História Isso não é uma história de amor - Changes

Dou duas batidas na porta e escuto sua voz do outro lado me pedindo para entrar, ajeito a alça da mochila no meu ombro e o faço.

 

 

- Peeta! Aconteceu alguma coisa? - Cinna pergunta com a testa franzida e eu nego, fechando a porta atrás de mim.

 

- Posso sentar? - Aponto para a cadeira com a cabeça e ele assente.

 

- Claro, fique à vontade. O que te trouxe até a minha sala? - Ele cruza as mãos em cima da mesa e me encara com atenção.

 

- Lembra de Katniss Everdeen? - Pergunto e ele sorri.

 

- Aquela que você salvou?

 

- A própria. - Respiro fundo e me inclino levemente na sua direção. - Eu queria pedir um imenso favor.

 

- Do que você precisa?

 

- Katniss se afogou porque não sabe nadar, então eu disse pra ela que a ensinaria. Mas como eu não tenho piscina...

 

- Você quer me pedir se pode ensiná-la na minha escola.

 

- Sei que comecei a trabalhar lá há pouco tempo mas se necessário eu pago uma mensalidade pra ela ou...

 

- Respira, Peeta. - Cinna diz com humor e eu o obedeço, respirando fundo. - Como você bem sabe eu não sou o único que manda, então preciso pedir ao Seneca antes de confirmar qualquer coisa com você. - Diz e eu assinto. - Entretanto tenho certeza de que assim como eu, ele não verá problema algum em você ensinar a senhorita Everdeen nas nossas piscinas. Se eu bem entendi, você quer ensiná-la em particular, não é?

 

- Sim. Acredito que dessa forma vai ser melhor, já que a maioria das turmas estão mais avançadas e Katniss não sabe nada.

 

- Só temos uma uma condição.

 

- Qual?

 

- No dia em que pedi para que trabalhasse aqui, deixei bem claro que te acho muito responsável. Eu confio em você, então espero que sua relação com Katniss enquanto estiverem lá não seja nada  além de profissional. - Diz e eu sinto meu rosto esquentar levemente com a vergonha que sinto.

 

- É claro, treinador. Você pode confiar em mim. Além do mais, eu e Katniss somos apenas amigos.

 

- Ótimo. Era só isso que você queria me dizer? - Pergunta e eu assinto. - Então está dispensado. Eu te aviso assim que Seneca me responder.

 

- Muito obrigado, Cinna. De verdade.

 

- Não tem de quê, Peeta. - Ele me dá um sorriso amigável e eu caminho até a porta, abrindo-a. - Ah, só mais uma coisa. - Sua voz me faz virar pra ele.

 

- Sim?

 

- Se encontrar o Finnick, diga para ele vir até a minha sala.

 

- Claro, treinador.

 

Caminho pelos corredores com as mãos nos bolsos da calça enquanto penso sobre como tudo havia mudado desde que Katniss Everdeen aparecera na minha vida.

 

Como uma pessoa que eu nunca havia visto antes era capaz de causar tanto impacto na minha vida, e ainda mais dentro de mim?

 

Ela era a primeira garota que fazia com que eu me sentisse diferente. Claro que eu já havia tido outras amigas antes, mas nenhuma delas despertava tantos sentimentos da mesma forma que que Katniss fazia comigo, mesmo sem ter ideia do efeito que tinha sobre mim.

 

Apesar de ambos serem meus amigos, o que eu sentia por Katniss era bastante diferente do que eu sentia por Finnick, mas eu acreditava que isso deveria ser pelo fato do moreno ser meu melhor amigo desde sempre, praticamente um irmão.

Então por que eu confiava em Katniss da mesma forma que confiava em Finnick?

 

Suspiro pesadamente, me sentindo confuso e levemente perdido. No fundo, eu sabia que com o tempo conseguiria entender com clareza os sentimentos que tomavam conta de mim quando ela estava por perto.

 

- Ei irmão. - A voz de Finnick chama a minha atenção e eu levanto meus olhos até os seus quando ele começa a me acompanhar. - Onde você estava?

 

- Falando com o Cinna. Ele pediu pra que você fosse vê-lo assim que possível.

 

- O que ele quer? - Pergunta e eu dou de ombros.

 

- Ele não me disse.

 

- Vou lá depois do intervalo. - Diz e eu assinto. - Você está bem?

 

- Estou, por quê?

 

- Tá com uma cara estranha.

 

- Só estava pensando. - Desvio os olhos pro corredor e vejo ela caminhando ao longe, alheia a tudo e todos.

 

- Pensando no quê? - Pergunta e eu acabo sorrindo, parando em frente ao meu armário. Finnick faz o mesmo, parando ao meu lado.

 

- Mudanças, Finn. Mudanças.

 

~ _lll_ ~

 

- E terminamos o treino por hoje, crianças.

 

- Já acabou, tio Peeta? - Gabe pergunta com uma expressão triste e eu sorrio um pouco, assentindo.

 

-Amanhã vocês voltam e a gente brinca mais um pouco. - Tranquilizo, observando as carinhas pidonas.

 

- Mas a gente precisa esperar um dia inteirinho até lá. - Melissa faz biquinho enquanto ainda permanece apoiada na boia.

 

- Mas vai valer a pena, porque eu tenho uma brincadeira nova pra vocês. - Tiro a pequena da piscina e saio da mesma, observando enquanto meus alunos se enrolam nas suas respectivas toalhas.

 

- Qual, qual? - Gabe pergunta animado e eu sorrio.

 

- É, conta, tio Peeta! - Jake diz animado e eu faço que não com a cabeça.

 

- Vão ter que esperar até amanhã!

 

- Eu não vou dormir de tão ansiosa. - Diana diz dando pulinhos e eu rio.

 

- Por isso vocês precisam voltar aqui. Vai ser bem legal, prometo. - Pisco pra eles. - Até amanhã, crianças. Vocês estão dispensados.

 

Observo enquanto os pequenos usam as mochilas e vão para o outro lado do ginásio onde os pais os esperam, alguns acenam e até sorriem pra mim, me fazendo retribuir da melhor forma possível.

 

Mas, um pai em especial chama minha atenção. Meu pai. Arqueio a sobrancelha e caminho até ele, o loiro se levanta e sorri.

 

- Ei, garoto.

 

- Oi pai. Aconteceu alguma coisa? - Pergunto e ele me abraça.

 

- Não. Só vim pra dar uma olhada no seu trabalho por aqui. Você leva jeito com as crianças. - Haymitch aponta para a piscina e eu sorrio.

 

- Elas são bem obedientes, o que facilita meu trabalho.

 

- Está sendo humilde. - Ele arqueia a sobrancelha e eu rio.

 

- Você está certo… eu estou arrasando! - Faço uma dancinha e ele ri, assentindo.

 

- Conversei um pouco com Cinna quando cheguei e ele te elogiou muito, além de me mostrar alguns elogios que os próprios pais dos seus alunos dedicaram a você. Estou muito orgulhoso, filho. - Diz e eu sorrio verdadeiramente.

 

- Obrigado, pai.

 

- O que acha de chamar o Finn pra jantar lá em casa hoje?

 

- Ótimo. - Ele retribui meu sorriso.

 

- Então vá tomar uma ducha, troque de roupa e vá pra casa, ok?

 

- Pode deixar. Até logo, pai. - Digo e ele dá dois tapinhas nas minhas costas, seguindo na direção da porta.

 

Sorrio comigo mesmo e faço o que ele mandou, tomando uma ducha morna e usando minha roupa. Coloco minha bolsa no ombro e vou para o hall de entrada, me despeço da secretária e sigo para a minha caminhonete.

 

Pego as chaves e o celular no bolso e destranco o carro, entro no mesmo e fecho a porta, desbloqueando o celular. Abro o aplicativo de mensagens e sorrio ao ver uma nova mensagem de Katniss.

 

KE: Quando prefere nossa aula de Física, Mellark?

 

Meu sorriso se torna maior e eu suspiro cansado.

 

PM: Estou livre na quarta feira e finais de semana, nos demais dias sempre depois das 6 PM :)

 

KE: Que aluno ocupado eu tenho

 

KE: O que acha de usarmos 3 dias para a Física e 2 para a natação?

 

PM: Por que a natação fica com menos tempo? É importante que você aprenda a nadar

 

Saio da nossa conversa e abro o contato de Finnick, digitando uma mensagem.

 

PM: Jantar lá em casa em uma hora

 

PM: Contamos com você

 

Deixo o celular no banco do passageiro e dou a partida na caminhonete, seguindo pra casa enquanto reviso os acontecimentos do dia na minha cabeça. Eu estava exausto.

 

A aula havia sido tranquila, pelo menos até a natação. Cinna havia passado diversos exercícios para a equipe e eu como o capitão deveria fazê-los com maestria, o que me custava muito esforço e deixava meus músculos doloridos pela falta de prática. Nada que algumas semanas não resolvessem. Até o campeonato, eu estaria em perfeito estado, como acontecia todo ano.

 

Abro o portão e estaciono na garagem, pegando minha bolsa e o celular. Desbloqueio o aparelho e tiro a chave da ignição, desço da caminhonete e tranco a mesma, guardando a chave no bolso.

 

Abro o aplicativo de conversas e vejo que tenho duas novas mensagens, sendo uma de Finnick e a outra de Katniss. Abro a de Katniss primeiro.

 

KE: A minha (falta) de habilidade na natação não vai te fazer repetir o ano, já a Física....

 

PM: Você tem um bom argumento, não posso negar

 

Saio da sua conversa e abro a de Finnick, sorrindo ao ver seus vários emoticons: três de língua pra fora, 3 ou 4 de comida, dois corações vermelhos e um “paz e amor”.

 

Bloqueio o celular novamente e entro em casa, encontrando minha mãe e meu pai entretidos na cozinha.

 

- Boa noite, família. - Digo e minha mãe sorri pra mim.

 

- Boa noite, querido. Como foi a aula?

 

- Muito bem, mãe. - Beijo sua testa e ela beija minha bochecha. - Eu disse pro Finn estar aqui em uma hora. O que temos pro jantar?

 

- Mac and cheese. - Meu pai sorri orgulhoso e eu sinto minha barriga roncar de fome.

 

- Que delícia. - Olho ao redor, procurando pela loirinha. - Cadê a Prim?

 

- Foi fazer um trabalho na casa da Rue. Deve chegar em breve. - Minha mãe comenta distraidamente. - Quando você vai trazer a Katniss pra me conhecer?

 

- Te conhecer? - Pergunto surpreso e ela assente como se fosse a coisa mais normal do mundo.

 

- Você a trouxe aqui exatamente no dia em que eu tinha yoga. Seu pai e Prim já conhecem, mas e eu?

 

- Ela é só minha amiga. - Comento.

 

- Eu sei, querido. Mas Finnick também é “só seu amigo” e está vindo jantar conosco hoje. - Pontua.

 

- Eu entendi. Me dê mais alguns dias pra pegar a confiança dela e eu prometo que você vai conhecê-la. - Digo e ela sorri, me fazendo retribuí-la. - Tenho certeza de que vai adorá-la.

 

- Eu já a adoro. - Diz e eu arqueio a sobrancelha. - Sua irmã e seu pai me falaram bastante dela, além de que você sempre… brilha, quando fala dela.

 

- Eu brilho? Como o vampiro de Crepúsculo? - Faço piada e ela revira os olhos.

 

- Não é isso que eu quis dizer. Você fica… radiante. - Ela mexe os dedos ao redor do meu corpo e eu reviro os olhos.

 

- Eu vou tomar banho pra ver se me livro desse brilho todo. - Comento e meu pai ri, enquanto minha mãe bate na minha cabeça.

 

Saio da cozinha dando risada e vou pro meu quarto, deixo a bolsa em cima da cama e tiro a sacola com minhas roupas molhadas de dentro, deixando-a ao lado da porta para levá-la para a lavanderia depois.

 

Vou até o banheiro e tiro a minha roupa, entro no box e ligo o chuveiro, suspirando ao sentir a água morna em contato com a minha pele.

 

Tomo um banho lento e relaxante, saindo do box bocejando.

 

Me seco e enrolo a toalha na minha cintura, esfrego os olhos e passo desodorante, escovo os dentes e saio do banheiro, seguindo para o closet.

 

- Caramba. Quem me dera ter uma visão dessas todo dia. - Diz e eu dou um pulo, fazendo-o rir. - Se eu me lembrasse que você é tão gostoso, teria entrado naquele banheiro contigo.

 

- Vai se foder, Finnick. Você quase me matou de susto.

 

- Morrer vendo um gostosão como eu seria um ótimo jeito de partir pra melhor, você não acha? - Ele arqueia a sobrancelha e sorri galante, me fazendo revirar os olhos.

 

- E realmente foi por pouco que eu não parti mesmo. - Entro no closet e posso ouví-lo rir.

 

- Se você algum dia morresse, vai ser por ser um ranzinza. Você é muito mal humorado pra alguém que só tem dezessete anos. - Jogo a toalha pra longe e uso uma cueca.

 

- Se você tivesse que aguentar os exercícios que o Cinna passou pro time hoje, entenderia o meu mau humor. - Uso uma calça preta e ele aparece na porta do closet, parecendo surpreso.

 

- Tá falando sério? - Ele levanta a camiseta e eu arregalo os olhos ao ver várias marcas roxas e azuladas nas suas costelas. - Finstock me fez treinar os novatos hoje. Tantos coisas acertaram o meu corpo tantas vezes que eu perdi a conta.

 

- Cinna nos passou tantos exercícios que eu achei que ia ter uma cãibra e me afogar, mesmo sendo o capitão do time de natação. - Digo e nós começamos a rir.

 

- É muito bom ter você pra me fazer rir até mesmo nos piores dias, irmão. - Ele se aproxima de mim e me abraça, me fazendo rir.

 

- É muito bom ter você também. - Dou dois tapinhas nas suas costas.

 

- Você está tão quente... acho que estou excitado. - Diz no meu ouvido e eu gargalho, empurrando ele pra longe enquanto Finnick também começa a rir, gemendo de dor em seguida. - Não me faz rir, caralho.

 

- Está tudo doendo. - Reclamo e ele assente, segurando o próprio abdômen.

 

- Eu preciso de um analgésico.

 

- Meu Deus, o mal humor do Peeta é contagioso. Maninho, sinto em lhe informar mas você tem que ir embora antes que contamine a todos nós. - Primrose aparece ao lado de Finnick e eu reviro os olhos.

 

- Quando você chegar na nossa idade, vai entender. - Uso uma camiseta e é a vez da loirinha revirar os olhos.

 

- Pelo amor de Deus, vocês tem dezessete anos. Parem de choramingar. - Reclama e eu sorrio, usando meu tênis. - Katniss também vem? - Pergunta e eu levanto os olhos até ela, sentindo o olhar de Finnick sobre mim.

 

- Não.

 

- Por que não?

 

- Ainda não somos tão amigos assim. - Comento e ela me olha confusa.

 

- Mas ela já veio aqui. - Responde e Finnick me olha surpreso.

 

- Outra hora, Primrose. - Digo simplesmente e ela parece entender o recado, saindo do meu quarto.

 

- Katniss veio aqui? - Pergunta baixo e eu suspiro, passando a mão pelos cabelos.

 

- Ontem. Eu briguei com Primrose e ela me ajudou, aí Prim pediu para que ela viesse. Eu não te contei porque acabei esquecendo, e...

 

- Tá tudo bem, Peeta. - Olho pra ele e vejo um sorriso em seus lábios. - Tem certeza de que não quer chamar Katniss?

 

- Absoluta. Ela estava aqui ontem, e hoje eu quero passar um tempo com o meu melhor amigo. - Digo e seu sorriso se torna maior. - Apesar de que se eu ficar muito tempo sentado naquela cadeira, eu provavelmente vou dormir. - Pondero e ele ri, assentindo.

 

- Eu também, irmão.

 

- Pelo menos se eu dormir, você vai conseguir finalmente ganhar de mim. - Pisco pra ele e o moreno gargalha.

 

Seguimos para o primeiro andar e até a cozinha, encontrando meus pais trabalhando em sincronia.

 

- Você o assustou? - Meu pai pergunta e Finnick assente, os dois começam a rir e eu os encaro com tédio.

 

- Nunca falha. - Meu amigo comenta e meu pai assente, gargalhando.

 

- Precisa de ajuda? - Ignoro os dois e me aproximo da minha mãe.

 

- Não, querido.

 

- A mesa já está posta? - Pergunto e ela sorri culpada, me fazendo sorrir também. - Deixa que eu faço.

 

Começo a pegar as coisas e alguns segundos depois Primrose e Finnick estão me ajudando, conversando e rindo de um jeito que até me faz esquecer as dores e o cansaço em meu corpo.

 

- O que Cinna queria com você? - Pergunto a Finnick e ele levanta os olhos do seu macarrão até mim, sorrindo.

 

- Dê as boas vindas ao seu novo colega de natação. - Ele pisca pra mim e eu o olho surpreso.

 

- Sério?

 

- Sim. Ele me pediu para ajudar você na escola, já que você não está dando conta. - Brinca e eu reviro os olhos, sorrindo em seguida.

 

- Vai ser ótimo ter uma ajuda. As crianças querem minha atenção o tempo todo e ao mesmo tempo, e falam tão rápido que eu nunca consigo entender. - Reclamo e ele ri.

 

- Você se porta muito bem, filho. - Meu pai comenta e eu sorrio.

 

- Obrigado, pai. Mas nem sempre eu dou conta.

 

- Você pega o jeito. - Finn comenta e eu assinto. - Vou precisar de algumas dicas suas. Cinna me disse que primeiro eu só vou acompanhar as aulas e auxiliar você no que precisar e quando você achar que eu estou pronto, eu ganho minha primeira turma.

 

- Isso é ótimo, Finn. - Minha mãe comenta animada e ele sorri, assentindo. - Você já contou para os seus pais?

 

- Sim. Minha mãe queria que eu trabalhasse por alguns dias na oficina, então falei com Cinna e vou trabalhar na escola por três dias e nos outros três ajudo a dona Olívia, mesmo que ela entenda muito mais do que eu. - Diz orgulhoso.

 

- E o Jack?

 

- Disse que é ótimo para que eu ganhe meu próprio dinheiro. Claro que eu tenho muito pra aprender nos dois quesitos, mas sei que vou conseguir.

 

- Eu tenho certeza disso, garoto.

 

~ _lll_ ~

 

O som do despertador me tira do meu sono tranquilo e eu faço uma careta, colocando o travesseiro em cima do rosto.

 

- Bom dia, flor do dia. - Abro os olhos e tiro o travesseiro do rosto, encontrando Finnick esfregando o rosto enquanto permanece sentado no colchão em que ele havia dormido no chão.

 

- Bom dia, Finn. - Jogo a coberta para o lado e me levanto, indo até o banheiro.

 

Tiro a minha roupa e tomo um banho rápido, espantando o resto do sono do meu corpo. Escovo os dentes e passo desodorante e perfume, seguindo para o closet com a toalha na cintura.

 

- A mesma visão duas vezes em menos de vinte e quatro horas... estou me sentindo muito privilegiado. - Comenta e eu sorrio, uso uma cueca e uma calça jeans, uma camiseta branca e um tênis, seguido por um moletom preto.

 

Saio do closet e encontro Finnick pronto para ir, com ambas as camas arrumadas.

 

- Não precisava ter arrumado a cama. - Pego a minha mochila e ele dá de ombros.

 

- Não foi nada. Você vai me dar carona pra escola também?

 

- Sim. Posso esperar enquanto você se arruma. - Digo e ele assente, pego meu celular e as chaves da caminhonete e nós descemos as escadas, indo para a cozinha.

 

- Bom dia, garotos.

 

- Bom dia, mãe. - Beijo sua testa.

 

- Bom dia, senhora Mellark. - Finn diz, sorrindo em seguida.

 

- Eu fiz uma coisa pra vocês comerem no caminho. - Ela estende um copo de café para cada um e nós pegamos, em seguida ela nos dá duas sacolas de papelão. - Passei na padaria quando estava voltando da minha caminhada e decidi pegar algo pra vocês.

 

- Muito obrigado, tia. - Ele beija a bochecha dela e eu repito o ato, beijando o outro lado do seu rosto.

 

- Obrigado, mãe.

 

- Não há de quê, meninos. Volte mais vezes, Finn. Você sabe que é bem vindo.

 

- Claro, dona Effie. Até breve.

 

Nós acenamos pra ela e eu sigo para a caminhonete, destranco a mesma e nós sentamos nos respectivos lugares, colocamos os copos no porta copos e usamos o cinto. Jogo minha mochila no banco de trás dou a partida, seguindo para a casa do meu amigo.

 

- Quando você vai começar as aulas de natação com a Katniss? - Pergunta e eu dou de ombros.

 

- Vou falar com ela quando chegarmos na escola e estabelecer os dias.

 

- Estabelecer os dias?

 

- É. Eu vou ensiná-la a nadar e ela vai me ajudar com a matéria de Física.

 

- Hmmmm.... então vocês vão passar todos os dias da semana juntos? - Ouço a ponta de malícia na sua voz e sorrio, negando com a cabeça.

 

- Não é o que você está pensando. Só vamos nos ajudar, unir o útil ao agradável.

 

- Tenho certeza de que você deve estar pensando no quão agradável vai ser ter a Katniss de biquíni na sua frente. - Comenta e eu dou risada da sua cara de pau.

 

- Eu desisto de tentar te convencer do contrário, irmão.

 

- Ótimo. Assim eu e você poupamos muita saliva, já que nada que você diga vai tirar da minha cabeça que você está caidinho pela Katniss e só não quer admitir. - Estaciono na frente da sua casa e reviro os olhos, olhando pra ele com uma cara de tédio e encontrando um sorriso nos seus lábios.

 

- Não enche, Finnick.

 

- Eu volto em dez minutos, Romeu. - Ele abre a porta do carro e corre na direção da casa, me fazendo rir.

 

Encosto a cabeça no banco e respiro fundo, pensando no que ele disse.

 

Por toda a minha vida, meus pais me ensinaram a respeitar todos a minha volta e principalmente as garotas, e era o que eu fazia. Era tão respeitoso quanto o possível, mas não era de ferro.

 

Então sim, como Finnick havia dito, eu imaginava o quão "agradável" seria ter Katniss ao meu lado só com um simples biquíni.

 

Imaginava com mais frequência do que eu gostaria de admitir. Não que eu fosse assumir isso para o meu melhor amigo, é claro.

 

Era só um interesse bobo e nunca passaria disso. Ela era uma boa amiga. Só isso.

 

Sou despertado dos meus pensamentos com a porta ao meu lado se abrindo, revelando um Finnick arrumado e cheiroso com uma mochila nas costas.

 

- Eaí? Despertei você da sua imaginação da Katniss de biquíni? - Pergunta e eu reviro os olhos.

 

- E a Annie, como está? - Retruco e ele cerra os olhos na minha direção.

 

- Ok, parei. - Ele entra e joga sua mochila no banco de trás, usando o cinto em seguida enquanto eu dirijo para o colégio. - Hoje vai ser o meu primeiro dia na escola com você.

 

- Está animado?

 

- Tá brincando? E se uma das crianças se afogar enquanto eu estiver ajudando a outra? O que eu faço? - Pergunta e eu rio.

 

- Não se preocupe com isso Finn, você vai pegar o jeito bem rápido.

 

- Mas eu não tenho o menor jeito com crianças e você sabe muito bem disso. Lembra quando a Prim era pequena? Ela saía correndo toda vez que me via. - Lamenta e eu rio, assentindo.

 

- Relaxa, irmão. As crianças são muito boazinhas. E além disso, eu vou estar lá com você. - Digo e ele seca as mãos na calça, me fazendo rir. - Nem quando você vai sair com uma garota você fica tão nervoso.

 

- Com as garotas eu me garanto. - Ele pisca para uma delas assim que chegamos no estacionamento do colégio e eu rio, negando com a cabeça.

 

- Você nunca vai tomar jeito? - Estaciono a caminhonete e ele pega as mochilas no banco de trás, me estendendo a minha.

 

- Por "tomar jeito" você quer dizer namorar? - Ele arqueia a sobrancelha, me olhando com deboche assim que começamos a caminhar pelo pátio da escola. Dou de ombros. - Isso é loucura. Por que eu ficaria com uma garota, quando posso ter várias?

 

- Por amor? - Ironizo e ele ri.

 

- O amor é besteira e...

 

- ...uma grande perda de tempo. - A ruiva completa assim que vira o corredor. 

 

Johanna e Katniss estão ao seu lado e a morena de olhos cinzentos sorri levemente pra mim, enquanto a ruiva estreita os olhos na direção de Finnick e Johanna apenas levanta os olhos para ver o motivo da súbita parada, voltando os mesmos para o celular em seguida.

 

- Olha se não é o cara mais rodado de toda Santa Mônica.

 

- Olha se não é a única garota que eu nunca pegaria em toda Santa Mônica. - Devolve com um sorriso presunçoso.

 

- Não foi o que pareceu na primeira vez que nos falamos. - Retruca no mesmo tom enquanto Katniss, Johanna e eu encaramos a pequena discussão em silêncio.

 

- Vocês brigam e discutem tanto que isso ainda vai acabar em casamento. - Johanna se pronuncia despreocupadamente, atraindo nossos olhares para si.

 

Parecendo perceber a atenção sobre ela, a morena levanta os olhos do celular e dá de ombros.

 

- O quê? É verdade.

 

- Se você fosse meu marido, eu colocaria veneno no seu chá. - Annie diz para Finnick, que a olha com os olhos semicerrados.

 

- Se você fosse minha esposa, EU. IA. BEBER. - Diz pausadamente e a ruiva bufa, dando as costas para nós e indo embora com passadas fortes. - Se vocês me dão licença.

 

Finnick acena com a cabeça e vai na direção contrária de Annie, enquanto Katniss e eu o observamos caminhar para longe.

 

- Anotem o que eu digo. - Johanna chama a nossa atenção apontando com os dedos para onde os dois foram. - Isso com certeza vai dar em casamento.