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História Jack Izente (Reinos Cruzados) - Já repararam que eu sempre sou a "Donzela em perigo"? Chega.


Escrita por: Izente

Notas do Autor


— E AÍ, SEMIDEUSES, TUDO BEM?
Estou de volta com mais um capítulo. No capítulo anterior cometi um furo de roteiro. Pra quem não sabe, Jack Izente — Reinos cruzados se passa em 2005, juntamente com Ladrão de Raios. E o filme "300" foi lançado em 2006/2007. Fica de correção, pois manterei a piada kkkk

Neste capítulo, terá batalha para todos os lados... Além de muitos palavrões... (Nossos heróis tem boca suja kkk)
Se preparem.

Capítulo 9 - Já repararam que eu sempre sou a "Donzela em perigo"? Chega.


Fanfic / Fanfiction Jack Izente (Reinos Cruzados) - Já repararam que eu sempre sou a "Donzela em perigo"? Chega.


Álice apontou o cano da arma pro meu rosto e atirou sem pestanejar… 

O mundo ao meu redor foi desmontado e remontado totalmente diferente de antes, como se tudo fosse feito de peças de LEGO. 

Assim como ocorreu durante a profecia do Oráculo.



Não houve tempo de eu fazer qualquer coisa. A dor imediata das balas perfurando meu cérebro, veio e foi em menos de um segundo. 


Eu fui lançado no ar e não caí de volta. Ainda sim, atingi o chão… Como se estivesse vivendo de cabeça para baixo durante toda minha vida.


Me levantei sem sentir dor alguma. 

Não apenas dessa queda pra cima, mas nem dos tiros, ou da queda… 

Nem de ter carimbado a carruagem de Thoddy inteira com meu corpo... 

Muito menos das porradas que levei dos motoqueiros de Canim

Me sentia muito bem… 

Pelo menos, fisicamente. 

Porque quando dei por mim, percebi que estava num tipo de caverna sinistra. 


Era muito fria e havia uma neblina densa envolvendo tudo. E próximo à minha cabeça, um pequeno rio me separava de um homem seminu cadavérico, acorrentado a uma pedra. 


Ele parecia ter sido torturado umas mil vezes só naquele dia, e não tinha forças nem pra respirar direito. 

Sua respiração se assemelhava a um ruído de uma colher sendo arrastada contra um prato de ferro. 


VOCÊ! Você é o mesmo homem que eu vi na profecia do oráculo! — me levantei lentamente, me aproximando da beirada — só pode ser o "deus desordeiro" e acorrentado que o Oráculo disse. 

Bem, pelo menos, o deus acorrentado, eu tinha certeza de que era.


O homem respirou fundo e novamente fez aquele mesmo ruído de doer os ouvidos. 

Então, levantou a cabeça lentamente, até mostrar seu rosto deformado e magro repleto de machucados: recentes, nem tão recentes e velhos. 

Adivinhou... — sussurrou, engasgando e vomitando tanto sangue, que eu não entendia como ele podia continuar vivo. — Tenho orgulho de você, Jack… Cresceu tanto. 


— Eu, o quê…? — grunhi


Precisa me… Precisa me encontrar antes deles… Não acredite neles! São todos mentirosos! Não acredite nele! Ele vai mentir pra você!


— Quem é mentiroso…? Te encontrar? Mas eu já tô aqui! — gritei — Espera! EU TÔ MORTO!


Atravessei o rio com facilidade e me aproximei, tentando arrancar as correntes de seus braços. Talvez pense que foi a coisa mais burra que fiz. Mas só tentei porque notei de longe que não eram de metal. Eram de algum tipo de material viscoso… Forte, mas não parecia ser inquebrável.


Não… Não tente…  


EU PRECISO — Grunhi, tentando arrancar — TÔ CANSADO DESSA MISSÃO…. SE EU CONSEGUIR TE SALVAR SOZINHO, EU VOU PODER VOLTAR PRA CASA E PODER VOLTAR PRA MINHA FAMÍ…


Antes de poder completar a minha pergunta, vi algo zunir na minha direção pelo canto do olho. 

E por reflexo, o segurei ainda no ar. 


Mas aquilo era tão forte que de alguma maneira, me jogou contra o chão, antes mesmo de eu poder vê-lo direito. Se esforçar para se soltar.


Quando abri os olhos, me aterrorizei. A mesma cobra enorme que salivava veneno nos olhos daquele deus, antes de ele recitar a profecia pra mim, estava lutando pra me atacar. Mas minhas mãos não deixaram. Prensavam sua boca como os dentes de um alicate. 


O rabo da cobra se enrolou em volta do meu braço e o apertou ainda com mais força, me fazendo rugir de dor. As minhas mãos se afrouxaram, implorando para que eu soltasse ela, e aceitasse o meu finado destino. Mas às ignorei.

Infelizmente, pois, aquilo permitiu que a cobra abrisse um pouco de sua boca, e que seu veneno escorresse por entre meu polegar e  o meu indicador.

A dor foi insuportável. 

Eu posso afirmar que, se caso existisse população nos outros oito reinos, todas elas ouviram os meus gritos de desespero. 

Era como enfiar a mão num ferro quente. 

Senti aquele veneno, roendo minha pele. Parecia caçar, ensandecidamente pelos meus ossos, ou pelo meu sangue 

Não sei te afirmar o que senti, depois disso... Digo, emocionalmente.

Mas algo patecido com um sentimento de ódio descomunal ou amargura, inflou em meu peito. 

Eu estava farto de ser só um garotinho medroso.

Um garotinho, que precisava ser salvo à todo momento. 

E dane-se se eu era novo nessa vida de semideus. 

Precisei morrer, pra decidir que devia ter sido corajoso. 

Que devia lutar contra quem tentava me matar, em vez de me render!

Podia ser tarde demais. 

Eu até podia tá no inferno naquele exato momento...

Sendo torturado por ser um covarde e falhar na missão que me foi imposta… 

Mas eu ia salvar aquele deus! 

Faria o bem.

E se eu não tivesse morto, significava que ainda poderia dar mais orgulho pra minha mãe, do que quando me deixei ser morto para que Isabel não fosse injustiçada.

Quando o veneno alcançou o meu pulso, meus gritos de dor, se transformaram numa declaração de guerra. 

Rolei para trás e lancei a cobra contra a parede.

Ela quase conseguiu cospir mais um pouco de veneno, que atingiria o meu olho, mas me esquivei no último segundo, e o que queimou foi o chão.

Assim que ela atingiu, diversas pedras caíram sobre seu corpo. No entanto, não deu tempo nem de rezar para que permanecesse coberta. 

Aquele bicho saltou, como se tivesse se atirado de um canhão, só pra chegar mais rápido pra me matar. E serpenteou em zigue-zague na minha direção, pronta para mais um round, com muito mais velocidade, do que eu gostaria de dizer. 

Assim que tentei chutá-la, ela contornou minha perna, sibilou tão alto, que imaginei ser um grito de guerra... Em seguida, tentou picar meu joelho. No entanto, eu fui mais rápido e pisei em sua cabeça. 

Antes que eu pudesse prendê-la, aquele bicho deslizou e findou suas presas na minha perna. 

Sério, foi a primeira vez em que agradeci por ser aleijado...

A prótese distraiu o animal por tempo suficiente pra que eu pudesse esmagar sua cabeça com meu pé verdadeiro, mais vezes do que podia contar. 

Em uma das vezes que levantei o pé, a cobra aproveitou para tentar fugir, mas a peguei pelo rabo e chicoteei a sua cabeça contra o chão.


Depois, a joguei desacordada no rio.


Demorou 10 segundos pra eu cair na real do que tinha feito. Enfrentei um animal muito mais forte que eu…  

E estava vivo…

Bem… 

Na verdade, continuava morto…

Mas, não fui mordido nem nada… 

E venci a briga. 


Fitei minhas mãos assustado, como se fossem próteses, ou armas... 

Não conseguia acreditar que tive força pra fazer tudo aquilo… 


finalmente conseguiu… — murmurou o deus, tossindo.


Pisquei até voltar pra realidade, e corri na direção dele.


— E-Eu vou salvar você!


NÃO!  Só irá se arriscar em vão e perder o seu tempo. Não dá pra romper as correntes… Não deste jeito… Me ajudou mais, quando bateu naquela cobra imbecil… 

— Como posso salvar você?

Ele não respondeu. 

De repente, uma luz esverdeada surgiu de seus olhos e rodopiou por todo o seu corpo, até desaparecer. Ele começou a se contorcer e a gritar em fúria ou agonia... E então, se levantou, tentando me alcançar com agressividade.

Parecia querer me esganar...

Seus olhos perderam as pupilas, ficando quase completamente brancos exceto pelos vasos sanguíneos.

Aquela mudança repentina de atitude, mesmo que okay... eu já estivesse morto, me fez cair para trás assustado. 

E num piscar de olhos, eu já não estava mais na caverna.

Estava num escritório repleto de livros e cabeças empalhadas de animais. Um pouco escuro, iluminado apenas pela luz de uma lareira.

Sempre amei animais, então conhecia quase todos! Mas aqueles na parede… 

Eles não eram do tipo, comum. 

Esses eram demoníacos, raivosos além de terrivelmente enormes.

Eu agradecia aos céus por nunca ter topado com um deles, quando estavam vivos. 

Apesar de aparentarem estarem vivos,  apenas esperando o momento perfeito pra saltarem das paredes pra me devorar. 

Todos faziam a cobra que enfrentei, parecer ser só uma lagartinha nervosa.

Quando comecei a caminhar, tropecei no que pensei ser uma bola, e quase caí de cara mas consegui parar a queda, pondo as mãos no chão.


Então, olhei para o que havia tropeçado e vi que era uma enorme cabeça vermelha de leão. Mas não era apenas uma… 

Haviam outras três para acompanhá-la.

Me levantei aos tropeços e ver de cima me assustou ainda mais. 

Aquilo era um tapete de "megazord", era um tapete de uma criatura idêntica à fusão de corpos de Canim com a sua alcatéia de mercenários.


Mas parecia ter o dobro de tamanho, de forma que, se não tivessem cortado a região da barriga para baixo, não caberia no escritório.


Logo notei que a parte debaixo, servia de cortina pras janelas.


Meu estômago deu cambalhotas até jogar todo o meu café de volta pela garganta. 


 Duas das cabeças do leão, tiveram o desprazer de servirem de balde de vômito.


EI! O QUE PENSA QUE TÁ FAZENDO? Esse tapete foi caro! — reclamou um homem.

Ele era muito elegante. 

Estava sentado em uma cadeira de computador, aquelas com rodinhas... 

Seus cotovelos estavam apoiados em uma escrivaninha de diretor, cheia de papéis. 

A maioria já tinha se tornado aviãozinho, barquinho, chapéuzinho ou algum animal de origami. 

O reconheci sem nem pensar direito… 

Era o mesmo homem que falara comigo em meu sonho, no dia que eu cheguei no Acampamento. Não consegui ver o rosto dele no sonho, mas por alguma razão, eu não tinha dúvidas. 

Seus olhos eram de um tom de verde tão intenso, quanto radiação, mas um pouco mais acolhedor. 

A barba era loira com um tom tão claro, que era facilmente confundida com branca, assim como o seu cabelo, que estava muito bem amarrado em um coque samurai

O terno parecia ser de ouro claro em tecido… 

É bizarro, eu sei! 

Mas, foi a única maneira que consegui descrever a beleza daquilo. 

Por dentro, ele vestia um colete social escuro com uma gravata preta de listras amarelas cobriam a blusa social branca. 


Ele apertou um botão verde e aproximou seu rosto dele, chamando pela camareira.


 Uma mulher vestida em trapos entrou correndo com um balde e um esfregão e limpou tudo rapidamente. Depois se retirou, fazendo uma reverência com a mão e cabeça.



— Bom, sente-se, senhor Izente. Temos muito o que conversar. — pediu, gesticulando pra direção de uma das poltronas na frente da escrivaninha. 


Me aproximei, ainda um pouco mole por causa do estômago, e me sentei, rezando pra não ser feita de algum animal daqueles.


— Onde eu tô….? Céu? Tu é um anjo? Eu virei um anjo? — Após murmurar isso, apalpei minhas costas procurando asas.

Morrer era uma droga! Mas voar, seria incrível!

Quem precisa estar vivi, quando se pode voar, tá maluco!!! SERIA IRADO!

Mas, não tinha nenhuma asa.

— Céu? Anjo? Necas

ENTÃO TÔ NO INFERNO? — gritei ao concluir — OLHA, SÓ! EU NUNCA FIZ NADA PRA SER CONDENADO A DANAÇÃO ETERNA! Sou bem levado.... Reconheço isso. Explodi a cantina sem querer e deixei aqueles pobres cozinheiros levarem a culpa. Mas acho que não é motivo suficiente pra vir pro INFERNO! Eu não…

Ser um demônio não tinha vantagem alguma! 

Eu ia ser vermelho, ter chifres, um rabo pontudo e ser queimado pela ETERNIDADE!

Quer dizer... 

A única coisa legal, seria puxar o pé do meu irmão, quando ele tivesse dormindo! Mas rir por um minuto, não compensava por sofrer eternamente.

— Não, não, garoto... Acalme-se. —  me interrompeu, levantando as mãos — Não está no céu, nem no inferno, eu hein!


— Aonde é que estou, então…? 


— Bom, na mesma caverna. Isso é, só que numa versão menos assustadora e mais estilosa, pros meus visitantes. — Explicou.


Queria dizer que ele falhou em tentar fazer uma versão menos assustadora. Mas cheguei a conclusão, de que dei minha crítica ao vomitar no tapete. 

Fora que ele deveria atualizar sua concepção de "estilo". Embora eu não tivesse muito senso de estilo também.

Porém, aquele escritório parecia minha casa, antes de eu morar lá.

Meu vovô Try, era um caçador durante as épocas permitidas... Mas no resto do ano, era dono de uma franquia de livrarias. 

Então ele também tentava misturar as duas profissões em um escritório, só. E ficava horroroso. Minha mãe vendeu quase tudo e  usou um pouco do dinheiro pra transformar no quarto do Nicholas.

Diferente de mim, que sou um mijão, meu irmão era um maníaco. Então implorou pra ficar com umas cabeças de lobos e ursos.

...

— Você é aquele mesmo deus da pedra? — questionei, fazendo uma careta.


Ele deu de ombros.


— Hã... Sim e não. Mas, esta é a minha aparência, sem o veneno e as torturas diárias. Não é perfeita ainda, eu reconheço… Tenho andado bem mais fraco no momento, do que nos últimos anos. Mas na posição em que estou, se eu morrer, o que deve acontecer logo… pelo menos, vou me sentir um pouco melhor.


— Tá irreconhecível, mano… — murmurei — Nem parece você mesmo...


— Agora tá entendendo, senhor Izente. 


— Espera… Não é você mesmo? Disse que era, eu não tô entendendo mais nada!


— Não. Eu disse: "Sim e não". Sim, sou eu. Não, não é a minha aparência. Aquela carapaça feiosa é do babaca do meu irmão Loki. Ele me prendeu e me enfeitiçou.


— Por quê seu próprio irmão faria isso contigo? 



— Porquê os deuses fizeram o mesmo com ele. Governava os 9 mundos conosco, apesar de não ser de fato, um de nós. Mas com o tempo... se provou ser um cara mesquinho e invejoso, como os outros de sua espécie. Mesmo assim, ainda o toleramos. Entretanto, Loki passou de todos os limites, quando matou nosso irmão mais amado, por pura maldade. Nós concluímos que tava na hora dele pagar pelos seus crimes nefastos. Mas ele não deixou isso barato… E olha, aqui, estamos!

— Um resumo e tanto... — Estremeci. 

Como alguém poderia matar o irmão? 

E pior, quando fosse punido por isso, pegasse um outro irmão e o prendesse nas mesmas condições que ele, injustamente. 

Isso era diabólico. Alguém assim, não podia ser um deus, muito menos normal. 

— E agora, ele tá se articulando pra escapar. O miserável pensou em cada maldito detalhe de sua vingança. Deu um jeito até de colocar aquela maldita cobra que devia estar envenenando ele, pra me emvenenar…

Reparei que aquele homem… 

deus... falava do irmão, como eu falava do meu… 

Mas, o Nicholas era só um pé no saco. O dele, era um demônio. 


— E o que eu posso fazer pra te libertar, senhor? Aonde é esta caverna?


— Esse é o problema, meu caro. Eu não tenho a mínima ideia. É por isso que sua mãe, apesar de ser uma deusa grega, lhe mandou nesta busca. Ela sabia que você encontraria uma maneira de me encontrar.


— C-Como? — Gaguejei. — Eu não sei nem por onde começar! Minha mãe… Ela não devia ter feito isso, cometeu um erro…


O homem se pôs de pé, e com as mãos entrelaçadas nas costas, ele caminhou até mim.

— deuses cometem muitos erros, meu caro. Mas é difícil isso acontecer, quando se trata de jornadas proféticas. 

Engoli em seco. 

Vi dezenas e dezenas de filhos de Atena no acampamento. 

Todos com alguma experiência. 

Atena, a grande deusa da sabedoria...

Escolheu uma criança sem treinamento, sem nenhuma experiência, sem uma arma mágica maneira e que não sabia nada sobre aquele mundo. 

Se aquilo não podia ser chamado de erro, era um acerto bem questionável. Era como quando eu chutava o resultado certo, nas prova de múltipla escolha de matemática, sem saber fazer o cálculo.

Mesmo que estivesse certo, a questão era anulada e eu não ganhava ponto por ela.

...

— Parece precisar de um Norte, jovem guerreiro. 

— É, eu não sei o que fazer… Eu não sei o que Atena acha que eu sou, mas ela tá errada… Eu sei o que eu sou. — Me interrompi ao ver que o homem-deus estava distraído encarando uma cabeça de Javali monstruosa de chapéu.

— Você não sabia o que era, até ontem.  — ele deu um sorriso bem humorado.

Fui obrigado a concordar.

— Eu nunca fui um semideus. Mas, em 3 milhões de anos, sempre ouvi esses mesmos pensamentos pessimistas... É comum heróis não acreditarem em si mesmo. O medo planta sementes de dúvidas no coração de vocês e quando as regam... Ele cresce ainda mais, até que perca quaisquer espaço livre pra coragem poder florescer.  Mas não é nada tão raso, como imagina, meu caro... É por isso que está aqui. É por isso que está começando a lutar. Nós descobrimos nossos heróis, não em quem é corajoso o tempo todo. Mas em quem, mesmo com temor a morte... Mesmo achando que não consegue, ainda insiste em tentar! E foi o que você fez na caverna.

Arregalei os olhos e escancarei a boca, impressionado com seus comentários. 

Talvez tenha corado um pouco.

Pois comecei a refletir em tudo que já havia feito.

— Você tem medo e a vida lhe deu um pouco mais de limitações...

Desviei os olhos para a perna rasgada da minha calça jeans, que agora exibia minha prótese inteira. Depois de cair da ponte direto num rio e de lutar contra uma cobra, ela já não se apresentava em ótimas condições.

— Mas você sabe quem também tinha limitações? Os antigos Vikings. Mas eles não davam desculpas pra parar de proteger suas terras e suas familias por causa disso, nem pra parar de conquistar novas terras... Eles respiravam fundo, substituíam seus membros perdidos e continuavam a lutar. — Prosseguiu.

Comecei a sentir um pouco de coceira na prótese... Eu tinha aquilo muito raramente. Na verdade, acontecia mais na época em que me acidentei. Era apenas mais uma sensação fantasma. 

Como se ela fosse de fato, uma perna real. Honestamente, eu preferia usar o termo: Síndrome de Pinóquio... Embora este nome já fosse de outro problema.

Naquela momento, acho que aquilo tava acontecendo, porquê provavelmente eu estava ficando motivado a prosseguir com a missão, mesmo me achando incapaz...

Pra piorar ainda mais, ele esticou um dos braços e removeu a luva de couro, revelando uma prótese dourada no lugar de uma mão. Ele apertou o punho e a removeu também… 

— Nós somos iguais. 

Ele deveria ter dito: "XEQUE-MATE!" 

Se adequava bem mais pra situação.

— C-Como? Você é um deus… não devia perder membros… Não devia ser igual à…

— Seu conceito de divindade é muito limitado. As coisas também não são assim. 

— Mas pode se regenerar, não é? Digo… Quando não estiver mais aqui.

— Talvez. Mas se eu fizer isso, estarei me livrando de minha sina. Da lembrança de que fui realmente corajoso certa vez. E que com isso, salvei muitas vidas — o deus sorriu. — E hoje, esta sina me ajuda a inspirar heróis como você, senhor Izente.

Eu corei mais uma vez, embasbacado… 

Minhas mãos correram até minha perna falsa e a apertaram com força.

— Entrou nesta, pra descobrir um pouco mais sobre o seu passado, estou correto? — perguntou, e eu fiz que sim com a cabeça. — Vai descobrir mais rápido do que imagina... Agora, vou te dar minha penúltima ajuda para concluir a sua missão. Há uma maneira de encontrar a caverna. Mas, talvez não goste muito.

Ele aguardou uma pergunta, que eu não fiz… Ainda encarava sua prótese dourada na mesa, me perguntando quem teria o poder pra conseguir fazer aquilo com um deus…

Mas tentei pelo menos não questionar mais Atena. 

— Hã... vai precisar pedir ajuda pra neta psicopata do meu irmão... — ele exasperou. — Porquê assim como seus amigos e você, ela é a chave da liberdade tanto de Loki, quanto da minha... E apesar de não ter nenhum contato com ele... (pelo menos até aonde eu sei…) Ela conhece alguém próximo o suficiente pra ser um possível informante.


— quem é essa? — Perguntei, retomando o foco. 


Álice Klotz.


Aquele nome me despertou de vez. 

Levantei empurrando, sem querer minha poltrona pra trás, que desabou em uma das cabeças de leão.


— Uou, uou, uou! Calma! Essa maluca, filha da mãe, desgraçada me matou! Meteu bala na minha cabeça! Se tem alguém que vai libertar, esse seu irmão aí, esse alguém é ela! 


— É, pode até ser que tenha razão... — Murmurou com serenidade


"PODE ATÉ SER"? NÃO ME OUVIU? ELA ME MATOU, CARA! — Gritei — Ela não quis nem ouvir direito, se souber da profecia… Se souber desse Loki e de você… Se ela tiver mesmo um meio de contato, pode dar um jeito de contar tudo pra ele!

— Sim, mas pelo o que vi, seus amigos mataram vários dos dela. Isso não os torna vilão, torna? E depois, você se ajoelhou pra morte, tá lembrado? Foi opção sua. Podia ter feito qualquer coisa, afinal é filho de uma deusa grega da sabedoria e da estratégia em batalha. Pensar nas coisas antes de agir... Se  você, senhor Izente acha o ato de abandonar os outros pela sua própria sobrevivência, desprezível, então não seja hipócrita e dê seu jeito de ajudar. — o deus suspirou — Mas não queria nem subir pra ajudar o seu amigo. Seu único ato de bravura e coerência com essa filosofia antes da cobra, foi morder a canela de um valentão e se deixar morrer no lugar de uma amiga. COISAS BURRAS! 


Fiquei surpreso por saber que ele me vigiava antes mesmo de eu descobrir que era um semideus. Lembrei que na caverna ele murmurou algo sobre eu ter crescido… Talvez me vigiava desde sempre. 

Isso seria muito mais estranho, se eu não soubesse que ele era um deus. 

No mínimo, o processaria. Mas como  ele era, tentei ignorar aquilo.


No entanto, resolvi retrucar.


— O que acha que eu devia fazer? — Abri os braços, com as mãos pra cima — Das duas vezes estava encurralado... Na escola, tinham valentões nos cercando... Já na ponte, tinha soldado pra tudo que é lado! Eu não podia fazer nada!


— Experimente parar de tentar ajudar as pessoas, sem um plano. Nas duas situações você estava em desvantagem, mas ainda tinha o elemento surpresa do seu lado. Os valentões não esperavam que alguém ajudasse a piada da escola. Enquanto a Klotz e os outros, pensavam que você e sua amiga estavam mortos. Na primeira; Podia ter atacado eles pelas costas. E na segunda: Ter aguardado e analisado. Sem vocês dois no tabuleiro, as coisas aconteceriam da mesma maneira. Ela ainda ia tentar conversar com os garotos, como prometeu… O gigante ainda iria atacar e o seu amigo ainda iria explodi-lo, ganhando assim, uma parcela do benefício da dúvida. Mas sabe o que não aconteceria? Os tiros. Você estaria vivo.


— Ah, é? Eu não tinha como saber de nada disso! 


— É pra isso que se pensa antes de agir. Foi como eu te disse, pare de dar desculpas tolas, como: "Sou novo nisso", "Não tinha o que fazer…" — Ele afinou a voz pra me imitar, o que a deixou tão esganiçada, quanto a de  um grasnar de um ganso engasgado. — PENSE! Analise cada situação para não morrer de novo. Porque se acontecer, eu não vou poder mais intervir. 


Respirei fundo, tentando segurar os ânimos, levantei minha poltrona e voltei a me sentar. 

O tal deus tinha razão… 

Eu ainda não queria pedir ajuda de novo pra Álice. Mas errei em tudo o que tentei fazer com aquele grupo… Talvez devesse pensar em melhorar as minhas abordagens… 

Se eu tivesse vivo, faria diferente.


— Você não podia ter me dito tudo isso, antes de ela me matar? Tipo, por um sonho, ou sei lá…? Sem querer parecer ingrato com a informação, mas agora não adianta muito, né. — tentei não ser grosseiro, mesmo achando que aquele deus não se importava com qualquer tipo de comportamento reverencial. Ele era alguém calmo e sereno, que havia me dado uma bronca, mas não levantara a voz ou me ameaça em momento algum. 

— Não. Já que se condenou mesmo, só consegui te ajudar de outra maneira. Esta era a única forma de a palavra dela ser cumprida e conseguirem se unir por um bem comum. 


— Como assim?


— Klotz te matou diante de todos. Não há dúvidas disto. Graças a isso, precisei manipular a mente de uma Valquíria pra roubar sua alma. Ela era bem teimosa, lutou até não poder mais. Quando voltar pro meu posto, pedirei pra Odin promovê-la… Mas o que importa pro; "agora", é que eu consegui concluir o meu plano. 


Só então percebi algumas marcas de combate recentes. Notei que atrás de toda aquela serenidade e educação... 

Ele estava completamente exausto. Os ombros fartos e baixos... Sua mão boa estava repleta de cortes, queimaduras e feridas.


— Você está bem? — Perguntei.


— Não, nem um pouco. — respondeu — A briga pela sua alma somada às torturas… Acabaram com todas as minhas forças… Estarei sem conexão alguma com você e  qualquer outro, até vocês virem me salvar. Por isso, enquanto aquela maldita cobra não volta, vou tentar dormir um pouco. Estará por conta própria à partir de agora, senhor Izente. Sabendo disso, achei necessário te dar um último sermão antes de qualquer coisa. Precisa ser mais esperto. 


Não tinha ideia de o que era "Valquíria", ou o que ela queria com a minha alma, mas me aliviava saber que podia estar realmente vivo, e que ela receberia uma promoção.

Ou talvez estivesse morto e a Valquíria foi demitida...


— Ainda não está. — respondeu, como se tivesse lido aos meus pensamentos. Ele ajeitou na cadeira, se preparando para dormir e concluiu. — Assim que nossa conversa acabar, sua alma será devolvida ao corpo.

Assenti

Hã… Antes de ir… Hum... Tenho mais duas perguntas! A primeira, é o seu nome. E a segunda, é como eu faço pra ela acreditar em mim? Álice já tentou me matar duas vezes e em uma delas, realmente conseguiu… Não vai querer me ouvir. 


— Agora está pensando, senhor Izente. Bem, peça pra Klotz olhar no bolso dela. — O homem deu seu primeiro sorriso malicioso — Tenho um presente que pode ser convincente. E o meu nome, é Tyr. Sou o deus da guerra.


"deus da guerra", o cara mais calmo que eu conheci em toda minha vida… (E morte), era o deus da guerra. Nunca ouvi uma piada tão legal e simpática.


— E quando... — Antes de eu poder completar mais uma, de muitas perguntas, Tyr fez um gesto com a mão e fui ejetado de minha poltrona e jogado para trás. 

Algo que soou como uma vingança, por eu ter feito aquilo com a poltrona, há alguns momentos antes...

...


Voei até perder o escritório de Tyr de visão… Passei pela caverna novamente, onde o vi brevemente repousando em sua pedra. A cobra já se arrastava para fora do rio, e ao me ver ela sibilou brava, como quem dizia: "DA PRÓXIMA NÃO SERÁ TÃO FÁCIL, IMBECIL! ESPERO QUE MORRA DE NOVO, ANTES DE CHEGAR AQUI!", e por fim, me mostrou a língua como uma criança mimada. 


A caverna desapareceu, não como Lego... Dessa vez, parecia mais com um jogo bugado. 

Comecei a atravessar as paredes e  as portas de um lugar tão gelado, que eu senti meus ossos de fantasma, petrificarem.


Após isso, tudo se escureceu.


Ouvi barulhos de trincos batendo perto do meu rosto, e abri os olhos assustado. 

A primeira coisa que vi, foram cápsulas vermelhas de bala quicando contra as pedras.


Comecei a transpirar forte e a tossir, como se os meus pulmões quisessem pular para fora pela boca pra se aliviarem. 

Minha cabeça latejava...

E cada centímetro do meu corpo parecia que caíria, se eu fizesse qualquer movimento brusco 


— Você… tá vivo? — gemeu Álice, com um tom de surpresa e horror. 

Me arrastei para trás pelos cotovelos, tentando me afastar dela e me levantar ao mesmo tempo, embora não soubesse o que fazer, se conseguísse fazer uma dessas duas coisas.

Mas ela me seguiu.

Caminhou lentamente na minha direção e quando chegou perto o suficiente, apontou a arma pro meu rosto novamente.


— Cassete, você é mesmo a porra de um Zumbi, não é mesmo? Já é a segunda vez que volta dos mortos! 


— Já chega… Não tente me matar de novo… — ao completar a súplica, engasguei e comecei voltei a tossir. Minha saliva no chão, brilhava em vermelho, era puro sangue...


— Não, "Zumbizinho". Eu tenho que fazer isso. Sabe que esse foi o combinado. Achei que depois daquela sua pose de fodão, todo preocupado com a "Bela adormecida" e com o "Garoto Fósforo"... E cassete, depois de morrer duas vezes, não seria um problema morrer mais umazinha


— Você precisa me ouvir… O acordo já foi cumprido… Eu morri de verdade e posso provar... — Gemi, me engasgando mais uma vez, quando tentei levantar a voz. 


Aparentemente Tyr não consertou todos os ferimentos que tive, quando caí do rio, nem os dos tiros de Álice. 


— Beleza. Em homenagem à sua  dupla ressurreição e à minha mãezinha, que está no mundo dos mortos, tu tem a sua chance. Me convença, "Zumbizinho"


— O seu Colete… BOLSO! Olhe no bolso do colete… — Murmurei.


— É o quê? — Ela apalpou os bolsos e abriu o terceiro, que ficava embaixo do brasão de uma cobra vermelha, mordendo o próprio rabo. E quando tirou, vi que se tratava de um globo de neve.

Tyr depositou o que sobrou da minha vida, em um enfeite pra criança?

Na micro-cidade do globo, havia um tipo de Torre de igreja queimada. 

Completamente destruída, na verdade... Como se um míssil tivesse a atingido.


Não conseguia entender como alguém gostaria de ganhar um tipo de presente como aquele…

Talvez porquê ela fosse atéia...

Álice o sacudiu, e em vez de cair neve sobre a torre da igreja, caiu algo parecido com fogo e a igreja ficou belíssima... Novinha em folha...

Magia... — murmurou alguém.

Depois disso, uma mensagem em uma língua... (Que pelo jeito difícil da escrita, achei que só podia ser Alemão), apareceu.


Obviamente eu não entendi nada, mas de alguma forma, aquilo pareceu enfurecer a Capitã. 

No começo, seus olhos se flexionaram várias vezes, como se quisessem se piscar, mas não conseguissem. 

Depois, sua expressão se endureceu e ela apertou a arma com força.


Álice guardou o globo de novo, pisou no meu peito e voltou a apontar o fuzil para mim.


QUEM DIABOS É VOCÊ, MOLEQUE? COMO E ONDE ENCONTROU ISSO? — berrou com um ódio, que até então eu ainda não tinha visto. —  DESEMBUCHA, PORQUÊ TE GARANTO QUE NA TERCEIRA VEZ, EU TE MATO!


— E-Eu sou só um garoto… Hum.. Um Semideus… Como você, eu acho... — grunhi — Sei que é neta de Loki… E hã… Mas nada disso, eu descobri sozinho… Nem mesmo fui eu que encontrei isso e pus no seu bolso. Isso tudo, foi obra de um deus chamado; Tyr. Ele me trouxe de volta da morte… Me contou tudo o que eu precisava saber… Bom, nem tudo... M-mas, disse que você é importante pra missão em que estou, e que te daria algo que ajudaria a provar que eu não tô mentindo… Só não esperava que confiasse minha vida, te dando a porra de um globo de neve macabro. — Parei de reclamar pra vomitar mais um pouco de sangue. — Enfim... Ele disse que conhece alguém que pode ter algum contato com Loki... Alguma pista sobre onde ele está preso... Ou uma merda dessas...

Um grito uníssono de surpresa emergiu da multidão do exército do Lar. 

Todos começaram a cochichar, mas estavam divididos. Alguns teorizavam sobre eu poder estar mentindo sobre tudo… Outros questionavam: "E se não estiver?"

Ouvi alguns dizerem que se Álice ainda tivesse qualquer contato com Loki, merecia ser morta.

Até a Capitã pareceu deixar a surpresa espantar sua fúria por um breve momento.

Mas, logo voltou a esmagar meu peito com a sola da bota.


— Tyr está desaparecido há anos. Não tem mera chance de ele ter feito tudo isso que você falou.


— Ah, então eu tenho a cabeça a prova de balas, simplesmente isso? E eu sou super veloz também, porque eu coloquei um globo de neve no seu bolso, sem que percebesse, né? — rebati com deboche. Estava um pouco bravo. Precisava de um médico, mas aquela garota não parecia que iria facilitar nada as coisas para mim. — Ou sou um mágico, sei lá, cacete... M-mas acho que essa sua cara de espanto, indica que provavelmente faz parte do seu passado… Como eu saberia, hein, Álice Klotz?


Ouvir seu sobrenome a surpreendeu ainda mais. Ela nunca falou para mim.


— Você nos espionou e descobriu tudo isso! — Rosnou. — O Patrick confessou!

 

Não! — gritei de volta, segurando a tosse. — Não espiei! Eu tô na porra de uma missão suicida que fui posto, contra a minha vontade e sem nem entender direito o que eu sou! Se fosse tudo isso que fala, eu teria aproveitado pra te matar, assim que se distraiu com o globo. E mesmo que seus amigos aí me matassem, eu voltaria, não é?


Ela não respondeu. 


— No fundo, você deve saber disso! Só que por algum motivo, não quer acreditar! Quer me matar de novo, sem ter certeza das minhas intenções! Por quê,  Capitã? Por quê a garota que tem um exército e que se faz de "fodona'', tem medo de aceitar que está errada e faz de tudo pra não ter que enfrentar a verdade? — Gritei, não gostava de xingar daquela forma… Minha mãe passaria sabão na minha língua. No entanto, eu estava muito irritado, e debochar do jeito de falar de Álice, parecia o caminho certo pra acordá-la.

Novamente apesar de perturbada, ela ficou muda. 


— Vá em frente, que se dane! — berrei. Não consegui aguentar segurar às tosses por mais tempo. — Porém… Sei o quanto é difícil confiar no inimigo, eu não queria ter que confiar em você depois de tudo o que fez… Mas gostabdi ou não disso, vamos precisar trabalhar juntos. Isso, se quiser realmente me ajudar, ajudar o deus Tyr e a salvar o mundo… Todos os nove… Abaixe essa arma e faça algo verdadeiramente útil com toda essa tirania! 


Álice me encarou furiosa e por um momento tive certeza que ela iria me matar. Acho que peguei pesado demais…


Novamente ouvi burburinhos divididos da multidão, alguns diziam que ela devia me matar até eu ficar morto de uma vez. Mas, outros discordavam e diziam que deviam continuar a me ouvir.  


De toda forma, Álice atirou. Foram três ou quatro tiros que calaram a multidão e me fizeram apertar os olhos e tremer de medo. 


Mas nenhum me atingiu desta vez. 

Engoli em seco, olhando para o chão e vi que ao lado da minha cabeça, estavam os buracos de bala. Tão perto, que se eu tivesse me movido um centímetro para o lado, teria ganhado brincos por toda a orelha. 


Ela errou…?


Eu duvidava.


Em pouco tempo que a conhecia, Álice havia se mostrado muito mais que boa em atirar. Então talvez ela quisesse mesmo me ouvir. Mesmo assim, achava muito mais provável ela ter errado.


No entanto, ela provou que queria me ouvir, quando tirou o pé do meu peito.


Obrigado… — grunhi.


— Tommy, vá chamar os amigos dele. Nós precisamos fazer uma reunião com… — Antes de Álice poder completar, um vulto branco pulou do chão e atingiu seu rosto, a arremessando tão longe, quanto ela fez com Canim outrora.


Todos ao meu redor se assustaram e apontaram as armas para mim, mas quando pensei que seria fuzilado, o vulto reapareceu, ganhando uma forma de gelo, idêntica à do gigante, mas no tamanho de um adulto normal. 


Mortais… rosnou com nojo — Vivendo em tocas como coelhos assustados, em vez de enfrentar o inimigo… Midgard não tem guerreiros como na antiguidade.


SE IDENTIFIQUE LOGO, INIMIGO! Ordenou Tommy apontando sua metralhadora giratória do braço. Algo que seria o suficiente pra eu não obedecer ele, se fosse comigo. 

Na verdade, já queria ter fugido há muito tempo.


A criatura se agachou e pegou um punhado de neve do chão.


Sou a segunda camada de peões no tabuleiro… Sou a raiva que troveja sobre os céus de Jotunheim… Sou a sede de justiça, contra aqueles que mataram meu pai e usaram a carcaça dele pra moldar este reino! Rosnou com uma voz rouca e dupla. — E este, é apenas apenas mais um ataque sobre o lugar profano que chamam de Lar, POR YMIR!


O monstro transformou as mãos em foices, e se levantou, investindo insanamente contra Tommy.


O exército abriu fogo contra ele, mas nada surtiu efeito. A criatura parou por um momento, deu um berro e todas as balas alojadas em seu corpo, foram disparadas de volta, cobertas por uma camada de gelo grande e pontiaguda. 


Centenas desses projéteis liquidaram boa parte dos atiradores. E o monstro voltou a correr na direção de Tommy.


O garoto de pedra tentou se defender das foices como pode, ordenando que não atirassem mais e partindo pro combate físico.


Mesmo sendo muito mais forte que o monstro, Tommy teve suas pedras do ombro atravessadas pela ponta da foice, berrando de dor. 


Como se não pudesse piorar, quando os outros tentaram ajudar, mais dele surgiram do chão. E agora eu pude ver exatamente como eram feitos. 


Os flocos de neve que caíram após a morte do gigante, se juntavam e se solidificavam até formar uma criatura de gelo humanóide.


Me esforcei pra me pôr de pé, precisava dar um jeito de ajudar com o que descobri… mas não aguentei por muito tempo... Minha perna parecia feita de gelatina e caí de joelhos no chão.


PROTEJAM A CAPITÃ E O GAROTO ESPIÃO! — gritou Tommy, erguendo o inimigo de gelo sobre a cabeça e o arremessando contra outros. — IREI CUMPRIR AS ORDENS DELA!


Os outros gritaram em concordância e se posicionaram na frente de Álice, ainda caída. 


Tommy usou sua metralhadora giratória pra tentar abrir caminho por entre as criaturas de gelo, mas não funcionou. O que ele havia arremessado, voltou pra se vingar e atingiu o outro ombro.


Um Troll bebê do norte de Jottunhein... Devia estar do nosso lado! A MAIORIA DE VOCÊS AQUI, DEVIAM! Os deuses traíram vocês! 


— Escolhemos um caminho diferente! Escolhemos provar porquê estavam errados. E funcionou ao ponto de se arrependerem, e nos acolherem no "Lar". — declarou Tommy, revidando o golpe da foice, atravessando o punho na barriga do monstro. E o chutando pra tirar a mão. — Ao contrário de babacas como vocês, que só dão razão pra serem preconceituosos da maneira que são!

Tommy caminhou na direção dele, e prensou seu pé contra o queixo do inimigo.

— Não se engane. Não está lutando por justiça, por liberdade ou mesmo por vingança, quando comete atos escabrosos contra quem não tem qualquer culpa! — Ele retirou sua arma do pulso. E erguendo-a acima de sua cabeça, declarou: — Você quer fazer todos deuses pagarem? Quer que sintam sua fúria?Vá até Asgard e mate eles! 

O garoto de pedra... Hum...

Troll atravessou a cabeça do homem de gelo com a metralhadora, transfornando-a em mil cacos de granizo.


Irritados com a queda de seu lider, todas criaturas de gelo pararam o ataque contra os outros e correram na direção de Tommy.


Foi neste momento em que Álice saltou por cima dos seus guardas e acertou uma joelhada em cheio no queixo do mais próximo de Tommy, rolando no chão e parando ao lado do garoto de pedra com um machado em punho.

— LARES! PROTOCOLO: "VASSOURA" A1.6.8! — Ordenou. — TOMMY, VÁ!


A guerra finalmente começou para o lado de Álice. Todos formaram um cerco em volta dos monstros, de forma que fossem linchados, tendo que se defender num espaço limite muito curto. 


Percebendo a tentativa do Troll, as criaturas quiseram impedir, disparando seus projéteis de gelo. No entanto, todo projétil que o atingia, quebrava no mesmo instante. 


Notando que era imune aos tiros, Tommy deu um berro gutural, e começou a atacar todos em seu alcance. Seus socos eram o bastante pra destruí-los.

Rapidamente aproveitou o espaço que abriu pra conseguir alcançar a saída por cima dos destroços do posto.



Pra segurar as criaturas e impedi-las de ir até Tommy, Álice e os outros lutavam ferozmente, apunhalando e arremessando as criaturas de cima da ponte.


Canim e seus mercenários logo se juntaram a luta, mas por estarem feridos, muitos foram simplesmente assassinados com facilidade.


Os que sobraram, pareciam fracos demais pra tentarem se transformar naquele leão "megazord" outra vez, então apenas pareciam tentar sobreviver e proteger uns aos outros.


Aquela vitória deu um gás para as criaturas, e elas voltaram a atirar pra poder escapar daquele cerco, até que conseguiram. 


Mais reforços deles surgiram da neve e começaram a atacar pelas costas do exército de Álice, numa tentativa de copiar o cerco que havia quase os dizimado. 


Os monstros do "bem" que me protegiam, se viram obrigados a desobedecer as ordens da Capitã para ajudar na batalha. 


Sem poder atirar, usaram suas armas como se fossem tacos de beisebol.


Mesmo os guerreiros estivessem quase  conseguindo controlar a situação de invasão, aquelas criaturas continuavam aparecendo, se multiplicando e matando mais e mais do exército.


Eles não iriam aguentar…


Pra completar, o líder de gelo se reconstituiu. 


Já basta!berrou, e as criaturas  pararam de atacar, recuaram e se uniram à ele . — Nosso ódio vai continuar se sobressaindo perante suas resistências tolas! 


— Por quê estão aqui? — perguntou Álice arfando. — Quem os mandou?


Desejamos vingar nosso pai Ymir!respondeu ríspido — Viemos reivindicar o que é nosso!


— Assim, de uma hora pra outra? Depois de milhares de anos, repararam que o que os deuses fizeram foi uma injustiça e decidiram que iriam se vingar? — interrogou.


Não. Apenas aproveitamos a melhor oportunidade. declarou. — Junto à Valhalla, este lugar é o epicentro de uma possível falha em nossa nobre missão. É por isso que resolvemos atacar aqui primeiro! E assim que tomarmos este lugar, marcharemos para lá. Mas você e o troll não entendem isso! E nunca vão entender.


— Quem mandou vocês? — perguntou novamente, notando que não foi respondida. Só então percebi o porquê do interrogatório, Álice estava acreditando em mim.


A VONTADE DE YMIR! responderam juntos. — Sua vontade de vingança paira sobre Jotunheim!  


Não. — grunhi. — Foi o deus Loki… Não foi? Ele está por trás deste ataque, assim como o do gigante. Foi tudo arquitetado por ele, não é?


 O líder se virou para mim, com a cara de uma criança que é pega roubando doces da geladeira de madrugada.

Mas sua expressão de raiva foi retomada.


Se engana, se acha que sabe de alguma coisa sobre nós, mestiço nojento!  Somos a fúria dos caídos de Jotunheim!


Responde a porra da pergunta dele! — mandou Álice.


Ele irá nos devolver, o que é nosso por direito! — rosnou — Loki nos deu um caminho.  Sim, foi o que ele fez... Este planeta, é o nosso pai! Humanos e mestiços, não o merecem! Não foram acolhidos por ele, são apenas vermes, uns parasitas, como os anões de Nidavelir.

— Essa "Deformidade da Natureza" disse que, são a segunda linha de peões, minha Capitã. — lembrou Canim — Aquele maldito gigante, com certeza foi a primeira. 

Álice trincou os dentes, furiosa.

  Está aí a nossa resposta. VARRAM-NOS DAQUI! — berrou ela. 

A ponte virou uma Terra de Ninguém. Tiros eram disparados de todos os lados, de forma que me obriguei a voltar pro chão.

Toda criatura de gelo que sonhava em brotar da neve, debaixo dos guerreiros, era esmagada no mesmo momento. 

Já os que brotavam mais distantes, não podiam ser abatidos.

Eles surgiam, atiravam e matavam. 

Num piscar de olhos, restava meia dúzia dos "Lares"

Os inimigos nem se esforçavam mais para matar alguém. 

Se divertiam bem mais, com todas as tentativas falhas do esquadrão da Capitã.


ROMPER! — Ordenou. Seu esquadrão parou de atirar, logo em seguida. — Já basta, mesmo... Não vamos nos render à vocês, picolés de merda! Nem que eu morra pra impedir isso! 

Uma energia negra rodeou o corpo dela. A capitã esticou as mãos na direção dos monstros, em forma de ameaça. 

Como se elas, fossem mais poderosas do que o próprio fuzil.


Sabia que reconhecia seu cheiro, filha de Hel! O monstro sorriu.Devia ser uma de nós também! Devia marchar até os portões de Asgard e…


Ele não completou, pois Álice avançou. 


Inicialmente, seus ataques e investidas foram fundamentais para a dizimação em massa da maior parte dos monstros. 

Mas quando foi pra enfrentar o líder,  ela quase morreu

Tentou atravessar sua foice várias vezes na capitã. 

Até que conseguiu. O joelho e o braço dela, foram cortados. 

Não pareceu algo grave, mas o bastante para congelá-los… Literalmente.


Sua magia fria está dormente, filha de Hel. — disse ele, chutando o rosto da Capitã, que rolou pelo chão. — Você tem razão, tudo o que vai conseguir fazer com esse poder, é se matar!


Ela se contorceu no chão, e sua energia negra evaporou.


Tudo estava perdido. Considerei usar a arma que estava usando de muleta, pra atirar neles e afastá-los de perto de Álice. Mas já tinha visto mais de uma vez, que tiros eram inúteis contra eles.


AJOELHEM-SE, MORTAIS! — ordenou, abrindo os braços pra contemplar o momento. — AJOELHEM-SE À JUSTIÇA DE YMIR! 


De repente, ele se calou. Seus braços baixaram lentamente, e ele começou a olhar para o alto.


Olhei na mesma direção que ele, e vi Patrick. O mago flutuava com as pontas dos pés apontadas para baixo, e com seu cetro em mãos. Todo e qualquer sinal de dor nele, havia ido embora. Uma fumaça esverdeada deslizou da bola do cetro e escorreu pelo seu braço, começando a consumir seu corpo.


— Vão embora. — Ordenou, com os olhos perdidos em puro vapor. — Que cara é essa? Não é tão marrento com quem tem a magia bem desperta, não é? 


Sua presença paralisou o campo de batalha.


É o que pensa, mago? — indagou, erguendo a cabeça em sinal de desafio. 


PATRICK! NÃO ADIANTA LUTAR CONTRA ELES! ELES SE RECONSTITUEM DA NEVE DO CHÃO! — alertei, e ele assentiu em agradecimento.


Infelizmente, aquilo atraiu as atenções novamente para mim. O líder dos "picolés de merda" já estava cansado de eu abrir a boca. E honestamente, eu não o culpei quando disparou dardos de gelo na minha direção. 

Rolei para o lado o mais rápido que consegui, mesmo assim, um deles acertou de raspão no meu braço, e me fez gritar. 


Pra evitar que isso acontecesse de novo, Patrick agarrou o pescoço do inimigo e o ergueu no ar. 

O homem de gelo tentou atravessá-lo com a foice, mas assim que tocou o rosto do mago, tanto ela, quanto o resto do braço dele... explodiu em uma chuva de granizos. Que Patrick nem deixou que tocassem no chão, cada um virou um passarinho... Voaram até a mureta de contenção da ponte e cometeram suicídio.

Aquilo foi horrível de se assistir. Não só pra mim, mas pro próprio homem de gelo,  o monstro finalmente sacou qual seria seu destino. Então começou a se debater em busca de se soltar, mas não conseguiu.

— Cadê sua marra, agora? — questionou, com um sorriso macabro.

 Em seguida, rodopiou e atirou o monstro de volta contra o chão. Antes de ele poder se recuperar ou fugir, Patrick girou seu cetro e a fumaça serpenteou até ele e o ergueu novamente. 


Os monstros embaixo começaram a disparar dardos contra o mago, que nem se deu ao trabalho de desviar. Com um gesto de mão, a maioria dos dardos deram meia volta e atravessaram seus atiradores, cravando-os no chão, sem matá-los.

 Mas os que ele não conseguiu fazer isso, quase o atingiram. Sorte que ele teve uma ideia brilhante, puxou o líder deles até si, e usou seu corpo como escudo "humano".


Mas mesmo gritando de dor e xingando até as 50 próximas gerações da família do mago, o homem de gelo continuou vivo.

E por tempo o suficiente pra dar sua última ordem.

 Para que seus servos acabassem com todos na ponte, sem piedade. Sem esperar que nos rendessemos. E depois disso, invadissem a parte interna do Lar e fizessem o mesmo.  

POR FIM, ABRAM O PORTAL PARA A NOSSA MÃE!


Elas obedeceram em prontidão. E se espalharam. Patrick não pareceu pronto para aquilo, mas conseguiu lançar o líder da ponte antes que ele se desfizesse por completo e voltasse para a neve.


Algumas criaturas correram na direção de Álice ainda desmaiada, mas Canim saltou sobre elas, esmagando a cabeça de duas com as mãos, mas sendo nocauteado por outra. 


Essas se dividiram e enquanto duas seguiram na direção de Álice, as outras agarraram Canim pelos braços e pernas e o ergueram por cima da cabeça, o arremessando da ponte, assim como havia sido feito com seu líder.


Patrick deu conta dos que iriam atacar Álice lançando rajadas de fumaça explosiva. No entanto, uma das criaturas foi valente o suficiente pra saltar sobre ele, fazendo com que o mago deixasse seu cetro cair, e começou a socá-lo, tentando fazer a mesma coisa com ele.


Embaixo deles, Álice começou a acordar. Seu corpo estava trêmulo, e ela parecia totalmente perdida sobre onde estava e sobre o que estava acontecendo. Mas começou a entender, quando olhou o caos ao redor. 


99, 9% do batalhão de Álice, se tornou corpos frios estirados pela ponte.


— Ei, Senhorita Álice! — Gritou o mago, tentando se defender com chutes de dois outros monstros que saltaram em suas pernas. — Meu cetro…


Ainda um pouco perdida, a capitã não entendeu de primeira, mas encontrou e jogou pra ele. 


Num instante, Patrick evaporou os seus inimigos. 


— Precisarei tomar algumas medidas extremas, para que todos os que sobraram, fiquem vivos! Todos mesmo! — disse ele, evaporando outros que lutavam contra os mercenários e guerreiros do outro lado da ponte. — É perda de tempo lutar contra essas criaturas. Elas continuam a se reconstituir, não importa o que façamos… Farão isso até dar cabo de todos nós, e aí vão invadir o interior do seu Lar. Eu preciso destruí-las de uma só vez! 


Ele também havia notado…


Então eu não estava imaginando coisas. minha percepção estava correta. Infelizmente, eu não consegui fazer nada pra ajudar, assim que reparei… Mas Patrick por alguma razão, parecia finalmente bem. E pelo pouco que eu vi, ele era poderoso o suficiente pra acabar com aquele ataque.

Antes que Álice pudesse responder um batalhão das criaturas, tentaram saltar sobre ele novamente, pra se defender, Patrick tocou com cada dedo de uma de suas mãos na ponta superiora de seu cetro e as garras que seguravam a jóia esverdeada a soltaram.

Ele ergue o cetro e um imenso jacaré  com chifres de ouro, saltou para fora, como um Pokémon e abocanhou quase todos eles, também esmagando outros com as patas e apunhalando com os chifres.


— Tem a minha permissão. Soque esses merdas pro inferno!


O mago fez uma reverência com a cabeça, de modo até mais cordial, do que aquela fascista merecia. Então achei que as coisas finalmente iam se ajeitar, até que três criaturas se aproximaram de mim. 


Elas se divertiram me vendo tentar me arrastar novamente pra fugir. E se divertiram ainda mais, quando perceberam que eu estava fraco demais até pra isso. 


De repente, no momento em que eu já estava aceitando a segunda morte, um tipo de estaca branca atravessou a cabeça de um deles.


Como eu, as criaturas que sobraram ficaram boquiabertas.


 A mesma estaca acertou e derrubou o do outro lado, finalizando-o quando foi atravessada na cabeça dele, assim que tocou o chão. Já o terceiro, foi poupado e apenas empurraram ele mureta abaixo.


Então, tênis surrados entraram na minha frente. Olhei para cima, assustado, pensando que seria o próximo, mas em vez de inimigo, lá estava a doutora mais linda do mundo, carregando seu arco.


— Não cansa de salvar minha vida, não é? — sorri, mas ela não entrou na brincadeira, apenas me ajudou a levantar. Atrás dela, pude ver que Thoddy nos protegia, lançando bolas de fogo das mãos. Mas, parecia um pouco assustado com o jacaré gigante dizimando os inimigos, até com a calda... 

Ou talvez, só estivesse cansado de monstros, que não tinham estatura normal. Até mesmo dos que não precisava enfrentar. Mas acho que isso, era o menos provável. Todos amam ver monstros gigantes do bem...

Só mencionando rapidinho, o jacaré deu um rugido tão alto, que quase matou Thoddy do coração. 

O monstro salivava um tipo de ácido, que derretia tanto as criaturas, quanto todo o gelo por onde tocava. Percebendo que eu estava lhe observando, Thoddy se virou e abriu um sorriso leve. Mas que apresentava mais tristeza, do que felicidade.

Quando olhei para o rosto de Isabel, percebi que tirando o sorriso de alívio, ela estava da mesma forma.

Seus cílios tinham uma constelação de lágrimas brilhantes… 

Os olhos estavam tão vermelhos, que parecia que ela tinha coçado muito... 

Pelo menos, umas 100 vezes… 

Talvez porque estava sem seus óculos. Minha vózinha fica assim, às vezes.

Obrigado por aquilo... — Ela fungou e passou a manga do casaco, pra enxugar o rosto. — Desculpa por termos te abandonado. Nós realmente cumprimos o que a Profecia dizia, te deixamos na mão… Thoddy me disse que te contou, que sempre fazemos isso… E é verdade… Sempre deixamos outros morrerem. Nós só usamos e descartamos às pessoas… Começou com nossos amigos do orfanato...  E com o tempo, deixamos isso se tornar tão comum pra nossa sobrevivência, que simplesmente paramos de nos importar com a vida dos outros. Perdemos esse senso de humanidade... Mas, Jack, mesmo sabendo que éramos pessoas de merda. E mesmo em seus primeiros dias, nessa porcaria de mundo, digo: sabendo que é um semideus… Mesmo só querendo voltar pra casa, você escolheu morrer por nós e pela missão… 

Enquanto ela falava, lembrei do menino lutando contra o minotauro na colina Meio-Sangue. Ele poderia ter morrido e as únicas palavras que Isabel falou quando pedi pra ajudarmos, foi:


"Essa não é a nossa missão. Vamos aproveitar que o Minotauro está concentrado em atacar ele, e descer pelo outro lado."

No entanto, também lembrei de Tyr.

Quem era eu pra julgá-los? Pensei em fazer a mesma coisa lá embaixo, por medo.


Esquece… Já foi! Vamos cumprir essa missão e tentar voltar vivos pra casa, tudo bem? — falei, tossindo um pouco, depois. 


Ela assentiu e pra aliviar um pouco a tensão, ofereceu a cacunda novamente, mas recusei rindo. Se o momento; "Yoda e Luke" já foi constrangedor antes, imagina agora na frente das pessoas e monstros que queriam nos matar.


Então, Isabel só passou o meu braço em volta do seu pescoço e nos unimos na batalha.


Ela usava seu arco branco como se fosse mesmo uma estaca, perfurando todos os monstros que surgiam à nossa frente. O que imitei, só que com aquela arma que achei.


E quando eles se remontavam tentando se vingar, Thoddy os destruía com sua espada-serra elétrica.



Então, Patrick começou. Ergueu o cetro e sua fumaça engoliu a ponte. Por um instante paramos, sem conseguir ver mais nada.


A ponte começou a sacudir e a tremer, de maneira tão violenta quanto um terremoto.


— O que ele vai fazer? — Perguntei, tentando me apoiar em Isabel, que mal conseguia se manter de pé.


— Não sei, mas sinto que não vamos gostar… — Assim que ela terminou de responder, as pedras que formavam a ponte, fugiram dos nossos pés. 


Isso mesmo, as pedras simplesmente se moveram, afastando-se umas das outras e deixando todos nós em queda livre. 


Eu não aguentava mais pontes na minha vida…


Berrei até não poder mais. Assim como meus companheiros de Bungee Jump sem corda.


Então, várias rajadas de fumaça passaram direto por nós e explodiram as criaturas de gelo. E quando estávamos prestes a nos chocar na água…


No meu caso: De novo… 


A fumaça esverdeada nos agarrou. Então, as pedras da ponte vieram voando e se juntaram outra vez, cobrindo o rio abaixo de nós. Assim, quando o vapor de Patrick nos soltou, tivemos tempo pra nos preparar e cair de pé. 


Infelizmente pra mim, bati as costas no ombro de Tommy, antes de cair no chão. Não foi a definição certa para a palavra: "Confortável", mas pelo jeito que eu iria cair, pelo menos me ajudou a não me machucar mais ainda.


EI! ALI! SOBROU UM DELES! — gritou Thoddy, apontando com a espada. 

Todos olhamos na direção. 

Quando eu digo "Todos olhamos", me refiro a mim, mesmo. Porquê todos os outros apontaram, ou atiraram de uma vez contra o monstro, que em vez de atacar, se jogou no chão e protegeu a cabeça com as mãos.


Esse era diferente. Apesar de ser azul, era um pouco menor que eu e usava armadura dourada.


ROMPER! Berrou, Álice.


QUE PORRA VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO, PIVETES MISERÁVEIS? — Berrou, ainda se protegendo.


— Ah, é só um Smurf... — Murmurou, Thoddy. — Foi mal, cara


Ele levantou e em suas mãos surgiu uma marreta.


— "SMURF" É O ESTRAGO, QUE EU VOU FAZER NA TUA CARA, SEU… 


Precisou de três caras e uma garota pra impedir que aquele cara batesse em Thoddy.


— Basta de brigas entre nós, entendeu, Brok? — disse Álice. 


— Fala isso pra essa menina, aí! — rebateu


Eu sou menino e já pedi desculpa! — protestou Thoddy


Ele só faz isso… Mas logo em seguida, tenta matar um de nós. Hipócrita de merda... — Murmurou Canim, jogando lenha na briga. 


— Qual é a sua, cara? — perguntou.


QUAL É A SUA?! — corrigiu — Eu posso ter deixado de lado o lance de te matar... Mas te dou uma surra de boa!


— Eu não tava pronto naquela hora. Agora eu tô, segura minha mochila, Jack! — eles estavam quase indo pra cima um do outro, quando com a mochila de Thoddy nas mãos, eu entrei na frente e intervi.


EI! Não ouviram? Já chega. Muitas pessoas morreram lá em cima. Temos assuntos importantes pra tratar! E em vez de pensarem nisso, vocês arrumam a desculpa mais pífia pra se matarem! Chega! Thoddy, já esqueceu que foi por causa de uma confusão entre vocês, que Isabel e eu fomos condenados? E você, Canim, esqueceu do seu amigo? Vamos conversar antes que mais algum bicho invada e termine de acabar conosco… — Voltei a cair de joelhos e a vomitar sangue. Ninguém esperava aquela reação vinda de mim, um zé ruela…


E talvez por isso, tenham entendido que estavam sendo tão idiotas que até alguém como eu, conseguia repreender guerreiros como eles, e pararam. Fiquei feliz por não haver comentários que o primeiro bicho a invadir, fomos nós. 


Isabel levantou meu pescoço. E Thoddy me perguntou se estava bem… Eu devo ter respondido algo como: "Caminhões pipas voam?" E rido até engasgar com sangue.


Mas prefiro acreditar que isso não aconteceu, e que foi só invenção de Thoddy pra me zoar depois disso.


A garrafa, Thoddy… Pega a garrafa... — murmurou Isabel. Dentro da minha cabeça, sua voz estava oca e distante, mesmo que ela estivesse atrás de mim. 


Novamente eu não posso confirmar a veracidade do que eu eu disse, mas Thoddy falou que foi algo do tipo:


"Doutora, você sabia que eu já matei um ciclope sozinho? Sou incrível, ou não sou?"


Essa última, tenho vergonha de admitir, mas até acreditava mais… 

No entanto, se fosse verdade, eu iria afundar minha cabeça na terra e viver como um Tatu.


Vi uns oito ou nove Thoddy's, pegarem a mochila do chão e puxarem uma garrafa térmica, idêntica a que Annabeth me dera no Acampamento, e levando ela até minha boca.


Então eu bebi. O gosto era doce como o sorvete de baunilha, que eu tomava quando era pequeno, na saída da escola, em Seattle. Aquilo me deixou feliz por um momento… Mas conforme a bebida descia, o gosto bom ia passando. Dando a sensação de que todo o meu sistema digestório estava sendo queimado.


Em vez de melhorarem, as dores de cabeça e no corpo pareceram ser dobradas. De forma que, me contorci no chão, como se tivesse tendo mais convulsões. Minha respiração acelerou, assim como meu coração. Em minhas veias, o sangue parecia jatos de ácido.


Após um minuto de fortes dores, de sentir que morreria de vez… Veio uma sensação boa… Como quando vamos em uma montanha russa, em um parque de diversões e vomitamos na pessoa do carrinho de trás...

É nojento, você pode morrer, mas  engraçado. 


Comecei a me sentir melhor do que nunca! Meus machucados desapareceram, como se meu corpo simplesmente tivesse perdido a memória de que havia se ferido gravemente várias e várias vezes. Com exceção de um…

Uma queimadura em formato de "Y", que se abria do polegar e indicador, e terminava no pulso.


Relaxei a cabeça nos braços de Isabel, enquanto voltava a sentir o gosto do sorvete de baunilha.


Isso é incrível… — balbuciei, tentando controlar minha respiração, ainda descompassada.


— É, mesmo. — concordou, Thoddy me oferecendo a mão pra levantar.


— Obrigado, cara.


Olhei para cima, e vi uma mancha borrada flutuando, que acreditei ser Patrick ainda pairando sobre nós.  


Mesmo distante, todos ouvimos sua voz proferir algumas palavras em outro idioma e de repente a ponte começou a ser erguida como um elevador.

Quando a ponte finalmente se recolou, 

Patrick desmoronou, e Tommy correu pra ajudá-lo. 

O mago caiu bem em seus braços, o que não era muito diferente de despencar no chão.



— Está bem? — perguntou o garoto de pedra.


Ainda nos braços dele, Patrick levou a garrafa à boca.


— Vou ficar. — Ele respirou fundo e se soltou, pousando com estilo no chão. —  Mas olha, chega de mortes, tudo bem? Já admiti que era eu o espião. Mas isso era com medo de um ataque. Os inimigos que enfrentamos em nosso acampamento, são hostis como vocês. Tivemos nossa parcela de culpa por todos os ataques. Mas não precisamos mais matar uns aos outros. Precisamos nos ajudar.


Todos pareciam concordar com ele, mas todos os olhares se voltaram para Álice. Ela dava a opinião final.


O momento heróico do Mago do "De Volta para o futuro" renderia piadas ótimas sobre ser "do cassete"... Mas a capitã estava silenciosa. 


Aquilo me deu ainda mais medo do que quando a mesma literalmente me matou.


— Capitã… O que diz? — perguntou uma garotinha que devia ter uns nove anos. Naquele momento, pouco me importei se era um grupo inimigo/possível aliado. Tentei enxergar as coisas da forma mais humana possível, e pela primeira vez… Agradeci por aquela garotinha ter sobrevivido ao ataque. 


Álice levantou os olhos, e pareceu ser puxada contra a vontade do mundo da lua.


Então voltou o olhar para mim. Talvez como quem já tinha tomado sua decisão há um tempo...


— Deixaremos vocês saírem com vida, mago. Mas é o máximo que posso fazer pra contribuir com a missão de vocês. 


— Por quê não vem conosco? — Questionou Patrick. — Podemos te provar que tudo que falamos é verdade. 


— Não precisa. 


A Capitã respondia de uma maneira, que não parecia mais aquela maluca que conhecemos. Era uma pessoa séria. Aquele simples Globo de neve do deus Tyr, havia mexido de algum jeito com ela, que eu ainda não tinha entendido. 


— Mas o Tyr falou… — tentei dizer, mas ela me interrompeu.


— Eu sei, eu sei. O informante que precisam, está a seis bairros norte, um pouco antes de Chicago, que é pra onde Canim disse que querem ir. Vão reconhecer o lugar bem fácil. Parece o Texas. Ele é tipo um xerife de lá. — respondeu. — Pronto. Este é o fim da minha contribuição. O que temos que nos preocupar no momento, é dar um funeral digno aos nossos amigos caídos.



— Nos deixar ir, quer dizer que confia em nós? Disse que não era só porque ajudamos vocês em batalha, que estaria tudo perdoado. — Questionei. Meus colegas de missão e o Patrick me olharam de um jeito que queriam dizer: "QUER CALAR A BOCA?"


No entanto, Álice não parecia ter intenção alguma de nos matar desta vez. 


— Não confio e mantenho minha palavra. — Respondeu — Mas, não há opções. Conversaremos sobre perdão uma outra hora. Se os nove mundos estiverem mesmo em perigo, vocês precisam ser rápidos… Caso o contrário… — A Capitã completou a frase em uma língua tão estranha quanto a de Patrick, quando usava magia.


— O que isso significa? — Perguntou Thoddy.


"Tudo será queimado". — traduziu o mago, dirigindo um olhar endurecido para ela.



...


Eu nem acreditei quando deixamos aquela ponte juntos e bem.


Quando Patrick finalmente achou seu carro que foi arrastado até o fim do rio, Thoddy se ofereceu para arrumá-lo, mas o mago agradeceu e fez isso ele mesmo. 


As coisas pareciam bem entre nós e os caras do "Lar", pelo menos temporariamente…


Patrick usou suas últimas forças pra reconstruir o posto de gasolina, e quase desmaiou por isso. 


Obs: Usei aspas, porque descobri que era realmente o nome daquele lugar.


Já estávamos há um tempo considerável na estrada chuvosa, em completo silêncio. Até que Patrick resolveu puxar assunto.


— Sabe, criança... Eu não entendi como sobreviveu à execução. O que exatamente aconteceu? 


— Eu não sobrevivi. — respondi ríspido.


Eles me olharam chocados.


Comecei a explicar toda a minha conversa com Tyr. De como ele queria que salvássemos ele e impedissemos Loki. 


Quase não acreditaram, principalmente quando falei sobre ter derrotado uma cobra. Eu também não acreditaria. Na real, só comecei a acreditar no que eles diziam, quando comecei a ver as coisas acontecendo. Fui obrigado a mostrar a queimadura feita pelo veneno da cobra, e Patrick quase bateu em um caminhão. 


Daí, emendei com o sonho com o lobo falante acorrentado, que tive na carruagem. 


— Esse sonho pode ter sido algo significativo, ou não... — Disse, o mago.


— Como assim? 


— Sonhos proféticos como esse, que se entrelaçam com missões, costumam ser fantasiosos, ainda mantendo a essência do seu destino. Portanto, o lobo pode ser ou não, uma representação do tal deus que você mencionou. Mas pode não ser isso.


Continuei confuso. 


— O que quero dizer, é que o deus do mau pode ter capturado o deus bom, assim como você falou.. E pra esconder dos outros deuses, transformou ele em lobo. Além disso, pode ter confundido as memórias dele, fazendo com que pense que está naquela caverna sendo manipulado. Isso é magia de Pareidolia básica.


"Pareidolia"? — Perguntou Isabel.


— Um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. Como quando vemos uma nuvem e imaginamos uma forma para ela. Magos que querem dar início em sua aprendizagem com ilusões, começam com Pareidolias. — explicou.


Ah, sim… 


— E como explica o fato de eu ter morrido e passado pela caverna?


— Isso ainda é uma incógnita, criança. Mas, prometo que vou tentar estudar mais sobre o assunto.


Essa não… — Murmurou Thoddy — Estamos sendo seguidos!


Nosso curto momento de paz finalmente acabou, quando nos viramos para trás. 


A pouquíssimos metros de nós, uma figura encapuzada cavalgava em um tipo de gato negro esfumaçante do tamanho de um cavalo.


Merda… — murmurou, Isabel.


— Patrick, o cetro! — Pediu, Thoddy.


— Não vai rolar, garoto fósforo. Eu posso estar bem e descansado graças às propriedades curativas do néctar. Mas o cetro, não. Usei muito de sua magia. Ele precisa descansar. — Respondeu, explicando as coisas tão calmamente que parecia que nem tinha medo de morrer. Ego inflado?

Se fosse, ele tinha toda razão de achar despreocupado. Patrick era de longe a maior força naquele carro... Por isso, estar sem o poder dele naquele momento não devia ser algo bom.

Thoddy! Usa seu poder! — sugeri — Você tá bem, não tá?


— Sim, mas... HELLO! Eu manipulo fogo e está chovendo... 


— É, tem razão… 


— "Atena Júnior"... — debochou Isabel


— Alguém tem alguma ideia melhor? — perguntei.


Deixem comigo. — Isabel fechou os olhos pra tomar coragem. 

Ela estava usando óculos reservas, mas disse que eram antigos. Que seu grau não era mais aquele. Mas disse que precisava usar, só pra poder enxergar alguma coisa. Já que perdeu os que eram bons, no "Lar". 

Podia ser coisa da minha cabeça, mas com os óculos que perdeu, Isabel não parecia ter seus traços orientais mais característicos.

Que eram os olhinhos puxados. 

Na minha cabeça, eles faziam ela parecer uma norte-americana.

Mas com os que usava agora, ou sem nenhum, isso ficava 


Então, tirou sua tiara branca da cabeça e ela se transformou em seu arco. O que, pessoalmente achei incrível. 


— Abre o porta-malas, Patrick. — pediu


— O que diabos você vai fazer, criança?


— Pará-lo. 


— Tem certeza que pode?


Ela respirou fundo antes de responder, como quem não acreditava muito em seu próprio potencial.


Posso! — garantiu.


— Tenha cuidado, por favor.


Ela assentiu. Pegou algumas flechas de sua aljava no chão e as segurou na boca, como um cachorro faz com o osso. 

Permanecendo apenas com uma na mão. Assim que a porta do porta-malas levantou, Isabel pulou para lá e começou a disparar.


A primeira flecha passou raspando no ombro do perseguidor, o que rasgou um pedaço de sua túnica, o obrigando a desviar da segunda. A terceira passou direto pelo corpo do seu gato, como se ele fosse um fantasma…


Já a quarta flecha, o gato a abocanhou, quebrando-a com suas presas monstruosas. Talvez provando que ele não era totalmente intangível.

Isabel deu um grunhido de frustração e resolveu atirar todas as flechas restantes de uma só vez. 

Apesar de tentarem desviar, tanto o gato, quanto o cavaleiro foram acertados em cheio. O monstro capotou, esmagando seu dono no processo.

Thoddy e eu gritamos em comemoração. Patrick fechou o porta-malas e Isabel pulou de volta, recebendo um abraço esmagador de nós dois.


VOCÊ FOI INCRÍVEL, LISA! — Elogiou


SIM! — Concordei — ACABOU COM AQUELE IMBECIL! E ELE NEM TEVE CHANCE DE REVIDAR!


É porque eu nem estava tentando... —  respondeu uma voz lá fora, estranhamente conhecida, nos fazendo gritar de susto.


De fora da janela do Thoddy, a cabeça escura do gato cuspiu de volta as flechas. E o cavaleiro encapuzado segurou o carro com uma só mão, obrigando ele a parar.


— O que é isso…? — murmurei em choque.


AGORA, EU MATO ELE! — rosnou Isabel, passando por cima dos joelhos do seu irmão e pegando mais uma flecha no chão. Mas quando botou a cabeça pra fora, algo a fez mudar de ideia. 


— O que foi? — Perguntei.


Vocês... Não... Vão... Acreditar… — murmurou, pausadamente.


Nos arrastamos pra janela dela pra podermos olhar.


Em meio aquele temporal forte, o vento esvoaçava o capuz do cavaleiro, que  olhava para nós , contraindo os lábios.


ÁLICE? — gritamos em uníssono.


— E aí, otários? Tem espaço pra mais uma, nessa lata velha?



Notas Finais


Neste capítulo, Jack aprendeu do pior jeito que deve ser mais inteligente e pensar, antes de agir. Quantos de nós temos coragem de enfrentar o inimigo, mas perdemos por falta de inteligência? Tyr teve razão. Isso é muito comum, e devemos aprender que até o cara mais forte, perde diante da sabedoria de alguém menor.

Os semideuses do Acampamento Meio-Sangue foram novamente obrigados a se unirem com os guerreiros do Lar. E apesar de muitos morrerem, conseguiram destruir os invasores. Mas será que essa ameaça acabou por aí? Quem era a "Mãe", que o líder deles mencionou, antes de morrer?

E os irmãos Isabel e Thoddy? Será que é o fim de suas traições? Eles finalmente entenderam desta vez, ou mais amigos precisarão morrer?

E essa aparição final de Álice? O que ela realmente pretende integrando essa missão? O que é aquele globo de neve que Tyr a deu?

Essa e outras perguntas serão respondidas no próximo capítulo de JACK IZENTE (REINOS CRUZADOS)
não perca.


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