Escrita por: Greenstark
Todos os dias chegavam ladyes e lordes com seu povo e Sansa precisava atender a todos igualmente e acomodá-los da melhor forma que podia. Ela nunca tinha visto tanta gente em Winterfell, nem mesmo nas festas da colheita.
- Por que não contou sobre ele?
- O que há para dizer?
- Que ele é bastardo de Robert, que estiveram juntos durante a fuga de Porto Real...que ele é seu amigo. Ele é, não é?
Arya olhou para o teto. Elas estavam deitadas na cama de Sansa falando de tudo e sobre nada. Ryckon dormia entre elas – Não achei que o veria novamente...é estranho...parece que eu conheci outro Gendry, em outra vida.
- Você também deve ter mudado para ele, todos nós mudamos.
Arya se virou para encarar a irmã, ela tinha um semblante abatido e estava pálida. Todos comentavam como Lady Stark trabalhava demais todos os dias. Arya sabia que a saúde da irmã havia piorado por causa da gravidez, agora ela estava mais cansada e tomava apenas caldos porque todo o resto lhe fazia mal – eu mudei e não mudei, isso faz sentido?
- Faz todo sentido para mim, vejo muito da pequena Arya em você e vejo muitas outras coisas novas que estou aprendendo a amar.
- O que posso fazer por você agora?
- Aproveite que é amiga do ferreiro e tome conta disso para mim, as forjas e a armaria são suas, se quiser...e fique do meu lado quando chegar a hora...
- Qual hora?
- Eu não vou me casar com ninguém que não seja Clegane. Talvez tenha de escolher entre mim e Jon.
- Jon não faria isso. Arya disse sem muita certeza, já fazia anos que não via o irmão e ele também pode ter mudado.
- Estará comigo quando eles chegarem? Sansa apertou a mão de Arya que descansava no peito de Rickon – Não quero fazer isso sozinha.
- Eu estarei lá.
Lorde Royce estava sempre ao seu lado agora e ficava cada dia mais difícil esconder sua condição, Sansa agradecia todos os dias por estar tão frio, as roupas pesadas e a capa faziam um bom disfarce.
Todo o trabalho era recompensado à noite, quando ela podia estar com os seus, por Rickon na cama, ouvir as histórias de Osha, ver Brienne e Arya discutir estratégias de batalha e por fim, amar Sandor.
A manhã estava branca quando Brienne veio lhe avisar que a comitiva Targaryen estava à caminho de Winterfell. Sansa mandou que avisassem Bran e Arya enquanto ela preparava Rickon pessoalmente.
- Nós veremos os dragões?
- Sim, você está com medo?
- É claro que não! O pequeno lhe respondeu como se tivesse sido insultado.
- Está com saudade de Jon?
- Estou. Sansa, agora que Bran voltou para Winterfell, eu posso ir para a Patrulha quando tiver idade?
Isso fez Sansa lembrar de Tio Benjen, ele também era o irmão caçula de seu pai e desde pequeno queria ser um patrulheiro – Quando chegar a hora veremos, ainda tenho alguns anos para apertar você. Sansa disse abraçando forte o irmão e lhe fazendo cócegas, mas a verdade é que não queria pensar naquilo agora.
Quando as sentinelas acusaram a chegada dos visitantes, todos os nortenhos se perfilaram como no dia em que o Rei Robert veio até Winterfell, mas hoje haviam outras pessoas, de todas as casas do Norte e algumas do Sul. Sansa já tinha visto os dragões sobrevoando Winterfell, ela e Osha estavam na muralha exterior observando o movimento em torno da fortaleza e então as bestas estava lá sobre suas cabeças, quase encostando nas torres, se quisessem podiam derrubá-las sem cerimônia.
- Eles comem gente? Osha perguntou.
- Acho que podem comer o quiserem. E então o medo se apoderou de Sansa – Nenhuma criança ou velho tem permissão de andar sozinho, recolha os rebanhos e se houver alguma mulher a ponto de parir esta deve ser trazida para dentro das Muralhas, não quero que o sangue e os gritos chamem a atenção das feras.
- Sim senhora. Osha saiu correndo, sumindo nas escadarias que iam até o pátio de treino.
Sansa estava de mão dada com Rickon quando Jon entrou pelo portão, atrás de si ela ouviu Sandor tossir, algo que ele sempre fazia para avisá-la de que estava um passo atrás. O irmão mais novo correu para Jon quando ele desceu do cavalo e o abraçou com força deitando a cabeça no seu ombro enquanto era carregado pelo pátio.
Sansa achou que Jon parecia mais velho, mais bonito, vinha todo de negro com a capa que ela lhe dera e o broche do lobo – era realmente um rei de inverno. Ele se ajoelhou para cumprimentar Bran e quando chegou a vez dela, sentiu seus olhos arderem em lágrimas e o abraçou com força, mais até do que no dia em que se reencontraram em Atalaia da Água Cinzenta.
- ...irmão – ela conseguiu dizer finalmente sem esconder o sorriso. Ela ainda estava abraçada a Jon e Rickon quando Daenerys se aproximou, olhando com curiosidade a cena familiar.
- Apresento Daenerys da Casa Targaryen, primeira de seu nome – e então Jon apontou para cada um dos irmãos – Este é Brandon Stark, Lorde de Winterfell, Bran fez apenas um meneio de cabeça, Rickon Stark e Sansa Stark, Lady de Winterfell. Onde está Arya?
- Você a conhece, deve estar nos observando agora mesmo.
Daenerys fez uma tentativa de sorriso – Estou feliz em ajudar o Norte nesta guerra, ele é tão bonito quanto você.
Rickon e Sansa fizeram uma reverência exagerada – Somos gratos por sua presença e de seu exército. Winterfell é sua Vossa Graça. Sansa disse tentando devolver a gentileza da rainha.
- O Norte se lembra – Rickon disse as palavras nortenhas que significavam que havia consequências para os atos bons e ruins.
- Preparei aposentos para todos, devem estar exaustos dessa viagem, vamos sair do frio. Clegane e Brienne receberão os exércitos e os ajudarão a se instalarem.
Sansa ia à frente de braço dado com Jon, serpenteando os corredores de Winterfell com a comitiva da rainha às suas costas – Convocarei uma assembleia para logo antes do jantar para discutir os próximos passos, mas antes precisamos de uma reunião em família.
- Quem está aqui?
- O Vale, a Casa Mormont, Umber, Mallister, Hornwood, a Casa Reed será a última defesa de Westeros caso falhemos e Lorde Wyman está preparado para evacuar o povo por Porto Branco.
Sansa se virou para encarar os olhos lilases de Daenerys – Toda esta ala é para a sua comitiva, Vossa Graça. Se precisarem de algo mandem me chamar. Sansa fez outra reverência e saiu silenciosamente deixando Jon para trás. Sandor tinha razão, havia algo entre eles, Jon sabia do parentesco com ela?
Ao voltar para o escritório, Lyana estava lá, ela parecia ter crescido um pouco nos últimos tempos – Lady Mormont.
- Lady Stark – ela disse solenemente e sorriu abrindo os braços para abraça-la.
- É bom tê-la aqui finalmente.
- Cheguei junto com os exércitos do Sul, então decidi levar meu povo pelo portão do caçador, desculpe não ter vindo antes, o mau tempo nos atrasou.
- Cruzou com Karstarks ou Glovers no caminho?
- Não, mas a bandeira dos Umber está lá fora. Lyanna aceitou o chá que Sansa havia servido para as duas, ela tomou um gole e pigarreou – Dei uma boa olhada nos guerreiros do Sul, são grandes e fortes acho que temos alguma chance. Como pretende alimentar toda essa horda? Sabe que eles não trouxeram provisões não sabe?
Sansa não sabia – Vamos rezar que isto acabe logo ou será a ruína final para o Norte.
- O que achou da rainha?
- É cedo para saber, mas não sou ingrata, sei muito bem que jamais teríamos chances sem ela. Clegane e Arya são melhores do que eu em ler as pessoas, mas posso sentir que há algo entre ela Jon e isso me preocupa.
- Por que?
- Os homens fazem coisas tolas por amor, espero estar errada.
- Dobrará os joelhos?
- Sabe tão bem quanto eu que nosso solo está congelado. Sem a ajuda do Sul nosso povo morrerá de fome e frio, nossas estufas jamais produzirão o suficiente. Além disso, não desejo sobreviver aos mortos e morrer queimada por dragões. Não sei o que Bran pensa sobre isso...
- Sabe que a última palavra será sua, minha princesa – Lyanna se levantou e foi até a porta – e cobre a dívida de Willam, já fizemos concessões demais a traidores.
Sansa assentiu com a cabeça – nos vemos na assembleia – Sansa foi até a janela que dava para o Bosque Sagrado e flagrou Jon e Arya conversando sentados nas raízes da árvore coração, mais além, fora das muralhas um acampamento era montado, o barulho de metal batendo em madeira, o cheiro de fumaça e alguma coisa sendo assada, o vai e vem frenético de pessoas e animais e o som de idiomas desconhecidos davam o tom da guerra que se avizinhava.
Sansa olhou para a mesa do escritório e suspirou profundo, contagem de provisões, pedido de ajuda das casas menores e mensagens não lidas a esperavam. Ela sentou e começou a trabalhar quando Lorde Royce entrou.
- Que bom vê-lo. Como estão nossos visitantes?
- Não sei dizer ao certo, não entendo nada do que dizem, mas não posso negar que são eficientes e organizados. Cedi-lhes lenha e peles, não parece que já viram o inverno, espero que não sofram muito.
Sansa estendeu uma mensagem de Lorde Glover que pedia carroças e homens para ajudar na evacuação de seu povo – podemos ajuda-los?
- Verei isso agora mesmo, ele mandou seus soldados na frente, deviam ter vindo todos juntos. Planejou mal, este lorde.
- Ninguém ficará para trás se pudermos evitar. Sansa sorriu e viu o homem se retirar.
Ela chamou uma criada e deu ordens para o jantar dentro e fora do grande salão, pediu para avisar a todas as pessoas que deviam comparecer à assembleia, principalmente Bran. O irmão passava muito tempo “fora do ar”, raramente conseguia despertá-lo de seus transes e ela torcia para que esta noite ele pudesse ser o Lorde Stark.
A noite chegou rápido demais e ao contrário do que Sansa queria não foi possível reunir a família, Jon dava ordens aqui e ali sempre com a rainha ao seu lado, Arya desapareceu como era próprio e Sansa estava submersa em petições e problemas a resolver.
Enquanto ela se dirigia ao grande salão, Brienne lhe atualizava sobre o treinamento do exército do norte, armamentos e armaduras – acha que estamos prontos para a batalha? Ela se voltou para encarar sua protetora antes de entrar no salão.
A guerreira pareceu em dúvida, mas por fim disse apenas – teremos de estar.
Já dentro do salão, os lordes e ladyes tomavam seus lugares, Bran já estava lá com seu olhar vago. Ela sentou ao lado do irmão enquanto a comitiva de Daenerys entrava gerando algum desconforto em todos por ali.
Na mesa alta Jon ocupava o lugar que fora de seu pai, Daenerys à sua esquerda, Bran e Sansa à sua direita. Jon começou apresentando a rainha e Tyrion disparou a enaltecer Daenerys e sua benevolência em trazer um exército tão mortal para ajudar o norte. O sangue de Sansa começou a ferver.
- Você me decepciona Lorde Tyrion, pensei que fosse um homem inteligente. Sansa o interrompeu.
- Como eu a decepcionei minha dama? Ele estava na frente da mesa alta o que tornava a cena pitoresca, pois dali ele mal exergava quem estava do outro lado dela.
- Você mobilizou um poderoso exército durante o inverno para uma guerra longe de casa sem trazer provisões.
- Eu esperava que tivessem se preparado melhor para o inverno e para a guerra.
- Ouvi mais de uma vez em Porto Real você se referir ao Norte como uma terra estéril e triste. Bem, some isso a guerras e facilmente concluirá o porque Jon foi em busca de ajuda. Ela se virou para Bran – Teremos de racionar a comida a partir de agora ou morreremos de fome antes de a guerra começar.
Bran balançou a cabeça em afirmação e Sansa viu quando Daenerys e Tyrion trocaram olhares. Um burburinho passou pelo salão e então ela viu Lorde Umber tentando não chamar a atenção, isso era estranho já que gostava de exibir sua casa, exército e riquezas.
- Lorde Umber! Sansa o chamou.
- Sim, minha princesa.
Um silêncio caiu sobre o salão e ela sabia que aquela palavra causaria mal-estar com a rainha – Acha que sou tola?
- Nunca.
- Então por que me toma como uma?
- Eu não compreendo...
- Onde está sua senhora e a casa Karstark?
- Bem... são muitas mulheres e crianças...o mau tempo...
- Fiz muitas concessões a vocês, apoiei a posição de Lady Allys no comando da casa Karstark, permiti que levasse homens para ajudar na colheita e que se unissem apesar da traição de suas casas.
- Também fez exigências...
- Ora, cale-se meu Lorde, Lady Sansa só permitiu esse casamento porque percebeu a situação precária de sua senhora. Muitas mães implorariam pelo privilégio de ter um filho criado sob o manto Stark. Lyanna falou e viu o rosto o Lorde avermelhar.
- Willam, imagino que o estado de Allys já esteja bastante avançado, não vai querer que ela dê à luz num território onde lobos gigantes e dragões caçam livremente, não é?
Sansa quase podia ouvir o homem ranger os dentes – A Casa Karstark estará aqui ao amanhecer. William fez uma reverência e saiu do salão a passos largos.
No mesmo instante Osha e Clegane entraram e se puseram à frente da mesa alta, Jon olhou um pouco confuso – Quem vai falar primeiro? Jon disse com a voz um pouco cansada, ele sabia que havia algo errado ali.
Eles se entreolharam e Osha fez sinal com a cabeça para que Clegane falasse primeiro – Ghost e Nymeria estão no Bosque Sagrado com uma matilha e uma cria. Ela não deixa ninguém chegar perto do lugar.
Pelo canto do olho ela viu Arya se levantar de uma fileira.
- E Felpudo?
Os dois fizeram um sinal negativo.
- Quem está com Rickon? – Arya disse saindo de trás da fileira.
Sansa olhou entorno e percebeu que além de Clegane e Osha, Brienne e Podrick também estavam lá. Ninguém protegia o irmão naquele momento – Ele já deve saber.
Clegane e Arya saíram correndo pela porta principal do salão enquanto Brienne e Podrick correram pela porta lateral que dava para a ala íntima do castelo.
Osha permaneceu parada ali e Sansa soube que havia mais – Fale minha amiga, o que mais pode acontecer?
- Os rebanhos foram recolhidos e avisamos a todos em Vila de Inverno das suas ordens, como resultado o povo quer a proteção do castelo e estão se apinhando nos portões desde a manhã. Trouxe quatro senhoras para a enfermaria de Meistre Wolkan, ele diz que duas darão a luz em poucas horas.
- Crianças do inverno, que os deuses sejam gentis... Lady Hornwood disse para si mesma.
- Deixe que o povo venha, logo os exércitos partirão e eles sentirão segurança em voltar para a Vila, há muitos predadores em Winterfell agora, não quero facilitar.
- Meus filhos poderiam derrubar este castelo e tudo o que há nele sem dificuldades, só não o fazem porque eu não permito. Daenerys se pronunciou pela primeira vez. Ela queria deixar claro seu poder sobre os dragões, mas a frase saiu mais arrogante do que determinada.
- Tenho certeza que sim, cabe a nós proteger nosso povo. Os dragões devem caçar a própria refeição, assim como os lobos, nós não somos seus escravos. Os olhos lilases encontraram os azuis e Jon pode sentir o enontro de gelo e fogo, bem ali à sua frente.
- Não há tempo para isso – Bran disse olhando para Jon – ele encontrou o Berrante de Joramum ***.
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