1. Spirit Fanfics >
  2. Irresistible Desire >
  3. Entre Vizinhos

História Irresistible Desire - Entre Vizinhos


Escrita por: LiihAndrade

Notas do Autor


Boa leitura! :)

Capítulo 12 - Entre Vizinhos


Fanfic / Fanfiction Irresistible Desire - Entre Vizinhos

O domingo amanheceu garoando.

Fiquei enrolada entre as minhas cobertas pela maior parte do dia, saindo apenas para pegar comida e então voltando o mais rápido possível para debaixo delas. 

Fazia tempo que não descansava devidamente; sonhos confusos me faziam acordar esporadicamente, sem que eu me lembrasse deles quando abrisse os olhos, e dores de cabeça me incomodavam a ponto de não me deixar pregar os olhos. Entretanto, naquele dia em especial, nada disso me incomodava, e podia descansar tranquilamente. Talvez os remédios da Sra. Benson finalmente tivessem começado a fazer efeito.

No final da tarde, quando a chuva já havia parado de cair, assim como o vento já não mais atrapalhava a calma do ambiente, meu pai abriu a porta de meu quarto, com uma expressão mais lívida que o esperado.

— Bom dia, Caitlin! Por acaso foi você quem acabou com a calda de chocolate? — Ele perguntou desconfiado.

Sim. Eu mesma.

— …Não, acho que não… — Respondi na maior cara de pau: — Mas se quiser comprar calda de chocolate, eu adoraria!

—É uma boa ideia. Mais alguma coisa?

Fiquei impressionada com o bom humor do meu pai, aparecendo para me dar bom dia, ainda que quase no começo da noite, e ainda disposto a comprar o que eu quisesse. Sem querer abusar de sua boa vontade, que na maioria das vezes não durava por muito tempo, neguei balançando a cabeça.

— Daqui a pouco teremos visitas em casa. — Joe disse, olhando para o estado calamitoso de meu quarto: — Talvez fosse bom arrumar as coisas por aqui…

— Quem vem?

Se pudesse descrever minha surpresa com a notícia, diria que era igual àquela cena do Harry Potter, em que ele, com o chapéu seletor em sua cabeça, fica rezando entre sussurros “Sonserina não, Sonserina não…”. Mas, no meu caso, estaria mais para “Gabriela Benson não, Gabriela Benson não…”.

— Alguns amigos meus, querem dar as boas vindas para nós dois. Tem um garoto também, filho de um casal de amigos, acho que ele é da sua escola… Vocês devem se conhecer.

E, nesse momento, os sussurros poderiam ser transformados em “Heath e Jake não, Heath e Jake não..”.

— A vizinhança também foi chamada, conheço alguns deles, mas outros se mudaram para o bairro recentemente… — E, logo que terminou a frase, a campainha da porta de entrada soou: — Desça assim que der, Caitlin. É importante causarmos uma boa impressão.

Assenti afirmativamente com a cabeça, apesar de não entender a importância da ocasião. Desenrolei-me dos cobertores em cima de mim e logo comecei a me arrumar, tirando aos poucos a minha roupa. Comecei pelas meias, logo partindo para o sobretudo que usava devido ao frio, permanecendo apenas com a minha fina camisola azul, que escondia a minha pele até um pouco abaixo das coxas.

Foi então que meus pensamentos foram levados até a janela vizinha.

Estava me despindo bem em frente à ela, até então despreocupada. Corri até ela e verifiquei se havia alguém me espionando… Mas as luzes do quarto estavam apagadas.

Uma sensação estranha invadiu meu corpo…

Por alguma razão, estava frustrada. Mas por quê? Seria por Heath não estar ali?

Desde o baile, a última vez que nos vimos e nos tocamos, sentia que algo faltava em mim, e sabia exatamente o que era, apesar de tentar negar meus sentimentos e escondê-los. A tensão tortuosa que sentia ao seu lado, ou o perigo iminente que me apaixonava quando era desafiada por aqueles olhos verdes… 

Não fazia sentido gostar de um sentimento como aquele, eu bem sabia, mas de alguma forma eu o adorava.

Estava prestes a sair da frente da janela, quando as luzes do quarto vizinho se ascenderam.

 A silhueta de Heath apareceu aos meus olhos. Em sua mão havia um capacete de moto escuro, que logo foi atirado contra o travesseiro de sua cama. Ele então tirou sua jaqueta de couro, jogando-na igualmente como fizera com o capacete, ficando apenas com uma camisa negra com os primeiros dois botões desabotoados e sua calça jeans acizentada.

Perguntei-me se devia mesmo ficar ali e espionar Heath se despir. Por mais que aquilo me tentasse no momento, sabia que não era nada correto. Entretanto, antes que pudesse controlar minhas vontades e sair dali, aqueles olhos verdes me encontraram.

Por alguns instantes, fiquei paralisada. 

Heath parou o que estava fazendo, e se dirigiu até a janela, abrindo aos poucos um sorriso malicioso; como se percebesse alguma intenção ambígua e sutil em mim. Suas mãos então tomaram posse do trinco de sua janela, e com um movimento rápido empurrou o vidro para cima, apoiando-se no batente da janela aberta, o que tornava seus músculos tencionados ainda mais evidentes. Levantando seu rosto para cima, como se apontasse para a minha janela, pediu para que eu a abrisse como havia feito, chamando-me para conversar.

Se eu fosse uma personagem de algum livro que estivesse lendo, com certeza gritaria para que não abrisse a janela e evitasse ao máximo Heath, algo óbvio de se fazer para esquivar-se do perigo. Mas eu estava curiosa demais para agir racionalmente.

Com um movimento bem mais lento, e bem menos gracioso que o dele, empurrei minha janela para cima, deixando o caminho livre entre nós dois, separados apenas por algumas telhas.

— Que pijama… — Heath brincou, com uma voz sensual ao olhar para as minhas vestes quase inexistentes.

Joguei meu cabelo para frente, afim de cobrir o que não devia ser descoberto.

— Não faça eu me sentir mais arrependida por ter aberto a janela do que já estou… — Falei irônica, enquanto também apoiava minhas mãos no batente: — Aliás, você realmente não sabe abotoar sua camisa corretamente, não é?

— Você poderia vir aqui para me ensinar, Cait… — Sua voz soou macia e inesperada: — Ou você pode simplesmente desabotoar tudo… Eu não me importo.

Coloquei minha mão na janela, fingindo que iria a fechar, apenas para ver sua reação. Heath então pediu para que eu não fechasse, e que era apenas uma brincadeira. Sorri vitoriosa ao sentir que estava no controle da situação… Ou ao menos com parte do controle.

Após ter tirado minhas mãos da janela e voltado a me apoiar no batente, nossos olhos se vidraram pelo que me pareceu uma infinidade, entretanto, ainda não havia se passado segundos. Alguns pensamentos vieram e logo se foram; alguns deixavam lapsos de memória que aos poucos mudavam o meu humor. As mensagens ameaçadoras, a máscara, a arma escondida na gaveta de Heath… Afinal, quem era ele de verdade?

Ao perceber minha mudança de humor repentina, ouvi sua voz alta, para que chegasse até meus ouvidos:

— Você ainda está brava comigo, não está?

Um suspiro saiu por meus lábios antes que conseguisse responder.

— Bem… Você ainda quer me matar? — Perguntei, mais para ter uma resposta à sua pergunta. Sabia que não podia o acusar daquele jeito, sem ter provas ou qualquer coisa do tipo, mas meu instinto de defesa às vezes agia sem minha razão, e então decidi tentar concertar: — Eu não estou brava com você, Heath… Mas tem algo em você que eu não consigo decifrar, e isso me assusta.

Estava sendo franca com ele. Era impressionante como em questão de segundos, meus sentimentos se alternavam tão confusamente quando se tratava de Heath.

— Por que eu mataria uma garota que fica tão bem em uma camisola? 

— Talvez seja um fetiche, não sei… — Me permiti brincar, e nós dois soltamos uma leve risada: — Como Jason Voorhees, de Sexta-Feira 13, ou Jack, O Estripador… Eles não tinham muita razão para sair por aí matando, mas mesmo assim… É o que eles fizeram.

Heath, após sorrir divertido, apoiou seu cotovelo contra o parapeito, curvando-se contra a janela, como se se sentisse a vontade. E, brincando com um olhar atravessado, perguntou:

— Você está me comparando a Jason e a Jack? Eu sou bem mais bonito que eles, não acha?

Acho. Com certeza, acho.

— Bem… Certamente acho você perigoso.

— Cait, Cait… Você não acha que as duas coisas se complementam? — E deixou sua cabeça pender minimamente para o lado, mostrando o mais astuto e insinuante de seus sorrisos.

No mesmo instante pensei em Jake.

Jake, com seus olhos azuis e cabelo levemente claro, talvez fosse a pessoa ideal para definir segurança. Era legal, simpático, não jogava frases ambíguas em cima de mim e o principal: era confiável. Entretanto, ali estava eu: em frente a janela do meu vizinho vestindo apenas uma fina camisola. Por quê não sentia o desejo de estar assim na frente de Jake?

Meus sentimentos contraditórios começavam a me confundir.

Bem a tempo de impedir aquela conversa de chegar em lugares que não gostaria de tocar, algumas batidas foram ouvidas contra a minha porta, e vozes entusiasmadas também. Olhei para trás surpresa, afinal ainda não havia colocado uma roupa, e os convidados já deviam ter chego. 

— O.k., senhor arrogante-perigoso… Você precisa sair de vista, não tenho mais cortina para esconder a janela. — Disse, enquanto tentava com os olhos achar minha calça jeans e uma blusa decente.

— Então teremos que deixar o striptease para uma próxima vez? — Heath perguntou sarcástico, enquanto desabotoava os botões restantes em sua camisa.

— Talvez tenhamos que deixar o striptease apenas em seus sonhos… — Rebati, enquanto pegava a calça jeans logo ao meu lado e colocava por debaixo da camisola.

— Então por que você estava me esperando em frente a janela?

O olhar sugestivo que Heath me lançou naquele momento mostrava que já sabia a resposta.

— Por que?! — Perguntei confusa, e, forçando meus braços a se desdobrarem, como se não sentisse frio nenhum, menti: — Calor, é claro! Essa noite está muito quente… E não me olhe com esse olhar!

— Que olhar? — Heath perguntou, intensificando ainda mais seu olhar.

— Esse olhar convencido e… — Lindo, charmoso, provocante? Pensei, ao passo que apenas cuspi as palavras: — Totalmente… Arrogante.

— Tudo bem, garota do striptease… — Ele brincou, achando graça na minha fala: — Não precisa ficar tão na defensiva… Eu gostei.

Pensei em responder agressivamente para Heath, ou ao menos ficar com a última palavra sobre o assunto, mas as batidas na porta não paravam, e a voz de Benson, misturada a duas outras, sendo uma masculina, começavam a me perturbar.

Abotoei minha calça jeans, deixando uma parte da minha barriga a mostra para Heath, mas logo a cobri de volta com a camisola. Quando olhei para ele, estava mordendo seu lábio inferior.

Aquela noite estava realmente fria, não poderia mentir… Até eu ver Heath.

— Você precisa sair de vista agora, Heath!

Mas ele pareceu ignorar totalmente minhas palavras, começando a desabotoar o terceiro botão, e depois o quarto… De repente, senti como se estivéssemos no verão. Agradeci por Benson ameaçar entrar no quarto sem permissão e me tirar daquela hipnose.

— É serio, Heath! Não quero que as visitas vejam meu vizinho quase sem roupa pela janela…

— Ciúmes?

— Decência.

— Tem certeza?

Ouvi a maçaneta do quarto tentando ser virada, mas por sorte estava trancada.

— Heath! Vai embora!

Estava começando a ficar tão desesperada, que peguei a primeira coisa que vi ao meu lado e joguei contra a janela, com a intensão de acertar Heath em cheio. Uma pena que fora apenas um ursinho de pelúcia, que ele pegou como se fosse uma pena, rindo da minha tentativa fracassada de mandá-lo embora a força.

— Por favor? — Pedi, apelando para o emocional.

Heath, com o ursinho em mãos, pegou sua pata e a mexeu de cima para baixo, como se a pelúcia estivesse me dizendo adeus. Seus olhos me olharam intensamente por alguns segundos, enquanto um meio-sorriso astucioso se formava em seus lábios, e então piscou maliciosamente para mim, antes de apagar as luzes ao deixar o quarto.

Admito: levei algum tempo até conseguir me recompor daquela cena e, se antes sentia frio, naquele momento precisava de uma ducha gelada para passar o calor.

XXX

Quando abri a porta, três pessoas que estavam apoiadas contra ela caíram para dentro do quarto.

Entre gemidos de dor pela queda, e risadas por causa da situação, pude reparar em quem estava ali, tão exaltado para poder entrar no quarto: Gabriela Benson, Nancy e… Um moreno alto, que, mesmo naquele frio, usava uma camisa social de meia manga estampada, e não parava de rir.

Eu conhecia ele de algum lugar…

Nancy foi a primeira a se levantar, portando-se um pouco tímida pela cena que participara. Benson, sem se importar de empurrar o garoto para poder se levantar, recompôs-se como se não tivesse feito nada de errado, jogando as mechas revoltadas de seu cabelo liso para trás. Já o garoto, levantou-se espirituoso, colocando-se em minha frente com a mão estirada para que eu lhe desse a minha.

— Oi, eu sou o Tyler… Me desculpe por, você sabe… — E, logo depois de depositar um beijo na mão que lhe dei, completou brincando: — Foi tudo ideia da Gabriela.

Culpando a Benson? Já estava gostando dele…

— Cala boca, Tyler. — Respondeu Benson irritada, enquanto arrumava sua sapatilha, que havia se deslocado de seu pé com a queda.

Tyler. Eu conhecia esse nome.

— Eu te conheço de algum lugar, não conheço? — Perguntei tentando revirar a minha memória.

— Verdade ou desafio no baile… Eu era o babaca que estava bêbado demais para te pedir um beijo da pior forma… Foi mal por aquilo. Não vai mais acontecer… Quer dizer, se você quiser, é claro que eu…

— Tyler! — Nancy e Benson gritaram, como se tivessem perdido a paciência com o discurso dele.

Ele parecia ser um cara bem engraçado.

— Não tem problema, eu mal lembrava disso… — Tentei mudar de assunto: — Afinal, quem estava tentando arrombar a minha porta?!

— Eu. Culpado de novo… Droga. Se você quiser me expulsar da sua casa, sem problemas… Eu entendo. — Tyler disse, e logo depois puxou Benson para a sua frente, segurando-na pelos ombros; reparei que era pelo menos uns trinta centímetros maior que ela: — Mas, de novo… Foi tudo ideia dela.

Logo depois que ele a soltou, e Gabriela deu alguns tapas em seu ombro que não foram nem sentidos, pude reparar mais em sua aparência, e tentar decifrar um pouco de sua personalidade. Tyler, como disse antes, era alto, forte, — porém mais para magro que para encorpado — possuía olhos e cabelo castanhos e a pele bronzeada. Estava usando um tênis preto, com um estilo mais jogado e típico dos skatistas, enquanto sua calça jeans e camisa social listavam-no como um bom moço. Talvez fosse a mistura dos dois. Seu sorriso simpático mostrava seu humor exacerbado, e apesar de bonito, com certeza isso era, estava mais para um bom amigo de diversão do que para um possível alvo de paixões. As vezes parecia até mesmo meio bobo da corte, principalmente quando olhava para Gabriela Benson… Talvez tivesse uma queda por ela.

— Caitlin… — Ouvi Nancy me chamar de lado, enquanto os dois faziam uma ronda pelo meu quarto, tirando e colocando coisas fora do lugar em que se encontravam: — Desculpa por vir sem avisar, minha mãe me avisou de última hora que viríamos. Nem sei porque fomos convidadas, na verdade… Ou porque minha mãe aceitou vir.

— Eu fico feliz que tenha vindo, não precisa esclarecer nada. — Disse com um sorriso, enquanto tirava a minha camisola que Tyler havia pegado de suas mãos.

— Tudo bem. Agora que sabemos que a suicida está bem, por que não voltamos lá para baixo? — Gabriela perguntou, enquanto encarava um de meus desenhos por cima da mesa.

— Suicida? — Estranhei o apelido pelo qual me chamara.

— Seu pai estava preocupado por você não ter descido… Pensamos que você tinha se matado. — Tyler respondeu, diminuindo a voz no final por perceber que aquela teoria não fazia tanto sentido.

— Além disso, seu pai pediu para pegarmos mais lenha para a lareira da sala… Mas não sabemos onde fica o porão, pensamos que talvez você pudesse ir com a gente. — Respondeu Nancy cruzando os braços por causa do frio.

Existia um porão naquela casa?

Eu definitivamente tinha de explorar o território quando pudesse; sentia que tinha mais cômodos na casa que não conhecia do que conhecia.

Apesar de não saber onde ficava o porão, concordei em guiá-los até lá, pensando que talvez pudesse ficar em alguma porta subterrânea fora da casa. Ao menos os tiraria do meu quarto, e eles parariam de bisbilhotar todos os meus pertences.

Saímos do quarto e descemos as escadas. O andar debaixo da sala estava quase lotado, se meu pai queria uma reunião com "alguns amigos", como falou que seria, acabou conseguindo amigos, filhos dos amigos, parentes dos amigos, amigos dos amigos... Além dos vizinhos. Vi meu pai conversando com Mabel Benson, os dois estavam um pouco mais próximos um do outro do que eu gostaria — Ter a mãe de Gabriela como madrasta e ser meia-irmã de Gabriela não me soava como boa ideia.

— Tudo bem, nós vamos ter que nos dividir... Não tenho certeza sobre onde é o porão — Tive de admitir depois de darmos quase cinco voltas sem rumo na sala.

Você não sabe onde é o porão da sua própria casa?! -- Benson perguntou, bufando em seguida.

— Se serve de consolo, Caitlin, eu também não sei onde fica o porão da minha casa... — Tyler falou, colocando uma mão no meu ombro: — Ah, não, calma... Eu não tenho porão em casa.

Olhamos para ele com uma expressão indefinida, apesar de depois eu começar a rir muito, enquanto Nancy batia na própria testa, inconformada.

Contei a eles onde poderia ser o porão, que eram em dois lugares. O primeiro ficava fora da casa, em um tipo de alçapão que pensava poder ser o porão. Já o segundo lugar era dentro da casa, mais afastada dos outros cômodos, perto do quintal, e sempre estava com a porta fechada. Havia reparado nela havia alguns dias, e estava mais que curiosa para ver o que tinha ali.

— Então Tyler fica com Benson, e eu com Nancy, que tal?

Tyler foi o único que concordou.

— Nem a pau que eu fico com o Tyler! —Benson reclamou inconformada, enquanto pegava um copo de ponche ao seu lado.

— Nada contra você, Caitlin, mas eu prefiro ficar com alguém mais… Seguro. — Nancy comentou, e eu me senti um pouco traída.

— Tudo bem, então eu com a Benson e Nancy com Tyler?

— Eu com a Nancy, Tyler com você. — Benson ditou impaciente, e logo arrastou Nancy para longe:  — Vamos logo!

Elas foram procurar no possível porão que ficava fora da casa, enquanto Tyler e eu seguimos para o cômodo afastado.

A porta, mais escura que as outras da casa, parecia emperrada quando tentamos a abrir. Tyler tomou distância, com intuito de arrombar a porta com o ombro, mas quando se lançou contra ela não conseguiu nada, além de muita dor.

—Você está bem?!

— Eu… Não consigo sentir... Muita coisa... — Tyler falou entre gemidos.

Ajudei-no a levantar, mesmo quase caindo por Tyler ser muito mais pesado que eu. Percebi que seu esforço havia valido a pena: a porta fazia um rangido perturbador enquanto uma fresta se abria aos poucos. Empurrei a porta com o pé, e Tyler fez uma cara impressionada por me ver em ação.

O cômodo era totalmente escuro, e conseguíamos ouvir as asas de insetos batendo contra si conforme a faixa de luz adentrava o local; entramos mesmo assim.

Fechei a porta atrás de mim quando entramos por ela, e comecei a passar minhas mãos rente à parede, procurando pelo interruptor. Passados alguns segundos no escuro, consegui achá-lo a alguns metros da porta, e logo uma luz amarelada iluminou parcialmente a sala.

Muitas estantes de ferro ocupavam as paredes, indo até o teto. Livros, jornais e pastas dividiam lugar com a poeira, alguns jornais se encontravam jogados pelo chão.

— Acho que esse não é o porão…

— É… Não parece muito com um porão...  — Concordei com Tyler, enquanto passávamos entre as prateleiras metálicas.

Separei-me de Tyler ao ver uma foto de meus pais encostada contra uma caixa de ferramentas. Os dois estavam juntos na foto, com o braço de meu pai passando sobre as costas de minha mãe, enquanto olhavam para câmera sentados a um banco; ao fundo, um lago deixava a imagem ainda mais agradável aos olhos. Minha mãe possuía um sorriso de orelha a orelha, parecendo quase tão relaxada quanto meu pai. Joe estava... Tão diferente. Mal parecia meu pai, com a postura mais leve, o cabelo menos grisalho e as marcas de expressão menos profundas. A morte de minha mãe realmente havia o transformado.

— Caitlin… Olha só o que eu achei! — Tyler me chamou de outra prateleira.

Deixei a foto de lado e corri para onde Tyler estava, curiosa com o tom surpreso que havia me chamado. Ao chegar lá, dei de cara com uma estante repleta por jornais antigos, seguindo uma ordem cronológica. Nas mãos de Tyler, um deles.

Na manchete, uma frase de efeito chamava a atenção do leitor: "Trágico acidente choca Hudson Lake!", e, embaixo, uma foto de policiais e ambulâncias, em uma confusão conflitante. Logo abaixo, uma foto minha aparecia em destaque: "Caitlin Dagger, estudante da H. L. High School, se encontra hospitalizada em estado grave.".

— É sobre o meu acidente... — Comentei, mais para mim mesma que para Tyler, ainda surpresa por nunca ter visto matérias sobre o assunto.

— Parece que a estante inteira é sobre isso...

Olhei para cima, e reparei que todos or jornais realmente eram sobre o acidente, ou ao menos sobre assuntos com datas próximas.

Após alguns instantes tentando entender porque aqueles jornais estavam ali, um estrondo tirou nossa atenção, assustando-nos. Olhamos para a porta e vimos Gabriela, Nancy e Jake parados em seu batente, tentando se acostumar à luz mais escura da sala estreitando os olhos. Depois de algum tempo, eles nos acharam, e logo deixamos de lado o que estávamos vendo para ir até a porta.

— Jake, oi! — Cumprimentei-o, enquanto o abraçava rapidamente: — Você chegou há muito tempo?

— Acabei de chegar, na verdade. Me desculpe por vir sem avisar, Gabriela me chamou... Não sabia que era um evento mais fechado. — Jake explicou, olhando atravessado para Benson, como se zangado por ter sido enganado.

Gabriela apenas lançou um sorriso travesso para ele, colocando suas mãos em volta dos braços de Jake. Desde quando os dois se falavam? E desde quando Gabriela entrelaçava seu braço no de Jake? Não me sentia muito bem com aquela aproximação... Tyler também não parecia aprovar.

— Sem problema, acho que metade da cidade deve estar aqui. — Brinquei, enquanto saíamos da sala.

Paramos em frente à porta do quintal, tentando decidir o que faríamos para passar o tempo. Apesar de ter bastante gente, a festa não parecia nada animada. Se fosse chutar, até diria que a Sra. Stuart, da casa ao lado da nossa, estava dormindo sobre a mesa de frios.

— Será que a Sra. Stuart está bem? Quer dizer, ela parece meio... Não... Viva... — Tyler comentou, e só depois que vimos seu corpo mexer enquanto respirava, é que desconsiderarmos a hipótese.

— O.k., vocês preferem ficar aqui vendo o estado de saúde da Sra. Stuart ou ir até o lago para curtir um pouco? — Gabriela perguntou, ao passo que todos respondemos apressadamente "lago!".

Saímos pelos fundos, seguindo pelo caminho de pedra que nos levaria até o lago. Jake se desvencilhou de Benson e veio ao meu lado, colocando gentilmente sua jaqueta sobre os meus ombros por causa do frio. Sorri agradecida para ele.

Enquanto passávamos pela casa de Heath, uma luz na sala acendeu e apagou, mas ninguém pareceu reparar nisso… Somente eu.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Peço desculpas pelos atrasos e demoras recentes para a postagem dos capítulos; como disse antes, o final de ano está sendo realmente confuso, e quando consigo achar tempo para respirar, respiro escrevendo! Hahaha
Críticas, elogios ou reclamações serão muito bem aceitos e amados :)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...