História Itachi x Kisame - Um sentimento - As cartas de Itachi

Itachi POV

Konan me forçou a ficar internado no quarto de remédios do esconderijo. Eu entendo a preocupação, mas.. não faz diferença entre ficar deitado na maca ou no meu quarto, isso é meio desnecessário. Por sorte ela permitiu que Kisame passasse o dia todo ao meu lado, sentado em uma cadeira, sua presença era muito animadora.. nós conversávamos, segurávamos as mãos e hora ou outra ele ia na cozinha e voltava com vários "lanchinhos" que ele assaltou da geladeira.. aiai, que cara bocó.

Conversa vai, conversa vem, tocamos em um assunto que eu não queria pensar muito..

"Então, você pensou em algum jeito de fazer as pazes com o seu irmão?"

"..-suspiro- não.." olhei para cima, melancólicamente. "eu tenho certeza que todas as vezes que eu vê-lo, ele vai querer me matar sem hesitação. Mas não posso culpá-lo, eu assumo que tenho grande culpa nisso.."

Kisame deitou em minha coxa, como um cachorrinho preocupado. 

"..e se. A gente mandar uma carta pra ele.. forjando a sua morte? não sei, vai que.. ele para de ser revoltado, porque aí não tem como ele se vingar e desiste de te procurar.."

"..isso não soa como 'fazer as pazes', Kisame."

"Mas é um jeito de despistá-lo por um tempo. Vai que, daqui 10 anos ele amadurece, e achando que você estava morto ele se arrepende de não ter te perdoado?"

"..você acha..? bem.. falando dessa forma, até faz um pouco de sentido.. mas não imaginei que teria que levar tanto tempo.."

"É só uma idéia, Itachi-san. Mas com certeza você pode pensar em algo melhor.. você é muito mais sábio que eu" ele sorriu.

Ouvimos batidas na porta, que em poucos instantes se abriu

"Kisame-Senpai!! ah, desculpa por atrapalhar o momento de vocês!!" era Tobi. "o Kakuzu quer sua ajuda pra ir em uma missão!!"

"..ah. Mas.."

"O Pain que deixou.." ficamos em silêncio por um tempo. "eu vou deixar vocês a sós pra se despedirem!! q q" ele fechou a porta.

...merda.. a companhia dele era a única coisa que me fazia sentir menos doente.

"..desculpe Itachi, eu tenho que ir." Ele levantou da cadeira e se apoiou em volta de mim, me abraçando na maca, encostando sua testa á minha. Acho que é algo do comportamento dos tubarões, isso de tocar as testas.. 

"..por favor tenha cuidado.. se você morrer, eu te mato."

Ele riu e beijou minha testa, depois me dando um selinho.

"Não se preocupe, eu vou voltar inteiro.. e com uma caixa de Dangos pra você!" ele abriu os olhos, me encarando enquanto seu sorriso desaparecia. "..ainda temos que fazer a nossa família, né?" 

Senti meu rosto esquentar e ele riu de novo. Gaguejei algo mas não pude responder, então ele se levantou e segurou minha mão uma última vez.

"Descanse, Itachi-San, você precisa se curar disso.. pelo nosso futuro." ele sorriu e andou até a porta, me deixando.

..nosso.. futuro.. huh. Parece que ele realmente se interessou nessa conversa de família.. suspirei, já sentindo um peso no coração. Olhei pelos lados, procurando algo que pudesse me entreter e encontrei algumas folhas de papel em branco e uma caneta tinteiro. ...futuro.. planejar.. meu.. futuro..? huh, não parece uma má idéia.. já que vou ter tanto tempo livre e sozinho..

Peguei os materiais e me sentei na maca, para conseguir escrever melhor mesmo com a visão levemente embaçada. O que deveria ser poucas frases curtas e um emaranhado de setas que ligavam as situações, como um simples mapa mental acabaram se tornando longos textos.. Prosas, poemas, estrofes, até mesmo cartas, como se eu escrevesse para meu próprio passado e para o futuro que me aguardava. Quando me toquei, já tinha preenchido mais de 10 folhas com minhas escritas. Ei, até que escrever é.. relaxante.. talvez eu poderia transformar isso em um hobby para desestressar.. 

Escrevi inúmeras cartas para Kisame, o agradecendo e o elogiando, com palavras que eu teria timidez de explicar da boca para fora.. Criei poemas inspirados nas dores e situações obscuras de meu passado, moldando o sofrimento em uma maneira artística e sonora com rimas e metáforas..

Fiz cartas para Sasuke, lamentando o tempo perdido e relembrando dos bons momentos de irmão que tivemos em nossa infância, as cenas felizes com nossos pais e pedindo seu perdão pelo mau que lhe causei..

..putz. Acho que me empolguei um pouco.