hoseok, pedindo para ele ficar calmo que no dia seguinte chamaria Yoongi para ir na casa do Jungkook ver como o amigo estava.
Estava tocando “Savege Love” quando ouviu vozes altas vindo do lado de fora do seu quarto, mais precisamente a voz do seu pai mandando alguém ir embora, expulsando a pessoa da casa deles e isso chamou a atenção de Jimin porque seu pai, nunca, nunquinha mesmo, falava daquele jeito. Ele era a pessoa mais tranquila e gentil que o ômega conhecia, então não poderia agir daquele jeito com ninguém.
Baixou o volume da música querendo ouvir melhor e quando ouviu o barulho de algo caindo, se levantou rápido já saindo do quarto para ver o que estava havendo. Para sua surpresa, ou não, porque aquilo já tinha acontecido algumas muitas vezes em toda a vida de Jimin, seu pai alfa estava largado no chão, bêbado, tentando ser erguer com apenas uma das mãos já que a outra segurava uma sacola de supermercado com algumas latas de cerveja dentro. Acabado. E ele queria dizer que foi uma imagem surpreendente, que lhe deixou chocado, mas na real, surpreendente era quando acontecia o contrário.
- O que está havendo aqui? - perguntou chamando atenção dos três adultos ali, eles que olharam até um pouco assustado com a presença do ômega. Seus pais não queriam que ele presenciasse o alfa bêbado e o quão desagradável ele podia ser, mas nem sempre conseguiam poupa-lo daquele tipo de cena. - Você está bêbado de novo, alfa?
- Não, Jiminie, não estou bêbado, não, eu só tropecei quando esse beta me empurrou...
- Sim, tropeçou porque está terrivelmente bêbado, essa é a questão.
- Jimin, por favor, filho, vá para o quarto, cuidamos disso.
- Está tudo bem, mamãe, eu queria dizer que não estou acostumado com essas coisas, mas cada dia que passa eu me surpreendo menos. - se aproximando, ele ajudou o alfa a se colocar de pé, fazendo-o sentar no sofá. O pai beta de Jimin precisou sair do cômodo, porque a presença do alfa lhe afetava diretamente, e ele não conseguia ficar no mesmo ambiente que ele, pelo menos não bêbado – O que te fez beber dessa forma, alfa? Dá última vez que almoçamos juntos me falou que estava longe da bebida, e tipo, isso foi ontem.
- Eu precisava ver você, mas esses betas não me deixaram.
- Você está bêbado, Joonho, e já falamos que não vamos deixar você se aproximar do nosso filho, bêbado. - Eun-ju falou firme, ela era uma beta esplendida que estava sempre pronta para defender Jimin com unhas e dentes sempre. O ômega a admirava demais.
- Ele é mais meu do que de vocês!
- Não fale isso. - Jimin não gritou, mas ele foi firme em falar, recebendo o olhar quase assombrado do alfa ali. O ômega constantemente tentava usar do seu melhor tom com ele, sabia que o pai era doente e precisava de ajuda e não de julgamento, mas detestava quando ele agia daquele modo. Céus, como detestava. - Não existe essa de ser mais ou menos de alguém, e você deveria ser o primeiro a entender isso, alfa.
- Eu só queria passar um tempo com você... - ele tentou levantar, mas estava tonto demais e acabou caindo sobre o sofá mais uma vez, totalmente desequilibrado - Amanhã é o aniversário do seu pai.
- E você decidiu comemorar antes bebendo?
- Jimin, não fale assim, filho. - Eun-ju repreendeu sabendo que eram coisas muito duras pra ele falar ao pai, porque Joonho sofria muito naquelas datas – Pega leve.
- Talvez seja por a gente sempre pegar leve, mamãe, que as cosias chegaram a esse ponto. - suspirando, ele se aproximou do alfa sentando ao lado dele. Joonho estava de cabeça baixa, ainda segurando a sacola com sua cerveja, apenas ouvindo como se ele fosse o filho e Jimin o pai. - Eu amo você, alfa, você é o meu pai, mas eu não gosto de te ver assim.
- Eu sou um péssimo pai, não?
- Não, você não é, e eu entendo a sua dor, pai, de verdade, eu entendo, você perdeu seu ômega e eu não posso imaginar o quanto isso dói. Mas eu também perdi, ele era o meu pai, ele morreu me dando a vida, a coisa toda também pesa pra mim, ou você acha que não? - ele abraçou o alfa como dava pra abraça, apoiando o queixo em seu ombro tentando ignorar o cheiro forte de álcool e maconha que vinha do maior. Não lembrava em momento algum de toda a sua vida um período longo em não tivesse sentido aquele cheiro no alfa. - Me machuca te ver assim, me machuca ver você tratando o papai e a mamãe dessa forma. Se não fosse eles me amando, eu nem saberia quem eu poderia ter me tornado. E me machuca saber que você amava mais a bebida do que me ama, me faz ter a sensação de que eu não perdi só um pai e sim dois.
- Não, Jimin, não, você é o que eu mais amo dessa vida, filho, eu juro que é, eu juro.
- Pois não parece, e agora eu mal consigo ficar perto de você porque está fedendo. - ele se levantou mais uma vez, suspirando forte, fugindo do toque do pai enquanto se aproximava da mãe. Eun-ju o recebeu de braços abertos, dando um beijinho contra a bochecha dele quando foi abraçada pelos ombros. No sofá, Joonho observava a cena com os olhos cheios de lágrimas. - Ele pode passar a noite, não pode?
- Claro, querido, eu vou manda-lo tomar uma ducha, fazer um café forte e preparar o sofá.
- Obrigado, mamãe.
Sem nem mesmo olhar para o alfa, Jimin seguiu o caminho que seu pai beta tinha feito, para ir encontra-lo no quintal dos fundos fumando seu cigarro de hortelã, o que sempre fumava quando ficava tenso demais. Um habito terrível, o Park já tinha tentado alerta-lo em largar, mas era inevitável e o beta nunca conseguia deixar de lado, pelo menos toda vez que Joonho aparecia naquele estava em sua casa.
O ômega não falou nada quando se aproximou, apenas afastou para longe o braço dele tendo espaço para sentar de lado no colo do pai, abraçando-o pelo pescoço enquanto enfiava o nariz contra seu pescoço. Por ser beta, ele não tinha nascido com cheiro, mas mesmo assim, o cheiro de perfume misturado com suor e nicotina que sempre ficava impregnado em sua pele, fazia seu filho sentir-se seguro e protegido em seus braços.
Jimin era a realização de todos os sonhos do beta. O filho que ele sempre desejou ter e o melhor ômega que conhecia. Seu pequeno bebê era perfeito e mesmo ele não sendo mais tão bebê assim, quando tinha aqueles momentos com Jimin, ainda era como a sensação de ter o pego nos braços pela primeira vez, com dois dias de vida, todo vermelho e chorão dentro de uma maternidade neonatal.
- Ele vai ficar no sofá, tudo bem pra você, papai?
- Eu não poderia manda-lo embora naquele estado, mal consegue ficar em pé.
- Pensei que ele ficaria limpo dessa vez, ele me prometeu que deixaria, que dessa vez seria pra valer.
- É mais difícil do que parece, pintinho, Joonho até tenta, mas o vício é mais forte.
- Eu só... Estou ficando cansado de ter que lidar com isso, papai.
- Voce é a única coisa que o Joonho tem nessa vida, Jimin, não desista dele. – ele deu dois tapinhas contra as costas do ômega, sendo carinhoso ao seu modo. O Park já estava acostumado demais para se incomodar com o jeito dele. – Insista um pouco mais.
- Porém é particularmente difícil insistir em alguém que já desistiu de si mesmo... - suspirou aconchegando-se melhor no pai - Mas falando em coisa boa agora, amanhã é domingo, vamos ter almôndegas, não vamos?
- Só se você me ajudar, ômega, você e a sua mãe só querem saber de me explorarem. Eu sou um velho beta, preciso de ajuda.
- Com quem você aprendeu a ser tão dramático? A gente sempre te ajuda. – Jimin gargalhou alto quando o pai lhe apertou as costelas fazendo cócegas. A relação deles era assim, o ômega era seu filhotinho e o beta não agia de outra forma que não fosse essa.
- Vocês se aproveitam que amo os dois, isso sim.
- Você vai está perdido se a mamãe ouvir essas coisas.
- Então nem fala pra ela.
***
- Você pode deixar esse celular um pouco de lado e dar atenção a sua pobre mãe?
- Desculpa, é que... O Jungkook está com problemas e tanto eu e quanto o Jimin estamos tentando ajudar. - ele digitou mais uma mensagem antes de bloquear o aparelho e deixa-lo de lado. Era domingo de manhã e eles estavam tomando café depois de terem ficado o sábado inteiro bem juntinhos, até dormiram no quarto da ômega e agora estavam lá, comendo ovos e torradas. - Você acredita que a tia Solji bateu na cara do Gguk só porque ele pediu pra ir jantar na casa do namorado?
- Eu conversei com a Bonah um dia desses, e segundo ela a alfa está pirando um pouco com esse negócio do Jungkook namorar, o que é uma besteira porque, se ele quiser aprontar, ele vai, ela prendendo-o ou não.
- E sinceramente, mamãe, ele não apronta nada, não falo porque é meu amigo, e sim porque é verdade. Hoseok-ssi é um bom alfa, se ela desse pelo menos uma chance a ele, saberia disso.
- Uma hora ou outra ela cair na real, filhote, até lá, por que não chama o Jungkook pra passar um tempo aqui? Podem fazer algum programa de tarde e passar um tempo juntos, não custa nada pelo menos tentar.
- Ele está de castigo, só pode sair de casa para a escola, e da escola pra casa. A tia Bon disse que a gente pode ir lá, mas o Gguk não pode sair.
- Bom, o importante é ficar perto dele, o Jungkook vai...
Antes de Naeun conseguir terminar sua fala, a campainha tocou atrapalhando completamente o clima agradável entre mãe e filho. Ela, desinteressada porque não tinha chamado ninguém para visita, e simplesmente detestava pessoas que não avisavam quando aparecia em sua casa.
Ainda estava usando pijama, toda desarrumada e sem nenhuma preocupação. Era domingo de manhã, quem poderia aparecer na porta deles uma hora daquelas? Ela não sabia e queria ter continuado sem saber, porque ali estava nada mais nada menos do que seus ex-sogros, os pais de Min Yoseob. E se eles não eram os maiores fãs dela quando os dois eram casados, acreditem, eles gostavam bem menos dela agora.
- Naeun, querida! - a ômega cumprimentou, os braços estendidos como se pedisse um abraço. - Pelos céus, você está acabada, ômega.
- O que fazem aqui? - tinha um ar de horror desenhado no rosto de Naeun, eles ainda do lado de fora da casa sem nenhum convite para entrar. Era a primeira vez que se viam desde que os papéis de divórcio foram assinados e era um completo desprazer. - Não avisaram que vinham.
- Besteira, ômega, viemos ver para a cidade pro aniversário do filho do Seob e resolvemos passar pra dá um oi. - a ômega era sempre muito falante, totalmente diferente do marido e foi logo entrando na casa, sem pedir permissão, apenas empurrou a porta e entrou junto do marido. Esse, ainda teve a decência de desejar um bom dia a ex-nora. - Yoongi-ah, ômega, aí está você, querido, não seja mal educado, venha fala com seus avós.
Era certo dizer que Yoongi não simpatizava muito com aquela ômega. Desde muito novinho tinha aquele sentimento ruim por ela, porque a avó era de fato bastante desagradável e sempre falava mal da sua mãe, então Yoongi não gostava. Adorava o avô, mas ele era quieto demais, sempre foi, e nunca pareceu interessado em ser próximo, então a relação era completamente superficial.
Sem graça, ele se aproximou deixando que a ômega lhe beijasse o rosto, o apertando tão dolorido que suas bochechas ficaram doloridas. Seu avô lhe deu um abraço vago e no instante seguinte, Yoongi já tinha assumido um lugar ao lado da mãe, Naeun ainda chocada em como eles apareceram tão repentinamente e já foram entrando, sentando-se no sofá e tudo mais.
- Faz um tempo que estou tentando fazer uma visita, você trocou de número?
- Hm, sim, troquei todos. - ela podia sentir o filho tenso ao seu lado, os avós sempre tiraram aquele tipo de reação dele e por isso a ômega não o soltou quando ambos sentaram no sofá livre. O alfa olhava para eles de um modo estranho, enquanto a outra ômega ali continuava falando pelos cotovelos.
- Então deve ser por isso, aparecemos na cidade quando nosso neto fez aniversário, mas como não consegui entrar em contato, nem viemos. Apesar de você querer se esconder, temos que ver nosso outro neto. - disse apontando para Min Yoongi.
Naeun odiou em como aquela palavra soou. “Outro”. Como se Yoongi fosse qualquer coisa e agora era o outro neto. Ele tinha sido o primeiro. Yoseob tinha tido uma criança fora do casamento e aquela ômega usava o termo “outro” pra se referir ao seu filho como se ele só fosse isso. Um outro neto. Algo sem importância.
Não gostava de como aquilo soava. E não gostou em como a ex-sogra fez parecer. Não gostou e não iria gostar nunca. Pode achar besteira quem desejasse achar, mas aquele era o seu filho, ele não era apenas qualquer coisa que tinham que lidar. Se pensar de tal modo a fazia parecer na defensiva, foda-se, não se importava. Mas estava cansada de lidar com toda aquela merda e dentro da sua casa, droga, dentro da sua casa não mais.
O alfa pareceu notar o modo como as sobrancelhas dela se apertaram ao ouvir aquilo. Ele tinha sido o único a ficar contra o filho por conta do divórcio, o único que tentou ficar ao lado de Naeun quando tudo aconteceu. Mas como todos os outros Min, logo seguiram Yoseob e a esqueceram como se não tivesse feito parte da vida deles por 20 anos.
Agora, vendo o quão egoístas poderiam ser, Naeun estava aliviada em ter sido chutada para fora daquele ninho de víboras.
- Yoongi é nosso primeiro neto, queremos manter contato com ele. - o alfa falou usando um tom suave ao falar, o corpo bem relaxado no sofá tomando muito mais espaço do que necessário. Já estava velho e feio. Olha-lo fazia com que Naeun sentisse um pouco de paz em saber que tinha se divorciado e não precisaria lidar com uma versão daquelas quando Yoseob estivesse mais velho. - Não nos castigue por erros que não nos envolve.
- Eu castigar alguém? Acha que está esquecendo como as coisas aconteceram, alfa, e quem se afastou de quem.
- Já deveria ter superado essa história, querida, já faz um ano que o divórcio foi assinado, o Seob já tem outra ômega marcada e um filho com ela.
- Sim, eu sei de todos os detalhes sordidos, até porque ele fez tudo isso enquanto ainda estávamos casados. - Naeun não sabia de onde tinha tirado tanta força para sorrir diante aquilo. Não sabia mesmo. E não porque ainda amava o alfa, foi tão machucada e humilhada que não sabia que dava para ter amor ainda por ele, mas porque machucava de verdade, física e emocionalmente. Ainda era difícil. Seu ego ainda estava ferido e sua autoestima abalada. Não tinha sangue de barata, não dava pra fingir que levava aquilo numa boa quando claramente não era assim que acontecia. - Mas se me permitem ser francos, o que ele faz ou deixa de fazer com a nova vida dele não me interessa. Como bem falaram, estamos divorciados, ele já não é mais problema meu.
- Erros acontecem, ômega, e ele é um alfa, tem suas necessidades.
- Claro, a desculpa sempre é essa.
- Cada um teve a sua parcela de culpa nessa história, só não queremos ser punidos por consequência disso.
Ela queria ser bem firme em dizer que não errou em momento algum. Foi uma boa ômega para seu marido, uma boa mãe para Yoongi e sempre tentou deixar o seu lar o mais harmonioso possível. Claro, não era perfeita, mas não tinha cometido erro algum. Não foi ela quem foi para cama com outra pessoa, teve um filho fora do casamento e fez a marca em alguém.
Não foi. Yoseob fez isso, única e exclusivamente. Enquanto ela ficava em casa cuidando de tudo e deixando as coisas o mais confortável possível para ele, o alfa estava fora aprontando. Não fez nada. Não errou. A separação e o divórcio não foram consequências dos seus atos.
No entanto, estava na presença daquelas pessoas não fazia nem mesmo 15 minutos e já estava esgotada. Não tinha paciência pra explicar coisas óbvias as pessoas. Ah, faça-me o favor.
Mas então, Min Yoongi acabou sendo o foco da avó depois de todas aquelas alfinetadas e se Naeun estava tentando ser cortês até então, porque querendo ou não eram avós do seu filho e conhecia eles faziam anos. Aquilo foi a gota d’agua pra transbordar de vez seu potinho de paciência. Sério. Iria tacar aquele bendito pote na cara dos dois.
- Mas e você, Yoongi-ah, como você está?
- Bem, vó.
- Já está namorando? Você tem o que, 18 anos? Nessa idade eu já estava casada.
- Eu tenho 17 ainda, e não quero me casar tão cedo.
- Ele ainda está terminando o colegial, namorar é bom, mas estudar, fazer uma faculdade e ter uma carreira é melhor ainda.
- Não, não é, encontrar um alfa e se casar é a melhor opção, Naeun, não ensine as coisas erradas para o seu filho.
- Eu acho que ser bem sucedido é importante, alfas vem e vão, uma carreira, não. E como falou, é o meu filho, acho que isso me dá o direito de ensinar o que acho apropriado para ele.
- Não conhecia esse seu lado, ômega. - o alfa falou, dando o desprazer mais uma vez de ter sua voz sendo exposta naquela conversa.
- Acho que vocês nunca se deram a chance de me conhecer, apenas me julgar insuficiente para o filho de vocês. Mas já passou, não? Isso não importa mais.
- Pois é. E por isso não deve agir assim, principalmente na frente do seu filho, ele deve aprender a ser um bom ômega...
- Ele já é um bom ômega.
- Veja só como ele está magro, alfa nenhum gosta de ômegas assim, querida, e você deveria cuidar disso para que ele não fique sozinho ou que seja trocado igual você foi. E também está muito pálido, deveria sair mais, coloque-o para sair. Por que não vem a festa de aniversário do seu irmão conosco, Yoongi-ah?
- Certo, chega, fora da minha casa agora! - ela disse furiosa, se colocando de pé apontando para a porta. Não. Jamais aceitaria eles falando aquelas drogas do seu filho. Chega! Sabia como Yoongi era e sabia como ele se sentia com aquele tipo de comentário, então não iria deixa-lo ouvir aqueles absurdos. Ah, não mesmo! - Passaram de todos os limites, não podem entrar aqui sem pedir permissão e falar esses absurdos ao meu filho. Caiam fora!
- Agora entendo bem porque o Yoseob te trocou, ômega.
- Ele me trocou porque ele não passa de um canalha sem caráter. Agora caiam fora daqui!
Tão rápido quanto entraram, eles saíram, não poupando de serem desagradáveis em todo o caminho, soltando alguns insultos para a ômega no meio do caminho porque eles eram daquele jeito. Desagradáveis de uma forma espetacular.
Saíram batendo a porta, furiosos e Naeun fez questão de tranca-la de chave assim que os viu passando. Yoongi, parado no meio da sala, ficou um pouco apreensivo de como ela reagiria depois de uma visita tão... Desconcertante. Sua mãe ainda estava bastante sensível e pode não agir da melhor forma possível.
Entretanto, pegando o ômega completamente de surpresa, quando se virou para olha-lo, Naeun sorria. Sim, sorria. E a melhor parte de tudo isso era que não tinha um único centímetro naquele sorriso que não fosse de verdade. Que não fosse porque ela desejava sorrir e isso acabo fazendo ele sorrir também, bem mais relaxado.
- O que você me diz em ir ao shopping?
- Ao shopping?
- Sim. Fazer compras, você está mesmo precisando de um jeans novo para a escola, depois vamos ao salão fazer escova e pintar as unhas. E podemos comer por lá mesmo.
- Isso te faria feliz, mamãe?
-Sim, faria.
- Então vamos lá.
- Saímos em meia hora, ômega. - foi tudo que Naeun disse já indo para o andar de cima se arrumar.
Tinha progredido um pouco naquele meio tempo. Era pouquinho, mas foi um progresso. E não ia mais deixar ninguém a colocar para baixo por conta disso. Seu foco agora era ficar bem e cuidar do filho, apenas isso, e era exatamente o que faria.
***
Taehyung queria muito dizer que o final de semana passou de uma forma leve e divertida. Está junto da sua família era sempre assim, então não era exatamente difícil coisas assim acontecerem.
Mas sinceramente, não era isso que poderia dizer sobre aqueles dois dias que passou na fazenda. Não quando se tinha sua tia sendo inconveniente e ranzinza a cada minuto do dia.
Tudo começou no sábado, depois do jantar quando ficaram todos na varanda conversando antes de irem dormir. Dar-hu comentou algo sobre o quão complicado tinha sido engravidar e que Taehyung era uma benção, ele usou tais palavras, e que as únicas crianças que entraria na sua casa depois daquilo, seria seus netos. Já tinha conversado com o marido aquilo, com os sogros e não era exatamente um segredo. Todos que estava na via deles há um tempo, sabia daquilo.
Então sua sogra falou que lembrava bem como tudo havia sido bem difícil para o ômega, mas que Taehyung conseguiu suprir toda a necessidade dela e do seu esposo em ter netos, e que seria dele a missão de perpetuar os genes dos Kim. Myunghee confirmou, até porque o sonho da ômega passava bem longe de se casar e ter filhotes. Sempre falou que teria filhos caso rolasse um descuido, mas tipo, muito feio, porque não tinha nascido para ser mãe. Ela deixou bem claro aquilo quando seu avô a questionou, e para a não surpresa da ômega, sua mãe alfa não gostou nada da resposta.
Geyonwool tinha planos para ambos os filhos. Queria que terminassem o ensino médio, depois a faculdade, encontrassem um bom alfa para casar e tivesse filhos, dois no mínimo, cada um. Segundo a alfa, ela tinha construído uma casa grande para vê-la cheia de netos. Sua esposa não pensava do mesmo jeito, quer dizer, queria ver os filhos casados e ser avó, mas não era obrigação. Nunca foi. Porém nunca tentava argumentar com a alfa porque sabia que não daria em nada.
Gaeul, por outro lado, fez questão de expressar o que pensava, falando que os sobrinhos eram jovens e não deveriam se prender a coisas tão arcaicas. Deveriam se divertir e curtir a juventude, conseguir um bom emprego e só ser feliz. Mas era de conhecimento de todos que Gyeonwool não era a maior apreciadora dos conselhos da irmã casula, então ela foi bem infeliz ao que trouxe à tona o passado, dizendo que foi por se divertir demais na adolescência, que ficou afundada nas drogas. Dispensava os conselhos dela aos seus filhos.
Completando toda a confusão, Gayoung se intrometeu falando que pensava diferente, que o exemplo da irmã fazia com que os sobrinhos vissem de perto o que escolhas erradas fazia a alguém. Eles ficavam longe de problemas sabendo exatamente o tipo de consequência que traria caso se envolvessem. Gayoung sempre defendia Gaeul. Sempre. Era a irmã mais velha e defendia a mais nova, principalmente diante injustiças.
Isso não significava que passava a mão em sua cabeça. Quando precisava ser dura, era. Quando era necessário fazê-la ouvir algumas verdades também. Mas ela estava livre das drogas fazia anos, tinha uma nova vida e não gostava que jogassem isso na cara de Gaeul. Mas, mesmo assim, o clima já estava ruim o suficiente então a alfa e seu namorado se recolheram no quarto deles.
Taehyung e o pai fez o mesmo. E no final, a noite acabou mais cedo para todos.
Pra completar, no café da manhã, quando o Joon-tae – o pai de Gayoung, Gyeonwool e Gaeul – insistiu para que a filha do meio pedisse desculpas, ela continuou sendo maçante com seu discurso de que a irmã mais nova não tinha filhos e não podia dar palpite na criação do filho dos outros.
“Tenha seus próprios filhos pra dar os conselhos que desejar. Ah, desculpe, me esqueci de que você namora um beta e nunca vai conseguir isso”, foi o que ela falou na ocasião e aí sim, as coisas ficaram feias.
Dong-run quando chegou foi como um pequeno raio de sol naquela família, todos o adoravam e, sinceramente, a questão da sexualidade de Gaeul não era algo de importância para seus pais. Não mesmo. A filha deles já tinha sido encontrada largada na rua, praticamente morta entupida de drogas. Namorar um beta era a última coisa que preocupava a mente do casal mais velho. E Dong-run era importante para família, além de que aquelas questões o afetavam porque muita, muita gente, virava a cara para eles como um casal. Então todos caíram em cima da alfa ao ouvir aquilo.
Suas irmãs. Seu cunhado. O sobrinho e a filha. Até os pais e a esposa. Todos ficaram, no sentido mais literal da coisa, putos de raiva por aquilo. Amavam Gyeonwool, mas ela podia ser completamente desrespeitosa quando queria e Joon-tae não quis saber que ela já tinha quase 40 anos, o dobro do seu peso e do seu porte físico. Ah, não quis mesmo, deu um belo puxão de orelha dela, uns tapas na cabeça e falou poucas e boas.
A cena foi tão cômica e humilhante, que a alfa juntou suas coisas e partiu antes do almoço de volta para casa com a família. Não quis nem saber. Taehyung e seus pais, no entanto, saíram de lá já no início da noite do domingo, mais especificamente depois do jantar, era por volta das 20h quando chegaram na cidade, aproximadamente 20 minutos de casa.
- Eu ainda estou chocada com o papai batendo na Gyeon. - Gayoung falou tentando não rir enquanto falava aquilo. Era a irmã que apanhava quando mais nova, Gyeonwool era a que dedurava sempre, vê-la levando uns bons cascudos, foi como ter sido vingada – Eu queria rir muito da cara dela naquela hora, mas estava com muito mais raiva pra fazer isso.
- Sua irmã está ficando completamente sem noção, sinceramente. Quanto mais velha fica, mas sem noção. - Dar-hu tinha sofrido na pele da cunhada quando no início da relação com sua alfa. A Kim tinha uma mania muito feia de sempre julgar as pessoas e com o casal não foi nada diferente. Os anos se passaram, e a tolerância que o ômega tinha com ela, não tinha crescido a níveis altos. - O que foi aquilo?
- O papai já falou várias vezes pra ela, que não gosta desse tipo de comentário. O namoro da Gaeul não é da conta de ninguém. A mamãe também, mas ela não toma jeito. Uma vez a gente falando disso, eu cheguei a dizer que não ligava pra isso e que até se o Tae aparecesse namorando um alfa ou um beta, eu não ia ligar, pois, acredita que ela teve coragem de dizer que se algum dia um dos filhos aparecesse gostando de um beta ou um ômega, ela esquecia que é filho? Eu fiquei horrorizada com aquilo.
- Quero só ver quando ela descobrir o que a Myunghee apronta. - Dar-hu deu de ombros recebendo um olhar confuso do marido. Joon-tae sabia muito bem das peripécias da neta porque já tinha presenciado coisas estranhas com ela, como uma vez que a ômega estava na sua casa e ele tinha certeza que ela levou um alfa para dentro do quarto escondido de madrugada. Não tinha provas, mas comentou tanto com Dar-hu quanto com Dong-run, porque era muito próximo dos dois genros. - Eu adoro aquela ômega, mas sei que ela não é nenhuma santa como as mães juram que é. E eu já falei pro Taehyung que não quero ele indo pra festas com ela e essas coisas.
- Está ouvindo, alfa? - Gayoung perguntou ao filho sentado no banco de trás, totalmente alheio a conversa entre os pais.
Taehyung estava mais preocupada em trocar mensagens com os amigos e, principalmente, com Min Yoongi. Foi a primeira pessoa que mandou mensagem, falando que enfim estava de volta e que poderiam conversar caso tivesse tempo.
Yoongi tinha acabado de chegar do shopping com a mãe e fez questão de mostrar o resultado das suas unhas quando o alfa questionou o que tanto tinha feito o dia inteiro. Eram desenhos de carinhas, cada uma de uma cor diferente. Fofas e o alfa fez questão de elogia-lo. Estava tão absorto naquilo que nem prestou atenção no que os pais estavam falando.
- Hm, estão falando comigo?
- O que tanto faz com esse celular que não prestou atenção? - Dar-hu virou como pode no seu banco para poder olhar o filho. Ele estava com um sorriso imenso no rosto, do tipo que o ômega não pode ver durante todo o final de semana.
- Conversando com o Yoongi, enfim consegui sinal e ainda tenho 3G no celular. Olha, papa, ele mandou fotos das unhas dele. - ele então virou o celular para o pai, que sorriu com a imagem, percebendo que surgiu no topo a notificação de mais uma mensagem mandada por Yoongi, “também senti saudades de falar com você” e isso fez com que o ômega sorrisse mais ainda. - Não é fofo?
- Sim, e chegou mensagem dele... “Senti saudades de falar com você”, parece que conseguiu conquistar o ômega.
- Sério? As coisas já estão assim? - Gayoung implicou um pouco olhando para Taehyung pelo retrovisor. - Por que está com essa cara, alfa?
- Porque eu sou completamente bobo de amor por esse ômega e ele me deixa cada dia mais caidinho por ele. - ele disse em um tom meio choroso, completamente dramático, fazendo sua mãe rir alto e seu pai suspirar, a mão apoiada na testa, desacreditado.
- Céus, ele não nega que é seu filho, alfa, vocês falam igualzinho. - Dar-hu disse soltando um pequeno riso. Gayoung agia daquele mesmo jeito antes de começarem a namorar, e continuou falando depois de namorar e até os tempos atuais, ela ainda falava daquele jeito consigo e Taehyung não poderia ser mais igual a mãe.
Quinze minutos depois eles estavam em casa e Taehyung não podia está mais feliz por isso. A segunda-feira parecia lhe reservar muitas coisas e ele mal podia esperar, ainda mais sendo uma dessas coisas poder ver Min Yoongi.
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