Deus do céu. Por que diabos ela precisava ser tão linda?
- Kat, vem cá! - Chama e a morena olha para ela e depois para mim, se aproximando devagar. - Você conhece ele, não é?
- Não. - Responde e meu coração acelera ao ouvir sua voz, apesar da sua resposta me deixar levemente desanimado. - Na verdade, acho que ele só dividiu uma aula comigo.
- É. - Concordo e a ruivinha faz uma leve careta.
- De qualquer forma, ele nos convidou para uma festa amanhã. Onde que é mesmo?
- Na casa da Glimmer. - Respondo e a morena arqueia a sobrancelha.
- A loira aguada Glimmer? - Diz e eu assinto.
- Argh. Não, obrigada. Ela é insuportável.
- Eu preciso concordar com você, mas ela dá as melhores festas.
- É, maninha. Nós precisamos conhecer o pessoal da escola. - Annie faz biquinho e a morena suspira.
- Onde fica a casa dela? - Pergunta e eu pego meu celular.
- Eu tenho o endereço aqui.
- Kat, tá com seu celular? O meu ficou na mochila. O Peeta pode mandar uma mensagem com a localização. - A morena estende o aparelho na minha direção e eu olho a tela de fundo, vendo uma foto do do céu estrelado. - Você gosta do céu? - Pergunto e ela assente.
- Acho muito interessante. - Diz e eu assinto, salvo o meu número no seu celular e estendo o mesmo pra ela.
- Eu também acho. Olhar o céu a noite é uma das minhas coisas favoritas. - Digo e ela sorri. Ela estava sorrindo pra mim!
E que sorriso... meu coração bate descontroladamente no peito e eu não consigo fazer outra coisa além de sorrir de volta.
Como era possível existir uma criatura tão linda, parada bem na minha frente?
- A gente se vê amanhã? - Annie pergunta e eu olho pra ela, assentindo.
- Vocês vão? - Pergunto e Annie olha para Katniss, sorrindo de um jeito meigo e fazendo a morena revirar os olhos.
- Temos que falar com a mamãe. - Diz e eu e a ruiva sorrimos, ela olha pra mim e parece lembrar de alguma coisa.
- A gente conversa em casa e te manda uma mensagem, Peeta. Você deve estar cansado. - Annie diz e eu assinto, apesar de ter esquecido completamente do meu sono.
- Ah, claro. Até mais, então. - Annie acena e eu sorrio um pouco, começando a caminhar na direção do meu carro.
Mantenho o rádio desligado durante o caminho, sentindo o sono voltando gradativamente entre os pensamentos que se dividiam entre Katniss, Annie e a festa de amanhã.
Chego em casa completamente cansado e com os olhos ardendo, subo as escadas praticamente me arrastando e vou para o meu quarto, fecho a porta e jogo a mochila no chão, tiro a minha roupa e me jogo na cama apenas de cueca, apagando no mesmo segundo.
- Hora de acordar, mané! - Sinto a claridade invadir meus olhos e em seguida algo acerta minha cabeça, faço uma careta e pisco os olhos diversas vezes para me acostumar com a luz e olho ao redor, encontrando meu melhor amigo olhando pela janela do meu quarto.
- Que horas são?
- Hora de você levantar da cama e vir correr comigo! - Diz e eu reviro os olhos, me sento na cama e pego meu celular, suspirando ao não ver nenhuma notificação.
- Tá esperando mensagem de alguém? - Pergunta e eu bloqueio o celular, negando.
- Só estava checando o horário.
- E que horas são? - Pergunta e eu me levanto, dando de ombros.
- Hora de correr com você. - Entro dentro do meu closet e escuto sua risada.
Uso uma roupa e um tênis para correr e sinto minha barriga roncar, fazendo uma careta. Olho em um relógio de pulso e arqueio a sobrancelha ao notar que já se passaram das cinco da tarde, o que significava que eu estava dormindo há cerca de 8 horas.
- Cara, você se importa de esperar um pouco? Eu tô morrendo de fome. - Digo e ele nega, descemos as escadas e encontro meus pais e Primrose na sala, assistindo um filme.
- Bom dia, Aurora.
- Bom dia… quem é Aurora? - Pergunto e a loirinha suspira.
- Bela Adormecida, cabeção. - Finnick dá um tapa na minha cabeça e eu reviro os olhos.
- Nós vamos comer alguma coisa e vamos ir correr.
- Own, que bonitinhos. - Primrose faz coração com as mãos e eu mostro a língua pra ela. - Quanta maturidade.
- Se cuidem, meninos.
- Tchau, tia. - Finnick me empurra até a cozinha e eu pego uma maçã para cada, ciente de que meu amigo não recusaria.
- O que eu perdi? - Pergunto e ele dá de ombros, nós saímos de casa e eu dou a primeira mordida na maçã, enquanto caminhamos e continuamos a comer.
- Duas aulas com a sua crush suprema.
- Minha crush suprema?
- Katniss Everdeen? - Diz com a boca cheia e eu reviro os olhos, sorrindo.
Por puro reflexo, coloco a mão no bolso do shorts, onde meu celular estava. O movimento não passa despercebido por Finnick, que estreita os olhos na minha direção, arregalando os mesmos em seguida.
- Seu cuzão! Pegou o número dela e não me contou nada?
- Não é o que você está pensando. - Mordo um pedaço da maçã e ele faz o mesmo, o que me dá alguns segundos de vantagem para pensar em uma resposta.
Respiro fundo e então uma ideia surge na minha cabeça: quanto mais eu tentasse mentir e esconder qualquer coisa do meu melhor amigo, mais ele desconfiaria de mim. E ele era meu irmão, afinal de contas.
- Eu acabei encontrando Katniss e a irmã dela no corredor hoje de manhã, e convidei-as para a festa da Glimmer amanhã. Como eu não tinha um papel para anotar a localização, Katniss anotou meu número e vai me mandar uma mensagem.
- Você vai tentar ficar com ela? - Pergunta e eu nego.
- Como eu disse, não é o que você está pensando, Finn. Eu quero me aproximar dela sim, mas como amigo.
- Você ficou todo bobo quando a viu.
- Sim, mas eu fiquei fascinado pela beleza dela. Nada além disso. - Digo e ele dá de ombros.
- Se é o que você está dizendo...
Comemos em silêncio por algum tempo e então eu me lembro do que ele disse no primeiro dia de aula.
- Mas e você? Encontrou alguma aluna nova que fosse do seu gosto? - Pergunto e ele faz uma careta.
- Encontrei foi um poço de grosseria. Eu juro que nunca conheci nenhuma garota tão insuportável, Peeta. Ela só perde pra Glimmer. - Diz e eu rio.
- É claro que as garotas vão ficar chateadas se você dar em cima delas logo de cara.
- Não, cara. Eu não cheguei até essa parte. Ela não deixou. - Arqueio a sobrancelha. - Eu estava de olho nela desde o primeiro dia, mas quando cheguei para conversar, ela logo me cortou e foi bastante grossa.
- E você está surpreso por que...?
- Quem em sã consciência me rejeita? - Eu rio e ele balança a cabeça. - Ela é maluca. Completamente pirada.
- Talvez você não seja o sonho de consumo de toda garota do mundo. - Digo e ele me olha com tédio.
- Olha pra mim, Peeta. Sinceramente, você acha que possa existir alguém que não me queira?
- Eu tenho certeza. A garota é a prova. - Digo e ele me manda o dedo do meio.
- Ela não conta.
- E por que não?
- Qual a parte de "ela é maluca" você não entendeu?
- Agora só porque uma garota não te quer, ela é maluca? Falando desse jeito, quem parece maluco é você.
- Eu não estou falando sério. Mas eu dei meu melhor sorriso e ela nem notou! Isso é no mínimo estranho. - Diz e eu rio.
- Tá bom, Finnick. E o que você disse pra ela?
- Eu só disse oi e sorri, mas ela bateu a porta do armário dela, me olhou com tédio e cruzou os braços. Então ela disse que não queria transar comigo, e que eu já podia ir embora porque ela simplesmente não queria ficar perto de um cara que tinha o cérebro menor do que o próprio pau. - Ele faz uma careta e eu jogo a cabeça para trás, gargalhando.
Ele me mostra o dedo do meio e eu jogo o que sobrou da maçã em um lixeiro, ainda rindo.
- Por que você está rindo? Meu cérebro é normal e o Finn Júnior também…
- Ah, me poupe. - Balanço a cabeça, dispensando comentários.
- Eu sou inteligente, não sou?
- É… - Digo e ele bate seu ombro no meu. - Só estou brincando com você. - Eu rio. - Todo mundo sabe que você não tem culpa por ter batido a cabeça quando era pequeno e…
- Vai se foder, Peeta. Você é um péssimo melhor amigo. - Diz tentando soar bravo, mas consigo ver que está segurando um sorriso.
Continuamos o caminho em silêncio enquanto corremos na beira da praia e observamos o pôr do sol, uma das minhas paisagens favoritas. Apesar de Santa Mônica não ser uma das maiores e melhores cidades da Califórnia, eu amava morar aqui.
- O que acha de passarmos lá em casa e jogarmos um pouco? Você pode ficar pra janta. Minha mãe disse que você está sumido. - Diz e eu assinto, sorrindo.
- Só preciso mandar uma mensagem pra minha mãe avisando.
- Você manda quando chegarmos em casa. - Diz e eu dou de ombros. - Vamos apostar quem chega primeiro? O perdedor lava a louça da janta.
- Então vai se preparando para ensaboar os pratos. - Digo assim que paramos de correr para nos posicionarmos para nossa competição.
Faltavam apenas duas quadras para a casa de Finnick, então o trajeto estava fácil.
- Isso nós vamos ver. - Diz e eu arqueio a sobrancelha.
- Em suas marcas. - Digo com voz de narrador.
- Preparar! - Finnick me imita e eu olho para frente.
- Apontar…
- JÁ! - Grita e nós saímos em disparada, lado a lado.
Terminamos a primeira quadra e ignoramos os olhares assustados que recebemos, afinal, não era a coisa mais normal do mundo ver dois marmanjos correndo como malucos no meio da rua.
- Você vai perder! - Finnick grita e eu sorrio, aumentando as passadas e o deixando levemente para trás.
- Fale menos e corra mais! - Exclamo e ele fica cada vez mais para trás, até que chego no portão da sua casa e sorrio, me escorando no mesmo. Finnick chega pouco mais de cinco segundos depois.
- Isso não foi justo! - Diz ofegante. - Eu já tinha caminhado daqui até a sua casa e…
- Tá bom, tá bom. Eu seco a louça pra você. - Digo e ele revira os olhos, recuperamos o fôlego e ele abre o portão.
- Peeta, querido! - Tia Olívia sorri e me abraça assim que nós entramos. - O que aconteceu? Por que vocês dois estão ofegantes como se tivessem corrido uma maratona?
- Na verdade, foram só duas quadras. - Finnick beija a testa dela e sorri. - E como o bom amigo que sou, deixei o Peeta ganhar.
- Deixou ele ganhar, sei… - Ela diz desconfiada e ele faz uma cara de surpresa.
- Está dizendo que ele é melhor do que eu?
- É claro que não querido. - Olívia sorri, mas sua voz não nos convence nem por um segundo.
- Poxa, mãe. Você era pra me defender, sabia? - Diz e ela ri, o puxando para um abraço.
- Ah, vem aqui, bebê. Deixa eu te encher de graxa, vai. - Ela esfrega seu macacão nele e o moreno ri.
- Hoje foi um dia cheio?
- Daqueles. - Ela assente. - Acredita que veio um cara querendo me ensinar como trocar uma bateria?
- Tá brincando? - Digo e ela nega. - E o que você fez?
- A minha vontade era de enfiar a chave no cu dele... mas apenas perguntei por que ele havia trazido o carro até mim se sabia trocar uma bateria tão bem. - Diz e eu sorrio.
- Na minha opinião, você deveria ter enfiado a chave mesmo. - Jack aparece atrás de nós e ela sorri. - Eaí, Peeta?
- Oi, Jack. - Ele dá dois tapinhas nas minhas costas.
- O que acha de tomar um banho, amor? Eu e os garotos cuidamos daqui. - Diz e ela assente, ele lhe dá um selinho e minha tia some pelo corredor, enquanto meu tio nos dá as instruções para o jantar: strogonoff de frango.
- Me dêem só um segundo, vou mandar mensagem pra minha mãe. - Digo e ele assente, vou até a sala e desbloqueio o celular, suspirando. Ainda sem nenhuma notificação dela.
Mando uma mensagem para minha mãe avisando que estou no Finnick e ela logo me responde dizendo para me cuidar no caminho de volta, o que me faz sorrir antes de bloquear o aparelho e voltar para a cozinha, começando os trabalhos.
Eu corto os tomates, Finnick a cebola e meu tio a carne.
- E então Peeta, como vai a garota? - Estreito os olhos na direção de Finnick e ele sorri.
- Traidor. - Sibilo.
- Era segredo? - Jack me olha e eu nego.
- Na verdade, eu só quero ser amigo dela. Finnick está me enchendo o saco porque ela é muito bonita e eu fiquei olhando pra ela. - Digo e ele sorri.
- Ele está bravo porque não conseguiu dormir com ninguém ainda.
- E sobre a sua garota, você contou?
- Eu não tenho nenhuma garota. E, segundo: eu não estou bravo por não ter transado com ninguém ainda. Só estou... indo devagar.
- Ele tem sim, tio. Só está dizendo que não tem porque ele se interessou nela e ela não deu bola pra ele. - Digo e Finnick revira os olhos.
- É por isso que ele está com essa cara azeda. Seu ego está ferido, filho? Como é o sentimento de rejeição? - Pergunta e eu gargalho, o pai de Finnick ri e ele faz uma careta.
- Ha, ha, ha. Vocês dois são excelentes piadistas.
- Só estamos brincando com você. É ótimo que tenha achado uma garota que não goste de você.
- E por que isso é bom?
- Porque assim o seu ego diminui o suficiente para que vocês dois caibam em um mesmo ambiente. - Digo e ele me manda o dedo do meio, me fazendo sorrir enquanto Jack ri.
- Você achou alguém por quem vale a pena lutar. - Meu tio comenta e Finnick faz uma careta.
- Eu não vou lutar por ela. Eu nem a quero mais…
- Você não quer é correr atrás. - Digo e ele nega.
- Chega desse assunto, vai. Terminei de cortar as cebolas. - Ele sai da cozinha e Jack me olha, termino de cortar o último tomate e lavo as mãos, indo atrás dele.
Encontro meu melhor amigo no quintal sentado no balanço que nós havíamos construído quando éramos mais novos, se balançando levemente.
- Ei. - Me sento ao seu lado e ele me olha com o canto do olho. - Entendeu como eu me sinto quando fica me perguntando da Katniss? - Digo e ele assente sorrindo sem graça.
- Sinto muito. Eu não tinha noção de quão ruim era.
- Tudo bem. Você sabe que a gente só está brincando com você, não é? Não tínhamos nenhuma intenção de te irritar ou te magoar.
- Eu sei. - Ele sorri um pouco.
- Você é meu melhor amigo e meu irmão, sabe disso. - Seu sorriso se torna maior e ele assente, dando alguns tapinhas nas minhas costas.
- Eu sei, e você também é o meu. Juntos pra sempre, não é?
- Pra sempre. - Digo e nós sorrimos.
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