História Jump In The Fire - Girl in the box

O corredor estava cheio de pessoas apressadas, não estava lotado, mas o movimento era grande. Ninguém dava um olá, ou desejava boa noite, todos claramente educados. Havia uma caixa preta enorme em um dos lados do corredor, resolvi sentar nela e esperar, não havia muito o que fazer, então observei as pessoas se matando para ganhar um dinheiro que não valeria nem um almoço completo. 
Notei que Alan estava lá na frente, ele me olhou, concordou com a cabeça, na ideia de que “não fez mais que sua obrigação de ter entrado”, eu apenas olhei feio. Não estou fazendo isso por você, palhaço. Então o dito cujo entrou em uma das cortinas e sumiu da minha vista. 
Meus planos era ficar ali sentada, quieta, até esse show acabar e eu poder ir para casa gritar de ódio até não aguentar mais, mas pelo visto, alguém queria acabar com a minha tranquilidade.

- Ei, você trabalha aqui? - ouvi uma voz próxima, especificamente a minha direita, tirando todo meu desfoque da realidade. Me deixa em paz, porra!

- Não. - respondi grossa antes de olhar para a figura que me pertubava por dois segundos. Certo, era um rapaz, alto, loiro dos cabelos compridos e olhos azuis. Não vi ele carregando caixa alguma, deve estar mais perdido do que eu.

- Deu pra sacar. Faz o que aqui então? Ninguém fica sentada aí igual morta sem motivo. - me analisou antes de prosseguir, eu devo estar com a maior cara de merda possível. Homens. - Você é uma fã então que conseguiu VIP pra essa noite? - deu pra notar a malícia em sua voz, esse imbecil acha que eu sou uma groupie que vim pro backstage afim de foder o guitarrista? Me respeita né garoto.

- Não. Não me interesso pela banda, não tenho interesse nos integrantes, se é isso o que você quer saber. - fiz a linha grossa e desinteressada. Paciência Lizzie. - Mas o que você quer hein?

- Nada. Mas não é todo dia que se tem uma garota parada igual zumbi no backstage. - riu de forma irritante para meus ouvidos. Beleza, eu sou um zumbi, você humano, como seu papel, se afaste de mim. Grata.

- Não to aqui por vontade própria. A filhinha do papai veio acompanhar o trabalho dele. Estou extremamente animada, obrigada por notar. - a rainha da ironia voltou!

- Filha? Você é filha de quem? - perguntou curioso como uma criança. A ironia foi pra você vazar, entenda.

- O chefão da produção. - olhei em volta, era muita gente mesmo. - Mas ele atende por Alan.

- Richard? Alan Richard? Porque não avisou antes? Seu pai é extremamente foda! - o rapaz pareceu super animado com a notícia. Eu não teria a mesma reação se soubesse o que ele causou na minha família. - Ele ajudou muito a gente, devemos uma vida pra ele.

- É… - estava confusa, aliás, quem é esse cara? Porque ele conhece meu pai? Ou pior, porque ele o elogia? - E você é quem?

- James. Hetfield. - disse esnobe como se seu nome valesse ouro. - É Louise, não é? Seu pai fala bastante de você, e pelo visto estava certo quando disse que você é emburrada. - disse a última frase baixo, mas pude ouvir com muita clareza. Ótimo, meu pai me difamando, que beleza!

- Lizzie. - repreendi após ouvir o nome indesejado. - Você trabalha aqui por isso conhece Alan? - ele riu.

- Não, Louise. Pro seu azar eu sou vocalista da banda que você não está interessada. - riu novamente, e eu mantive a minha cara de sínica de sempre. - Você só vai ficar pro show de hoje?

- Pro meu azar, não. Tenho um mês pra ficar trancada nesse inferno. Que maravilha, não? - Dale, ironia!

- Então eu tenho muito tempo pra te tornar a maior fã do Metallica que já pisou nesse planeta. - divertiu-se com as palavras. Resolvi entrar no seu joguinho.

- Você vai precisar mais de um mês para que isso aconteça. Já ouvi suas músicas, não me surpreendi. - respondi e não pude deixar de mostrar um sorriso vitorioso ao ve-lo inconformado com minhas palavras.

- Não tenho pressa, posso demorar o tempo que for, mas não deixo de cumprir meus objetivos.

Antes que eu pudesse responder alguma coisa pra calar a boca desse narcisista imprestável, surge uma voz ecoando os corredores.

- Ei, Hetfield! 10 minutos, não é hora de ficar flertando. Os rapazes estão esperando. - um homem gritou do outro lado do corretor, alto suficiente para que todos que estavam atentos olhassem em nossa direção, e eu pude ver que Alan apareceu e nos olhou repreendendo. Flertando? Fala sério.

O tal Hetfield assediu, olhou para mim e deu um sorrisinho fechado, antes de se locomover em direção as laterais do palco, disse da forma mais brincalhona possível:

- Será um longo mês, Louise.

E saiu andando.

- Lizzie, porra. - respondi baixo já irritada pensando no que viria nos próximos dias. Um longo mês.