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História Jogos - Vingt seconde


Escrita por: Entrophya_

Capítulo 23 - Vingt seconde


Já estava chegando ao Le Grand Paris quando meu celular começou a tocar e vibrar freneticamente. No momento em que peguei o celular a ligação caiu na caixa postal, odeio quando isso acontece, olhei o nome que constava com a mensagem de chamada perdida, Nathalie, já ia retornar quando o celular recomeçou a tocar.

— Oi. — Já comecei apressado, tudo o que eu queria era subir e conversar com Filomena.

— Adrien Agreste, — a voz de Nathalie soou do outro lado do aparelho, nada amigável. — Onde é que você se meteu?

Puta que pariu, as fotos da coleção nova as 4 horas da tarde!

— Em frente ao Grand Paris...

— Não me importa o que estava fazendo ai. Só falta você e já estamos te esperando a meia hora! Venha para cá agora.

E antes que eu respondesse ela já havia desligado. Suspirei. Parece que minha conversa sobre bebês ia ficar para depois.

Você deve manter a Filomena distraída, Adrien. Não estrague tudo.

A voz de Félix me veio a mente e eu percebi que quase fiz exatamente o contrário do que devia fazer. Com Filomena tranquila e sem desconfiar que seu plano de chantagem estava em risco seria mais fácil de investigar, mobilizar o que fosse preciso e tomar as devidas providências em tão pouco tempo.

Olhei o relógio, 5:10, eu não tinha tempo para ficar me crucificando por ser um idiota, já estava atrasado e Nathalie podia ser realmente má nessas situações.

Cheguei ao estúdio e, após a bronca que levei, foi o de sempre, exceto pela modelo, Filomena havia tirado umas férias para ter tempo de cuidar de tudo do casamento. Além de estar grávida.

Muitas poses, roupas de grife, uma modelo inconformada com meu casamento e uma entrevista chata e desnecessária sobre como eu estava feliz e ansioso para o meu casamento, onde eu perdi mais de uma hora da minha vida falando sobre mentiras e a futilidade das flores e do modelo do meu terno, finalmente fui dispensado de tudo isso.

A vontade de ir atrás de Filomena para tirar algumas coisas a limpo continuava e com muita força, entretanto, agora eu sabia que não podia deixar ela nem desconfiar que eu imaginava algo assim. Não acreditava que eu fosse tão mal ator quanto Félix dizia, mas preferia não arriscar, ia deixar para visitar Filomena depois, ou talvez eu nem a visitasse de fato, diria que para mim daria azar vê-la até o casamento.



~*~

 

Estava rodando sem destino já a algum tempo, não queria voltar para casa e encontrar a arrumação de malas, ou mesmo dar de cara com Harry ou, ele junto com Marinette, o que seria pior.

Tinha mandado uma mensagem para Filomena avisando que não a veria ou falaria com ela até o momento do casamento, inventei uma história dizendo que era uma coisa da minha mãe e, como esse era meu primeiro casamento, não queria arriscar. Ela não gostou muito dessa história, só que no fim acabou concordando.

O som do toque do meu celular preencheu o carro e dessa vez eu corri para atendê-lo, nem mesmo verifiquei quem estava do outro lado da chamada.

— Alô...

— Oi, Adrien, é a Alya. Eu estava investigando tudo e... — Ela parou de falar por alguns segundos, deixando sua voz morrer aos poucos. — Olha, acho que é melhor a gente se encontrar pra falar do que eu descobri.

Um fio de esperança surgiu em mim.

— Pode me encontrar em 15 minutos no mesmo café de hoje cedo? — Completou e eu apenas respondi com um “Humhum”. — Certo, até mais.

Religuei o carro e com um sorriso me dirigi à cafeteria, não estava longe do lugar, acabei chegando em 5 minutos, antes do combinado, aproveitei isso para “pegar” uma mesa e pedir algumas coisas para comer.

Exatamente nove minutos depois, pontual desde sempre, Alya entrou no estabelecimento. Sentou-se de frente para mim e retirou uma câmera profissional de dentro da bolsa.

— Não tenho certeza da melhor maneira de te contar isso, nem de como isso vai ser para você. — Ela começou, com a voz baixa e calma, segurando a câmera com as duas mãos, como se a protegesse. — Por isso eu vou ser bem direta, ok?

Meneei a cabeça levemente em concordância e esperei que ela continuasse.

— Adrien, — ela suspirou. — a Filomena não está realmente grávida. — Soltei o ar que nem nem percebi que segurava e mexendo na câmera ela continuou. — Sei que isso era importante pra você, que você sempre quis ter um filho... Mesmo que ele não fosse da mulher que você amava. Depois do que passou com a sua mãe eu imagino o quanto isso era importante para você.

Passei as mãos pelos cabelos medindo as coisas. O que Alya dissera era bem verdade, eu sempre quis ter um filho, além de adorar eu sempre tive muito jeito com crianças. Mas o fato de a gravidez dela ser mentira melhorava a situação quanto a chantagem e ao futuro da criança; não sei como ela trataria a criança caso eu conseguisse acabar com os planos dela. E mesmo depois de casado, eu nunca descansaria até acabar com a situação, essa criança poderia sofrer nas mãos dela, ou ela poderia voltá-la contra mim.

Apesar de querer muito um filho, isso era o melhor.

— Você tem certeza absoluta? — Eu mesmo estava desconfiado. Filomena e Chloé grávidas do mesmo tempo, a surpresa de Chloé quando descobriu da gravidez da prima e o fato de Filomena querer matá-la.

— Total, completa e absoluta. — Respondeu virando a tela digital da câmera para mim. — Desculpa, não tive tempo de revelar. Bom, tirei essas fotos hoje, do prédio vizinho ao hotel, fiz uma tocaia de leve e vi que ela colocou enchimentos. Provavelmente, como tem aquela barriga murcha, precisa disso pra parecer grávida mesmo. Além disso eu usei os meus dons de trabalho disfarçado para entrar no quarto. — Disse com um sorriso de lado.

Estava tudo ali nas fotos, filomena saindo do banho e exibindo sua “barriga chapada”, depois ela mexe em algumas coisas e antes de colocar a roupa prende algo a cintura. Alya passou para a próxima foto, eram alguns documentos de hospital, estavam com o nome de Filomena e tratavam da gravidez.

— Presta atenção aos números e dados desses exames... — Falou ainda segurando o visor da câmera de frente para mim. Depois de alguns segundos ela passou para a foto seguinte.

— São os mesmos resultados, e a mesma data. — Constatei e ela fez que sim com a cabeça.

— Agora olha o nome. — O nome nos exames dessa foto era de Chloé.

— Hoje passei no hospital para visitar Chloé, André me disse que ela estava de mais ou menos cinco meses. Uma coisa assim passou por minha cabeça. Seria muita coincidência e Chloé não reagiu bem quando descobriu que Filomena estava grávida.

— Acha que Chloé não sabia e que Filomena... — Disse um tom mais baixo e eu nada respondi. — Bom, ela está disposta a tudo mesmo para ter você. Isso não é amor, é obsessão...

— Eu sei. — ela deu um suspiro pesado condizente com o clima ali instaurado, deu um gole no expresso um tanto esquecido, mordiscou um dos pãezinhos da mesa e olhou pra mim com uma sorriso leve.

— Ta porra em Adrien. Você não toma jeito mesmo né? Chloé, Marinette, Charlotte, Sofia, Filomena...

Já estava preparado para me defender quando ela começou a rir.

— Senti sua falta. Depois que a Mari se foi e você se fechou no seu próprio mundinho, eu, Nino e o pessoal sentimos realmente saudade de tudo aquilo que foi o ensino médio. — Eu a entendia muito bem. — Mas, voltando aos negócios. Acho que sei como essas fotos e uma coisinha que que achei na casa dela e magicamente, com a ajuda de um app de scanner, agora temos como contra-atacar! — Disse já tirando da bolsa alguns papéis.

 


~*~

 

Cheguei em casa bem tarde, depois da cafeteria eu e Alya encontramos Nino e fomos dar umas voltas, conversar sobre tudo, “botar o papo em dia”. Além de não querer voltar para casa e ter de lidar com meus fantasmas eu estava com muita saudade dos meus amigos, do clima leve que eles carregavam e do bem que me faziam.

Entrei na mansão escura que quase parecia abandonada. Aquele clima sombrio me trouxe de volta ao tempo que eu era mantido refém dentro de meu próprio lar e ao topo da escada, ainda lá, chamando atenção para si, quase exalando o cheiro de perda e tristeza o quadro onde eu e meu pai, trajados de negro, sofriamos calados.

Segui para meu quarto repassando os acontecimentos do dia, por um momento pensei ter ouvido a voz gozadora de um esquisito gato preto. Será que toda minha má sorte ainda era um resquício do tempo que passei com ele?

Não. Aquele simbolozinho quase fofo de azar acabou me trazendo muita sorte.

Parei de supetão e percebi que estava bem em frente a porta do quarto daquela que um dia já foi a minha doce menina de cabelos azulados.

Pensei em bater. Pensei em fugir com ela novamente, mas agora de forma permanente. Mas contive meus impulsos, minha mão já erguida, querendo com todas as forças bater à porta, consegui me conter. Virei-me de frente para o corredor e quase corri.

Mais uma vez um prisioneiro em minha própria casa.

Tomei um banho demorado em uma água escaldante, como se aquilo fosse me livrar dos pensamentos ruins e as possíveis queimaduras amenizassem a dor de dentro do meu ser.

Uma hora eu tinha de sair debaixo da água e o enrugamento em meus dedos foi o sinal. Fui direto ao closet, nem sequer me enxuguei, vestindo minha amada e surrada calça de moletom cinza me joguei na cama com vontade de morrer.

Chegou a passar pela minha cabeça que eu estava começando a ter depressão e fiquei deitado pensando isso até leves, mas decididas, batidas serem dadas na porta do meu quarto.

Me arrastei até a porta, pronto para uma briga, mais machucados em meu coração ou no mínimo um adeus. Respirei fundo e abri lentamente a porta, já querendo que o que quer que fosse, acabasse logo.

Mas quando eu a vi ali, com aquela camiseta preta que ia até a metade de suas coxas e o cabelo bagunçado, a coisa mais linda e fofa que eu já havia visto, me senti até... aquecido por dentro, quase feliz.

— Adrien, eu... Me deixa ficar aqui com você?
 

 



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