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História Jornada Pokémon - Capítulo XXXXII


Escrita por: AutomataAK

Capítulo 43 - Capítulo XXXXII


POV GARY

Oliver: Eu nunca riria de você Bear.

Aquele apelido, era algo que Oliver a chamava na época do acampamento, e parou de chamar pois fiquei furioso pela história atrás dela, o proibi de chamá-la assim de novo, e agora ele está naquele quarto a chamando assim, a quanto tempo ele a chama deste jeito de novo?

O quarto ficou em silêncio por alguns segundos, apenas as respirações deles eram audíveis, aquele suspense me matava e tenho certeza que o mesmo sentimento de ansiedade e medo pelo que poderia ser ouvido ali era compartilhada por todos. Meu avô estava comigo de um lado da porta, tia Carol, Max e Dona Miko do outro, estávamos todos quietos apenas no aguardo daquela conversa, o professor Hoan não concordava que escutassemos aquilo, mas ele ainda estava ali conosco, dizendo que apenas me impediria de entrar ali e fazer um barraco caso eu ouvisse o que não queria, e de certa forma, creio que ele estava certo nos dois pontos.

Neka: Eu.. Sonhei que estávamos em algum tipo de clareira, não vi muito, mas era bonita e bem clara, você me abraçava e dizia... Dizia que... Dizia...

Eu sabia que aquilo era difícil pra minha irmãzinha somente pelo fato dela dizer tudo tão baixo, dificultando para que ouvissemos, mas principalmente porque estava gaguejando no final, ela raramente ficava assim, não só nervosa, mas parecia ansiosa.

Oliver: Eu dizia que... Te amava?

Então o quarto caiu em mais um silêncio, até que ela sussurasse um sim tão baixo que não tivesse certeza se aquilo havia sido dito mesmo ou foi minha imaginação, a confirmação disso só veio após Oliver continuar.

Oliver: Não é um sonho Neka, é uma lembrança, ou ao menos uma pequena parte desta lembrança.

Neka: É uma lembrança então? Ela é realmente real? Faz muito tempo?

Oliver: Calma, vou responder tudo o que quiser saber... Sim a lembrança é real, e isto foi poucos dias após sua chegada a Sinnoh.

Neka: Poderia... Você poderia me contar ela? Inteira?

Oliver: Se é o que deseja, irei contar, mas por favor, me deixe terminar e então se tiver alguma dúvida pode perguntar, tudo bem?

Neka: Hai.

E então ele se preparou para contar, a história que até mesmo eu queria saber, a história de como eles começaram a me trair ou até mesmo essa história começasse antes.

POV OLIVER

“Há 7 meses atrás você chegou em Sinnoh atrás de Gary e de mim, iríamos nos encontrar em um festival na região de Kanto, mas isso não ocorreu, então você com bases concretas veio até nos, eu estava me recuperando ainda e Gary estava sequestrado. Você estava aflita, queríamos te mandar de volta pra Kanto, mas você não se deixou ser convencida para ir, bateu o pé e ficou, mas somente com duas condições, você me ajudaria com minha recuperação e não deixaria de treinar para o festival.

Digamos que um certo enfermeiro estava te deixando assustada por ficar atrás de você sempre que podia, você teve um pequeno ataque de raiva e quebrou seu comunicador quase o jogando em mim, quando este enfermeiro vinha em nossa direção, fugimos daqui, você em seu Charizard junto com o pequeno Snover e eu em meu Torgekiss e o Riolu, fomos até esta clareira a qual você sonhou, treinamos um pouco e então em algum momento começamos a reviver o passado, o acampamento, os ataques do Gary quando você sumia ou não fazia o que ele queria, lembranças que nos deixavam felizes e menos aflitos com a falta de localização do seu irmão.

Mas em certo momento tocamos em uma lembrança não muito velha, o motivo pelo qual não estávamos nos falando direito desde que seu irmão e eu saímos de Kanto após uns dias com você e Jake, iríamos nos acertar na festa dos campeões, mas como sabe, não foi possível, na noite em que chegou tentamos conversar mas não conseguimos terminar, eu não pude mais me controlar e lhe contei tudo o que sentia naquela época, o que sentia antes e o que ainda sinto, seu sonho, sua lembrança, é o final do discurso que proferi naquele pôr do sol na clareira, após isso a gente se beijou e...”

Neka: E o que? O que aconteceu?

Estava nervoso, sabia que chegaria nessa parte da história, poderia omitir dela, mas se ela lembrasse sozinha depois, seria pior nossa relação. Respirei fundo e tentei contar até 10 para me acalmar, mas não estava adiantando muito.

Oliver: Nós, bom.. – céus aquilo não era fácil, virei o rosto corado para o outro lado e apertei sua mão – Nós dormimos juntos pela primeira vez.

Ouvimos barulhos no corredor, mas logo pararam, poderia ser só um dos enfermeiros passando com coisas barulhentas. Olhei para Neka que me encarava duvidosa e curiosa, céus ela é tão linda.

Neka: Dormimos? Mas você disse que viajamos juntos por uns dias, não tínhamos dormido junto com Gary e Jake já?

Esbugalhei os olhos, aquilo seria mais difícil do que pensei.

Oliver: Não, eu... A gente, dormiu junto, no sentido de... Bom... Casal, homem e mulher...

Fiquei de olhos fechados esperando por alguma reação dela, algum tapa, grito, risada histérica, qualquer reação que pudesse mostrar que ela não acreditava em mim, mas quando nenhuma reação veio abri meus olhos dando de cara com seus olhos esverdeados me fitando.

Neka: Isso sacia uma de minhas dúvidas – vendo meu olhar perdido ela continuou – Sabe, após acordar, a enfermeira Joy fez muitos exames e inclusives físicos, e ela bem... Me disse que eu não tinha mais um hímen, mas não tinha como me informar mais... Minha primeira vez, ela foi com você?

Ela estava nervosa, muito, após dizer tudo aquilo que se deu conta que eu disse que era nossa primeira vez, e não SUA primeira vez, se colocasse ela ao lado de um tomate eu não saberia dizer qual dos dois era mais vermelho.

Oliver: Sim, foi nossa primeira vez, em todos os aspectos.

Neka: Foi apenas uma vez?

Oliver: Não, ouve mais uma vez após esta.

Ela levou um tempo para raciocinar tudo que lhe foi dito, estava aflito por ela, por nossa relação, por tudo. Era tão complicado, não saber como agir ou falar, pensar 3 ou 4 vezes em algo antes de poder falar.

Neka: Você disse que me amava, desde quando? E o porquê ficamos sem nos falar depois que voltou com Gary pra cá?

Oliver: Isso é mais complicado, longo, você não se lembra de nada, então vou tentar resumir, ok?

Neka: Hai.

Oliver: Bom, na última noite que estávamos em Kanto, houve um concurso e uma festa a fantasia, você participou e ganhou, aliás sempre quis te dizer que foi imprudente entrar com Absol recém capturada mas vocês foram ótimas mesmo assim, enfim, na festa, Gary e Jake sumiram e ficamos apenas nós, eu acabei ficando enciumado quando te chamaram pra dançar que acabei aproveitando e te levando para a pista, acabou que te beijei, mas eu fiz a idiotice de dizer que foi um erro e sair, no dia seguinte não pude me explicar e Gary e eu partimos, te deixei em Kanto com raiva de mim e talvez triste, não conversamos sobre aquilo depois, quando você chegou em Sinnoh nem conseguimos conversar direito, somente depois de dias na clareira, nossa preocupação era outra.

Neka: E a outra pergunta?

Oliver: Isso é complicado, na infância participamos de um acampamento na qual seu avô cuida, eu gosto de você desde lá, achava que era apenas porque você era a irmãzinha do meu melhor amigo, mas os anos foram passando e meus sentimentos não mudaram, apenas amadureceram, ficaram maiores, mas eu não podia dizer nada sobre isso.

Neka: Por que? Por que me beijar naquela noite foi um erro?

Oliver: Porque Gary não sabia, nunca lhe contei – suspirei fundo antes de prosseguir – Eu era um covarde, passei anos escondendo isto dele, como você já percebeu ele morre de ciúmes de você, te protege e principalmente nega aceitar que você não é mais uma criança, e que pode sim ter alguém. Mas foi um erro te beijar naquela noite sem que antes eu conseguisse dizer a ele, achava que meu maior medo fosse ele nos afastar e te perder por isso, mas no fim, acabou que isso seria melhor do que... Bom, do jeito que estamos agora.

Neka: Preferia que ele nos afastasse?

Oliver: Desde que você ainda se lembrasse de mim, de nós, que se lembrasse de sua vida, de tudo... Sim eu preferia.

Um silêncio ficou entre nós por alguns minutos, ela assimilava tudo que lhe disse até agora, talvez tentando lembrar, ou talvez apenas tentando aceitar, eu não sei, só sabia que tinha uma missão a fazer, mesmo que isso partisse meu coração.

Neka: Oliver? – a olhei e ela desviou os olhos para nossas mãos que ainda estavam entrelaçadas – O que nós somos? Ou o que fomos?

Oliver: Não chegamos a ser namorados oficialmente se é o que pergunta – ela tentou soltar nossas mãos, mas não deixei, com a mão livre acariciei sua bochecha a fazendo olhar para mim – Tínhamos combinado de esperar Gary voltar e se recuperar, para que eu pudesse falar com ele e mesmo que ele provavelmente não nos aceitasse, iríamos até Kanto para informar seu avô, estávamos juntos já Neka, você me pertencia tanto quanto eu te pertenço, só queriamos que tudo estivesse bem para oficializar à todos, deixar público.

Neka: Eu... Eu também te amava não é? Para concordar com tudo isso e perder, bom você sabe.

Aquilo me pegou de jeito, a única coisa que eu não podia responder com certeza, meus olhos ardiam, me levantei e caminhei até a porta pronto para sair, não podia deixar que ela me visse chorando.

Oliver: Esta é a única coisa que não posso te responder, nada do que tivemos foi forçado ou falso, mas... Se você me ama? Eu não sei Bear, você nunca... Nunca disse essas palavras para mim – estava abrindo a porta para sair antes que ela perguntasse mais alguma coisa – Deveria descansar, foi muita coisa dita hoje, descanse bem Neka.

E então sai rápido, me encostei na porta e permiti que as lágrimas caíssem pelo meu rosto, aquilo doía, quando pedi para conversar com ela, não sabia que seria tanto. Suspirei e me deixei escorregar até que estivesse sentado e ali fiquei por algum tempo, até que finalmente pudesse me levantar e rumar para meu quarto que ficava no final do corredor de Neka. Aquela foi uma longa manhã.

POV GARY

No momento em que Oliver assumiu que dormiu com minha irmã, eu queria entrar naquele quarto assim como o Professor Hoan previu, mas ele e meu avô logo me pararam e tamparam minha boca, a conversa dos dois continuou. E cada vez mais eu percebia o sentimento de Oliver por minha irmãzinha, o porquê dele ter escondido por tanto tempo e ter se assumido um covarde, toda a curiosidade que eu sentia em saber porque ambos não estavam se falando desde que voltamos de Kanto, agora estava claro, se eu fosse mais atento a detalhes perceberia tudo isso. Perceberia o quanto Oliver a ama, a respeita e o quanto sempre quis me contar o que se passava, o motivo para que ninguém e até mesmo eu, nunca o visse com uma mulher era este, seu coração pertencia a minha irmã e esperava por ela, esperava pela chance de algum dia a tê-la, o momento que ele disse que estavam juntos e só aguardavam meu retorno para oficializar me desequilibrou, pois ele a estava levando a sério, e afirmou que mesmo se eu não gostasse eles iriam até meu avô, não iriam pedir permissão, não eles não precisavam disso e sabiam, eles queriam que apoiassemos, queriam nos avisar e não pedir, fazer as coisas certas, lutando juntos desta vez.

Quando ouvimos passos até perto da porta nos escondemos na porta de frente com o quarto de Neka, o quarto que Dona Miko estava usando, a porta ficou um pouco entre aberta e torcemos para que ninguém percebesse, o único som foi o de nossas respirações. Mas a fala de Oliver, foi ouvida mesmo assim, Neka nunca disse que o amava, e nem ele sabia o porquê, mas eu sabia, sabia que ela o amava sim, para se entregar a ele e concordar com a relação, ela o amava, eu só tinha que descobrir o porquê dela nunca ter dito nada. Mas naquele momento quando ele saiu do quarto, pela terceira vez, pela terceira vez eu via Oliver chorando pela minha irmã, um choro de coração partido, partido porque agora ela não era ela, não era dele, e na cabeça dele, talvez ele tivesse dúvidas se ela era dele antes mesmo do caos em Sinnoh.



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