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História Invisible - TAEGI - I could make it better, I could hold you tighter


Escrita por: JhamilleBelmino

Capítulo 6 - I could make it better, I could hold you tighter


Fanfic / Fanfiction Invisible - TAEGI - I could make it better, I could hold you tighter

BTS – Make It Right 

“Eu poderia melhorar as coisas, eu poderia te segurar mais forte” 

(I could make it better, I could hold you tighter) 

 

 

Taehyung observou de longe quando Yoongi entrou na escola. Ele parecia cansado mesmo sendo apenas 7h30 da manhã. O jeans folgado em suas coxas e a camisa larga dava a ele uma visão fofa, usando um gorro que cobria seus cabelos e os olhinhos cansados de quem não tinha dormido muito, a mochila grande presa nas costas e enquanto andava de cabeça baixa com fones de ouvido.  

O alfa conversou com seu pai sobre ter conseguido o número do ômega e Dar-hu parecia tão animado quanto o filho, o incentivando a mandar uma mensagem ou liga-lo, e o Kim passou o dia inteiro com isso em mente. Passou a tarde com o celular em mãos escrevendo e apagando mensagens nunca enviadas para Min Yoongi, querendo puxar assunto e ao mesmo tempo com receio de fazer algo de errado. Taehyung já tinha entendido que precisava ir com calma em direção ao ômega e a última coisa que queria era assusta-lo dando um passo apressado demais.  

Quando enfim venceu o nervosismo e mandou uma mensagem, achou que iria explodir tamanha ansiedade antes mesmo de vim uma resposta. E os anjos estavam de prova que ele passou horas sem conseguir pregar os olhos depois da rápida chamada. Foi um pouco estranha, tinha que admitir, e não foi nada como ele imaginou que seria. Mas também não foi ruim. Para quem nunca sequer havia trocado mais do que um irrelevante “oi” com Yoongi, poder ligar para ele e trocar meia dúzia de palavras parecia uma vitória que ele faria questão de comemorar.  

Depois da ligação, falou ao pai o que tinha acontecido, e o ômega assistiu de perto a animação do filho. Quando se casou, Dar-hu não sabia se poderia algum dia engravidar e quando Taehyung chegou em sua vida, e da esposa, foi uma festa. Foi um bebê muito amado e esperado. Sempre foi muito amado e sempre o amaria, era o seu filho e era muito especial. O Kim era um bom alfa e seu pai estava orgulhoso de quem ele vinha se tornando. Vê-lo falando tão encantado sobre uma paixão, deixava o coração do ômega acalentado porque todo pai queria ver seu filho feliz e apaixonado.  

Ainda mais que, pela foto que viu, Min Yoongi parecia ser um ômega muito bonito. Não tinha nada que o ômega mais velho pudesse ter contra o encanto do filho. E Taehyung agradecia por tê-lo ao seu lado, os dois eram muito próximos e era muito, muito bom ter alguém como ele com quem pudesse se abrir.  

E naquela manhã, enquanto observava o Min de longe, ele resolveu seguir mais um conselho do pai em dar um pouco de espaço para outro. Em se mover lentamente ao redor dele. Precisava conhecer o Yoongi, entendê-lo, ver aonde podia ir e qual momento de parar, não podia e não iria fazer nada para machuca-lo.  

Assim, Taehyung apenas ficou de longe observando até o menor sumir dentro da escola e ele se virar para a conversar dos seus amigos.  

- Você vai continuar só olhando? - Seojoon perguntou dando um tapinha no amigo ao que Taehyung o olhava. Só estava ele e Saeron junto do Kim, e por mais que ele não tivesse maiores intimidades com a beta, sabia que podia falar qualquer coisa que a garota jamais sairia por aí espalhando.  

- E o que você quer que eu faça? 

- Qualquer coisa menos fica parado olhando de longe como se fosse um maluco.  

- Não é isso, eu meio que...  - chacoalhando a cabeça de um lado para o outro, ele estralou o pescoço usando os dedos para bagunçar um pouco os cabelos lisos – Consegui o número dele.  

- Mentira. - Saeron falou curiosamente olhando para o alfa, ela era tranquila, mas não podia negar que aquilo era um assunto que lhe despertava certa curiosidade – Como você fez isso?  

- Pedi a ele.  

- Como você foi de nunca ter falado com o ômega, pra ter o número dele?  

- Na festa, sexta, eu encontrei ele sozinho e me aproximei, só que houve um mal entendido então não foi uma situação lá muito amistosa, ontem eu pedi desculpas e na hora da saída pedi o número dele. Não me pergunte como tive coragem, eu só fiz e contei com a sorte.  

- E você mandou pelo menos uma mensagem para ele?  

- Sim, mandei mensagem e liguei também. Foi um pouco estranho, porque nunca tínhamos feito isso, mas estou confiante.  

- Acho que só o fato de você tentar, alfa, já te dar pontos sobre isso. - Saeron falou, séria, não era muito de sorrir também, era o jeitinho dela e de alguma forma todos os seus amigos já tinham se habituado a isso. - Pensei que você passaria esse tempo todo choramingando sem fazer absolutamente nada.  

- Eu não fico choramingando. - defendeu-se olhando quase indignado a amiga enquanto a beta apenas o olhava sem expressão alguma no rosto.  

- O pior que você fica, sim, choramingando. - Seojoon afirmou para desespero do alfa.  

- Será que mais alguém percebeu?  

- Percebeu, o quê? - Hyung-sik questionou se aproximando do grupo, seus cabelos estavam bagunçados e a mochila apoiada em um só ombro. E a aproximação dele foi o suficiente para que os outros três se calassem imediatamente, porque ele sim, iria espalhar aquele assunto caso tivesse a oportunidade e aí tudo seria uma completa confusão.  

- Que eu vim com a camisa manchada ontem pra aula. - Taehyung disse depois de compartilhar um olhar quase assustado para os outros amigos, todos eles entendo o motivo dele fugir drasticamente do assunto.  

- Putz, cara, sério? Eu nem percebi. - Hyung-sik disse, inocente.  

Taehyung achava que ele era um cara legal, de verdade, não era como se de fato pudesse se preocupar com o alfa. Mas também não queria ter que dividir suas coisas com o rapaz porque sabia que ele não guardaria segredo sobre ninguém, e sinceramente, não era como o Kim quisesse que seus sentimentos fossem expostos quando nem mesmo o destinatário dele sabia.  

Era popular, mas não um livro aberto e sequer dava o direito de ficarem falando sobre a sua vida.  

Os quatro então ficaram ali conversando coisas sem sentido até Go Ara chegar e se agarrar com Seojoon, e isso ser o suficiente para espantar todos os outros, porque, sinceramente, o casal podia ser a maior melação para o desespero dos demais. Taehyung não conseguiu mais encontrar Yoongi pelos corredores da escola, encontrou Jimin e Jungkook, mas não encontrou o outro ômega e isso foi o suficiente para fazê-lo ir para a sala de aula antes mesmo do sinal tocar.  

***  

Yoongi estava sentado em seu lugar ouvindo música pelos seus fones do ouvido, agradecendo por não ter esbarrado em Kim Taehyung porque estava morrendo de vergonha depois do vexame da noite anterior. Ele ficava com a cara vermelha só de lembrar de tal evento trágico.  

Estava cansado porque não dormiu direito. Como sua mãe não saiu da cama durante todo o dia, ele decidiu por dormir com ela, até para estar mais perto caso ela precisasse. Mas então, por volta de umas 2h da manhã, Naeun acordou com a marca sangrando – porque isso também acontecia quando uma marca começa a cicatrizar – e isso a fez chorar por mais duas horas seguidas, Yoongi não sabia se de dor ou de tristeza. E ele só conseguiu dormir bem quando já era quase 6h da manhã e seu despertador tocou às 6h30, estava esgotado.  

Queria ter ficado em casa, e ele ficaria, mas tinha trabalho de literatura para entregar e não podia ignorar isso. Ou iria, ou iria. Então estava ali tentando se manter firme o suficiente para focar na aula mesmo que sentisse esgotado.  

Tentaria ligar para a mãe na hora do intervalo, mas achava muito, muito difícil de conseguir. Ela ficou dormindo e ele até deixou o café da manhã dela pronto, mas sua mãe sequer respondeu quando avisou que estava saindo de casa.  

Estava tão cansado e sonolento que nem mesmo percebeu Jeon Jungkook chegando ao lugar vago ao seu lado. Ele tinha aula de história agora com o ômega e nem mesmo lembrava.  

- Gi, você está bem? 

- Hm?  

- Você está com a maior cara de sono, não dormiu direito?  

- A mamãe não teve uma boa noite de sono e eu precisei ficar com ela. -  resmungou piscando lentamente, os olhinhos inchados de puro sono. Estava tão cansado que nem mesmo conseguia entender o que estava tocando no fone de ouvido. Não sabia como aguentaria todo aquele dia sem desmaiar de sono, ainda mais que ele normalmente já era muito dorminhoco. - Eu vou ficar bem.  

- Você deveria ter ficado em casa, Gi, sinceramente, conseguiu dormir alguma coisa nessa noite?  

- Uma ou duas horas. 

- Gi... - antes de Jeon falar mais alguma coisa, a professora entrou na sala atraindo a atenção para ela, mandando que todos fossem para seus lugares e se concentrarem porque a aula iria começar.  

Jungkook não prestou muita atenção no que estava acontecendo porque ele estava preocupado com Yoongi, ele sabia muito bem como andava difícil as coisas na casa dele e se preocupara porque era mais do que natural, Min era seu amigo e não queria vê-lo mal.  

E o Min se esforçou, de verdade, para prestar atenção nos conteúdos e não ficar cochilando. Mas foi bem complicado com sua mente tão letárgica e o primeiro tempo foi praticamente todo perdido, entre bocejo, cochilos relâmpagos e uma lentidão realmente preocupante. Jungkook ficou ali, o olhando de longe, preocupado sem saber o que podia fazer para ajudar o melhor amigo.  

Quando se despediram no final da aula, Yoongi já parecia um pouco melhor uma vez que seu sono havia ido embora em boa parte e isso deixou seu melhor amigo menos aflito, mas só um pouco mesmo. Porque quando Jimin encontrou com Jungkook na próxima classe, o Park foi rápido em ver a expressão no rosto do amigo e tardou menos ainda em tentar ajudar.  

Aquilo era um ponto positivo na amizade que Jungkook, Yoongi, Jimin e Seokjin haviam estabelecido, que não importava o que, ou porquê, mas um sempre estaria ali pelo outro. Porque eles se gostavam de verdade, consequentemente se preocupavam e queriam ajudar. E todos os três sabiam que o Min não estava no melhor momento em sua família, principalmente Park e Jeon.  

No mundo em que eles viviam, o cheiro era uma característica muito importante na formação de um vínculo. Casais se formavam primeiro porque se sentiam atraído pelo cheio um do outro e depois pela personalidade. Mães e pais estabeleciam o primeiro contanto com seus filhotes através do cheio e assim as coisas eram seguidas naquela sociedade.  

Quando Min Yoseob foi embora de casa e marcou outra ômega, ele quebrou o vínculo não só da marca com a esposa, mas também do vínculo que tinha pelo cheiro com os dois ômegas em casa. Naeun sofria porque uma marca para cicatrizar era terrivelmente dolorosa, queimava, ardia e até sangrava. Fora a parte emocional que era muito ruim. Mas também sofria pela falta do cheio do alfa tão acostumada de ter e Yoongi acabava sofrendo por tabela, porque ele também era ômega e ele também teve aquele vínculo quebrado.  

Claro que tudo era em menor intensidade do que em sua mãe. Porém ainda assim, era difícil.  

Jimin e Jungkook, como ômegas, sabiam disso, sabiam como esse tipo de quebra inesperada podia enfraquecer e adoecer um ômega, e isso os preocupava além da conta. Ainda mais sabendo que Yoongi precisava lidar com a mãe em um quadro inquietante de depressão.  

O conjunto de tudo fazia com que eles estremecessem de medo e não era para menos. Tinham receio de que as coisas ficassem muito pesadas para que o amigo sustentassem e ele sabiam que o Min nunca pediria ajuda.  

- O que você tem? - foi a primeira coisa que Jimin perguntou ao amigo assim que Jeon tomou um assento ao seu lado. Tinha chegado atrasado então entrou direto na segunda aula e aproveitou para guardar o lugar para o amigo perto do ar condicionado aonde não era nem tão frio e nem tão quente.  

- Estou preocupado, Minie, com o Gi. Ele praticamente dormiu a aula inteira, disse que a tia teve uma noite ruim e que precisou ficar com ela, dormiu duas horas a madrugada toda... Tenho medo dele não aguentar, sabe? De ser muito pra ele e o Gi ficar doente, sabe como é difícil essas coisas.  

- Eu sei, Gguk, mas o que será que a gente faz? Jin-hyung falou que se ofereceu para aromatizar ele, pra conforta-lo, mas o Gi não quis. - nervoso com o que acabou de ouvir, Jimin mordeu o lábio inferior estralando os dedos da mão. - Também falou que a tia está muito magra e o Gi meio que deixou soltar um dia desses que ela passa o dia inteiro deitada, não sai pra nada do quarto.  

- A gente bem que podia inventar algo pra fazer com ele, não é? Comprar uns lanches e fazer aquelas tardes que a gente sempre faz. Ele não gosta de festas e essas coisas, mas ele adora filme e lanchinhos, então acho que ele toparia.  

- Sim, e se for tudo bem, a gente pode fazer até na casa dele, porque acho que o Gi está com receio de sair de casa e deixar a tia sozinha. Querendo ou não, ela é a única família de sangue que ele tem, o pai não quer nem saber dele.  

- Aquele alfa escroto, em pensar que a gente achava ele legal. - Jeon resmungou fazendo uma careta ao falar aquilo. Como conhecia Yoongi desde o ensino fundamental, não foi difícil conhecer os pais dele também, então acabou que cresceu todo mundo junto. Yoseob sempre foi muito legal e respeitoso com eles, era carinhoso com o filho e amável com a esposa. Agora tudo não passava de um borrão e se para eles era indignante esse tipo de coisa, ficavam imaginando como seria complicado para Yoongi e a mãe lidar com tal realidade. - Se um dia eu o ver na rua, ou aplicar um Ap tchagui só pra me vingar dele pelo Gi.  

- Um o quê?  

- É um golpe de Taekwondo. - deu de ombros como se fosse a coisa mais simples e normal do mundo.  

- Não é proibido você ficar atacando as pessoas na rua só porque você é faixa preta em uma arte marcial? 

- Sim, mas se você não contar, eu não vou também.  

- Você é muito engraçado, ômega. E quanto a sua ideia da tarde com o Gi, vamos falar com o Jin-hyung e combinar para um dia que ele possa, pra ficarmos todos juntos.  

*** 

- Está tentando algo novo? Nunca te vi fazendo uma pintura de retrato. - a professora alegou parando ao lado do alfa enquanto ambos observavam a tela ainda pouco pintada, apenas com um leve esboço.  

- Não sei se vai dar certo, professora, mas estou me esforçando para fazer algo diferente. 

- Esse é um rosto de alguém que você conhece?  

- Sim, um ômega que eu gosto muito. - assumiu dando de ombros, levemente envergonhado em ter que falar aquilo com alguém que não fosse seus amigos ou o seu pai. Nem com a mãe ele tinha essa desenvoltura para falar sobre seus sentimentos. - Teria como eu levar a tela para casa e trabalhar com ela lá? Quero fazer dela meu trabalho final e quero me dedicar melhor.  

- Claro, fique a vontade. Eu gosto muito dos traços, Taehyung-ah, use os pincéis mais suaves para fazer o acabamento e qualquer coisa, você me pergunta.  

- Obrigado, professora, vou fazer isso.  

Faltava pouco para aula acabar e enfim os alunos serem liberados para o intervalo. Taehyung não sabia bem como começou aquela vontade de pintar alguém, ele nem sabia se tinha a técnica necessária para isso até porque sempre foi conhecido pelos seus trabalhos mais abstratos e era bom nisso, de verdade. Mas fazia uns dois meses que estava testando aquele novo trabalho e não tinha saído muita coisa, mas estava animado.  

Queria fazer algo bonito para dar ao Yoongi. Como faria isso ainda não sabia, como disse, nem sabia se daria certo, mas estava tentando e queria fazer algo bonito. Não fazia na tentativa de conquista-lo ou tipo isso, não estava pintando nada por que queria conseguir algo, não era bem assim. Queria conquistar o ômega, claro que queria, mas não usaria de artimanha para isso. Se Yoongi tivesse que gostar de si, iria por quem era e pelo que significa ao menor e não porque lhe deu algo ou ofereceu alguma coisa. Não achava que sentimentos se sustentavam com aquele tipo de coisas e nem acreditava que Min Yoongi fosse esse tipo de pessoa.  

Mas gostava da ideia de poder presenteá-lo com algo que fez com as próprias mãos. Uma paixão para uma paixão. Era piegas, claro que era, mas ele gostava de como soava.  

Focado em cobrir adequadamente seu quadro, para que ninguém pudesse vê-lo e tão pouco de danifica-lo de alguma forma, o Kim não percebeu quando alguém se aproximou, acanhado, tímido, as bochechas vermelhas de pura vergonha que se espalhava até as orelhas. Nem sabia o que estava fazendo ali, era loucura, mas resolveu tentar no seu último resquício de coragem.  

- Taehyung-ssi? - chamou tocando no ombro do alfa. Quando o Kim virou-se para olhar quem era, ele deu de cara com Choi Poan, uma ômega com quem tinha aula de artes e até fez alguns trabalhos com ela. Era uma pessoa muito agradável de estar perto. - Oi.  

- Oi, Poan-ssi, como vai?  

 - Estou bem, obrigada por perguntar. - as bochechas dela ficando ainda mais vermelhas depois do garoto ter focado total atenção nela. Isso era outra coisa que atraia muito a admiração das pessoas para aquele alfa, porque Taehyung nunca fingia prestar atenção em ninguém, ou ele prestava ou não. Ponto. E isso fazia qualquer um se sentir especial mesmo que a atitude dele não tivesse nada demais por trás. Era só o jeito do Kim de ser, um traço da sua personalidade. - Eu meio que ouvi você falando com a professora... Está fazendo um quadro novo?  

- Estou tentando, não consegui muita coisa ainda, mas estou com um bom pressentimento quanto a isso.  

- Eu sou boa em pintura de retrato, pra ser bem honesta, é minha técnica favorita, então, caso queira alguma ajuda, pode falar comigo. 

- Hm, tudo bem, então. Obrigado. - comentou com um leve sorriso no rosto antes de se virar para voltar ao seu trabalho. Queria terminar logo e ver se conseguia falar com Yoongi antes do começo do intervalo porque parece que era o único momento que podia falar com ele.  

- Você vai fazer algo nessa tarde?  

- Por quê?  

- Nada, eu só pensei que... - suspirou apertando uma mão na outra, completamente constrangida com aquela situação. Tinha dito as amigas que tentaria falar com o alfa, fazia muito, muito tempo que ficava suspirando pelo Kim e apoiada por elas, decidiu arriscar por mais que estivesse morrendo de vergonha de fazer. Não estava sendo como queria, no final de tudo, estava bem pior do que imaginou que pudesse ser. - Sei lá, podíamos sair um pouco, comer algo e conversar, e eu podia passar algumas dicas pra você desse estilo de pintura.  

- Putz, pior que hoje nem vai dar, tenho alguns compromissos de tarde. - e nem era mentira, ele realmente precisava fazer algumas coisas, ainda mais que seu pai ainda andava meio resfriado e por mais que ele estivesse bem melhor, tanto Taehyung quando a mãe queria a todo custo certificar-se de que o ômega estava em ótimo estado. Sair e deixa-lo sozinho não estava nos planos, ainda mais para uma espécie de date com Choi. Porque, veja bem, não era como se o Kim fosse metido e achasse que todos eram caídos de amor por si, mas ele sabia identificar quando alguém estava interessado e Poan estava sempre tentando flertar com ele sutilmente, então não iria aceitar algo sabendo que no final não poderia retribuir qualquer que fosse o sentimento, só para coloca a si e a ômega  em uma situação chata. Não era do seu feitio fazer tal coisa e não começaria naquele instante. - Mas obrigado pela ofertar, se eu tiver alguma dúvida, eu pergunto a você.  

- Está certo, então. - falou totalmente desmotivada, os ombros caídos e os olhos baixos. Ao fundo, Taehyung viu a professora olhando para eles com um sorriso quase divertido no rosto, balançando a cabeça de um lado para outro sem acreditar no que tinha visto. – Qualquer coisa sabe aonde me encontrar.  

- Hm, sei, obrigado mais uma vez.  

Taehyung não podia dizer que não se sentia incomodado com situações como aquela, porque de fato ficava. Claro que ainda fazia bem para o seu ego saber que despertava interesse em algumas pessoas, não podia negar um fato óbvio. Mas, na mesma medida, também era desconfortável porque sabia que jamais poderia retribuir a nenhuma daquelas pessoas.  E nem podia falar que era exatamente por conta de Min Yoongi, mas sim porque o Kim nunca se viu realmente interessado em ninguém em toda a sua vida.  

Ele achava pessoas bonitas e achava cheios atraentes, querendo ou não ainda era um alfa muito sensível ao cheiro doce de ômega, mas não era nada que pudesse lhe tirar o foco do que exatamente queria ou fazê-lo querer alguém por conta daquilo. As poucas relações que teve, foram vagas por isso, porque nada, nunca, o fazia parecer interessado o suficiente em ninguém. Beijou algumas poucas bocas e só. Não teve ligação com mais nenhuma delas porque era assim que se sentia, vago.  

Então quando ele dizia não a ômegas como Choi Poan, mesmo linda e cheirosa, era porque realmente não conseguia sentir nada. Absolutamente nada. A chegada e descoberta dos seus sentimentos por Min Yoongi era só um mais para aquilo. Até aquele ômega despertar sua atenção, Taehyung inegavelmente sentia medo do seu lobo nunca se atrair por nenhum cheiro e acabarem sozinhos.  

E não, com Yoongi não era só coisa de cheiro ou feromônio, era isso, também, mas não era só isso. Havia algo naquele garoto que instigava Kim Taehyung, que o fazia se sentir eufórico, curioso. Ou seja, em resumo, ele estava fadado a lidar com aquilo tendo a certeza que mais ninguém era capaz de despertar o mesmo tipo de sentimento.  

Lhe assustava tais coisas, não podia negar. Mas ainda assim, era bom de sentir. Muito bom. E ele não se incomodava. Seu coração estava quentinho e era uma sensação de conforto que até então nunca havia conseguido sentir.  

Quando enfim o sinal bateu, ele não demorou em ir direito para o refeitório pegando o caminho mais longo para poder passar no corredor de armários e quem sabe, por uma sorte, cruzar com Min Yoongi e dizer nem que fosse um oi para o ômega. Estava mais ansioso para isso do que nunca depois da rápida conversa que tiveram na noite anterior. Mas para sua desgraça, não encontrou o menor no caminho e só lhe restou passar direito para a refeitório não demorando para encontrar seus amigos.  

- Por que você já chegou com essa cara de enterro?  

- Não é nada. - deu de ombros alcançando algumas batatinhas que a Saeron estava comendo, ou deveria, mais interessada em digitar apressadamente algo no celular sem dar a mínima se estava tendo sua comida furtada.  

- Porra, ‘cê ‘tá com a maior cara de cu. - Hyung-ski comentou e o Kim apenas evitou de olha-lo, porque ele era a última pessoa com quem se abriria sobre o que estava lhe acontecendo. Não havia a menor possibilidade.  

- Não é nada, cara, relaxa. - ele então passou os olhos pelo local vendo se achava Yoongi e não demorou muito para encontra-lo, de qualquer forma.  

Em uma mesa mais ao canto os amigos de Yoongi estavam todos lá, Jimin, Jungkook e Seokjin, todos acompanhados dos seus respectivos namorados e no meio deles, deitado contra a mesa com os fones de ouvido encaixados no ouvido e os olhinhos sonolentos, estava Min Yoongi. Parecia cansado, mas bem menos do que no começo da manhã e isso já deixou o Kim menos preocupado.  

Sem pensar muito no que estava fazendo, ele puxou o celular do bolso e digitou uma mensagem rápida para o ômega, percebendo mesmo de longe quando ele ergueu a cabeça para olhar ao redor e do nada seus olhos pararam de encontro aos do alfa. Yoongi não conseguiu sustentar o olhar e Taehyung realmente se perguntou se ele tinha mesmo ficado com as bochechas vermelhas ou era só ilusão.  

TAEHYUNG: Pensei em ir na sua mesa te dar um oi, mas está cheio de gente e eu não queria que ninguém ficasse te fazendo perguntas, que você não se sentiria a vontade pra responder na frente de todos. 

TAEHYUNG: Mas mesmo assim, oi, Yoongi-ssi. 

YOONGI: Oi, Taehyung-ssi.  

YOONGI: Obrigado por isso, meus amigos iriam fazer muita pergunta mesmo.  

TAEHYUNG: Você não vai comer?  

YOONGI: Não estou com fome, na verdade.  

YOONGI: Queria muito ir para casa dormir.  

TAEHYUNG: Não conseguiu dormir direito?  

YOONGI: Não.  

TAEHYUNG: Ah, sim.  

YOONGI: E você, não vai comer?  

TAEHYUNG: Estou com preguiça de ir comprar, vou ficar apenas roubando as batatinhas da Saeron até ela notar.  

YOONGI: "carinha chorando de rir"

A conversa morreu ali porque nenhum dos dois tinham mais assunto para puxar por mais que quisesse. Taehyung logo foi puxado para uma conversa com os amigos até ter que ir comprar seu próprio lanche. Yoongi dormiu um pouco com o rosto contra a mesa, tentando descansar o quanto pode.  

Como era esperado, não conseguiu contato com a mãe então não teria como ela ligar para a escola pedindo que ele fosse liberado, assim teria que aguentar as seis aulas completa como qualquer outro aluno por mais cansado que estivesse.  

***  

“Eu  vou sair mais cedo pra resolver umas coisas, não posso ficar esperando vocês”.

Essa foi a mensagem que Kim Seokjin mandou no grupo de amigos avisando, em cima da hora, que não poderia dar carona a eles naquele dia e Jimin foi rápido em pedir que a mãe fosse busca-los, e Yoongi, cansado como estava, não dispensou em nada isso.  

Agora ele estava ali esperando pelos amigos, porque a última aula daquele dia de Jimin e Jungkook era de educação física, e mais uma vez a cena parecia se repetir, porquê de longe Kim Taehyung aproveitou a brecha por se aproximar e puxar alguma conversa já que, aparentemente, era só daquele jeito que eles pareciam ter a oportunidade de se verem.  

- Será que eu só vou conseguir falar com você sempre no final da aula? - o Kim já chegou perguntando, sorrindo como ele sempre sorria, já sentando ao lado do menor e tomando toda a atenção para si. - Oi, Yoongi-ssi.  

- Ah, oi, Taehyung-ssi. - falou surpreso olhando para ele por ter chegado tão de repente - Você me assustou.  

- Me desculpa, ômega. Mas e aí, menos cansado?  

- Pior que não, não vejo a hora de chegar em casa, tomar um banho bem gelado e dormir algumas horas.  

- E está esperando seu amigo alfa?  

- Na verdade, Seokjin-hyung já foi para casa resolver sabe-se lá o quê, então Jimin ligou para a mãe dele e ela vem nos buscar. - sorriu quando o alfa fez uma careta engraçada com aquilo. O Kim quase se animou em oferecer outra vez uma carona para ele, mas isso se esvaio rapidamente depois da complementação do que lhe foi dito. - Estou esperando saírem da aula de educação física, eles sempre tomam banho antes de ir.  

- Poxa, e eu pensei que enfim iria te dar uma carona.  

- Provavelmente a gente nem mora na mesma direção, Taehyung-ssi, a mãe do Jimin mesmo vai precisar dirigir um pouco mais para nos levar, até porque o namorado de Jungkook não pode ir levá-lo hoje. 

- Não me importo ter que andar um pouco mais, se isso significa passar um tempinho a mais com você.  

- Eu ainda quero saber como surgiu esse seu interesse repentino em ser meu amigo, mas mesmo assim, não precisa ficar fazendo sacrifício por minha causa. Você não sendo um babaca já esta de bom tamanho pra mim.  

- Não seria nenhum sacrifício te levar em casa, ômega. Ainda mais agora, que como meu pai está meio adoentando, minha mãe me liberou o carro dele.  

- Você me falou isso ontem, como ele está?  

- É um resfriado, mas como ele tem rinite alérgica, então sempre ataca tudo junto e ele precisa descansar. E ele meio que é o bibelô de casa, não estou o chamando de fraco, mas ele é o único ômega, então eu e minha mãe sempre estamos querendo cuidar dele, já que o papa estar sempre cuidando da gente.  

- Isso é bonito, Taehyung-ssi, bonito também como sua mãe age. Nós ômegas, querendo ou não, precisamos de cuidados então é importante que tenha apoio dos alfas que ele tem afeto.  

- Sim, o papa sempre fala isso, e eu até gosto de cuidar dele, acho que meu pai é meu melhor amigo, então é sempre bom ficar perto dele.  

- Isso diz muito sobre quem você é, Taehyung-ssi, por isso não precisa se preocupar em me dar carona, seu pai deve precisar mais do que eu. Logo, logo a mãe do Jimin chega pra pegar a gente, e ela realmente não se importa de me levar um pouco mais longe.  

- Hoje não, Min Yoongi, talvez amanhã também não, mas eu ainda vou te dar uma carona. - disse rindo. Pela primeira vez, então, Yoongi percebeu que além da mochila, Taehyung também carregava uma tela de pintura coberto por um pedaço de pano escuro impedindo que qualquer pessoa pudesse ver. E aquilo foi o suficiente para deixa-lo curioso sobre isso.  

- O que é isso? - apontou, abrindo um sorrisinho fofo quando Taehyung olhou rapidamente para o quadro e logo em seguida abrir os olhos meio assombrado. - Por que ficou assim?  

- Não é nada demais, só uma coisa que estou tentando fazer. Algo novo que estou testando.  

- Eu posso ver?  

- Ainda não, só quando tiver pronto.  

- Mas eu quero ver agora. - falou com um sorrisinho soando mais manhoso do que poderia pensar que foi. Taehyung, por outro lado, sentiu-se estremecer diante aquele lado do ômega, delirando um pouco com o cheiro que o outro soltou. Estava realmente fascinado pelo Yoongi e vê-lo fazendo aquilo, mesmo inconsciente, o deixava a vias de colocar os pés pelas mãos e fazer alguma besteira. - Por favor.  

- Ômega, você está começando a me fazer hiperventilar.  

- Eu já vi alguns trabalhos seus, e eu gostei por mais que eu não entenda nada de artes. Então por que posso ver esse?  

- Porque ainda não está pronto e eu estou tentando uma técnica nova, por isso não te mostro.  

- Mas você vai me mostrar em algum momento?  

- Sim, mostro. - garantiu mesmo tendo a chance de que aquilo nunca chegasse a acontecer, porque havia uma grande chance dele não conseguir e simplesmente jogar aquele negócio fora sem nunca ter sido concluído. Mas ainda era cedo demais para ficar ali contando suas frustrações para Min Yoongi, ainda era muito cedo para mostrar suas fraquezas - Prometo.  

- Vou cobrar.  

De longe, Jimin e Jungkook viu o melhor amigo conversando com Kim Taehyung e isso deixou os dois curiosos, porque o Min não era conhecido por fazer muitas amizades e tão pouco no estilo do alfa, popular do jeito que ele era. Era curioso, nenhum dos ômegas podiam negar, mas também não era ruim. Só... diferente.  

Sem ter como fugir e precisando irem para casa, os dois ômegas se aproximaram do amigo recebendo a atenção do alfa que olhou meio surpreso para os dois, que sorriu para ele tentando passar tranquilidade para o maior.  

- Gi, já está pronto para ir? - Jimin perguntou, apoiando as mãos no ombro do menor, que precisou olhar por cima do ombro para ver o melhor amigo. - Mamãe já chegou.  

- Oh, claro, eu nem vi vocês chegando de tão entretido na conversa. - pegando a sua mochila, ele se levantou sorrindo para o alfa – Preciso ir, a gente se fala depois.  

- Posso te mandar mensagem mais tarde?  

- Claro, eu só não prometo responder de imediato porque vou tentar dormir assim que chegar. 

- Tudo bem, você me responde quando puder.  

- Tchau, Taehyung-ssi.  

- Tchau, Yoongi-ssi. Tchau, ômegas.  

- Tchau. - Jimin e Jungkook acenaram para o alfa enquanto levavam Yoongi para longe das vistas de Taehyung, esse que apenas olhou de longe meio encantado por ter falado com o menor naquele dia.  

Park e Jeon, no entanto, estavam curiosos com aquela aproximação repentina e não conseguiram se controlar com o tanto de perguntas que fizeram.  

“Quando vocês se conheceram?”.  

“São amigos agora?” 

“Como ele vai te mandar mensagem, ele tem seu número?” 

“Como ele conseguiu seu número?” 

“Ele estava flertando com você?” 

“Vocês vão ter algum tipo de encontro?” 

E aquelas foram só mais ou menos as perguntas infinitas que Jimin e Jungkook fizeram ao ômega, o encurralando no banco de trás do carro enquanto seguiam para casa e como sempre, Yoongi ficou nervoso demais para responder algo coerente, até porque, a sua vista, não existia nada demais acontecendo ali.  

Taehyung só queria ser seu amigo e ele fez questão de deixar claro aos dois ômegas isso, até mesmo quando a mãe de Jimin começou a perguntar também lhe questionando o porque dele achar aquilo. Na cabeça de Min Yoongi não existia probabilidade alguma que fizesse sentido o fato daquele alfa – dentro todos os que tinham na escola – querer algo a mais do que sua amizade.  

Para o Min ele ainda só se sentia, digamos, culpado pelo modo estranho como se aproximou na festa. Ainda havia muita incredulidade em Yoongi e por mais que ele tentasse não levar a mal o comportamento do alfa, mas ainda assim, não conseguia acreditar que a única coisa que ele queria consigo era sua amizade. Pelos deuses, isso sequer fazia sentido e ele fez questão de deixar todos ali ciente disso.  

- Kim Taehyung nunca se interessaria por mim, gente, eu não sou o tipo de ômega que alfas daquele tipo possam querer. - deu de ombros calando todos no mesmo instante. Jimin e Jungkook basicamente acostumado demais com toda a falta de amor próprio do amigo, enquanto a Park olhava para ele pelo retrovisor, chocada por ouvi-lo falando tal coisa – Eu não passo de um ômega feio e desinteressante e ele só é educado demais e quer fazer novas amizades. Não vai ter encontro algum e logo, logo, ele vai se cansar de mim e começar a agir como se eu não existisse.  

***  

Seokjin jamais assumiria que mentiu na coordenação da escola falando que estava com dor de barriga, e deixou os amigos sem carona, só porque foi para casa antes do estágio para tomar um banho e trocar as roupas para depois do estágio poder se encontrar com Bae Chaewon. Mas foi exatamente isso que ele fez.  

Sua história com aquela alfa era muito mais confusa do que ele gostaria de assumir, e algo que o Kim não tinha o menor orgulho de falar, porque, definitivamente, não o fazia bem. Tudo começou no 1° ano do ensino médio, as coisas sempre foram muito duras para ele na escola e com o começo do ensino médio não foi diferente, havia duas vezes mais pressão sobre seus ombros e ele logo conheceu Bae Chaewon, que era uma alfa muito conhecida da escola e era mais velha do que ele, um ano apenas, mas que logo virou o modelo para o Kim.  

Bae fazia parte do time de basquete da escola – predominantemente comporto por alfas – e fazia parte do grêmio estudantil. Então foi fácil se encantar por ela, ainda mais que a alfa era linda, e ele nunca tinha tido a liberdade de achar ninguém da sua classe lindo. Quando dizia que a pressão em casa era forte, ele não estava exagerado, seu pai sempre foi muito radical e preconceituoso e criou o filho assim.  

Aí, quando Seokjin a viu ele simplesmente se encantou, foi mais forte do que ele, não conseguiu sequer se controlar. Fez amizade fácil, e os dois eram bons amigos, de verdade. Se entrosaram logo e não foi difícil forçar um laço, longe disso. Mas então, em algum momento daquele percurso, os dois fizeram uma curva realmente perigosa e acabaram se perdendo e colocando os pés pelas mãos. E como era de se esperado, as coisas deram errado, muito errado.  

Tudo começou em uma festa em uma mistura louca de álcool e adolescentes cheios de hormônios. Os dois se beijaram em algum momento da noite e Seokjin não agiu da forma como Chaewon queria que ele agisse, porque na cabeça do garoto aquilo era errado por mais que desejasse e tivesse gostado do beijo. E como uma pessoa assustada, ele fugiu e quando a alfa foi atrás dele, ele a atacou. E a relação se desfez sem nenhum dos dois lutarem contra isso. Por conta disso, passaram o ensino médio inteiro como cão e gato, se estranhando e travando batalhas épicas.  

De bons amigos, se tornaram inimigos mortais e ninguém entendia o motivo, até porque eles nunca falaram aquilo a ninguém. Nesse meio tempo, a animosidade entre os dois só cresceram, disseram coisas ruins um para o outro e já se magoaram muito nesse meio tempo. Também passaram um tempo entre tapas e beijos, porque da mesma forma que havia muita mágoa e coisas mal resolvida entre os dois, havia muita tensão e eles não conseguiam ficar longe por mais que tentassem.  

Eles não se viam há meses, desde que o alfa começou a namorar para ser mais exato. E estavam indo bem porque Seokjin ainda não havia se liberado das amarras da família, e nem gostaria de saber o que seus pais fariam consigo caso ele se envolvesse com outro alfa, e ele tinha entendido perfeitamente que o único modo de se ver livre dos efeitos de Bae sobre si, seria mantendo-se longe dela.  

Porém tudo foi a abaixo na festa de sexta-feira quando eles se encontraram despretensiosamente e as coisas saíram do controle, como sempre.  

Porque houve acusações. Houve gritos. Houve coisas ruins sendo ditas sem medo algum de machucar. Houve o Kim falando sobre seu namoro e Bae sendo ofensiva com a ômega com quem o outro estava. Foi algo realmente feio e por isso Chaewon pediu ajuda para ter o número de Jin, na esperança de se desculpar, e resolver de uma vez aquele impasse.  

Quando Seokjin chegou em casa tentou ser o mais discreto possível, foi correndo para o quarto tomar um banho e escolher uma roupa pra sair. Como falou a mãe, nunca tinha tempo de passar em casa antes de ir para o estágio e era certo que nem sempre queria, almoçava fora de casa mesmo ou então só comia quando chegava em casa à noite. Mas daquela vez foi diferente, então se apressou em fazer o que tinha que ser feito antes de ir. Não encontraria com Bae no fim da tarde todo desarrumado e com roupas que foi para a escola.  

Ainda teve que lidar com a mãe antes de sair, enquanto tentava preparar um rápido lamén porque estava tão tenso que nem lanchar na escola conseguiu. E claro, que a mulher quis saber porque ele estava em casa uma hora daquelas e porque parecia pronto para sair. 

Bem, vamos lá, a ômega até sabia que Seokjin tinha um relacionamento, em algum momento daqueles três meses de namoro ele deixou isso escapar de que estava em um relacionamento, e por mais que ela nunca tivesse conhecido Yongsun, ainda assim, ela sabia e não foi difícil ele despista-la dizendo que sairia com a namorada depois do estágio e precisou passar em casa para tomar um banho.  

- Quando você vai trazê-la para a gente conhecer, Seokjin?  

- Não sei, mãe, eu e ela não pensamos nisso ainda.  

- Já estão juntos fazem meses, você já conheceu a família dela por acaso?  

- Ainda não. - falou de cabeça baixa soprando um pouco do macarrão quente antes de levar até a boca, puxando a massa de uma forma alta que sabia que a mulher detestava.  

- E nem isso você pretende fazer? - questionou enfezada, nem um pouco bem humorada, os olhos se revirando quando ele fez mais um pouco de barulho ao comer – Pare com isso, coma direito!  

- Desculpe, mãe.  

- Não sei aonde eu errei com você, Seokjin, olha o quão diferente é dos seus irmãos e eles ainda são pequenos, então você é um marmanjo desajustado. - falou brava batendo contra o balcão da cozinha aonde estava fazendo comida. Ela estava preparando o almoço para quando os outros filhos chegassem da escola e não tinha o suficiente para Jin, por isso ele estava tendo que comer um lamén. - Deveria ter vergonha.  

Ele não falou mais nada e nem tentaria. Seokjin tinha dois irmãos ômegas, um menino de 14 anos e uma menina de 10. E eles eram apegados, mas o alfa não tinha muito tempo para ficar com os dois até porque – de certa forma – ele sentia que seus pais nem queriam muito isso. Seokjin nasceu alfa então ele era criado para ser um alfa - se é que isso fazia sentido além da cabeça dos pais dele - e isso significava que ele não podia se misturar com muitos ômegas que não fosse ter nenhum relacionamento amoroso.  

Foi triste crescer daquele jeito, porque Jin tinha poucos amigos por conta disso, e nem perto de primos pode ficar. Assim, logicamente, eles também não sabiam da amizade que o alfa tinha com Yoongi, Jimin e Jungkook.  

Depois de comer, ele apenas lavou a panela que tinha usado e foi embora sem nem mesmo se despedir da mãe e não precisou correr muito para chegar no estágio. Que para sua sorte, foi tranquilo já que seu pai passou o dia inteiro fora e ele pode fazer seus trabalhos da escola, além de surtar internamente toda vez que lembrava o que faria depois de sair daquele lugar.  

Chegou no lugar marcado antes do tempo previsto e fez questão de ficar em uma mesa mais ao fundo, pediu um chocolate quente só pra perder tempo e não fica ocupando o espaço em vão e esperou. Estava nervoso como sempre ficava toda vez que tinha que encarar a Bae, sentia seu coração batendo alto dentro do peito e as mãos suando como um completo idiota.  

Não deveria está ali, sabia que não devia, porque era errado e Seokjin não conseguia se livrar de tal sensação, porém, do mesmo jeito, não conseguia simplesmente se desapegar. Ainda namorava e não tinha esquecido disso, por mais que não fosse apaixonado pela Yongsun não era um cretino que machucaria a garota que nunca lhe fez nada de ruim. Mas não dava, infelizmente era mais forte do que ele a força que lhe puxava em direção a Chaewon.  

Deveria se levantar dali e ir embora, sabia que deveria. E se fosse corajoso o suficiente teria feito isso, valente e autocontrole suficiente, e ele pensou mesmo em ir, sério, chegou até mesmo a pegar a carteira e tirar o cartão de crédito para pagar seu chocolate quente, quando viu Bae Chaewon se aproximando da mesa, com um sorriso largo no rosto enquanto olhava para ele. E isso fez com que o Jin desistisse de ir embora.  

- Uau, você veio mesmo. - falou toda sorridente, já puxando uma das cadeiras para poder sentar. Seokjin continuou sério recostado do outro lado da mesa contra a poltrona acolchoada – Eu pensei que ia ficar aqui te esperando e levar um bolo... Oi.  

- Se você tivesse chegado cinco minutos a mais, não teria me encontrado. - garantiu respirando fundo tentando não tremer tanto na presença da alfa. Ela estava linda, ainda mais linda do que ele conseguia lembrar na sexta-feira no meio daquela festa. Mas não era como se ele pudesse ficar falando disso assim, abertamente. Era perigoso demais. - Percebi tarde demais que isso era a maior roubada e deveria ter ido embora logo.  

- Por favor, só hoje, vamos conversar direito. Nem que seja só para acabar com tudo aqui mesmo e...  

- Acabar o que, Bae? A gente nunca teve nada.  

- Seja um pouco mais delicado em falar esse tipo de coisa, sério, eu posso até parecer durona, mas isso machuca. - pela expressão no rosto dela, e a forma como a voz dela saia mais dócil, dava para o Kim ter uma ideia de que realmente lhe fazia mal vê-lo falando de tal coisa. Mas não era como o Jin pudesse falar muito a respeito porque era completa verdade. - Toda vez você parece sentir um tipo de prazer estranho ao falar essas coisas.  

- Não sinto, acredite, mas não posso ignorar o óbvio.  

- Pior que você está ignorando o óbvio há muito tempo, alfa, tentando fingir que não sente nada por mim quando eu sei que a gente se gosta, mas é birrento demais para simplesmente admitir. 

- Você não sabe de nada, Chaewon. - falou ficando bravo com a acusação da garota. Bae sempre falava aquilo, mas nunca tinha tentado sequer entender o porque dele sempre fugir de qualquer investida dela.  

Um atendente se aproximou da mesa deles atrapalhando totalmente a conversa e os dois se calaram enquanto Bae pediu apenas um café com leite e nada mais que isso. Estava nervosa demais para comer qualquer coisa e queria logo colocar as coisas a limpo com o Kim, cansada demais daquele chove e não molha deles. Céus, gostava tanto, tanto dele, tanto que as vezes parecia até um absurdo, mas queria resolver logo, não aguentava mais tal impasse entre os dois.  

Como o pedido era rápido, eles se mantiveram em um silêncio doloroso enquanto esperava o café chegar, Seokjin tentando fugir do olhar da garota brincando com um sachê de açúcar enquanto Bae apenas o olhava quase sem piscar, desde a primeira vez que o olhou sempre sentiu aquele tipo de euforia que se encontrava poucas vezes e ele sabia que não encontraria mais. 

Tudo foi muito rápido e logo o café estava na mesa, deixando o espaço livre entre que os dois voltassem a conversar e foi exatamente isso que Bae fez, não perdendo nem mesmo um segundo para fazer isso porque não sabia quando teria novamente a oportunidade.   

- Você falou que eu não sei de nada... - ela falou iniciando seu discurso, tomando a atenção dele para si. Nunca gostou do tipo de receio que sempre conseguia ver nos olhos de Seokjin, detestava o modo como ele sempre parecia triste por mais que sorrisse e daquela vez não foi nada diferente - Então me conta. Se eu não sei, então me deixa saber.  

- É complicado.  

- Eu sou inteligente, também sou esperta, posso muito bem entender, só você me explicar.  

- Chaewon...  

- Seokjin, você acha que eu gosto de está aqui na tua frente, tendo que engolir meu orgulho e implorar pra você pelo menos falar comigo? - grunhiu irada, enfim mostrando seu verdadeiro genes. As presas para fora e as sobrancelhas curvadas, seu alfa enfim se mostrando para o outro, e se o Kim tinha esquecido quem de fato ela era nem que fosse só por um segundo, daquele instante ele lembrou bem quem estava a sua frente - Em algum lugar da sua mente essa merda faz sentido? Eu detesto isso, Seokjin, eu também tenho meu orgulho alfa e não...  

- Aí, você acabou de chegar na raiz do problema, Bae, você é uma alfa e eu também sou um alfa. Não é certo ficarmos juntos.  

- Quem foi que te falou que isso é errado? 

- A biologia, por exemplo, já que não fomos formados para ficar juntos.  

- Eu quero que a biologia se dane, Seokjin, porque ela e nem ninguém pode me dizer como devo me sentir. - falou ainda mais brava, sentida porque aquele era um ponto importante quando se tratava de pessoa da mesma classificação genética se envolvendo romântica e sexualmente. Independente de serem homens ou mulheres, ninguém ia querer ver pessoa da mesma classe de genes juntos. Chaewon sabia disso, e ela não podia ignorar que a ideia para alguns fosse realmente aceita. Nem ela se aceitou de imediato quando enfim se percebeu como de fato era – Eu adoro ser alfa, adoro a minha força, o meu corpo e o meu cheiro. Não há nada em mim que eu não possa gostar. Mas eu também gosto de está nos braços de outro alfa. Eu não quero cuidar de um ômega, não quero dar meu nó a um deles, não quero dar a minha mordida e tal pouco ter seu cheiro doce em mim. Eu quero ser cuidada, quero ser protegida, quero ser atada e envolvida pelo cheiro forte de um alfa. Quero sentir o nó de um alfa em mim por mais que doa, quero ser mordida por mais que o meu corpo não aceite. E eu quero tudo isso de você, porque eu gosto de você, eu sou apaixonada por você desde o primeiro momento que te vi e eu não consigo me livrar desse sentimento por mais que tente com todas as minhas forças. E pode me chamar de louca o quanto quiser, mas sei que você também gosta de mim.  

- Não posso ficar com você, Bae. - Jin sentia-se morrendo ao dizer tais palavras. Seu coração se partindo dentro do peito ao está ali, de frente para a garota que tanto queria e mesmo assim, ser obrigado a renunciar seus desejos porque ele passou a vida inteira ouvindo que aquilo era errado. Porque, independente dos seus sentimentos, Seokjin morria de medo do próprio querer.  

- Mas você quer ficar comigo?  

- Isso não importa, o meu querer não tem valor algum agora. - disse a olhando diretamente nos olhos, desejando como nunca que pelo menos um pouco, Chaewon pudesse ouvir seu silencioso grito de desespero, porque ele estava há muito mais tempo do que podia imaginar suplicando por socorro. - Eu querer ou não você, não significa nada.  

- Pra mim significa, muito.  

- Bae, meus pais me matariam se eu ficasse com você e eu nem estou tentando ser dramático, eles negariam minha existência até eu não ser mais ninguém, me tirariam tudo e eu já não tenho quase nada. - fechando os olhos por um curto período de tempo, ele suspirou longo antes de voltar a olha-la. Os olhos brilhando em uma emoção tão bem contida, sempre sendo contida e nunca exposta, porque Jin cresceu ouvindo de todos ao seu redor que alfas não choravam. Que alfas não sentiam e eu não estava permitido a sentir, por mais que vez ou outra se esquecesse de tal coisa. - Eu não posso querer você porque você é uma alfa. Tenho que encontrar um ômega e formar uma família com ele, assumir os negócios da família e continuar o ciclo dos Kim. Meus pais me criaram para isso e é isso que eles esperam de mim.  

- E o que você quer?  

- Não sei, nunca tive tempo para pensar nisso. - deu de ombros, suspirando fundo ao que tirava a carteira do bolso para pegar o dinheiro do seu chocolate quente e ir embora. Já tinha passado tempo demais ali e não podia ficar mais ali. - Mas agora eu preciso ir.  

- Não, por favor, fica mais um pouco mais.  

- Já passei muito tempo aqui, tenho outras coisas para fazer. - ele deixou uma nota contra a mesa já se levantando para ir embora. Chaewon se levantou também o segurando pelo ombro, mas ele se livrou rápido do aperto, tentando fugir imediatamente – Bae, eu preciso ir, já dissemos tudo que tinha que ser dito uma ao outro. 

- Não vou desistir de você, Seokjin. Só quero que saiba disso.  

Quando ela lhe soltou o ombro, ele foi embora sequer olhando para trás, correndo para longe daquele lugar como se conseguisse correr de Bae Chaewon e, principalmente, do que sentia tão desesperadamente por ela.  


Notas Finais


Música do Capítulo: https://youtu.be/y3rj2CDHF5c

Eu sei que a fic é Taegi, mas não existe só Taehyung e Yoongi como personagens, gente, então é bem normal eu querer falar deles também. E cada um deles vai ter seu próprio drama pra lidar.

Ps: Por favor, tenham empatia com os personagens. Se algo não te agrada, poupe a mim e a você de algo desagradável, não leia a estória e não der favorito.

Próxima Att: 06/08 ou 08/08
Eu não vou poder no dia 7 porque meu dia vai ser corrido e eu vou está muito, muito ocupada, então se eu conseguir acabar antes eu posto att na quinta, se não, no sábado.


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