História Jogos - Sixième

Eu estava esparramado na cama, não estava muito a fim de levantar, já fazem três dias desde o jantar com a Filomena e eu pela primeira vez queria realmente quebrar aquele acordo. Quando eu finalmente reuni força pra levantar senti alguém sentando na cama, eu já tinha uma ideia de quem era e por isso fingi que estava dormindo. Só para ver o que ela ia fazer.

Fez carinho em minha cabeça e passou a mão pelo meu rosto, desceu delicadamente até minha barriga — admito que nesse momento eu fiquei feliz por dormir apenas de calça de moletom — de repente ela tirou a mão de mim e soltou um suspiro divertido então o peso dela na cama sumiu e eu pensei que ela fosse sair, mas ai ela sentou em cima do meu quadril e se debruçou sobre mim, sim, ela ia me provocar!

Deu um leve mordida no meu pescoço e suas mãos foram novamente para o meu cabelo. Ter ela daquele jeito em cima de mim e fingir que não estava acontecendo nada não era fácil, mas eu me segurei para poder ver o que mais ela faria. E foi aí que eu senti os lábios dela no meu ouvido.

— Ei gatinho, até quando vai fingir que tá dormindo? — Ela estava rindo de leve. Sabia o tempo todo que eu estava acordado. Olhei pra ela e como sempre ela estava linda, o cabelo preso num rabo de cavalo com a sua franja sempre caindo no olho e aquele sorriso ladino, aquele pelo qual eu faria loucuras. Girei na cama ficando por cima dela.

— Eu queria saber se ia abusar de mim, — fingi inocência.

— Abusar de você? E se eu fosse? Ia deixar fácil assim? — Me olhou incrédula e eu a beijei. Foi um beijo quente e desejoso, mas não durou muito.

Marinette me olhou convencida.

— Pensei que quisesse ganhar essa aposta! Já desistiu?

— Talvez... — Respondi me levantando.

— Bom, eu não vim até aqui só para tirar a sua “inocência”. Alya e Nino chamaram a gente para sair, dar umas voltas por aí, tomar um sorvete talvez.

— Só vou tomar um banho e nós já vamos, — disse já indo para o banheiro.

—  Quer companhia? — Sim,S, eu queria muito que ela tomasse banho comigo, ainda mais com ela dando aquele sorriso de lado. Mas eu já havia dado muita brecha pra ela. Por isso coloquei meu velho sorriso galante e debochado no rosto.

—  Eu até aceitaria. Mas sei que você não ia resistir a minha beleza e nem ao meu charme! Então eu vou ter que recusar... — Ela riu.

—  Oi Chat, posso saber por onde andou? Tem aparecido muito pouco e eu já estava com saudades. — Fui tomar banho rindo, mas era verdade, depois que comecei a namorar com a Filomena eu tinha escondido o Chat Noir dentro de mim como eu fiz antigamente...

Nós rodamos quase Paris inteira. O “casal maravilha” disse que tínhamos que reapresentar a cidade para a Marinette, mas acho que aqueles dois estavam tramando alguma coisa. Eles nos fizeram passar por todos os pontos românticos da cidade e isso seria uma coisa normal, se toda vez eles não tentassem me jogar pra cima da Marinette ou vice e versa. Ela não falava nada, mas tenho certeza que percebeu também.

— Cara, tá na hora de fazer um pausa, meus pés tão latejando já! Que tal um sorvete agora? — Nino falou apontando pra uma sorveteria do outro lado da praça.

— Tem razão… Vamos naquela mesmo – Alya falou já atravessando a praça e puxando a Marinette pelo braço.

Sentamos na bancada do estabelecimento e de novo eles me fizeram ficar perto da Marinette. O problema com isso é que eu, por algum motivo louco, talvez instinto, queria abraçá-la e beijá-la.

O problema é que eu não poderia fazer isso, tanto compromisso que eu tinha com Filomena, quanto por eu mesmo não querer me aproximar dela. Ainda não a havia perdoado. Além de toda essa minha dor de cabeça, Marinette me provocava discretamente a todo minuto.

Eu devia ter dito não a essa aposta. Três anos atrás e agora.

Depois da segunda taça de sunday as meninas foram juntas ao banheiro, assim que elas saíram de vista Nino cruzou os braços e me lançou um olhar desconfiado.

— Legal Adrien… O que tá rolando entre você e a Marinette? —  Olhei pra ele com um olhar confuso.

— Como assim Nino? Somos apenas… Colegas, não diria amigos.

— Cara dá pra ver que tá rolando alguma coisa entre vocês. Vocês se olham como se fossem se agarrar ou se bater a qualquer momento!

— Ta tão na cara assim? — Perguntei já sabendo a resposta.

— O que acha que a Alya foi fazer no banheiro? É óbvio que ela foi falar com ela sobre isso.

— A gente fez uma aposta… E acontece que eu vou perder feio... — Soltei um suspiro pesado. Ele colocou a mão no meu ombro e me olhou solidário.

— Então meninos, mais sorvete? — Alya já chegou interrompendo a conversa, Marinette veio logo atrás meio corada. Pedimos os sorvetes e voltamos a conversar animadamente como se a minha conversa com o Nino nunca tivesse acontecido.

— Meu Deus eu quase esqueci! — Alya falou alto, batendo a mão na testa. — E os planos pro seu aniversário amiga? — Eu olhei curioso pra chinesa do meu lado.

— Ah, o Gabriel falou pra eu dar uma festa lá na mansão e chamar alguns amigos lá da Inglaterra para vir. – Falou de modo simples e recebeu um olhar acusador de Alya. – Só que ainda não planejei nada porque precisava da opinião dos meus maravilhosos amigos... – Complementou de um jeito engraçado fazendo com que eu e Nino descemos risada é Alya a abraçou.

Discutimos várias possibilidades, chegamos até a falar em baile de máscaras, mas nada agradava a todos. Admito que Marinette estava sendo bem legal deixando a gente decidir junto com ela, também admito que gostei do meu pai ter feito isso por ela. Se bem que, Gabriel Agreste sempre gostou dela mesmo.

No final ficou decidido que a Alya ia cuidar da decoração e ia pedir ajuda do Nathaniel, Nino obviamente ia cuidar das músicas e ia contar com a Juleika pra não pesar pra ele, eu e a Marinette ficamos com a parte dos doces mas claro que não íamos fazer tudo sozinhos. Meu pai deu carta branca à ela.

Alya e o Nino se empolgaram com isso. Por fim, a festa ia ser a fantasia, só pra ter um toque a mais. Depois de tudo planejado eu e Marinette fomos para a casa e apesar de estar tarde fomos andando e conversando o caminho todo.

~*~

Fui tomar banho pensando em como ia ser aquela festa, se ia dar certo afinal a Filomena ia querer vir. Eu apenas esperava que ela e a Marinette não brigassem.

Também fiquei pensando nos amigos que ela ia chamar, os da Inglaterra, mas resolvi esquecer isso, tinha coisas melhores pra pensar. Como a minha fantasia, decidi qual ia ser enquanto terminava o banho, eu iria de Chat Noir, queria ver o que a garota de cabelos azulados acharia disso.

Nem me sequei direito, só coloquei a minha velha calça cinza de moletom e sai do banheiro. Estava tão distraído que só percebi que tinha gente no meu quarto quando olhei pra cama. O mais interessante não era quem estava lá, e sim como essa pessoa estava...