— Taey, para, por favor... – Jaehyun sussurrou no ouvido do menor. Essa era provavelmente a quinta vez que ele pedia para que Taeyong parasse de chorar, e, mais uma vez, não obteve sucesso. O Lee estava praticamente jogado no corpo de Jaehyun, que o abraçava forte e afagava suas costas levemente. Nesse momento, sua camisa estava totalmente encharcada, e mais e mais lágrimas continuavam a cair, com a cabeça de Taeyong apoiada em seu ombro. Os braços do mais velho circulavam o torso de Jaehyun, e suas mãos com os dedos finos e gelados apertavam o corpo do maior, impedindo que ele se afastasse. Mesmo que não quisesse admitir, ele precisava apenas de alguém ao seu lado, o abraçando. Dizendo que tudo iria ficar bem. E esse alguém precisava ser, sem mais nem menos, Jaehyun. — Isso tá me machucando, Taeyong.
Involuntariamente, Jaehyun deixou que alguns rápidas lágrimas caíssem. A última coisa que ele queria ver agora era Taeyong chorando. Já faziam mais de cinco minutos que o local inteiro era preenchido pelo som do choro do menor. Para Jaehyun, era uma tortura. A pior delas. Aquilo partia seu coração de uma forma inimaginável, e ele só pedia para todas as forças presentes no Universo que Taeyong parasse com aquilo. Assim que o menor mostrou que iria fazer outra coisa a não ser derrubar lágrimas, Jaehyun olhou atentamente para os fios negros que pairavam abaixo de seus olhos. Taeyong fungou algumas vezes antes de finalmente levantar a cabeça e o encarar, com os olhos tão vermelhos que pareciam prestes a sangrar. As marcas de choro em sua bochecha fez com que uma fisgada de dor acertasse o coração de Jaehyun.
— Por que eu devia, Jaehyun? Doyoung tem razão – Taeyong se afastou de Jaehyun, encostando ao seu lado na pia do banheiro enquanto olhava para o chão. — Tudo isso que está acontecendo é culpa minha. Eu realmente não mereço tudo o que eu tenho. Eu não mereço você, Jae.
E as lágrimas novamente voltaram, e o mais velho escondeu os rosto com as duas mãos. Jaehyun colocou gentilmente o braço ao redor do ombro do menor, acolhendo-o. Virou o rosto por alguns segundos para eliminar de seu rosto qualquer evidência de que estaria chorando.
E Jaehyun não sabia o que falar. Ele não tinha nada no momento para consolar Taeyong; afinal, tinha esgotado tudo falando palavras de incentivo quando ele ainda estava chorando nos seus braços. Então, por aproximadamente mais cinco minutos, o silêncio tomou conta do local. O clima estava tão tenso que o Jung ficou extremamente desconfortável.
— Primeiro o meu pai, depois Ten... E agora Johnny. – Sua voz falhou quando ele pronunciou o nome do, agora, ex-namorado. Sua voz estava rouca e bem baixa, Jaehyun teve se esforçar e se inclinar um pouca para escutar suas palavras com clareza. — Eu realmente devo viver, Jaehyun?
— Taeyong! – Jaehyun exclamou quase imediatamente depois que o menor proferiu a última frase. — Não fala uma coisa dessas, por favor. – Taeyong suspirou lentamente e olhou para o chão. O mais novo se colocou em sua frente, segurando nos ombros do Lee enquanto olhava para ele atentamente. — Se você algum dia fizer alguma coisa desse tipo, Tae... – O maior se perdeu nos seus próprios pensamentos e não foi capaz de completar frase. Ele definitivamente não queria ter imaginado aquelas coisas. — Eu não ia suportar.
Jaehyun envolveu novamente o amigo nos seus braços. Mas, diferente da primeira vez que ele fez isso, não foi correspondido pelo mais velho. Taeyong não mostrou nenhuma reação, ele apenas ficou lá, parando, enquanto Jaehyun o apertava com toda a força, como se nunca mais desejasse o soltar.
— Por favor, Taeyong, jamais cogite uma coisa dessas – o maior fungou, se segurando para não derramar mais lágrimas. Taeyong não estava falando sério. Pelo menos era isso que ele tentava pensar.
— Eu... Eu não vou fazer nada disso. Me desculpa – Taeyong se rendeu ao abraço do mais novo e o apertou fortemente, fechando os olhos e os apertando com força. — Só estou cansado de chorar, Jaehyunnie.
E novamente o coração de Jaehyun foi parar em sua garganta e voltou para o peito. Ele levou as mãos até o cabelo de Taeyong e fez um leve cafuné, se afastando o suficiente para poder ficar cara a cara com o menor. Seu polegar direito escorregou lentamente pelo seu rosto, parando em sua bochecha e acariciando-a, tentando também limpar as lágrimas que escorriam de vez em quando.
— Então, escuta, Tae – Jaehyun falou devagar e de modo calmo, olhando para cada detalhe do rosto do menor. Por alguns segundos, ele se perdeu na extrema beleza que havia à sua frente. Ele definitivamente era apaixonado por aquele garoto. E como era. Taeyong estava calado, e parecia esperar pela continuação. — Nada disso que aconteceu é culpa sua, ok? Foda-se o que o seu pai pensa sobre você. Você está feliz, não é? – O menor o olhou surpreso, mas mesmo assim assentiu. Jaehyun não era de falar palavrões ou coisas do típico - ele era o típico santinho -, e em seguida desviou o olhar para qualquer lugar que não fossem os olhos do moreno. — Esse é o importante. Agora, sobre Ten... Você não pôde fazer nada. Não fique se culpando para uma coisa que iria acontecer de qualquer jeito. Você não pode impedir o destino, Taeyong. – E aquelas palavras doeram tanto em Taeyong quando em Jaehyun. Falar aquilo, daquela forma, era devastador para os dois. — Johnny fez suas próprias escolhas, você não tem culpa disso. Eu... eu sei que é horrível de se falar, e é pior para ouvir, mas você tem que esquecer isso e seguir em frente.
Taeyong definitivamente não sabia o que responder com todo aquele discurso de Jaehyun. Ele só conseguiu mexer a cabeça, concordando. Levantou o olhar novamente e viu que o Jung não estava convencido, já que carregava um biquinho nos lábios e seus olhos estavam semicerrados.
— Ok, vamos só... Seguir em frente – o menor tentou esboçar um sorriso, que ficou um tanto quanto torto, fazendo Jaehyun dar uma risada baixa.
E por mais alguns minutos, eles ficaram apenas se encarando. Taeyong ainda mantinha as mãos ao redor da cintura do maior, e Jaehyun ainda acariciava os fios negros do Lee.
— Eu só quero que você fique bem, pode ser? – Perguntou, seus olhos fixados nos de Taeyong, que assentiu, sorrindo sem mostrar os dentes. Jaehyun se aproximou e depositou um beijo estalado na testa do mais velho, e se separou dele.
Era estranho o fato de que ninguém tinha entrado ali desde que eles chegaram. Parece que toda aquela palestra estava mesmo demorando.
Jaehyun foi até um canto do banheiro, pegando sua mochila e a de Taeyong, em seguida as colocando uma em cada ombro, segurando as alças com as mãos. Se aproximou de Taeyong, que estava virado para o espelho. Ele lavava o rosto, tentando tirar qualquer evidência dos litros de lágrimas de minutos atrás. Assim que o menor levantou o olhar para o espelho, com diversas gotas de água escorrendo de seu rosto, ele pode ver Jaehyun, sorrindo fraco e gesticulando para que os dois saíssem. O Lee secou seu rosto com a barra de sua blusa, caminhando com passos lentos até o Jung.
— Jae, eu só tenho uma duvida – falou, com a voz um pouquinho baixa demais. — Para onde nós vamos? Eu realmente não quero voltar para lá. – A voz do mais velho era manhosa, acompanhada de um biquinho com os lábios, e por pouco o maior não o apertou suas bochechas com toda a sua força. — Eu não quero ver Doyoung de novo...
Jaehyun se posicionou do lado de Taeyong, colocando uma mão pelo ombro do menor, e puxando para perto de si.
— E quem disse que nós precisamos ficar aqui?
...
Taeyong não pensou que Jaehyun estivesse falando sério, mas quando eles começaram a andar pelos corredores em direção à saída, ele se tocou que o maior tinha falado mesmo a verdade. Ele nunca tinha nem cabulado nenhuma aula, quem diria fugir da escola. Mas, como estava com o Jung, não se preocupou com nada ao seu redor.
— Ok, é só passarmos rápido, ninguém vai nos ver – Jaehyun falou sem olhar para o mais velho, encarando a porta. Era só atravessá-la e passar rapidamente pelo portão. Nesse horário talvez não tivesse ninguém na rua da escola, a metade da população devia estar trabalhando, e a outra metade provavelmente ainda nem tinha acordado. Os dois observavam escondidos atrás de uma parede, enquanto alguns funcionários da secretaria da escola iam e vinham aleatoriamente.
— Então vai logo, Jaeh...
Taeyong foi interrompido por alguém que cutucou seu ombro repetidas vezes. Se virou rapidamente, assustado. Afinal, ele não esperava que ninguém aparecesse naquela hora, pensava que estavam todos no auditório, ainda.
E ele não esperava que essas pessoas fossem Yuta e Seulgi.
Yuta era até aceitável, já que pertencia à sala de Taeyong, e fosse uma das únicas pessoas que ele falava de vez em quanto. Mas Seulgi era uma surpresa; já que fora ela quem tinha o cutucado. A garota o observava com os olhos atentos. Seu cabelo castanho pendia em seus ombros, balançando levemente com o fraco vento que vinha de um ventilador de teto que havia no corredor da escola. Tanto a garota quando Yuta estavam com suas mochilas nas costas, e aquilo deixou Taeyong intrigado.
— O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou, olhando-os de cima para baixo, com a expressão confusa e perdida demais. — Que droga, vocês não devia estar aqui!
O Lee bufou, irritado, em seguida cruzando os braços. Seulgi soltou uma pequena risadinha, enquanto Yuta ainda estava com uma cara inexpressiva e misteriosa. O japonês, algumas vezes, era tão sério que chegava a dar arrepios. Mas Taeyong sabia que ele não era realmente assim. Na verdade, ele ficava bem melhor quando sorria.
— Aquele discurso tá um saco – Seulgi comentou, se encostando na fileira de armários que estava ao seu lado. Yuta soltou um sorrisinho de lado, concordando com a cabeça. — E eu pensei que você era santo demais pra tentar fugir da escola, Taeyong.
Ela soltou uma risada alta demais, fazendo com que o Lee olhasse para os lados diversas vezes, assustado e receoso de que alguém percebesse. Yuta balançou a cabeça, ainda com o sorriso no canto da boca.
— Hã... Como você sabe o que nós estávamos planejando fazer? – Jaehyun perguntou, ficando ao lado de Taeyong.
— Tá na cara que vocês vão fazer isso – Yuta falou, revirando os olhos. — Quem é idiota de ficar encarando a porta de saída apenas por diversão?
— É, tem essa parte também. – Jaehyun comentou, coçando a nuca enquanto olhava para o chão.
— Então, vamos ou não? – Seulgi chamou a atenção dos dois garotos, que estavam distraídos até então.
— Vamos onde? Quatro pessoas é demais, Seulgi, eles vão nos ver – Taeyong comentou, como se fosse óbvio.
Yuta respirou fundo, e parecia estar impaciente, assim como Seulgi. O japonês se aproximou de Taeyong e segurou em sua mão fortemente, o que fez com que todo o corpo de Taeyong se arrepiasse. Aquilo fez com que o coreano ficasse levemente desconfortável. E só piorou quando Seulgi se posicionou ao lado de Jaehyun e também segurou em sua mão.
E nos segundos seguintes, ele não conseguiu entender o que tinha acontecido.
Foi tão rápido que ele mal percebeu quando já estava fora da escola. Yuta tinha o puxado quase que violentamente para a saída, assim como Seulgi tinha puxado Jaehyun, deixando para trás alguns gritos do tipo "o que está acontecendo?" "voltem aqui!". Taeyong tinha ficado um tanto quanto zonzo, mas Yuta não parou de correr até que os quatro estivesse já totalmente fora das propriedades da escola. Assim que se encostaram no muro da parte de fora da escola, Taeyong tentou normalizar sua respiração, que estava agitada.
— Yu... ta... – falou, parando no meio do nome do japonês para dar um grande e demorado suspiro. — Já pode soltar minha mão.
— Hã? Ah... – O maior soltou imediatamente a mão de Taeyong, virando o rosto, completamente envergonhado.
— Será que o casalzinho pode começar a andar logo? Não quero ser pega e ter que voltar pra lá e escutar aquela palestra até meus ouvidos explodirem – Seulgi falou, irritada, enquanto começava a andar.
Taeyong não deixou de notar o olhar carregado de raiva de Jaehyun, que tentava disfarçar seus ciúme a todo custo, mas o Lee acabou percebendo. Ele nunca tinha visto Jaehyun com ciúme, essa era, possivelmente, a primeira vez que demonstrava. O menor chacoalhou a cabeça com um pequeno sorriso bobo nos lábios, e colocou as mãos nos bolsos do casaco enquanto andava ao lado de Yuta. Rapidamente, como se tivesse percebido apenas agora, o Jung se colocou ao lado do Lee, ficando um pouco próximo demais, o que fez com que Yuta estranhasse.
— Calma aí, Jae, ninguém vai roubar ele de você – Yuta ironizou, sem olhar para nenhum dos dois. O japonês apressou o passo para poder ficar ao lado de Seulgi, apenas alguns passos na frente dos dois.
— Mas eu não... – Jaehyun tentou argumentar, mas já era tarde demais, tendo em vista que Yuta estava conversando animadamente com Seulgi.
Os quatro caminharam por alguns minutos, até que Taeyong se perguntou uma coisa, que, aparentemente, ninguém tinha pensado: para onde eles iriam?
— Ei? – Taeyong chamou, fazendo com que Seulgi e Yuta parasse de andar, assim como Jaehyun, que estava ao seu lado. No momento, eles se encontravam perto da entrada para o metrô. Todos olharam atentamente para ele, com uma expressão de duvida, esperando que continuassem. — Levando em conta que ainda é cedo, acho que não podemos voltar para nossas casas, certo?
— É... Meu pai iria me matar – Yuta concordou, enquanto olhava para o horizonte.
Parecia que Taeyong havia acabado com o sonho de todos com apenas algumas palavras, já que os três olhavam para o chão ou para qualquer ponto fixo, com uma cara de puro desânimo.
— Ok, então nós poderíamos ir para o centro da cidade – Jaehyun propôs, depois de alguns minutos de puro silêncio entre eles. — Sei lá, podemos ficar lá até o horário em que normalmente iríamos embora da escola.
Ninguém pareceu pensar muito quanto aquilo, já que imediatamente depois de Jaehyun falar, todos assentiram. Seulgi parecia animada, e Yuta ria levemente de toda a excitação da garota.
— Ótimo, então. Podemos ir de metrô, já estamos aqui mesmo – Yuta falou, ficando em frente à entrada do local. — Vamos logo, antes que comecem a sentir nossa falta e venham nos procurar aqui. – O japonês se virou e começou a descer as escadas que os levariam até as estações de metrô, seguido pelos outros três.
Depois de alguns minutos, quando todos estavam sentados esperando pela chegada do transporte público. Seulgi ainda falava com Yuta, que tinha a expressão voltada para qualquer lugar que não fosse o rosto a garota. Taeyong achou aquela cena cômica demais.
Já Jaehyun continuava ao seu lado, mas dessa segurava sua mão, as duas repousadas na coxa do maior. Aquilo fez com que o Lee ficasse confortável e se sentisse seguro. Ele tinha uma expressão tão séria em seu rosto que chegava a ser estranho. Mas, para Taeyong, era extremamente fofo e engraçado, ao mesmo tempo.
Em algum momento, Yuta sussurrou alguma coisa para Seulgi que Taeyong não conseguiu ouvir, e logo em seguida os dois olharam para ele e para Jaehyun, dando pequenas risadas. O menor ficasse um tanto quanto duvidoso.
— O que vocês estão rindo tanto? – Taeyong não queria admitir, mas já estava ficando levemente irritado com aquilo. Yuta abriu a boca para responder, mas antes que pudesse falar alguma coisa, o transporte chegou, fazendo com que uma brisa gelada atingisse todos que estavam no local.
— Ah, não é nada. Vamos? – Falou, se levantando e pegando sua mochila, e caminhando até as portas do extenso trem. Todos seguiram ele, entrando. Mas, subitamente, Jaehyun parou, fazendo com que Taeyong não pudesse passar.
— Jaehyun, vai logo. As portas vão fechar – o menor segurou a cintura do Jung, empurrando para dentro. E, quando fez isso, pôde ver o motivo de tamanho choque de Jaehyun.
Sicheng também estava ali.
...
O dia não tinha como piorar. Tanto para Jaehyun quanto para Taeyong. Mas, para o Jung, a situação era ainda mais desagradável.
Jaehyun se sentou em um lugar em que haviam três assentos Yuta e Seulgi ficaram de frente para eles, enquanto de um lado estava Taeyong, e do outro estava Sicheng. Ele se sentiu dividido.
— Então, Sicheng, o que você está fazendo aqui? – Tentou perguntar, dirigindo seu olhar para o loiro, que mantinha a mesma expressão vaga desde o dia passado. Assim que fez isso, recebeu uma sobrancelha arqueada de Taeyong, seguida de olhos semicerrados. Ele parecia irritado, mas tentava ao máximo não demonstrar isso, então virou a cabeça para a outra direção.
— Ah, eu estou indo visitar meus avós – ela apontou para a grande mala que estava do lado do assento, perto de uma das portas.
— Ei – Jaehyun o cutucou, segurando em seu braço logo em seguida e o balançando. — Você não vai ficar lá em casa?
— É melhor não, Jaehyun – Sicheng olhou discretamente para Taeyong, e Jaehyun soube exatamente ao que estava se referindo. E, ele não podia negar, o loiro tinha razão.
— É... – Falou, voltando a olhar para o chão. E, em seguida, fez uma coisa que poderia simplesmente acabar com o dia. Mas, entre isso e perder a amizade de Sicheng, ele preferia a primeira opção. Quer dizer, mesmo que Jaehyun soubesse que a pessoa que ele realmente amava fosse Taeyong, ainda gostava da companhia de Sicheng. Ele tinha convivido com o loiro por dois meses; é óbvio que iriam criar uma relação. E ver o mais novo daquele jeito, extremamente chateado e desanimado, era de partir o coração. — Ei, nós estamos indo para o centro, hm... Você gostaria de vir também?
Aquela poucas palavras fizeram com que Taeyong olhasse para ele indignado. Jaehyun direcionou um olhar de "o que foi?", recebendo em troca uma cotovelada disfarçada. É, talvez ele realmente tenha feito merda. Mas agora já era.
— Eu não sei se é uma boa ideia... – O loiro começou a falar, olhando para o outro lado, logo voltando a encarar Jaehyun, que estava com uma cara de cachorro pidão. Ele realmente não podia negar nada para o Jung. — Ok... eu vou. – Esboçou um sorriso, que fez com que o moreno ficasse nitidamente feliz. Sicheng olhou de relance para Taeyong, vendo que o garoto estava emburrado, com os braços cruzados. Soltou um suspiro e pegou o celular do bolso, começando a passar músicas aleatoriamente.
Já Taeyong estava tentando não ser tão ciumento. Ele descruzou os braços e se ajeitou no assento. Depois que Sicheng tinha concordado em ir com eles, Jaehyun havia ficado quieto, e nem sequer olhou para ele. No fundo, bem no fundo, ele entendia Jaehyun. Devia ser difícil estar tão divido como ele estava.
Em algum momento da viagem, Taeyong encostou sua cabeça no ombro de Jaehyun, repousando a mão na perna do maior. Aquilo fez com que Yuta e Seulgi sorrissem de modo malicioso. O Lee apenas revirou os olhos, o que fez com que os dois soltassem gargalhadas, que atraíram a atenção das poucas pessoas presentes. O menor fechou os olhos e tentou deixar sua mente livre de tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Mas, quanto mais tentava afastar, parecia que as memórias ruins ficavam cada vez mais presentes.
...
— Taeyongie? Estamos chegando – o menor ouviu a voz suave de Jaehyun entrar pelos seus ouvidos, seguida de uma mão chacoalhando em seus ombros. O mais velho acordou um tanto quanto assustado demais, olhando em volta. Mas assim que os olhos de Jaehyun encontraram com os seus, ele respirou fundo e se ajeitou, sentando de forma que ficava com as costas eretas. A primeira coisa que ele pensou foi como tinha conseguido dormir em um lugar com tanto movimento e com tanto barulho. Talvez ele realmente estivesse muito cansado, de tudo aquilo. Se levantou tão rápido quanto acordou, pegando sua mochila com uma das mãos, enquanto a outra estava fortemente agarrada na cintura de Jaehyun, em busca de equilíbrio. Taeyong odiava transportes públicos por eles serem tão agitados. Vamos dizer que ele não era uma pessoa que se dava bem quando o assunto era se equilibrar.
— Hã... Eu dormi por quanto tempo? – Perguntou, um pouco zonzo e com a voz levemente sonolenta. Jaehyun soltou uma risada enquanto levava a própria mão até as mãos de Taeyong, que estava entrelaçadas em torno da sua cintura, fazendo um leve carinho.
— Menos de 30 minutos, fica calmo – Jaehyun o acalmou, sentindo um leve suspiro em sua nuca, o que fez com que todo seu corpo se arrepiasse por completo. — Ei?
Taeyong soltou uma pequena risadinha, assoprando novamente no mesmo lugar, e o maior se arrepiou de novo, e logo em seguida ele olhou para o mais velho com um sorriso bobo nos lábios. Inclinou a cabeça para que ela encostasse na de Taeyong, e fechou os olhos.
Depois de alguns segundos, o menor olhou para o outro lado, fazendo com que Jaehyun levantasse a cabeça. E Taeyong viu Sicheng, com sua melhor (ou pior) expressão de tristeza.
Não o entendam mal, Taeyong não estava tentando provocar o loiro, e ele muito menos o odiava. Quer dizer, Sicheng não era uma das pessoas que ele mais gostava, O Lee simplesmente não sentia nada. Totalmente indiferente. Tudo o que ele se importava no momento era ter Jaehyun ao seu lado, e esquecer tudo o que tinha acontecido com ele nos últimos tempos.
Assim que todos desceram do transporte e saíram do metrô, já tinham se passado duas horas desde que saíram da escola. Yuta andava na frente, Seulgi conversava com Jaehyun, e havia sobrado apenas Sicheng e Taeyong. O mais novo carregava consigo uma mochila em suas costas, e arrastava no chão uma mala com rodinhas. As duas pareciam realmente pesadas. Taeyong podia ser qualquer coisa, mas ele ainda tinha um resto de educação e empatia.
— Érr... Sicheng, não é? – Perguntou. Ele sabia o nome do garoto, mas realmente não sabia mais o que falar. — Deixa eu te ajudar.
Levou a mão até a alça da mala, com o objetivo de a puxar para si, porém acabou encostando na mão de Sicheng, que estava bem gelada.
— Wow – falou, já com a mala na mão, puxando-a conforme andava. — Você está com frio? – Perguntou, voltando a olhar para o chão. Ele havia notado que o loiro usava apenas uma fina blusa de mangas compridas, e naquele momento ventava um pouco.
— Hã... Não. Eu estou bem - em nenhum momento da conversa Sicheng olhou nos olhos de Taeyong, focando sempre nos próprios pés. Ele parecia realmente envergonhado, ou apenas com receio de conversar com o mais velho.
— Eu conheço um café bem perto daqui – Seulgi comentou.
— Ok, nós podemos ir lá – Jaehyun sorriu com o canto da boca. — Tudo bem pra você, Winwin? - Sicheng se assustou ao ser chamado. Fazia tempo que Jaehyun tinha o chamado pelo apelido.
— Oi? – O loiro perguntou, olhando para Jaehyun, que andava na sua frente, e vez ou outra olhava para trás. — E-eu quero sim.
Jaehyun abriu ainda mais o sorriso, mostrando suas covinhas. Sicheng não conseguiu segurar e acabou sorrindo levemente. O moreno desviou o olhar de Sicheng para Taeyong, descendo os olhos até ver que o menor puxava a grande mala de Winwin, e levantou o polegar discretamente, como se estivesse aprovando aquele ato. O Lee revirou os olhos, soltando uma risada abafada.
...
— Uau – Seulgi exclamou pela terceira vez desde que tinha atendido o celular.
Já haviam chegado no café fazia algum tempo, e todos tinham diante de si grandes xícaras de chá ou café comum. Sicheng tinha sentado no meio de Jaehyun e de Taeyong, e logo ao lado estava Seulgi e Yuta, em uma mesa redonda, do lado de fora do local. O sol já estava começando a ficar um pouco mais forte, e isso incomodava um pouco todos ali presentes.
— Sooyoung disse que o Doyoung está queimando de raiva e está te xingando por todos os cantos da escola – ela falou para Taeyong assim que encerrou a ligação, que olhou para a xícara de café à sua frente, quase vazia. — Ele parecia realmente com muita raiva.
— Ele é um idiota – Yuta revirou os olhos, se aproximando de Taeyong e apoiando seu queixo no ombro do mais velho. — Se ele fizer alguma coisa com você, é só me falar. – O japonês deu um sorrisinho e retirou o queixo do ombro do coreano, voltando a beber seu chá.
— Hã... Ok – sussurrou, encarando a mesa. Olhou disfarçadamente para Jaehyun, que se mantinha concentrado em Yuta, e não parecia muito feliz.
E eles ficaram naquele lugar por mais alguns minutos, até mais de uma hora, em seguida se levantando e pegando suas coisas. Naquele momento já devia ter passado das dez horas da manhã. Taeyong se sentia entediado enquanto caminhava na calçada, que começava a ficar movimentada aos poucos.
— Eu ainda estou com fome – Yuta reclamou, colocando a mão na barriga. — Eu quero tomar um sorvete – falou, avistando uma grande loja, provavelmente uma sorveteria.
— Você tá brincando, né, Yuta? Acabou de comer um monte de donuts e pães e bebeu uns 4 litros de chá – Seulgi exclamou, empurrando levemente o ombro do japonês, que dramaticamente se jogou para a rua, voltando para a calçada logo em seguida.
— Mas eu estou com vontade. – Cruzou os braços, fingindo estar emburrado. Se aproximou de Taeyong, passando o braço direito em volta do pescoço do menor, em seguida sussurrando bem perto de seu ouvido. — Você também não quer tomar sorvete, Taeyong hyung? - Taeyong deixou escapar um riso, e o japonês gargalhou alto.
— Eu quero, eu acho... – o sorriso de Yuta foi se alargando cada vez mais, e saiu cantarolando, andando mais a frente para provocar Seulgi. O Lee conseguiu ouvir apenas um "haha" vindo Jaehyun, que mantinha sua expressão série, e observou o olhar vago de Sicheng. De um lado, o clima está animado, por Yuta e Seulgi, e do outro estava tão pesado que Taeyong preferia manter distância, no momento.
Yuta acabou pedindo um sorvete de morango, assim como Taeyong. Jaehyun e Seulgi preferiram não pedir nada, e Sicheng escolheu um de chocolate. Os quatro saíram do local e foram para uma pequena praça, sentando-se nos bancos. De lá era possível ver os carros passando ao redor, assim como algumas pessoas.
E um momento extremamente desconfortável se iniciou. Yuta estava realmente entretido com a conversa que tinha com Jaehyun e Seulgi. E, obviamente, sobraram apenas Sicheng e Taeyong.
Taeyong? - O mais novo perguntou depois de um tempo de silêncio entre os dois. O Lee levantou o olhar, como se estivesse dizendo pra que continuasse. Nós podemos... Você sabe, andar um pouco? Eu gostaria de falar com você.
Sinceramente, Taeyong não estava com nem um pingo de vontade de sair por aí com Sicheng. Ele segurou o impulso de dizer um curto e grosso "não", e logo em seguida forçou um sorriso, se levantando e ficando ao lado do loiro, que começou a andar. Ambos carregavam o sorvete nas mãos, de vez em quando provando um pouco do doce. Talvez nenhum dos outros tenham percebido a ausência dos dois garotos.
— O que você quer falar? – Perguntou de modo objetivo.
— É... eu... Err... Isso é difícil. E você pode ficar bravo, e perder a cabeça e...
— Só fala – o mais velho interrompeu.
— Ok... Eu quero me desculpar. E antes que você falei que estou apenas fingindo ou sendo falso pra escapar de tudo isso, eu espero que você veja o meu lado – deu uma pequena pausa, continuando a falar, embora não olhasse nunca para os olhos do mais baixo. — Jaehyun foi uma das únicas pessoas que realmente me entenderam. Eu não sei exatamente explicar, mas ele foi especial para mim, em todos os sentidos. E sabe, quando a pessoa é tão gentil e legal com você que você meio que acaba se... Apaixonando, vamos assim dizer?
Taeyong estava sentindo vontade de esfregar o sorvete no nariz de Sicheng, mas não fez isso. Ele apenas respirou fundo, e como o loiro tinha falado, tentou entender o seu lado, mesmo que isso fosse um pouco difícil. Bem difícil, para ser mais exato.
— Nesses dois meses que ele esteve fora, falou um pouco sobre você. Na verdade, ele falou muito. Que vocês haviam brigado e ele não sabia o que realmente sentia e... Mais algumas coisas. Se eu soubesse tudo entre vocês, Taeyong, eu jamais teria feito isso, ou qualquer coisa. Eu não teria me envolvido com ele.
Os dois se encararam pela primeira vez, mas o mais velho não disse nenhuma palavra. Então Sicheng se sentiu na obrigação de continuar a falar.
— Eu também quero te pedir outra coisa – falou, enquanto terminava de comer a casquinha do seu sorvete. — Não seja rude com Jaehyun, por favor. Vocês são... – Ele hesitou por alguns segundos, e pela primeira vez foi capaz de encarar Taeyong. Os dois estava cara a cara, ambos tinha parado de caminhar. — Vocês perfeitos juntos. Eu demorei um pouco para perceber isso, e no começo não quis aceitar. Eu espero que vocês sejam felizes, um com o outro.
Naquele momento, Taeyong pôde perceber pela voz do loiro que ele estava falando a verdade. O tom de sua fala exalava sinceridade, e os seus olhos transbordavam tristeza, uma coisa já evidente desde a primeira vez que o Lee tinha visto o mais novo.
— Eu... Acho que... – Não foi capaz de completar sua frase, porque o maior já tinha dado meia volta e caminhava para se juntar aos outros três. — Obri... gado. – Sussurrou, mesmo que o loiro já estivesse longe e não fosse ouvir, ficando estático na mesma posição, sentindo o sorvete começar a derreter e pingar em suas mãos.
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