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História Invisible - TAEGI - I'm blowing your cold memory like smoke


Escrita por: JhamilleBelmino

Capítulo 31 - I'm blowing your cold memory like smoke


Fanfic / Fanfiction Invisible - TAEGI - I'm blowing your cold memory like smoke

BTS – Spring Day

“É, eu te odeio. Desde que você partiu, não houve um dia em que eu tenha te esquecido. Honestamente, eu sinto sua falta, mas agora eu vou apagar você porque isso vai doer menos que ter ressentimentos. Estou soprando sua fria lembrança como fumaça.

(And I hate you. Since you left, there hasn't been a day when I forgot you. Honestly, I miss you, but now I'm going to erase you because it will hurt less than having resentments. I'm blowing your cold memory like smoke.)

 

Taehyung estava se sentindo mal. Tipo, emocionalmente mal desde a noite anterior depois de levar o Yoongi em casa. Não entendeu o que tinha acontecido.

Naeun quis saber o motivo de Yoongi está daquele jeito, perguntou se eles haviam brigado por alguma coisa ou se algo de ruim tinha acontecido, mas o Kim não sabia e tratou de explica-la bem isso. Contou que estava na lanchonete com ele, estavam na fila para comprar o lanche e do nada, ele pediu para irem embora e ficou daquele jeito.

Foi completamente de repente e isso deixou tanto o alfa quanto o ômega sem saber o que fazer.

E desde a noite anterior que o Kim não conseguia parar de pensar nisso, não conseguia focar em outra coisa. Estava agitado, seu lobo estava agitado e não sabia como mudar isso. Seus pais notaram, mas como não sabia explicar, o alfa só deu uma resposta vaga aí ser questionado. Mandou mensagem para Yoongi, mas não recebeu nenhuma resposta. Também entrou em contato com Naeun – sim, eles haviam trocado contato – mas ela também não sabia dizer muita coisa. O filho estava no quarto desde a noite anterior sem falar com ela, conseguiu faze-lo tomar café, mas só porque forçou mesmo. Tinha ouvido Yoongi chorando, mas ele não quis dizer o motivo. Ninguém sabia o motivo.

Por isso, logo depois do almoço de domingo, o alfa decidiu que não ficaria apenas esperando uma resposta vinda do além, e que iria ele mesmo atrás de saber o que aconteceu.

- Estou saindo. – foi tudo que ele falou já enfiando os pés no sapato parado na porta da frente, seu pai estava no sofá assistindo um filme e o olhou com uma das sobrancelhas erguidas.

- Vai para onde?

- Resolver uma coisa, não volto tarde.

- Essa coisa não tem nome?

- Papa, vou resolver uma coisa, não volto tarde. – repetiu sem ser rude, até porque seu pai lhe quebraria se usasse um tom rude consigo, mas deixando claro ao ômega que não queria falar sobre aquilo e precisava ir. Dar-hu se preocupava muito com o filho e era normal, ainda mais depois de vê-lo tão aflito durante todo o dia. – Confia em mim.

- Juízo, alfa.

- Eu vou ter.

Antes de sair, ele deixou um beijo na testa do pai e correu para pegar o carro. Talvez tivesse sendo meio impulsivo e dramático, Yoongi podia está querendo só um tempo para si e podia muito bem conversar com ele no dia seguinte na escola, porém Taehyung não conseguia apenas relaxar e deixar para lá, não dava.

Estava preocupado e apreensivo, tentando entender o que havia acontecido para o humor do ômega ter mudado tão drasticamente em questão de segundos. Estavam bem, tiveram uma boa noite, se divertiram pra caramba na festa e do nada, puff, foi como se tivessem dentro de uma bolha e ela do nada havia estourado e ele estava lá, voando, sem entender nada.

O Kim estava no escuro e ele detestava se sentir assim, então ia atrás de respostas, resolver tudo de uma vez por todas. 

A pista estava bem livre no percurso até a casa dos Min e ele colocou uma música para tocar no meio pra ver se conseguia relaxar, mas não foi muito eficiente, principalmente porque ele chegou ao seu destino em dez minutos, um percurso que ele levava no mínimo vinte a 50km por hora, mas o ponteiro chegou quase ao 100, só pra ter uma ideia da pressa.

Naeun estava fazendo o que fazia todo domingo a tarde, preparando os acompanhamentos que o filho comeria durante a semana, quando ouviu a campanha tocar e ela foi logo atender a porta, não se surpreendendo muito quando viu Kim Taehyung parado ali, com uma expressão séria no rosto que ela jamais tinha visto antes.

- Boa tarde, Naeun-ssi. – educado como sempre, ele se curvou um pouco em cumprimento.

- Olá, Taehyung-ssi, pode entrar.

- Desculpa o inconveniente de ter aparecido do nada, mas eu precisava vim. – ele ouviu quando ela fechou a porta assim que ele entrou na casa já tirando os sapatos. Ela tinha uma expressão cansada no rosto, como se tivesse dormido pouco durante toda a noite, misturada com angústia. – Estou preocupada com o Yoongi, ele não atendeu as minhas ligações e nem respondeu as minhas mensagens.

- Tudo bem, eu entendo porque também estou preocupada... – ela seguiu até a cozinha sendo seguida pelo maior, suspirando em pura derrota. Tentou conversar com ele, mas tudo que Yoongi lhe disso foi que estava cansado e não falou mais nada e isso a deixava preocupada até o limite. – Você tem realmente certeza de que não aconteceu nada, Taehyung-ssi? Eu ouvi ele chorando por horas ontem a noite e faz muito tempo que não o vejo tão triste.

- Não, não aconteceu nada. A gente estava na fila pra comprar o lanche, normal, então do nada ele pediu pra ir embora e não falou nada. Eu estou até agora sem saber o que rolou.

Aquilo era tão frustrante e tão perturbador, para os dois na verdade. Taehyung sentia que havia falhado, alguma coisa deveria ter feito para o ômega ter aquele tipo de reação, não dava para ser algo que aconteceu aleatoriamente, Yoongi não era assim.

E Naeun, céus, para a ômega era pior porque ela era mãe, entende? Aquele ômega saiu de si, ela o alimentou, o cuidou e protegeu Yoongi até aquele instante, mas infelizmente ele havia crescido e ela estava começando a perceber que não tinha como ela proteger o seu filhote para sempre. Por que, apesar dele ser o seu bebê, o mundo não o via dessa forma e ele seria machucado e maltratado e isso doía, doía demais porque ela estava de mãos atadas, sem saber o que fazer e como fazer. Ouvir o filho chorando sem nem saber o motivo era como se tivesse lhe matando um pouco a cada segundo.

Não sabia o que fazer pra acabar com a aflição dele e essa era a parte mais dolorosa de todas. Porque se ela pudesse ela tirava tudo de ruim que estava o entristecendo e sentiria sozinha, se pudesse ela pegava a dor dele para si, mas infelizmente, apesar de alguns mitos, ser mãe não lhe dava superpoderes e Naeun não tinha muito o que fazer. E sentia muito por isso.

- É, alguma coisa deve ter acontecido e ele claramente não vai falar comigo. – ela tentou dar de ombros, frustrada e triste demais até para tentar fingir bom humor.

- Eu posso... Será que eu posso falar com ele?

- Claro, eu acho que é mais provável que ele fale com você do que comigo. – ela fez um gesto vago com a mão em direção as escadas, já virando de costas para voltar a sua tarefa – O quarto dele é a segunda porta a esquerda, vou preparar um lanche pra você ver se consegue faze-lo comer e deixe a porta aperta.

- Sim, senhora.

Era um pouco estranho para o alfa está ali, porque ele nunca tinha entrado mais do que até a sala de estar da casa, então ter a permissão para entrar até o segundo andar, parecia um passo longo para ele. Mas Taehyung não ficou pensando muito nesses pormenores porque tudo que tinha em mente naquele instante, era chegar até Yoongi e ver como ele estava.

Teve uma péssima noite de sono, ficou inquieto durante toda a manhã até chegar ao ponto que estava. Não sabia se tinha agido certo em ir na casa do ômega, Yoongi nunca tinha lhe dito com palavras, mas ele sabia entender que sempre que o menor se isolava daquele jeito significava que ele precisava de um tempo. E no seu normal o Kim respeitaria isso. Porém daquela vez não pode, simplesmente não pode.

Seu lobo estava inquieto, arranhando sob sua pele e uivando e grunhindo em agonia. Era como se ele sentisse que algo estava errado e exigisse que o Kim fosse resolver de uma vez. “Nosso ômega está em perigo, faça alguma coisa”, era só isso que pensava reiterada vezes ao ponto dele ou agir, ou enlouquecer de vez.

Por isso pegou o carro e dirigiu até ali, não era o tipo de pessoa que parava e ficava esperando as coisas se resolverem, não, agia e não faria diferente com o Min.

Sabia que deveria respeita-lo e jamais passou por sua cabeça não fazer, se ele precisava de um tempo sozinho para colocar a cabeça no lugar, daria isso a ele, claro que sim. Mas daquela vez, sentia que era pra estar ao lado do ômega. Seu lobo também. Eles seriam que era diferente, então Taehyung apenas agiu.

Quando chegou a porta do quarto, deu duas batidinhas leve contra a madeira e ouviu do lado de dentro a voz fraca do ômega falando para entrar. E ele estava lá, vasculhando alguma coisa dentro do guarda-roupa quando o alfa abriu a porta para vê-lo.

Yoongi também dormiu pouco durante a noite. Sentia que estava fazendo muito drama com o que havia acontecido, porque ele era do tipo de pessoa que sempre invalidava os próprios sentimentos, então claro que ele achava que era drama o que estava sentindo. Mas na verdade, seu coração estava partido, de uma forma que ele não imaginou ser capaz de se partir, e era uma dor que até então ele nunca havia experimentado.

Achou que saberia lidar caso precisasse encarar o pai outra vez. Não ligaria, sempre achou isso, que iria só virar a cara caso o visse passando na rua ou estivesse em algum outro lugar. Não daria a mínima para ele da mesma forma que o pai agia consigo. Daria o troco com a mesma moeda. No entanto, quando enfim aconteceu, Yoongi sentia como se tivesse levado uma porrada forte na cabeça.

Aquela merda doía de verdade. Quando aconteceu anos atrás ele achou que já era ruim o suficiente pra lidar, seu lobo sofreu com a quebra do vínculo com o cheiro do pai, sofreu como se fosse a morte do alfa e se não tivesse tão focado em ficar de olhos na mãe, provavelmente teria sido bem pior do que já foi. Agora tudo parecia doer tanto quanto antes, seu lobo estava sofrendo e não saber administrar isso era a parte mais complicada para ele.

O vínculo tinha sido quebrado havia muito tempo, sentia isso, não conseguia mais ser afetado pelo cheiro do pai. De alguma forma bloqueou o cheiro para se proteger e conseguiu até que fácil. Mas do que adianta seu vínculo ter se quebrado, se mesmo assim, Yoongi ainda sentia falta do alfa?

Viveu com ele sua vida inteira, acreditou todas as vezes que o alfa dizia lhe amar e pior, seu vínculo afetivo era muito forte com ele. Porém, no final, descobriu que isso não significava absolutamente para Yoseob. Ele foi trocado. Largado. Jogado para escanteio. O alfa tinha uma nova família agora, ele tinha novos filhos, não precisava mais de si. Seu amor paternal era de outras crianças e Yoongi foi deixado.

E a parte mais dolorosa de tudo para o ômega, era que no final, não conseguia odiá-lo. Queria odiá-lo. Queria matar todos seus sentimentos. Mas a única coisa que sentia era tristeza, uma que só o fazia chorar e se questionar o que havia feito de errado.

O que de tão mal fez para o alfa que ele apenas o descartou? O que poderia ter feito de melhor para ser merecedor do amor dele? Qual era a droga do seu defeito que nem mesmo seu pai conseguia ama-lo?

Essas perguntas rondavam em sua mente o tempo todo lhe deixando ainda pior hoje. Estava tudo uma merda e não conseguia nem mesmo disfarçar.

- Ômega? – ao longe ele ouviu alguém lhe chamando e reconheceu a voz de imediato, virando-se para poder olhar para o alfa parado a sua porta apenas com a cabeça para dentro do quarto. O coração de Taehyung afundando no peito ao notar os olhinhos vermelhos e inchados do menor de tanto chorar – Oi, posso entrar?

Yoongi não falou nada, apenas balançou a cabeça para ele, vendo o alfa abrir bem a porra antes de pisar dentro do quarto meio receoso. Em uma situação normal teria ficado um pouco constrangido por ele está ali e por ver a bagunça que estava seu quarto, mas não naquele momento se sentindo tão frágil.

Taehyung percebeu como ele estava assim que o olhou, mas preferiu não falar nada, tinha algumas coisas jogadas pelo chão do quarto e na cama, e um saco grande de lixo que o Min estava usando para jogar algumas coisas dentro, mas não falou nada sobre isso também.

- Você saiu correndo ontem e eu fiquei preocupado, então... – ele respirou fundo parado perto da porta, a uma certa distância do menor. As mãos dentro do bolso da calça enquanto Yoongi continuava lá, parado, olhando para si. – Eu não consegui se controlar e precisei vim te ver, não entendo o que aconteceu ontem e eu estou a ponto de surtar por isso, ômega.

- Desculpe. – a voz dele saiu em um tom frágil e trêmulo, seus lábios até tremeram um pouco ao falar. – Não consegui ficar mais lá, me desculpe.

- Eu pensei que estava gostando e que fosse algo que queria fazer, sei lá. Foi algo que eu fiz? Algo que eu disse?

- Não, você foi perfeito como sempre.

- Então... – chegando ao limite da sua frustração, o coração reprimido dentro do peito e o seu lobo agindo como um louco, Taehyung usou as suas mãos para esfregar o rosto com certa violência, encurtando o caminho entre eles com apenas algumas passadas largas. Chegando a frente do Min no segundo seguinte. – O que aconteceu, ômega? Por que agiu daquele jeito? Conversa comigo, divide comigo o que está havendo, porque é horrível ver tanta tristeza nos seus olhos e nem saber o que aconteceu.

- É bobagem, alfa, você...

- Yoongi, para com isso! – ele usou uma voz mais firme ao falar aquilo, não era sua voz de alfa e nem era alto, ele só falou sério de uma forma que o outro nunca tinha visto antes. Suas mãos subindo até às bochechas do ômega forçando que ele o olhasse e não desviasse o olhar de si – Fala comigo ou fala com a sua mãe, para de achar que tudo que sente é bobagem. Você não precisa suportar tudo sozinho, porque você não está sozinho. Não há mal algum fraquejar as vezes, amor, é não é vergonha pedir ajuda.

- Alfa...

- Por favor, por favor, ômega... – a voz dele saiu como uma súplica, enquanto ele tentava não colocar tanta força no seu toque. Os olhos de Yoongi estavam inundados e ele mal conseguia suportar olha-los, sua testa chegando a dele bem juntinhos – Fala comigo, não guarda toda essa angústia só pra você, eu estou aqui pra te ouvir.

- Eu vi o meu... – hesitou, a voz tremendo em antecedência a uma nova onda de choro que estava por vim. Ele sentia seu corpo quase sem forças pra continuar em pé, então usou o corpo maior a sua frente como apoio, agarrando a camisa de Taehyung entre os dedos, os dentes trincando ao falar porque Yoongi sentia que iria explodir a qualquer instante - Ele está lá, o meu pai estava lá e eu queria tanto odiá-lo por ter que abandonado e me trocado... Por ser um filho da puta, mas eu não consigo, alfa, eu não consigo.

Taehyung não sabia o que falar, até porque o que se pode falar em um momento como aquele? Ele não sabia. Quando sentiu o corpo do menor fraquejando, ele o agarrou pela cintura impedindo que caísse, sentando-se no chão encostado na cama com ele em seus braços. Yoongi, como uma reação automática, envolveu o alfa e enfiou o rosto contra o pescoço dele se entregando a todas as lágrimas que ainda tinha.

Sentia-se patético em está chorando na frente de Taehyung, era patético chorar na frente de qualquer pessoa, então era bem pior na frente do Kim. Mas ele não conseguiu ligar muito quando os braços largos e quentes se mantiveram ao redor do seu corpo deixando que chorasse em seu ombro . Os dedos de Yoongi ainda agarrados a camisa dele, seu choro saindo com tanto desespero que partiu ainda mais o coração do maior ouvir seus soluções engasgados. Ele parecia no limite, esgotado. E a única coisa que podia fazer era ficar ali, ao seu lado, dado suporte e apoio.

- Ele estava lá, com a família de merda dele e virou a cara assim que me viu, porque ele não precisa mais de mim. Ele tem três filhos agora e eu? Eu sou só uma coisa qualquer que ele largou quando não quis mais. – ele chorou um pouco mais, cansado, Taehyung usando a ponta da camisa pra enxugar o rosto dele molhado de lágrimas, abrindo caminho para muitas outras. – Ele traia a mamãe, ele foi uma bosta do caralho, ele só virou as costas pra gente sem pensar duas vezes e eu ainda sento falta dele porque eu sou um burro! Burro, burro, burro!

A cada vez que falava, Yoongi ia acertando tapas contra a própria cabeça, sem ligar se estava se machucando ou algo do tipo, ele só não conseguia ligar para tal coisa. Mas Taehyung sim e tratou de impedi-lo em continuar, sentindo quando o menor se encolheu ainda mais em seus braços depois daquilo. O alfa já tinha visto tristeza nos olhos dele, nem precisava ser muito esperto pra notar, mas era a primeira vez que o via tão quebrado e era uma sensação horrível.

- Ele foi um canalha por ter traído a mamãe, nem ligou para o que ela ia sentir, só foi lá e deu a mordida a outra e fez um filho nela. Ele nem se importou com nada, nem comigo e nem com ela, só virou as costas pra gente como se não fossemos nada. – ele fungou mais, soluçando entre as palavras mal conseguindo falar. Taehyung continuou lá, abraçando-o enquanto soltava uma quantidade moderada de feromônios só para acalma-lo. Não sabia o que falar, o que dizer para conforta-lo, mas o Min não estava precisando de palavras, ele só queria apoio e o fato do alfa está ali, já era mais do que suficiente. – Ele dizia que eu era o amor da sua vida, que me amava mais que tudo e agora... Agora ele vira a cara quando me ver mesmo depois de um ano inteiro longe. Que amor é esse, alfa? O quão ruim eu sou pra nem meu pai conseguir me amar? Qual a porra do meu problema?

- O problema não está em você, ômega, não há problema algum aqui a não ser ele. Esse alfa... Céus, ele nem sabe o filho incrível que está perdendo sendo tão egoísta e miserável. Não é você, é ele. Só ele, amor. Você e sua mãe se livraram de um grande babaca, o problema não é vocês.

- Eu devi ter feito algo pra ele deixar de ne amar, só pode ter sido isso. Eu sou tão insignificante e tão horrível, que ele deixou de me amar e trocou por outros filhos. Acho até que foi por isso que ele fez o que fez com a mamãe.

- Ômega, não, não fale isso, por favor.

- E por que vai seria? Ele só cansou de mim e a mamãe vai  se cansar de mim também, eu só causo problemas e preocupações nela.

- Não, sua mãe nunca iria te deixar, ela te ama e isso só é coisa da sua cabeça. Seu pai é um merda, por isso que ele fez o que fez, não tem nada a ver com você, a culpa é dele. Só dele!

- Não seu o que pensar, me sinto tão triste. – lamentou baixinho, apoiando a cabeça contra o ombro do maior, as lágrimas escorrendo quente pelo seu rosto. Sua respiração estava difícil, cansada, e ele se sentia subitamente sonolento com a mistura de choro e feromônio, se acalmando aos pouquinhos. – Ele quebrou o meu coração tão fundo, de uma forma que nunca achei que podia ser capaz. Agora o alfa está lá, sendo pai de criança que nem são deles e se recusando a ser o meu. E dói pra caramba saber que meu próprio pai me trocou, como se eu fosse uma coisa com defeito que ele se livrou assim que não lhe serviu mais.

- Um dia ele vai perceber a grande merda que fez, ômega. Você e sua mãe são mais fortes que isso, são melhores do que ele e os deuses vão se encarregar de lhe dar o castigo que merece por todas as suas más ações.

- Você acredita mesmo nisso, alfa?

- Sim, acredito, mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer. – mais uma vez ele usou a manga da camisa para enxugar o rosto de Yoongi completamente vermelho e inchado. A testa indo de encontro a dele sem nunca solta-lo, Min abraçando-o ainda mais forte quando sentiu um suave beijo ser deixado na ponta do seu nariz. – Até lá, não pense que o erro foi seu ou a culpa disso é sua, o único culpado é ele por ser um sem caráter miserável. Você e a Naeun-ssi são uma família, amor, e diferente da família que ele construiu, a sua não precisou enganar ou machucar ninguém pra ser formada. Aqui só tem amor e nada mais do que isso.

- A minha mãe é muito forte, não é?

- Claro, ela e o filho são dois dos ômegas mais fortes que já conheci. – mais uma vez ele deixou um beijo contra a pontinha do nariz vermelho e meio melecado do ômega, abraçando-o tão forte que teve medo de machuca-lo. Yoongi estava sentando entre as suas pernas, apoiados contra a cama, o menor mesmo ainda chorando, parecia mais calmo e só soluçava – E ela está lá embaixo agora preparando algo para comer porque você não comeu nada hoje.

- Eu a preocupei muito, não foi? – ele quis chorar mais uma vez ao falar isso, porque podia imaginar como deveria estar sendo difícil para a mãe lidar com seu mau humor. Naeun já tinha coisas demais para cuidar e ele não queria sobrecarrega-la ainda mais, porém sabia que tinha feito mesmo não querendo. – Não falei a ela porque sei que isso iria machuca-la ainda mais e não quero ver a mamãe triste, ela já sofreu tanto.

- Ela só quer entender o que aconteceu, ômega, ela é mãe e você é o seu filhote, então é angustiante saber que está machucado de alguma forma e não saber como ajudar porque não sabe o que aconteceu. Você deveria conversar com ela sobre isso. – insistiu sem querer ser muito incisivo naquela questão. Se fizesse acabaria piorando uma situação que já estava bem ruim. Yoongi, por outro lado, apenas negou com a cabeça, determinado a não deixar a mãe saber porque a magoaria e não queria magoa-la de forma alguma. – Ou pelo menos comer algo, hm? Isso já ajudaria bastante.

- Não tenho fome.

- Mas precisa comer e a Naeun-ssi já está preparado algo pra você. Vamos dar só um tempo pra você respirar melhor.

Eles precisavam de mais meia hora ali, juntinhos sentados em meio a zona que estava o quarto de Yoongi, até que o melhor estivesse disposto o suficiente para levantar.

Lavou o rosto, trocou de camisa e até penteou os cabelos na tentativa de parecer menos acabado. No andar de baixo Naeun já os esperava e fez com que o filho comesse uma refeição inteira sob seu olhar atentou. Perguntou se ele estava melhor, se queria conversar com ela, mas apenas recebeu uma negativa e achou por melhor não insistir.

Depois que comeu, o ômega ficou no sofá assistindo, abraçado ao alfa, uma série qualquer sem importância. Em seguida Naeun se juntou aos dois.

No final da noite, quando a ômega pediu uma pizza para os três jantarem, enfim Yoongi conseguiu rir e muito pra ser bem honesto, porque Naeun havia pedido na mesma pizzaria de sempre – aonde ela e o filho eram fraqueza frequentes - e eles mandaram sobremesa de cortesia deixando ela para lá de empolgada.

A grande questão é que Naeun costumava fazer a dancinha do Calton sempre que ficava animada demais e Taehyung não sou acompanhou a futura sogra, como também cantou a música emblemática do seriado e isso fez Yoongi gargalhar.

***

Seokjin não foi a escola na segunda-feira, sabia que não devia faltar, mas não foi porque ele se sentia indisposto demais para se levantar tão cedo e ir estudar. Quando o alarme tocou, ele apenas teve forças para digitar uma rápida mensagem para os amigos avisando que faltaria e voltou a dormir agarrado a Chaewon, porque ela também não iria para aula naquela manhã. Seu professor do dia passou um e-mail para a classe ainda na noite anterior avisando que estava com uma gripe terrível e não poderia dar aula, então os dois só ficaram lá agarradinhos curtindo uma ótima noite de sono. Ainda mais que foram dormir muito tarde na noite anterior fazendo exatamente isso que você está pensando.

Bae foi a primeira a acordar, deitada quase por cima de Seokjin que estava com as costas nuas virada para si. Era quase 11h da manhã e pela forma que podia ouvir as vozes da sua família, era claro que todos estavam com todo o vapor, seguindo a rotina normal. Eles eram meio barulhentos, mas o Kim se habituou a isso de uma forma esplêndida.

- Baby, está na hora de acordar. – chamou meio manhosa porque ela era assim de manhã cedo. Se acordasse, queria que Seokjin acordasse também e nem ligava se era inconveniente. Gostava de atenção e exigia por ela de qualquer modo. – Levanta.

- Eu ainda não acordei, alfa... – resmungou sentindo as pontas do dedo dela descendo pelas linhas das suas costas, ela tinha arranhado sem pena na noite anterior e deixado evidências claras do que tinham feito juntos. – Me deixa em paz.

- Acorda.

- Não, acorda você, sai.

Chaewon não saiu, muito pelo contrário, ela jogou as pernas por cima do quadril dele, sentando em seu bumbum coberto apenas com uma cueca fina. Os peitos descobertos sendo pressionado contra as costas nuas e os cabelos curtos se espalhando pelo ombro dele quando se baixou.

Ele, não estava dormindo tanto assim, apesar de estar um pouco letárgico, ainda assim, ele estava consciente o suficiente para sentir ela se movendo sobre si. Já estava até se animando, mas pra quebrar completamente o clima, Chaewon acabou mordendo o meio das costas dele o fazendo gritar porque doeu pra caramba. Ela tinha dentes finos e suas presas também são.

- Ai, filha da puta, isso doe!

- Então levanta e me dá atenção. – resmungou escorregando até cair de costas na cama ao lado dele. Seokjin levantou do jeito que estava, cambaleando um pouco, se afastando dela ao que seguia para o banheiro. – Ei, é pra você acordar e me dá atenção e não fugir.

- Não posso nem mijar mais? – quando entrou no banheiro ele não se incomodou em trancar a porta, já indo direto ao vaso sanitário para se aliviar – E se levanta, vai, tenho que ir trabalhar daqui duas horas.

- Droga, e eu tenho estágio hoje também, esqueci totalmente, e tenho trabalho da faculdade pra fazer e entregar amanhã.

- Então agiliza e levanta daí.

Quando eles desceram, os pais de Chaewon estavam na cozinha cumprindo com seu trabalho rotineiro sem qualquer interferia. Os dois filhos mais nova estavam na sala de jantar terminando as atividades da escola com o pai ômega – que tinha zero paciência para ensinar os filhos, vale dizer – os outros dois chegariam a qualquer momento para almoçarem em família. A alfa estava trabalhando no notebook na mesa da cozinha e o beta estava com o filho mais velho fazendo o almoço, ou tentando já que Hanbin era péssimo na cozinha.

- Bom dia. – Seokjin cumprimentou educado, sorrindo para todos, já meio habituado em estar ao redor de todos eles.

- Boa tarde, não, alfa? – a alfa focada em seu trabalho, falou atraindo a atenção do mais novo para si. Ela adorava implicar com Seokjin e sempre que tinha chance estava fazendo sem pensar duas vezes, ele, no entanto, não ficava muito atrás mesmo que usasse de muito mais decoro do que ela na hora de brincar. – Você não devia está na aula, não é?

- Pois é, me dei uma folga. – deu de ombros seguindo até ao lado dela para se sentar. Chaewon, sendo um pouco menos bem humorada ao acordar, estava ocupada vasculhando algo dentro da geladeira para disfarçar sua fome até o almoço está devidamente pronto. – Querem alguma ajuda com a comida?

- Opá, eu quero sim, alfa, é tudo seu. – Hanbin disse já largando as luvas que estava usando para não deixar as mãos com um cheiro forte de cebola, entregando ao mais novo porque detestava cozinhar e nem queria mesmo aprender. Seus olhos estavam ardendo, os pedaços estavam todos horríveis e quase cortou o dedo duas vezes. Cansou! – Pode ficar a vontade.

- Por que está explorando ele? – Chaewon começou não implicando de verdade com o irmão mais velho, mas também não sendo 100% amigável. Ela meio que tinha um senso de proteção muito elevado com o alfa, o que fazia ele repensar sobre a própria conduta com os melhores amigos.

- Não me importo em ajudar, Bae, pare com isso.

- Ela só sendo uma mal humorada com sempre. – Hanbin implicou de volta porque ele era naturalmente tão implicante quando a mãe alfa e só não conseguia controlar aquele traço na sua personalidade. – Se continuar assim o Jin-ssi vai acabar esse namoro por não te suportar.

- Que namoro que ainda nem foi formalizado? – a alfa implicou um pouco mais inflamando toda a situação, ela adorava implicar e nem mesmo o olhar atravessado que recebeu do esposo fez ela parar. Sua sorte era que seu ômega não estava por perto, ou ela certamente estaria em apuros – Eles são medrosos demais para tomar a iniciativa do pedido.

- Não é bem assim, mamãe. – Chaewon se defendeu arriscando um olhar na direção de Seokjin, que se mantinha calado e focado na sua tarefa de cortar cebolas e todos os legumes necessários. – Estamos indo com calma.

- Fale a verdade, vocês são covarde. – importunou um pouco mais, enchendo mesmo o saco para variar. Até mesmo esqueceu que estava trabalhando e para Hanbin, que era parecido demais com ela, aquilo foi ótimo quando ele simplesmente só gargalhou achando o desespero da irmã engraçado.

- Alfa, pare de se trocar com as crianças, por favor. Se já terminou suas obrigações, venha ajudar lavando a louça, se não, saia da minha cozinha.

As pessoas costumavam achar que no trisal quem era mais assustador era o ômega, porque ele tinha uma personalidade forte e era um completo encrenqueiro. Ele dava gritos nas crianças e nos cônjuges e era o responsável por resolver os problemas quando alguns tentava perturbar sua família. Mas o que ninguém realmente sabia, era que na relação, quem de fato mandava, era o beta com sua voz doce e um olhar firme. Tanto alfa quanto ômegas costumavam sempre apenas seguir as orientações dele porque ele era o tipo nato de líder.

Não um líder de uma forma ruim, longe disso, mas todos sabiam que ele era a base do trisal, o ponto de equilíbrio entre a personalidade pueril da alfa e a personalidade pujente do ômega. Por isso, assim que falou aquilo, a sua esposa apenas recolheu seus materiais e foi para o escritório no andar de cima sem fazer questionamento algum.

Seokjin achava interessante a dinâmica da família, de como o trisal se entrosava harmoniosamente entre si e até a relação dos irmãos, cheiro de implicância, brigas bobas e muito, muito amor. Devia ser um máximo ter aquele tipo de relação com a família, porque o Kim tinha pais que ele certamente pouco sabia além do nome e irmãos sem nenhuma afinidade. Era um pouco triste, mas também já tinha parado de sempre questionar aquelas coisas.

No decorrer da próxima hora que se seguiu, ele apenas ficou quieto pensando em tudo enquanto apenas agia de modo quase automático indo para aonde tinha que ir. A fala da sua, talvez, futura sogra queimando no fundo do seu cérebro mais do que qualquer outra coisa.

Ela estava certa ao dizer que não tinha oficializado nenhuma relação por medo. Sim, era exatamente isso, o medo dele impedia que eles namorasse e Bae era educada demais para colocá-lo contra parede e pedir uma posição sua. Queria namorar ela, poder dizer que os dois estavam juntos oficialmente e exibi-la como em qualquer relação saudável. Porém a ideia de seus pais descobrindo aquilo fazia todo o inferno dentro de si tremer em pavor, porquê, apesar deles não desejarem ser seus pais, eles ainda eram e Seokjin ainda queria a aprovação deles, e Chaewon nunca seria aprovada.

Estava tentando se livrar desse pensamento negativo, mas nem sempre podia, só estava tentando manter a frequência.

Bae, no entanto, estava alheia de toda aqueles pensamentos dele e ficou preocupada com o fato dele ter se tornando perturbadoramente tácito durante todo o almoço. Nem mesmo quando os adolescentes chegaram fazendo barulho ao seu redor, ele pareceu muito animado para falar ou interagir com eles. Foi educado e cortês como sempre, mas quieto como poucas vezes ele foi em uma situação igual aquela.

Quando terminaram de comer, eles foram para o quarto de arrumar para seus respectivos trabalhos, teriam que sair mais cedo porque o carro de Seokjin ainda estava quebrado e Bae iria lhe dar uma carona. Então tomaram banho separados, se arrumaram e quando o relógio marcou exatamente meia hora para que pudesse começar o expediente, eles já estavam pronto para ir.

- Vamos? - Seokjin chamou jogando a bolsa por cima do ombro virando-se para vê-la ainda sentada na ponta da cama, olhando alguma coisa de muito interessante na mão. – Você está pronta? Eu ainda preciso de carona e você ainda precisa chegar na hora certa, então precisamos ir.

- Você está chateado?

- Chateado com o que? – só pelo tom de voz que ele usou, já era fácil notar o quão confuso estava com aquela pergunta, o que foi suficiente para fazê-la olhar para ele.

- Com o que a mamãe falou, sobre não estamos oficialmente namorando e essas coisas você ficou tão calado durante o almoço inteiro que achei que estava chateado. – ela deu de ombros assistindo ele se aproximar e sentar ao seu lado, os dois mal se olhando no processo. Se tinha uma coisa que eles havia aprendido nesse último mês juntos foi que, não dava para apenas ignorar quando se sentia mal com determinada situação e deixar tudo subentendido. Deveriam dialogar e falar francamente, e era isso que estava fazendo mesmo sem tempo algum pra fazer. - Você sabe como ela é implicante com essas coisas e tudo mais, então não leva a mal o que ela diz.

- Não levei, só estava pensando e, sinceramente, ela não falou nenhuma mentira. As coisas estão demorando a se acertar e é por questões minhas.

- Questões que eu entendo completamente e que nunca iria te pressionar a agir contra o que está sentindo.

- Eu sei, alfa, e agradeço por ser assim e me dar espaço. Mas eu venho pensando em uma coisas esses dias que faz até sentindo. – quando ela ergueu os olhos para si, Jin sabia que Chaewon estava o ouvindo atentamente e estava só o esperando falar, dando espaço sem lhe fazer pressão alguma – Eu sempre vou ter medo dos meus pais, acho que mesmo quando eu tiver 40 anos, vivendo a minha vida independente e sem qualquer vínculo com eles, eu ainda vou ter medo dos dois. Isso não vai mudar e eu tenho medo de que não mude nunca, mas essa é a minha verdade. Eu tenho medo deles, pavor na verdade. Porém, se eu continuar me baseando apenas nisso, eu vou perder a chance de viver tudo na vida só pensando no dia que eles descobriram, porque eles vão, claro que vão, mas eu sei agora que apesar de todo medo eu não quero deixar que isso limite meus passos e me faça viver infeliz eternamente.

- O que quer dizer com isso?

- Quer dizer que eu ainda não estou pronto pra muita coisa, eu não vou te apresentar aos meus pais e nem sempre eu vou conseguir ser espontâneo na frente das pessoas, que talvez eu demore uma eternidade pra ser o tipo de alfa que você quer e merece, mas... – ele desviou os olhos dos dela um só instante para alcançar sua mochila largada ao seu lado. Ele vasculhou um pouco lá dentro e Bae mal pode acreditar quando ele estendeu para si uma pequena caixinha de veludo preto com duas alianças dentro, fazendo ela olhar total em choque para ele – Eu comprei no sábado de uma forma bem impulsivo, também não é nada luxuoso e talvez eu não seja o melhor namorado que você já teve porque eu tenho um longo caminho para percorrer até lá, mas eu sou completamente apaixonado por você, Bae Chaewon e quero saber se você aceita namorar comigo.

As alianças eram simples como ele bem disse, nada muito chamativo para não ser foco de atração se ninguém, mas eram lindas. Não era muito grossa, com alguns poucos brilhos em sua volta em cor prateada. Seokjin estava indo encontrá-la depois do seu expediente na papelaria quando as avistou e não controlou o impulso de comprar o par.

Não tinha planos de entregar imediatamente, até porque não sabia se teria enfim intrepidez para assumir uma relação com a alfa. Mas foi como bem dito, mesmo tendo medo dos pais e o que fariam consigo, ele não podia viver a sombra daquilo eternamente. Por isso estava apenas tentando ser feliz e fazer as coisas como achava que devia ser feitad, isso incluía enfim dar nome ao que estava tendo com alguém que gostava tanto.

- Seokjin, isso é sério mesmo?

- Sim, você quer?

- Pelos deuses, é lógico que eu quero. – ela não ligou muito se os dois ficariam amassados e que não tinham muito tempo, Chaewon apenas se jogou por cima dele o derrubando contra a cama, cobrindo o rosto dele inteiro com beijinhos e mais beijinhos enquanto Seokjin só conseguia rir feliz. – Agora é oficial, meu docinho me pediu em namoro! Sim!

- Parece mesmo que você gostou, não é?

- Sim! Sim! Sim! – gritou descontrolada.

Eles perderam um pouco a noção do tempo na hora de trocar as alianças de namoro e comemorarem com um beijo longo e suave. Depois, Bae fez questão de exibir para a família inteira – principalmente para sua mãe implicante – comemorando com todos, porque os Bae simplesmente amavam a filha e agora já amavam Seokjin também por ele ser tão bom e tão fácil de amar, então estavam felizes pelo jovem casal.

Quando saíram de casa estavam terrivelmente atrasados, mas felizes o suficiente para não se importar com nada. Quando o Kim chegou ao trabalho, ele tinha um sorriso tão grande e contente no rosto que nem mesmo o mal humor do pai foi capaz de mudar isso.

***

- Você tem alguma coisa importante pra fazer agora ou precisa voltar direto para casa? – foi a primeira coisa que Yoongi perguntou ao entrar no carro com Taehyung no final das aulas daquela segunda-feira, ele parecia bem melhor do que estava no dia anterior, seu humor em si tinha perdido quase que 100% o ar abatido e ele conseguiu levar as coisas com leveza durante toda manhã, para a alegria de Taehyung.

- Não, por quê?

- Você pode me levar em um lugar? – ele foi bastante vago na pergunta e nem fez grandes esforços para olhar na direção do alfa, estava um pouco envergonhado de pedir aquilo e se fosse completamente honesto, não tinha tanta certeza se era isso que desejava fazer, mas ele sabia que precisava e ninguém melhor do que Kim Taehyung para estar ao seu lado. – Preciso passar em casa pra pegar uma coisa e depois ir nesse lugar.

- Não me importo de te levar, só me dizer o lugar certinho.

- Obrigado.

Os dois seguiram em silencioso até a casa dos Min, Yoongi parecia nervoso e aflito, o que deixava Taehyung nervoso e aflito também, mas o alfa apenas preferiu lhe dar um pouco de espaço. Quando chegaram, o Kim aceitou o convite para entrar e esperar por Yoongi dentro da casa, até lhe foi oferecido algo para comer, mas ele não estava com fome nem nada, então apenas negou.

No seu quarto, Yoongi deixou sua mochila e recolheu o saco preto que tinha deixado separado desde a noite anterior. Estava na hora de se livrar de algumas coisas e ele sabia que se não fizesse naquele dia, acabaria não tendo mais coragem e ele não podia mais adiar. Precisava mandar aquilo embora da mesma forma que o dono dela se foi: de uma única vez.

Em todo caso, o destino deles não era lá muito longe. Claro que ficava fora da rota de ambos os jovens, mas não era nada muito absurdo e eles logo chegaram. Tudo parecia bem tranquilo e calmo, poucas pessoas entrando e saindo, seguindo com a normalidade de um início de tarde em plena segunda-feira.

- É aqui mesmo?

- Sim. – Yoongi respondeu dando uma olhada na frente do lugar. Não havia mudado absolutamente nada desde a última vez que esteve ali.

- Ômega, o que está aprontando?

- Não vou demorar, alfa, 10 minutos eu estou de volta. – falou já abrindo a porta e pulando para fora do carro.

Yoongi tinha pensando muito, muito mesmo, se deveria fazer aquilo. Por um lado pensou em apenas deixar para lá, ignorar como as pessoas sempre diziam que pessoas maduras faziam. Deixar para lá, não dá ao outro um gelo e fingir que não se importava. Apenas esquecer, entende? Não valia seu tempo e estado de espírito. Mas por outro lado, ele achava tão, tão injusto apenas ignorar.

Não achava que vingança valia de alguma coisa e nem tinha aptidão para isso, e nem de longe achava que aquilo podia ser considerado uma vingança, mas ele entendia o conceito da coisa toda e achava válido de certo ponto.

Era como aquele dito lá “só bate quem aguenta apanhar”. Ficava muito fácil você fazer todo tipo de merda e as pessoas apenas ignorarem com aquele falso senso de maturidade. Não. Ser maduro queria dizer passar por cima do que sentia só para fazer média para as pessoas? Não achava que devia arrumar confusão como tinha tanta gente acreditando ser, mas tinha mesmo só que reprimir suas dores? Ele não achava que isso fosse algo muito maduro.

Certo, ele sabia que havia pessoas que era tão insignificantes que nem mesmo mereciam ser respondidas. Yoongi sabia e apoiava. “Aos idiotas o meu silêncio”, certo? Mas não era com todos os idiotas que se encaixa tal filosofia e se Yoongi não colocasse tudo para fora, ele acabaria sufocado. Por isso estava ali, por isso tomou tamanha iniciativa.

Provavelmente nunca se arrependeria e lhe faria muito, muito bem.

- Oi, boa tarde, eu queria saber se Min Yoseob está por aqui? – perguntou assim que atravessou a porta da frente, recebendo um olhar simpático da beta sentada na recepção. Yoseob era administrador de uma empresa de prestação de serviço e costumava trabalhar em um pequeno escritório em um lado mais ao centro da cidade. Era uma viagem de 30 minutos da casa de Yoongi e ficava em uma direção contrária a onde Naeun trabalhava, por isso o ômega não teve receio de se encontrar com a mãe.

- Está sim, ele acabou chegar do almoço, quer falar com ele? – o beta era funcionário novo, pelo que Yoongi deduziu, porque não trabalhava muita gente naquele prédio e ele conhecia quase todos quando ainda morava com o pai. Se não estava enganado, a antiga recepcionista era a ômega atual do alfa e ele ter um beta agora no cargo, mostrava muito como ela confiava no marido.

- Quero, por favor.

- Pode vim.

Ele acompanhou Yoongi até junto a porta da sala que o Min trabalhava, dando duas batidinhas contra a porta antes de abrir e colocar a cabeça para dentro. Falou algo com o chefe, de que alguém queria vê-lo, e o mais novo ouviu o pai falando desleixadamente para que apenas deixasse a pessoa entrar.

- Pode ir, doce. – falou sorridente, segurando a porta para que o ômega entrasse e Yoongi foi, com um sorriso pequeno no rosto.

- Obrigado. 

Yoseob estava atolado de trabalho naquela segunda-feira. Tinha tirado todo o final de semana para curtir com a família e só se divertir com os filhos, então deixou tudo atrasado, o que não era nada fácil, mas não se arrependia.

Havia acabado de chegar do almoço, aonde engoliu apenas um sanduíche que vendia na lanchonete da frente e mais nada, apenas pra não ficar com fome mesmo porque detestava aquele tipo de lanche. Tinha milhares de papéis para ler e coisas para assinar, um total tormento. Mas sempre tinha tempo para receber alguém.

Quando o beta saiu e ninguém falou nada, o alfa resolveu erguer a cabeça, dando de cara com ninguém menos do que Min Yoongi. Ele era a última pessoa que esperava ver naquela manhã e só pela cara de choque desenhada em seu rosto, ficou bastante evidente, parecia está diante uma assombração tamanho seu espanto.

- Yoongi...

- Oh, então você sabe meu nome e ainda me reconhece. – ele não queria ter soado tal sarcástico quanto naquele momento, mas sinceramente não era como se ele pudesse controlar muito. Olhar para aquele alfa fazia seu estômago embrulhar e só pela cara de desgosto desenhada em cada um dos seus traços, dava para se der uma ideia do que sentia. – Isso é interessante.

- O que faz aqui?

- Só vim te trazer umas coisas que esqueceu. – sem rodeios, ou sem se preocupar se a mesa estava lotada de coisas, Yoongi jogou o saco preto que carregava sobre o móvel, fazendo um som alto soar pelo pequeno espaço que era a sala. – Eu vim guardando isso no último ano, mas acho que está mais do que na hora de me livrar.

Quando o alfa foi embora de casa, ele juntou todos os seus pertences em caixas e colocou em um caminhão de mudanças, sem hesitação alguma fez quando fazer. Mas Yoongi tinha guardado alguns pequenos pertences dele porque sentia saudades do pai – ele era um canalha, mas ainda era o seu pai com quem passou anos junto – e no seu pequeno surto de tristeza no dia anterior ele só jogou tudo dentro do saco e agora estava devolvendo ao alfa.

Tinha uma ou duas camisas sua, álbum com fotos deles e alguns presentes especiais do pai, como seu ursinho de pelúcia que ganhou no seu primeiro dia de vida. Uma camiseta brega aonde tinha escrito “sou o bebê do papai” que o alfa tinha lhe dado aos 12 anos – porque segundo ele seu filho ômega estava crescendo rápido demais e era ainda seu bebê – que virou uma piada interna para eles. Seu colar de 15 anos e um punhado de outras besteiras estúpidas que Yoongi junto esses anos inteiro como lembrança do pai.

Agora elas não valiam mais de nada para si, da mesma forma que ele própria não servia ao pai. Então estava o dando de volta.

Yoseob, queria dizer que não, mas sentiu cada parte do seu corpo tremelicar em uma sensação horrível percorrendo seu corpo ao abrir o saco e dar de cara com tudo aquilo.

- Eu deveria ter jogado tudo no lixo há muito tempo, mas não fiz porque eu sentia a sua falta e era como se isso fizesse tudo ficar melhor, mas agora eu vejo que não vale a pena em nada, então... – no final ele apenas tentou dar de ombros, orgulhoso de si mesmo por ainda não ter caído em lágrimas ali. Ainda doía, ainda era bem ruim está diante o pai, mas havia um tipo de gratificação muito grande por trás de tudo isso, tão grande que o fez sorrir mesmo sem vontade alguma. – Eu só queria devolver o que é seu.

- Isso tudo é por sábado a noite? Por eu não der levantado da mesa e ido falar com você? – a voz dele saiu engasgada, ainda olhando para tudo aquilo em choque. Sua mente deu uma volta completa quando encontrou o colar com um pingente de coração, tinha comprado para ele aos 15 anos logo após seu primeiro cio como uma marca para uma nova fase da sua vida.

- Não, isso é tudo por todo um ano que você preferiu fingir que eu não existia e me abandonou. Sábado a noite só foi o acontecimento final para minha decisão. Assim como você fez, estou agora dando fim a tudo que ainda me liga a você e te esquecendo de vez.

- Não esqueci de você, Yoongi, eu só... – ele caiu de volta em sua cadeira passando as mãos pelo rosto na tentativa de afastar todas os pensamentos. Não esqueceu Yoongi, não como todos achavam, mas não tinha uma explicação boa o suficiente para dar a ele.

- Você só tem uma nova família agora que não me cabe, então preferiu apenas me dar as costas porque era mais fácil. Eu sei, não precisa explicar.

- Sua mãe deve ter falado muito no seu ouvido, não é?

- Não, ela sequer tocou no seu nome, ela estava ocupada demais tentando sobreviver a uma maldita marca que sugou todas as suas forças, porque seu alfa resolveu morder outra ômega e engana-la. – ele foi tão duro ao falar aquilo, que Yoseob não o reconheceu. Pra falar a verdade, Yoongi parecia bem diferente da última vez que falou com ele. Mais magro, mais pálido, mais bravo, mais maduro. Ele havia crescido muito nesse meio tempo. – Não restou tempo para isso, quando estavamos procurando um jeito de viver com um vínculo quebrado.

- Eu sei que pareço um monstro, e eu sinto muito por...

- Eu não quero as suas desculpas e tão pouco as suas explicações, alfa, eu só vim porque eu realmente precisava olhar pra você uma última vez antes de dar as costas a você e deixar que viva a sua vida. – de repente, sem aviso algum, os olhos de Yoongi se enxergam se lágrimas que subiram até linha d’água ameaçando sair. Mas ele lutou bravamente em silêncio contra elas, tomando uma grande quantidade de ar antes de continuar. – Você me machucou muito, você machucou a minha mãe e você construiu uma família nova e eu jamais vou ser capaz de perdoar você pelo modo como isso foi feito, porque a única coisa que você precisava ser era honesto, mas mesmo assim preferiu quebrar nossos corações. E durante todo esse ano eu senti a sua falta, de alguma forma eu alimentei a esperança de você um dia lembrar de mim e entrar em contato, mas o encontro na lanchonete me deixou claro que você nunca iria fazer isso porque eu deixei de ter importância pra você.

- Yoongi, não é assim, você não entende.

- Não, eu entendo muito bem, você nunca usou uma única palavra, mas suas atitudes dizem por você. Agora chegou a minha hora de só virar as costas e não ligar pra você, não vou atrapalhar sua nova família e você não tem espaço na minha. Nem na que eu e a mamãe bravamente construímos, bem a que futuramente irei construir se me casar. – ele não chorava, mas sua voz falhaca a cada frase, tremendo enquanto ele fungava na tentativa de controlar as lágrimas. Não iria chorar na frente dele, de forma alguma faria isso.  Mas não mesmo – E espero que você e essa ômega passem o resto da vida juntos e você não faça com seus novos filhos o que fez comigo, porque não é justo você fazer alguém te amar por toda uma vida e um dia você simplesmente achar que esse amor não te serve mais e o descartar.

Era isso. Ufa! Conseguiu falar tudo. Conseguiu colocar para fora tudo que estava trancado em seu peito. Sentia-se liberto, o coração até mais leve. Era como ter sido curado de uma doença amarga e agora sentir-se recuperado. Um peso saiu dos seus ombros, tão boa a sensação que ele não conseguiu segurar algumas lágrimas fujonas.

Estava orgulhoso por ter conseguido. Tanto que não esperou mais nada para sair dali, jogando um “adeus” no ar antes de dar as costas e ir embora.

Quando chegou no carro, ele chorava e sorria ao mesmo tempo deixando Taehyung para lá de preocupado, sem saber se aquilo era bom ou ruim. Sem saber como ele estava se sentindo.

- Sinto como se meu coração estivesse enfim se curando, alfa, como se ele tivesse voltado a bater como antes. – foi tudo que ele disse ao ser questionado, jogando-se no Kim para abraça-lo. Ainda triste, mas também feliz demais para ter outra reação.

***

Naeun não podia mentir ao ponto de dizer que Gu Hyesun não era atraente aos seus olhos. Ela era uma alfa muito bonita, com um sorriso charmoso e um corpo musculoso que parecia chamar bastante atenção. Seu cheiro também era particularmente atraente e ela tinha uma personalidade cativante – pelo pouco que a conhecia. Parecia ser uma pessoa muito boa e não era difícil encontrar traços comuns entre as duas.

Até então havia se mantido no limite com a alfa, não foi um ano fácil e ela não tinha mente para romance depois de tudo que lhe havia acontecido. Mas veja bem, Naeun não era nenhuma ômega boba e ela sabia quando estava recebendo olhares de admiração vinda de alguém, e havia algo no modo como Hyesun lhe olhava que fazia seu autoestima melhorar. Claro que a alfa jamais tentou forçar nada e respeitou todo o seu tempo, sim, fez e agradecia, mas não dava para negar que estava havendo alguma coisa ali e que Shin estava gostando da atenção.

Fazia bem para o seu ego sentir-se admirada e desejada por outro alfa. Quando foi traída e largada tão grosseiramente, suas estruturas ficaram abaladas e ela tinha constantemente a ideia de que foi culpa sua, que não era o suficiente em nada para manter seu alfa. Agora não pensava mais nisso, Yoseob era um mal caráter e ela não tinha motivos para se culpar. Então ter alguém lhe olhando com tanta estima como Gu vinha fazendo nas últimas semanas, sempre arrumando um jeito sútil de aproximar e falar alguma coisa – sempre com um elogio pronto lhe direcionar – fazia muito bem a ela.

Tanto que, no final do expediente daquela segunda-feira, mesmo cansada depois de um dia inteiro de trabalho e de ainda está preocupada com o filho pela forma como ele tinha se comportado no último dia, quando a alfa chegou perto da sua mesa e corajosamente sugeriu que jantassem juntas, Naeun apenas aceitou sem relutância alguma.

Não tinha grandes expectativas, estava vivendo a vida um dia por vez, então não lhe sobrava muito para grandes esperas.

Gu ficou um pouco chocada quando a ômega aceitou de primeira, feliz demais para esconder um sorriso largo no rosto.

Como cada uma estava de carro, seguiram em veículos separados em um restaurante indicado pela alfa, Naeun aproveitando o percurso para ligar ao filho e comunicá-lo que iria demorar para voltar. Se não falasse nada, Yoongi ia ficar para lá de preocupado.

- Você ficará bem, filhote? Qualquer coisa sabe que desisto aqui e vou direto para casa.

- Nem pensar, vá lá se divertir um pouco, irei tomar um banho, comer alguma coisa e ficar no quarto lendo, tenho prova amanhã e vou tentar revisar o conteúdo.

- Certo, pode trancar a porta da frente com a chave, eu estou com as minhas. De qualquer forma não demoro, chego no máximo as 22h.

- Se divirta, mamãe, amo você.

- Amo você mais, filhote, se cuide.

- Irei, se cuida também, tchau.

- Tchau.

Naeun pode notar que ele parecia com um humor melhor do que estava de manhã cedo, o que era muito bom para ser franco. Não conseguiu arrancar nada dele sobre o que poderia ter acontecido que lhe deixou tão abalado. Yoongi apenas deu de ombros e falou que era besteira, o que ela não acreditou, mas preferiu dar espaço para ele.

A ômega sentia que talvez esse fosse o problema com o filho, dela está dando tanto espaço para ele sem saber exatamente como ajudar. Mas pra ser bem honesto, não é como se ela soubesse fazer diferente. Sabia que o filho precisava de espaço e proporcionava isso a ele para que Yoongi não achasse que estava o sufocando. Os dois tinham uma relação de confiança exatamente por um saber respeitar os limites do outro. Então diante tais situações, ela só achava que precisava confiar nele assim como fazia sempre. O que lhe deixava aflita por todo o período que o filho se mantinha em silêncio, mas que vinha funcionando bem para eles fazia anos.

No entanto, naquela noite, se segurando no fato do filho parecer bem, ela decidiu só esquecer os problemas e preocupações e focar no que estava por vim. Faria daquele jantar um momento agradável para si e para sua companhia, então, quando ela desceu do carro em frente ao restaurante, ela sorriu abertamente quando viu Gu fazer o mesmo do outro lado do estacionamento.

- Vamos? – a alfa chamou se aproximando de Naeun, oferecendo um braço para ela. E a ômega aceitou, com a própria bolsa apoiada na dobra do braço livre. Pelos deuses, como ela agradecia o fato de ter vencido a preguiça de manhã e colocado uma boa roupa para o trabalho. – Ouvi falar que esse restaurante é muito bom, então nada melhor do que conhecê-lo ao lado de uma bela companhia.

- Digo o mesmo, alfa.

Elas não flertavam abertamente uma com a outra, era tudo muito discreto e singelo. Eram duas adultas que já tinham vivi aquilo outras vezes, então não havia motivo para alvoroço. Com calma tudo iria se resolver.

Na recepção, elas foram guiadas até uma mesa discreta no salão. Todo o clima do ambiente parecia bom e aconchegante, tocava uma música ambiente ao fundo e um dos garçom os levou até o lugar deles. Pediram apenas ma taça de vinho – porque estavam dirigindo e não podiam tomar mais do que aquilo – antes de fazem o pedido.

- Eu fiquei bastante surpresa quando você aceitou o convite, estou tentando ser sútil a muito tempo e não passar nenhum limite, então foi uma jogada de sorte essa.

- E eu agradeço imensamente por isso. Foi uma ano cheio de mudanças, então estou tentando me adaptar um pouco. – ela sorriu, para o desespero da alfa que sempre achou o sorriso dela lindo, tomando um gole do seu vinho. – Sair com alguém não estava em minhas prioridades.

- E o que mudou agora?

- Estou me dando uma chance, sendo menos dura comigo mesma. Enfim entendendo que certas culpas não são minhas e perdoando algumas pessoas. Quero ficar bem por mim e, principalmente, ficar bem pelo meu filho, ele já perdeu o pai e só temos um aí outro agora.

- Você é uma ótima mãe, ômega, dá pra ver isso apenas pela forma como você fala do seu filho, seus olhos brilham. – talvez Hyesun tivesse um pouco emocionada ao falar aquilo, porque veja bem, ela tinha dois filhos a quem amava mais do que tudo nessa vida. Mais do que a si mesmo, e ela era uma alfa bem apessoada que tinha tido alguns envolvimentos amorosos ao longo dos anos após o divórcio. E era sempre a mesma coisa, ninguém queria interessado em família e essas coisas, mas Naeun tinha um brilho só de falar do filho e isso era muito, muito encantador para ela.

- Ele é tudo que eu tenho, meu maior bem e meu tesouro. Você também tem filhos, não é?

- Dois, um ômega de 18 anos e uma alfa de 15. O seu tem por essa idade, não é?

- O Yoongi fez 17 esse ano. Ele é um bom ômega. Tímido, quieto e gentil, nunca me deu o menor trabalho, ele é o meu doce bebê.

A conversa das duas seguiu por aquela linha, sendo bobas ao falar dos filhos e isso acabava aproximando mais as duas. Ambas eram apaixonadas pelos seus filhos e passariam horas falando com orgulho deles. Também falaram sobre seus respectivos ex-casamentos, Gu ainda mantinha uma relação amigável com sua ex-ômega porque o fim da relação deles foi muito saudável, a mordida foi removida sem dor e seguiram criando os filhos.

A história de Naeun não foi nada parecido e ela, pela primeira vez, não teve vergonha alguma em contar o que tinha lhe acontecido. Era bom poder desabafar com alguém que não estivesse pensando pelos dois lados, a maioria dos seus colegas e amigos se afastaram após a separação porque ninguém sabia como agir adequadamente, não queria escolher um lado então acabaram de afastando. O ômega não tinha muita gente por si e ela preferia, estava sobrevivendo muito bem assim.

Elas pediram o jantar e a conversa seguiu leve no decorrer das horas, tudo tranquilo. Gu era uma alfa legal e Naeun sentia-se bem humorada ao seu lado. Foi um jantar para lá de divertido, a comida era ótima e o ambiente também.

Havia um pouco de flerte aqui e acolá, nada muito sério, mas também, deixando claro o quão a vontade ambas estavam. No final do jantar, por volta das 21h, Hyesun fez questão de pagar a conta – mesmo Naeun se oferecendo para pagar a metade, pelo menos - e as duas seguiram para o estacionamento para pegar o carro.

- Quer ir em outro lugar? – Naeun arriscou parada perto do carro da alfa, sorrindo só por sentir vontade de sorrir mesmo. – Faz tempo que não saio pra dançar, anos na verdade, e gostaria de ir hoje.

Naeun não era nenhuma dançarina profissional, mas ela sempre gostou de festas e dançar livremente. Em certo ponto do seu casamento, seu ex acabou a persuadindo a não continuar com aquilo, segundo ele ficava incomodado em como outros alfas a olhavam então era melhor parar. E ela parou, porque achava que esse era o jeito certo de conduzir seu casamento. Uma piada.

- Conheço um lugar ótimo para ir, você me segue?

- Claro.

Ela passou uma mensagem para o filho no meio do caminho, falando que estava tudo bem e que demoraria mais uma ou duas horas para voltar porque iria dançar um pouco. Yoongi a incentivou, dizendo quee estava feliz por ela se divertir um pouco.

O lugar em si não era tão grande, o que para ômega era perfeito. Detestava lugares muito cheio, então era perfeito.

Encontrou Hyesun na porta e as duas entraram ouvindo a música tocando em um volume agradável lá dentro. Não era um som ambiente, mas também não era alto o bastante pra precisar gritar ao conversar. Naeun já se empolgando com o som, se balançando até a mesa. Gu estava estupidamente feliz com a noite e a companhia. Não forçaria nada, lógico, não era esse tipo de alfa, mas ficava bem com a ideia de se aproximar da ômega e pelo menos ser amigas. Gostava de verdade de Naeun, talvez gostasse demais dela, e queria fazer as coisas certas.

- Aqui é legal. – ela falou sorrindo brilhantemente, acertando bem no estômago da alfa. Parecia uma adolescente outra vez lidando com uma paixão da escola, era quase estúpido. – Como conheceu?

- Fica na rota para casa, uma dia estava precisando esfriar a cabeça do trabalho e parei aqui pra uma cerveja. E bem legal mesmo.

- Vamos dançar? – chamou estendendo a mão na direção da alfa, uma mecha dos seus cabelos escuros caindo pelo seu ombro enquanto sorria. Tão bonita que nem parecia verdade.

- Eu não sou boa em dançar.

- Bem, eu não vou te criticar.

Hyesun não tinha uma boa resposta para dá. Não era o tipo de alfa que dançava, passava longe disso, mas veja só, ela era uma alfa amante de ômegas bonitos e na sua frente estava uma ômega linda e charmosa lhe chamando para dançar, foda-se se tinha dois pés esquerdo, faria sem pensar muito.

Ignorando a mão estendido em sua direção, ela passou um braço contra a cintura dela puxando-a para o meio da pista. Elas não sabiam a letra da música e não entendia a dança, mas dançaram seguindo a batida e só deixando-se levar. Naeun precisava daquilo, de se sentir livre e em paz, só extravasar e esquecer de qualquer problema e preocupação. Não tinha nada em mente, apenas a música e seu corpo dando tudo de si.

Não sabia quanto tempo ficou dançando, mas parecia ser bastante quando começou a sentir seus pés doerem e seus cabelos úmidos na nuca, sua garganta estava um pouco seca também e ela precisava parar um instante.

- Vou pegar uma água. – ela meio que gritou para Gu, tão feliz que seu rosto todo parecia ter se iluminado. – Vai querer também?

- Vou ao banheiro, encontro você no balcão.

- Certo.

Ela precisou afastar alguns corpos do meio do caminho até chegar ao balcão de pedido, sorrindo quando pediu ao atendente uma garrafa de água mineral sem gás. Estava mesmo suada, mas isso não estava lhe atrapalhando em nada, os dedos batucando contra a madeira enquanto esperava seu pedido. Pelo canto dos outros, viu um movimento ao seu lado, mas sequer se mexeu, fingindo não notar.

- Alfa nova?

Naeun sentiu seu corpo ficar tenso apenas ao ouvir aquela voz, seus músculos estremeceram e ela sentiu-se subtamente em pânico. Deveria ter percebido pelo cheiro, em outra época teria feito, mas a marca não estava mais tão forte quanto antes, por isso não pode sentir em antecedência. Seu estômago se revirou, suas mãos tremeram um pouco e ela juntou todas as forças possíveis para se virar e olhar na direção do ex-marido.

Não o via fazia meses, desde o dia que assinou os papéis do divórcio e ele estava horrível. Não só pela expressão abatida no rosto dele, mas o conjunto em si, Min Yoseob estava horrível. Feio mesmo. De um jeito que ela não imaginou que ele estaria aos 43 anos. Parecia mais com o pai do que nunca, usando camisa de botões e os cabelos penteados para trás. Céus, podia parecer até um pouco imaturo da sua parte, mas se sentiu bem ao olha-lo daquela forma e olhar para si, em uma versão ainda melhor sua, e ver que estava por cima.

- Talvez. – ela deu de ombros voltando a sua atenção para frente mais uma vez. O atendente estava demorando em trazer sua água, atendendo um grupo de pessoas na outra extremidade do balcão.

- Você parece bem, está bonita.

- Obrigada. – ela quis fazer um comentário mal criado dizendo que sempre foi bonita, mas ele fechou os olhos para si em algum momento e não conseguiu mais enxerga-la. Porém não fez, tentando só ignora-lo.

Yoseob estava se perguntando como sua vida havia se tornado tão cheia de momentos aleatórios em um único dia. Como podia encontrar Yoongi e Naeun no mesmo dia, depois de tanto meses fora do rastro? Era quase um absurdo de pensar.

Tinha ido só tomar uma ou duas cerveja, estava exausto do trabalho e o breve momento com o filho não lhe ajudou muito, então só queria desopilar um pouco. Estava no balcão com sua primeira cerveja quando viu a ex-esposa entrando com uma alfa. Assistiu de longe a interação, o modo como as duas se tratavam e o claro interesse da alfa por Naeun.

Fazia bastante tempo que não via a ômega e ela estava ainda mais bonita do que lembrava.

- O Yoongi... – recuou fazendo um barulho alto com a garganta antes de continuar falando. Aquele encontro tinha queimado em sua mente durante toda a tarde e não conseguia esquecer o olhar que o filho lhe deu antes de dar as costas e partir. Ele parecia tão triste e tão decepcionado, que o alfa não teve muito o que fazer. – Ele falou alguma coisa com você?

- Sobre o que? – questionou confusa, o meio das sobrancelhas franzidas quando se virava para olha-lo.

- Vi ele sábado a noite em uma lanchonete com um alfa, é namorado dele?

Bastou aquela simples frase para que algo no cérebro de Naeun estralasse e era como se ela tivesse enfim enxergando depois de período de cegueira. Era aquilo, só podia ser aquilo o motivo por seu filho está agindo tão deprimido desde que voltou da festa. Ela não pensou a princípio porque achou que seria algo avulso de se comentar, mas ela deveria ter suspeitado que devia ter haver com Yoseob para Yoongi estar daquela forma.

- Você falou com ele?

- Não, eu só... Estava comendo um lanche com a minha família e o avistei.

- Hm, entendo. – ela fez um gesto desinteressado para ele, sentindo raiva de como ele colocou as coisas, mas não se dando muito ao trabalho de fazer. Estava surpresa em como seu lobo parecia tão calmo e tranquilo dentro de si, até então tinha ficado receosa de algum dia voltar a vê-lo e sua marca agir de um modo estranho. Mas não estava. Yoseob parecia só mais um alfa qualquer, e de certa forma ele era exatamente isso. Querendo sair dali, ela fez um gesto com a mão para o atende tentando faze-lo adiantar sua água, mas ele só fez um gesto que dizia “só um instante”. – Droga.

- Ele me odeia. – ela falou baixinho, chamando a atenção da ômega para si mais uma vez. Deu mais um gole na sua caneca com cerveja antes de olha-la com uma expressão de confusão em sua direção – O Yoongi, ele me odeia.

- Bem, levando em conta que você não quer saber dele faz um ano e quebrou um vínculo forte com ele, não o julgue por isso. Mas o meu filho é bom demais para odiar alguém. – Yoseob percebeu como ela enfatizou bem o “meu” como se dissesse que ele não tinha mais nada ali e que Yoongi não lhe pertencia mais. Era filho dela, só dela, e a culpa da ômega agir de tal modo era só dele, o alfa sabia disso.

- E você, também deve me odiar.

- Não mais, Yoseob. – pela primeira vez ela enfim virou-se para ele, os braços cruzados sob os seios e uma expressão irritada no rosto. Ela só queria pegar uma garrafa de água e não ter que lavar algumas roupas sujas com o ex marido em um bar aleatório, de uma forma aleatória, bem no meio do seu encontro. Céus, como as coisas desandaram tão rápido? – Minhas questões com você não foram 100% resolvidas, ainda há raiva e recebimento, decepção, e são coisas que vou resolver sozinha. Mas ódio, não tenho, talvez nunca tenha tido.

- Eu sinto muito pela forma como as coisa foram. – discretamente, ou não tão discreto assim, ele olhou para o pescoço dela procurando a marca. Estava bem pequena, quase toda cicatrizada e facilmente daria para esconder com um pouco mais de cuidado. De longe nem dava para dizer que ela já tinha sido marcada. – Tudo saiu do meu controle na época, me apaixonei e me deixei levar mesmo que...

- Tudo bem, chega, não quero saber disso!

- Naeun, eu só não quero que me odeie, estou feliz com a minha nova família, com a minha nova ômega e quero resolver as coisas, deixar qualquer recentemente no passado.

- Não temos mais nada para resolver, alfa, e que bom que você está feliz com ela. Espero que você saiba que ela é a única no final da noite e que você esteja se sentindo livre. Espero que esteja te fazendo feliz e te apoie em todos os seus planos, que ela seja única pra você e que sua família te apoio. Que você der uma vida boa para ela e que possa um dia se casar oficialmente, afinal vocês estão marcados e merecem. Espero que ela seja tudo que você precisa e que você a ame desesperadamente. – Naeun forçou seu melhor sorriso ao falar aquilo, dando dois tapinhas no ombro dele, parecia tão cordial que ele acabou por sorrir também quase emocionado. O atendente enfim trouxe a água dela e a ômega sorriu em agradecimento antes de se virar para o ex mais uma vez. – E então espero que ela te traia e machuque seu coração tão profundamente que você sinta que a sua alma está doente, assim como você fez comigo.

- Ômega...

- Da próxima vez que você me ver em algum lugar, por favor, finja que não me viu e não se aproxime de mim ou do meu filho. Passar bem, alfa.

Sem mais uma palavra, até porque ela já tinha dito o suficiente, Naeun voltou para a companhia de Gu Hyesun que a esperava para voltar a dançar. E elas se divertiram muito por quase uma hora seguida, a ômega esquecendo completamente da presença de Yoseob ali.

No final da noite, por volta das 23h, quando elas enfim decidiram ir embora, indo contra tudo que achou, quando a alfa lhe puxou para perto e lhe pediu um beijo de despedida, Naeun a beijou com toda a vontade que havia em si. Estava livre e não existia sensação mais incrível que essa, a de se ver liberta de algo que lhe machucou por tanto tempo.

Assim como Yoongi, Naeun tinha virado a página e ela mal podia esperar pelas coisas que estavam por vim.


Notas Finais


Música do capítulo: https://youtu.be/xEeFrLSkMm8
(ENFIM CONSEGUI USAR A RAINHA DOS CHATS)

Eu sei que bem todo mundo gosta de capítulos grandes e eu sinto muito por ter isso, mas não deu pra diminuir.
Ficou como eu queria 100%? Não, não ficou, mas eu adorei do mesmo jeito. Acho que esse foi o passo mais importante que Yoongi e Naeun deram em duas vidas, deixar o Yoseob no passado e esquece-lo. Agora eles podem viver suas vidas sem esse martírio. Eles mereciam isso mais do que tudo e estão cada vez mais perto de de livrarem dessas dores.
Eu chorei escrevendo a primeira cena inteira e chorei quando fui revisar. Slá.


Ps: música que serviu de inspiração para a cena da Naeun com o Yoseob: https://youtu.be/qcCH6JpcK5w
Eu não sei foco no encontro dela com Hyesun porque se não ia ter 15 mil palavras aqui. Mas acho que ficou bom.

Até a próxima semana.


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