Escrita por: lerparacrer
Logo após o almoço, percebi um semblante diferente em Gabriel, ele se trancou no quarto e não saiu nenhuma vez mais naquele dia.
- Quem é?
- Sou eu, Inez. Aconteceu alguma coisa, meu filho?
- Nada! Não aconteceu nada, me deixa em paz.
- Você fala comigo direito, menino.
- Menino? E eu sou o seu menino desde quando, hein? Que eu saiba o seu menininho é o querido Julinho.
- De novo essa história, Gabriel?
Ele se aproximou de mim e me encarou com os olhos lacrimejados.
- Sabe porque de novo? Porque há 18 anos eu aguento isso. O filho da empregada que aceita as migalhas do patrão, que dorme no quartinho dos fundos e come na cozinha junto com o motorista, enquanto o filho mauricinho dele, rejeita tudo o que eu sempre sonhei, tudo o que eu sempre quis.
Eu conseguia ver ódio em seu olhar, isso me fazia sentir medo e aflição. Era difícil aceitar que meu filho tinha se tornado uma pessoa de péssima índole.
- Você deveria agradecer, por ter onde dormir, comer e também por receber as migalhas do patrão. Existem pessoas que nem isso tem.
- Não preciso que você me dê lição de moral.
Ele se irritou.
- Se estou nessa condição é porque você sempre me sujeitou a isso. Agora saia do meu quarto, quero ficar sozinho!
Engoli seco pra não chorar em sua frente e sai batendo a porta do quarto.
....
O jantar já estava pronto. Fomos pra cozinha com um cheiro maravilhoso de lasanha tomando conta da casa.
Me sentei com Marina na mesa e Humberto terminava de colocar os pratos. Enquanto nos servíamos fomos conversando sobre assuntos aleatórios.
- Esqueci de comentar com vocês no almoço que eu tenho um coquetel esse fim de semana. Parece que será muito importante e fizeram questão que eu estivesse presente. Vocês querem ir comigo?
- E como será esse coquetel, pai?
- Ah, filha... Pessoas reunidas pra falar de negócios.
- Vish!
Ela respondeu fazendo bico.
- Vocês não são obrigadas a ir, mas eu ficaria mais tranquilo se vocês fossem. Eu não queria deixar vocês sozinhas em casa.
- Pai, por favor! Não somos crianças, sabemos nos cuidar.
Eu ri da preocupação de Humberto. Realmente ele exagerava um pouco.
- Marina, pensa pelo lado bom, pelos menos vai ter comida.
- É...
Ela fez uma expressão pensativa.
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