Ciúme nunca foi uma constante na vida agitada e cheia de lutas como a de Grimmjow, mesmo tendo sobrevivido a uma infância difícil e nada abençoada, onde pobreza e fome eram presentes em seu cotidiano, ele nunca sentiu inveja dos mais ricos. Era, na sua opinião, um sentimento inútil de sentir, pois para o mesmo, foi tão simples quanto respirar; se ele queria algo ou alguém, ele conseguia.
Então ciúme e seus variados sinônimos nunca foi uma variável em seus dias e praticamente não existia em seu dicionário.
Não até a noite de hoje.
Aquele deveria ser um dia de alegria e comemoração, afinal era a celebração da união matrimonial entre os monarcas que ambos, Grimmjow Jaegerjaquez e Orihime Inoue, serviam e juraram proteger. No entanto, lá estava ele, apertando o caneco de cerveja tão forte que a qualquer momento poderia partir o objeto de madeira com os dedos.
Seu olhar queimava em repulsa com a cena diante as irises azuis ciano de seus olhos. Assistir ao mar de homens que rodeava a figura pequena da bela mulher ruiva – como um bando de aves de rapina que cercam uma presa – lhe causava um mal-estar e ódio distintos. Perdera a conta de quantas vezes havia revirado os olhos em poucos minutos.
Ciúme nunca foi uma variável na vida do impiedoso guerreiro que era Grimmjow. Mesmo após conhecer e irremediavelmente perder seu coração para Orihime de forma inesperada, ele sabia que nunca a perderia para ninguém – afinal o trabalho de comandar um exército era uma ótima desculpa para não desposar.
Contudo após a notícia da dispensa do cargo de general por parte da moça, não demorou muito para que sua realidade fosse modificada de maneira brusca. E era com tremendo desgosto que durante boa parte do festejo ele observava discretamente a mulher de longos cabelos cor de cobre ser cortejada por variados tipos de homem.
Ao vê-la cercada por aqueles sujeitos, sem nome e sem rosto aos seus olhos, pela primeira vez o indomável cavaleiro sanguinário sentiu medo e insegurança; pela primeira vez sentiu na pele o desconfortável sentimento que era o ciúme.
Tomou um gole de sua cerveja, já havia perdido as contas de quantos canecos tinha entornado. Do lado, os soldados sob seu comando – já tão embriagados quanto ele próprio – conversavam sobre assuntos variados que pouco lhe importavam. Seus olhar elétrico e atenção estavam presos na figura da bela dama a sua frente.
Mais um gole da bebida. Viu um sujeito qualquer tentar toca-la nos ombros nus e no mesmo instante amaldiçoou a falta que fazia a armadura negra que cobria o corpo pequeno dela todo o tempo, mas por outro lado, não podia deixar admira-la naquele vestido verde esmeralda de mangas caídas.
Mais outro gole. Um bastardo insignificante, um verme fraco na melhor das hipóteses, tentou tocar-lhe as mãos. Sentiu naquele instante uma veia se contrair em irritação, o aperto no caneco de madeira em sua mão intensificou-se ainda mais.
Mais um novo gole. E oh não! A bebida havia se acabado e o pouco restante de seu autocontrole também. Ele estava prestes a cometer um ato de loucura.
Bateu o caneco feito de madeira escura ornamentada contra a mesa de pedra tão forte que o som do impacto ecoou pelo recinto quase tão alto quanto à música do bardo e as vozes dos convidados. Ele iria definitivamente fazer uma maluquice, sabia disso.
Ébrio e pobre de equilíbrio, levantou-se irritado, muito visivelmente irritado. Suas ações bruscas chamando a atenção dos presentes no grande salão de festa decorado. Seus olhos azuis como o céu ignorando todo o resto mantinham-se presos na figura curvilínea da ruiva poucos metros à frente, que assim como todo os outros, o olhava com surpresa.
Estava completamente embriagado e zangado com as sensações estranhas que aquele incomodo sentimento recém descoberto causava no seu corpo forte. Sua voz de um tom baixo natural, rugiu alto como o brado de uma fera mortal. Olhos azuis grogue encaravam as irises âmbar dela, sinceros como nunca antes. Totalmente fora de si, ele fez uma loucura.
“Inoue! Case-se comigo.”
Não foi uma pergunta, mas sim uma afirmação, no entanto ele não permaneceu acordado tempo suficiente para ouvir a resposta dela.
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