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História Jar of Hearts - 3. Staying Up


Escrita por: lylaslegend e millsregina

Notas do Autor


Hallo. (:

Capítulo 4 - 3. Staying Up


O caminho até a minha casa foi tenso. Ninguém mexia no meu carro, mas eu tinha certeza de que não poderia deixar aquela caixa no porta-luvas. Respirei aliviada quando não notei o carro de Robin na garagem. 

Coloquei a caixa dentro da bolsa e saí do carro indo direto para o meu escritório. Robin nunca entrava ali pois sabia que eu odiava gente no meu lugar de trabalho, era quase como um santuário. Havia um cofre atrás do porta-retrato de meu pai e só eu tinha acesso à ele. Guardei a caixa e soltei o ar e me sentei na minha cadeira, encarado a foto de meu pai que com um sorriso doce dos lábios aos olhos, guardava aquele segredo. 

Por que eu não liguei para a polícia? O que justificaria um coração dentro de uma caixa no carro de quem havia passado parte da manhã na delegacia por ter se envolvido em uma briga de trânsito? Eu não me lembrava dessa parte, certamente, mas o possível histórico violento daquela manhã não deixaria passar um coração humano dentro de uma caixa no meu carro. Ninguém acreditaria em mim se eu dissesse que dentro do meu cofre tem um coração pulsando, nem eu acreditaria. 

Suspirei e me levantei. Esse dia estava cada vez mais confuso e eu ainda estava estressada. A manhã começou errada e ter minha mãe se metendo em meu casamento não ajudou em nada. 

Cora sempre fora dessa forma, controlava todos os meus passos e fazia todas as minhas escolhas. Precisei de muito jogo de cintura para conseguir cursar arquitetura. E eu tinha 23 anos. Dez anos atrás, quando decidi me casar com Robin, foi tudo perfeitamente organizado por ela.  Cada detalhe foi meticulosamente traçado por Cora e ela não tolerava imperfeições. 

Tomei um banho e coloquei um conjunto de moletom, e fui preparar um café. Tinha um projeto novo para fazer e outros para concluir, iria trabalhar até a exaustão e quem sabe assim, eu conseguisse dormir uma noite inteira. Vi o café que Robin deixara para mim pela manhã e revirei os olhos me sentindo irritada novamente ao lembrar que meu marido sequer me comunicara dos planos que estava fazendo com minha mãe. Joguei fora e lavei a xícara. 

Faltavam algumas horas para Robin chegar e eu não queria vê-lo hoje, então levei a garrafa de cafe para o escritório e me tranquei lá, me entregando ao trabalho. 

Algum tempo depois, um barulho na garagem e logo em seguida, a porta da sala sendo aberta e fechada com um pouco de força me tirou do meu mundo em um susto. Levei a mão ao peito e respirei fundo algumas vezes. 

— Regina? — Chamou, ele sabia que eu estava em casa e provavelmente sabia que estava irritada, não iria responder. 

Ouvi o barulho das chaves sendo  guardadas e depois seus passos na escada. 

Dessa vez, não consegui voltar ao trabalho. 

Lembrei-me de Henry e sorri. O garoto parecia me conhecer e isso me intrigava. Lembrar de sua voz fez meu coração errar novamente as batidas. Era impossível que ele fosse o dono da voz que eu escutava todas as noites em meus sonhos. 

Eu provavelmente deveria marcar uma consulta com o Archie. O único psicólogo que temos em Storybrooke.

Eu sabia que tinha problemas graves para resolver, como Emma disse, pode ter alguém tentando me prejudicar e eu precisaria tomar cuidado. Também tinha o fato de que agora eu escondia um coração dentro do meu cofre e eu não fazia ideia de quem era ou como diabos ele continuava pulsando daquela forma. Mas era completamente impossível tentar pensar em soluções, meus pensamentos eram consumidos por um garotinho de cabelos e olhos cor de chocolate. 

O dia foi repleto de acontecimentos estranhos, mas o que mais perturbava os meus pensamentos era a sensação familiar que eu sentia ao ouvir a voz de Henry ou como ele me olhava como se me conhecesse. 

Talvez eu estivesse inventando essa familiaridade ou talvez seja apenas efeito de uma noite mal dormida e todo o estresse que veio depois. Mas eu tinha a sensação de que eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. 

Fiquei repassando cada momento na delegacia, no porto e o caminho até o Granny's até que estivesse tarde o suficiente para que eu soubesse que Robin já estava dormindo. Meu corpo estava cansado e eu desejava simplesmente poder dormir por três dias. 

Levei a garrafa de café e a xícara para a cozinha, e depois subi preguiçosamente para o quarto. Após escovar os dentes, deitei no meu lado da cama, de costas para meu marido. Como era de se esperar, Robin já estava dormindo. 

Antes de me entregar ao cansaço, a última coisa que tomou meus pensamentos foi o par de olhos verdes de Emma Swan. 

 

— Você não pode fazer isso! — Eu gritava a plenos pulmões e as mãos finas apertavam ainda mais o meu braço. 

— Não? Observe, Regina! — A voz feminina era muito familiar mas eu não conseguia saber quem era. 

Ela me puxou na direção oposta à que eu seguia com outra pessoa. Meus olhos se voltaram para a frente buscando pelos cabelos loiros que eu havia visto antes, mas não vi nada além da escuridão

Não adianta procurar, será em vão. — A mulher que me segurava disse, ela estava com raiva e seu tom fez com que eu me arrepiasse. 

Eu lutei, me debati e tentei me soltar a todo custo, mesmo que suas mãos fossem finas, ela era mais forte que eu. Meus esforços não serviram de nada, nem pareceu incomodá-la. 

— Regina, querida, não deveria se cansar tanto assim. — Ela disse calma enquanto me arrastava para longe da floresta. — Você sabe que não vai conseguir fugir outra vez. 

Eu não queria falar. Eu não falaria com ela até entender o que estava acontecendo. Parei de resistir e deixei que ela me levasse sem delicadeza nenhuma entre as árvores. Eu ainda podia sentir o cheiro de sangue e a ardência dos cortes recentes. 

Olhei para a frente e avistei um castelo. Apesar da penumbra da noite, as tochas acesas permitiam que eu enxergasse um pouco de sua estrutura. Era sombrio e negro, e grande. Haviam algumas figas de aço ao seu redor, como se engaiolassem o local. A sensação, à primeira vista, era de que o local era uma prisão, impossível de escapar. Guardas com vestes negras estavam na frente do grande portão e eu sabia que havia outra dezena deles camuflados na noite, não se mexeram e sequer olharam para nós quando passamos por eles. 

Dentro dos portões estava tudo silencioso, calmo e escuro. 

— Onde ele está? — Perguntei, minha voz subiu umas oitavas e falhou. 

— Aquele bastardo? Você nunca mais verá aquele garoto na sua vida, Regina. — Disse com o tom de voz frio. — Você pode me agradecer depois. 

— Onde ele está?! Se você o machucar, eu vou acabar com você. — Eu disse enquanto tentava, inutilmente, me soltar de suas mãos

Sua risada ecoou no escuro e me arrepiei outra vez, mas não demonstraria fraqueza. Eu precisava saber onde ele estava. 

— Você é engraçada, Regina. — Ela me soltou e virei, me preparando para escapar. — Vamos acabar logo com isso

Um estalo e logo uma luz amarelada iluminou um pouco o local. Havia uma fogueira e um caldeirão posto estrategicamente em cima dela. Eu gelei. Senti cada terminação nervosa do meu corpo parar e meus joelhos enfraqueceram. 

Eu sabia o que ela ia fazer.  

Virei no escuro procurando por seu rosto e arregalei os olhos ao perceber que não estávamos sozinhas com os guardas, como eu pensara.

Eu não conseguia identificar aquelas pessoas e um emaranhado de cabelos loiros chamou minha atenção, fazendo meu coração bater mais rápido no peito. Os fios loiros cobriam seu rosto e me impossibilitava de reconhecê-la, mas eu sabia quem era. Eu sentia isso. 

— Olhe-a enquanto pode, Regina. Vou colocar um fim nessa brincadeira de vocês

A mulher estava de costas para mim, os cabelos presos em um coque pouco convencional, usava um vestido vermelho e armado. A pouca iluminação do local dava uma tonalidade sanguinária à peça e a deixava um pouco medonha. 

— Isso não vai acabar assim. — Eu disse com o pouco de voz que ainda tinha. — Isso não vai acabar assim. — Repeti um pouco mais alto, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam ali. 

— Ah, Regina... — A mulher disse e começou a andar para mais perto do caldeirão. — Esse é o final desse seu conto de fadas ridículo. 

— Regina! Regina, acorde! — Eu sentia as mãos no meu corpo e me sentei assustada, os olhos fechados e tentando afastar aquele toque. 

— Não! Não encosta em mim! — Gritei, tentando outra vez afastar as mãos que faziam meu corpo arder. 

— Regina! Meu amor, está tudo bem, sou eu. Abra os olhos. 

Eu abri lentamente, minha respiração descompassada, o suor pregando minha roupa ao meu corpo. Minha garganta estava seca, eu sentia o nó querendo se romper em lágrimas. 

— Está tudo bem. Olhe para mim. — Meus olhos se ajustaram ao local e percebi que estava de volta ao meu quarto, a luz do abajur estava acesa e Robin me olhava com preocupação. Eu o abracei e não consegui conter as lágrimas. — Está tudo bem. — Ele repetiu enquanto passava as mãos em meus cabelos, tentando me acalmar.

Meu corpo convulsionava em um choro desesperado e eu abraçava meu marido ainda mais apertado. Ele me embalou e passou as mãos no meu cabelo enquanto repetia que estava tudo bem e eu tentava me acalmar. 

— O que aconteceu? Você estava gritando. — Ele disse quando parei de chorar, meus olhos vidrados na janela do quarto tentando enxergar através do escuro. A sensação de estar sendo vigiada estava ali, eu sentia os olhos queimarem minha pele através do vidro e me amaldiçoei por não ter fechado a cortina antes de dormir. 

— Eu tive um pesadelo. — Minha voz continuava embargada. — Foi horrível. Eu não quero falar sobre, por favor. 

Robin permaneceu em silêncio por uns instantes e depois se acomodou direito na cama, me puxou para os seus braços e depois nos cobriu com o cobertor. 

— Tudo bem. Você está bem agora. — Ele disse e apagou o abajur. — Pode voltar a dormir. Temos que sair cedo e são 3 AM. Boa noite, meu amor, eu te amo. 

— Eu te amo também. 

Ele beijou a minha testa e eu permaneci quieta. Meus olhos ainda fixos na janela e aquela sensação de insegurança mesmo que eu estivesse nos braços do meu marido, dentro da nossa casa. 

Eu sabia que não conseguiria dormir outra vez e tinha algumas horas para tentar ocupar meus pensamentos com outra coisa que não fosse aquele sonho. Mas era impossível. 

Desde que me lembro, esse é o primeiro sonho diferente que tenho. Todos seguiam o mesmo roteiro, a mesma ordem, todas as noites. Eu sempre estava fugindo, ouvindo aquela voz e acordava com os braços finos ao meu redor. 

Eu precisava falar desses sonhos com alguém. Talvez devesse mesmo marcar um horário com o Archie. 

Mesmo sabendo que não deveria, revivi meu pesadelo o resto da noite, gravando cada detalhe, tentando tirar uma pista do que estava acontecendo e porque estava acontecendo. 

Senti Robin se remexer embaixo de mim e fechei os olhos, fingindo estar dormindo. Ele saiu do meu abraço com cuidado, tirou alguns cabelos do meu rosto e deu um beijo na minha testa antes de levantar. 

Eu não queria que ele soubesse que eu havia passado o resto da noite acordada e nem queria que ele voltasse ao assunto agora. Estava cansada, sentia a exaustão correndo pelas minhas veias. 

Fiquei encarando o teto sem pensar em nada por algum tempo e quando ouvi o barulho da porta do quarto, fechei os olhos outra vez. O perfume do meu marido preencheu o quarto e eu sabia que ele já estava saindo. Me deu outro beijo e se retirou. Aguardei na cama até ouvir o barulho do carro saindo da garagem. 

Levantei e caminhei preguiçosamente até o banheiro, parei em frente ao espelho e olhei o meu reflexo. Eu estava horrível. Os olhos inchados e vermelhos pelo choro da madrugada e pelo resto da noite em claro. Estava pálida, meus lábios ressecados e podia ver o rastro das lágrimas pelas minhas bochechas. 

Retirei a roupa e gemi de satisfação e dor quando a água quente atingiu meu corpo, relaxando meus músculos tensos. Demorei mais que o necessário, não queria sair dali e ter que encarar o dia. 

Coloquei um vestido preto e justo, sem decote, de comprimento até os joelhos. Calcei os sapatos e peguei meu casaco, ambos pretos. Sequei meu cabelo e fiz uma maquiagem leve, tentando disfarçar as bolsas embaixo dos meus olhos, e passei um batom vermelho. Olhei meu reflexo outra vez e suspirei satisfeita. Não parecia a mesma pessoa de uma hora atrás. 

Desci e passei direto pela cozinha, tomaria café no Granny's. Entrei no carro e instintivamente, abri o porta-luvas para checar se não havia outra "surpresa". Respirei aliviada ao perceber que tudo continuava igual. 

Meus olhos estavam focados na estrada mas minha mente estava longe. Pensei em Henry e sorri pela primeira vez desde que acordei. Eu queria vê-lo outra vez. 

Parei o carro no sinal vermelho e pensei em passar na delegacia depois do café para perguntar à Emma se eu poderia levar Henry para tomar sorvete mais tarde. Tamborilava os dedos no volante e me sentia feliz com a possibilidade de ver o garoto de novo. 

E aí aconteceu tudo muito rápido outra vez. Um impacto jogou meu corpo para frente e eu, que por descuido, estava sem o cinto de segurança, acertei a cabeça no volante com força. Fechei os olhos enquanto levava a mão à minha testa e sentia meus dedos molharem, estava sangrando. O gosto do sangue encheu minha boca e levei a outra mão ao lábio para constatar que havia cortado ali também. Gemi de dor quando minha cabeça latejou. 

— Oh, meu Deus! — A voz do homem estava desesperada e ele batia no vidro tentando chamar minha atenção. — Sra. Mills, mil perdões, por favor. Você está machucada?! Por Deus, deixe-me levá-la ao hospital. 

Minha cabeça girava um pouco e dirigi o olhar ao homem do lado de fora, franzi o cenho quando notei que era John Parker. Abri a porta do carro e tentei sair. 

— Não faça esforço, sra. Mills! — O homem me alertou, seu rosto preocupado. — Eu vou levá-la ao hospital. 

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei confusa, ele deveria estar no hospital e eu iria vê-lo mais tarde para me desculpar pelo ocorrido de ontem. 

— Desculpe, senhora, eu estava distraído e não vi o seu carro... — Ele continuou falando e eu não conseguia prestar atenção. Minha mente escureceu e a última coisa que senti foi John me segurando para que eu não caísse no chão. 

Abri os olhos e a claridade do local me fez fechá-los novamente e gemer em frustração. Tentei levar a mão até o lado da minha testa que doía, mas não consegui. Abri os olhos novamente e vi que estava algemada, franzi o cenho. 

— Mas que...? — Comecei a falar e olhei ao redor. Estava na delegacia outra vez e dessa vez não estava sozinha. Os olhos verdes já estavam na minha frente, olhando meu rosto com curiosidade. 

— Segunda vez em vinte e quatro horas... Gostou da delegacia, sra. Mills?



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