Na manhã seguinte ao fatídico jogo de verdade ou desafio, Hyunjin se encontrava paranóico.
Hyunjin já estava a ponto de subir pelas paredes, faltava pouco para entrar em colapso. Ele observava cada mínima ação do outro, estava obcecado.
Já havia entendido completamente as intenções de Yang, e sabia que não deveria levá-las tão a sério. O problema é que o seu próprio coração não conseguia aceitar, e por isso estava cada vez mais mal-humorado, com cada vez mais ciúmes.
E o fato de Jeongin acomodar-se ao lado de Changbin no sofá, conversando entre sussurros no ouvido do mais velho, não ajudou muito a mente de Hwang. Acomodado na poltrona mais distante do móvel, Hyunjin fechou os olhos para dormir, tentando ignorar a típica provocação que Yang fazia consigo.
Se ele acha que eu vou me render assim tão fácil, ele está enganado. Foi o que o Hwang pensou, mais obstinado do que nunca.
No outro móvel, Jeongin trabalhava em sua mais nova mentira. Como o ótimo ator que era, sussurrou as palavras em um tom tímido para Changbin:
— Eu não tenho muita experiência com beijos, hyung. Tenho certeza que Seungmin detestou!
— Mas é claro que não, Innie. — Discordou o Seo, incrédulo. — Eu estava na roda e vi bem a cena. Não acho que o Seung tenha se decepcionado com você.
— Ah, eu não sei, hyung. Sou muito inseguro com essas coisas, sabe? — Jeongin forçou um bico dramático, o que claramente teve um efeito no mais velho. — Como não tenho muita experiência, fico meio inseguro.
— Acho que isso é normal, In. — afirmou Changbin, tocando carinhosamente no braço do mais novo. — Você não precisa se preocupar com isso.
— Às vezes queria ser como você, hyung. Mais velho e experiente... — Jeongin fingiu surpresa, como se algo tivesse surgido em sua mente. — Espera, como não tive essa ideia antes?
— O quê? — Questionou o Seo, piscando várias vezes em confusão.
— Se tem alguém aqui que pode me ensinar a beijar é você, hyung!
— Eu? — Changbin escancarou os lábios, e depois negou com a cabeça de modo desconcertado. — E-eu não posso te beijar!
— É claro que pode. Será apenas para fins educativos — Yang explicou, dramatizando em seguida: — Por favor, hyung! Ou você quer me deixar mais inseguro do que eu já sou?
Changbin parecia incerto. Queria ajudar o mais novo, mas nunca havia se imaginado trocando um beijo com Yang. De maneira tímida, o Seo acabou assentindo com a cabeça, comovido demais para recusar um pedido do outro garoto.
Jeongin sorriu largo.
— C-certo. — Iniciou Changbin em um sorriso. — Mas vamos as dicas primeiro!
— Sou todo ouvidos. — Jeongin respondeu, sorrindo de modo inocente. Changbin coçou a garganta antes de continuar:
— Acho que o mais importante é ter sincronia. Quero dizer, você deve acompanhar o ritmo da outra pessoa, sem ser afobado demais ou muito lento. Também é importante ter pegada, isso vai mostrar que você está realmente envolvido no que está fazendo. Entendeu?
— Acho que só dá pra saber testando. — Jeongin sussurrou de volta, e sem dar tempo para uma reação do mais novo, inclinou-se para colar os seus lábios nos do outro.
Changbin arregalou os olhos pelo movimento inesperado, surpreendo-se pela atitude de Yang em segurar o colarinho de sua blusa com força, incentivando-o a agir. Ainda confuso sobre toda a situação, o Seo fechou seus olhos, tocando a cintura do mais novo.
Jeongin foi o primeiro a agir. Abrindo levemente sua boca, deixou que sua língua contornasse perigosamente os lábios do Seo, divertindo-se com a reação extasiada de seu hyung. Changbin abriu seus lábios para que as línguas enfim se conectassem, surpreendo-se pela sensação prazerosa que atingiu seu corpo. Não fazia ideia de que gostaria tanto do beijo de Yang como estava gostando.
Jeongin focou-se no que precisava fazer: atrair a total atenção de Hyunjin para ambos, e isso só aconteceria se as coisas entre ele e Changbin se tornassem mais intensas. Segurando o seu riso maldoso, Jeongin forçou sua língua com mais força sobre a do Seo, ao mesmo tempo em que suas mãos deixaram o colarinho do mais velho até seu peito torneado.
Jeongin forçou o corpo do mais velho e, sem nenhuma dificuldade, o impulsionou para trás. Changbin soltou um arfar surpreso entre o ósculo, mas não fez nada para separar o beijo. O corpo de Changbin deitou sobre o sofá, antes que Yang se acomodasse sobre ele. Nessa posição perigosa, o clima se tornou mais quente e necessitado, e os movimentos dos lábios se tornou audível.
Audível o suficiente para que Hyunjin despertasse de seu quase cochilo, focando sua atenção naquela cena improvável. Assim que sua mente sonolenta compreendeu o que se passava, seu corpo congelou em choque.
Jeongin se pegando com Changbin hyung no sofá?!
Hyunjin rangeu seus dentes em puro ódio, e por um segundo pensou em agir impulsivamente e separar os dois em violência.
Não, Hwang pensou consigo mesmo, apertando seus punhos pelo ódio.
É exatamente isso que esse maldito quer!
Não iria ceder as vontades do Yang. Sem mais, nem menos, fugiu para a cozinha. Caminhou até a pia, e encheu um copo com água gelada. Tomava em grandes goladas, enquanto tentava não surtar com o Yang.
— Falando no diabo... — Hyunjin murmurou ao ver Jeongin se aproximar pelo reflexo da janela.
— O que quer dizer, Hyung? — O mais novo perguntou provocativo.
Hyunjin trincou os dentes, fingindo não escutar o outro se aproximar. Fechou os olhos com força, e contou até dez. Por que estava tão irritado? Ele e Yang não tinham um relacionamento.
O pensamento apenas lhe deixou ainda mais irritado. Realmente, não haviam motivos para estar irado com algo. Jeongin era solteiro, podia beijar quem bem entendesse.
— Hyung, está me ignorando? — Jeongin parou ao lado de Hyunjin, com uma carinha tristonha. — Isso tudo por causa do Changbin Hyung?
— Porra, Jeongin! — Ele gritou.
Dando um pulinho de susto, o mais novo se afastou alguns passos, com um sorriso sacana dançando nos lábios charmosamente vermelhos. Jeongin piscou para o Hwang, que sentiu o sangue ferver.
— É isso?! Pegou todos os nossos amigos para me deixar irritado? conseguiu! me deixou puto da vida. — Ele berrou e saiu andando da cozinha enquanto pensava nas diversas formas de matar o Yang.
Já o mais novo sorria e por dentro fazia a festa, sabia que havia conseguido atingir seu objetivo com eficácia. Jeongin continuou ali, apoiado no mármore da pia, apesar dos cabelos estarem uma bagunça, o sorriso vitorioso não saia de seus lábios inchados.
[...]
A casa estava silenciosa, Hyunjin andava estressado desde a noite na cozinha. Aquele beijo de Changbin e Jeongin foi a gota d'água. Ele estava em um conflito interno, por que diabos ele se sentia incomodado? Por quê ele tinha ciúmes? E entre esses debates infinitos, ele esbarrou com Changbin no corredor.
— Olha por onde anda, porra! — Ele vociferou para o Seo, que arqueou a sombrancelha e lhe olhou raivoso.
— Olha só, Hyunjin, não é so porque você está irritadinho que pode sair descontando em qualquer um dessa casa não. Se coloque no seu lugar — O baixinho resmungou, revirando os olhos.
— E você se colocou em seu lugar?! — Debochou, e o Seo tentou ir para cima, mas Hyunjin desviou.
— Por que você está sendo tão babaca, Hwang?!. Está assim faz dias, foi porque eu beijei o Jeongin?! — O outro perguntou.
— Cala a sua boca! — Hyunjin berrou raivoso.
— Está bravinho por quê? Diga logo! — Changbin insistiu também já berrando.
A este ponto os garotos já se aproximavam para ver o que estava acontecendo.
— Porque eu sou apaixonado pelo Jeongin, caralho! — Ele gritou, mas logo se arrependeu ao ver os outros garotos parados atrás de si, inclusive o Yang.
Hyunjin correu para seu quarto e Jeongin preocupado, foi atrás. Empurrou os meninos que estavam à sua frente e foi direto para o quarto que dividia com o outro. Olhou para a porta de madeira e decidiu.
Parece que chegou a hora de me acertar com o Hyunjin.
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