História Juntas pelo Acaso - Mommies.

Já era tarde quando Emma chegou da delegacia.Entrou em casa, torcendo para que todos estivessem dormindo porque era exatamente isso que ela própria mais desejava naquele momento: banho e cama. A xerife começou a fazer o caminho para seu quarto, mas se deteve ao ouvir vozes e ver que a luz da suíte de Regina estava acesa. Com cuidado para não ser vista, Emma encostou na porta entreaberta e tentou não rir da cena que assistia.

– Gina. Gi-na. - Ela ouviu Regina dizer repetidamente, tomando o cuidado de separar as sílabas e falar bem devagar. - Repete com a tia: Gina.

Elsa, que prestava atenção na morena, balbuciou alguma coisa. Coisa essa que certamente não era 'Gina', Emma concluiu divertida. A prefeita tentou mais vez.

– Vamos, Els. Você sabe falar "água". "Gina" é muito mais fácil. - apelou. - Gi-na.

Regina gemeu em frustração ao ver que agora a atenção de Elsa estava toda voltada aos brinquedos que a cercavam. A morena se jogou de costas na cama, suspirando de forma dramática. Fechou os olhos por alguns segundos, antes de ouvir a risada de Emma no quarto. Se virou para a loira, que agora dava alguns passos para dentro do cômodo.

– Se implorar para ouvir seu nome era sua tática como Rainha, não me surpreende que meus pais tenham tirado o reino de você, Gina.- Emma zombou. Regina se sentou na cama, cruzando os braços como uma criança emburrada.

– Me chame assim mais uma vez e vai saber quais eram minhas táticas. - ameaçou. Emma pegou Elsa no colo e se virou para ela.

– O que uma pessoa que se chama Gina poderia fazer?

– Arrancar seu coração, talvez. - respondeu num tom sombrio, mas deu de ombros ao ver que Emma riu.

– É sério, Swan. Se você tem amor à sua vida e não é um bebê aprendendo a falar, não me chame por esse apelido. - advertiu, dando as costas para ela e indo até o banheiro.

Emma assentiu ainda rindo, mas se calou ao reparar como Regina estava vestida.

– Vai sair? - a loira perguntou casualmente enquanto se sentava na beirada da cama e colocava Elsa no chão.

– Sim, mas não demoro. - veio a resposta do banheiro. - Vou apenas jantar.

Emma assentiu, embora a morena não a visse.

– Com Robin Hood? - Regina franziu a testa em frente ao espelho, não gostando da reprovação notável na voz de Emma.

– Algum problema? - questionou, aparecendo na porta, as mãos na cintura. Emma encolheu os ombros.

– O fato de ele ser casado, talvez? - Regina revirou os olhos. Já conhecia aquele discurso.

– É um jantar entre amigos. - explicou enquanto se abaixava para dar atenção à Elsa que foi até ela com um brinquedo nas mãos. Ela pegou e sorriu para a menina, antes de voltar a encarar Emma.

– E se eu quisesse conselhos ou lições de moral, eu falaria com o grilo falante.

Apesar das palavras, a voz de Regina era calma. Não estava brigando com Emma, apenas não queria entrar naquela conversa. Por isso a morena não entendeu quando a xerife a encarou com o rosto vermelho de raiva.

– Você tem razão. - Emma disse seca, se levantando da cama. - Mas essa sexta é sua, então se vira.

Regina ficou parada enquanto via a loira sair do quarto batendo os pés.

– Quem essa salvadora pensa que é? -a morena reclamou, andando em círculos pelo quarto. - Deve estar me confundindo com os irresponsáveis dos pais dela! - disse nervosa. Emma conseguia tirá-la do sério.

Regina respirou fundo a fim de se acalmar, antes de pegar Elsa no colo.

– Vem, querida. Não se preocupe, não é com você que estou brigando. - ela sorriu, saindo do quarto.

– É com a louca da Emma! - completou em voz alta no corredor, dando ênfase no adjetivo para que Emma escutasse, e então foi para o antigo quarto de hóspedes que agora era de Elsa.

Regina ainda ficou um bom tempo brincando com Elsa, até a hora em que a garotinha finalmente foi vencida pelo sono. A prefeita sorriu, orgulhosa de si mesma ao colocar a menina no berço e ver que ainda estava dentro do horário combinado com Robin. Ela pegou a bolsa em cima de uma poltrona e saiu, mas se deteve na porta de Emma.

– Emma? - Ela deu duas batidas e esperou. Achou que não teria resposta, mas a loira abriu um pouco a porta, apenas o suficiente para encará-la com uma expressão irritada. Regina teve vontade de rir da infantilidade dela.

– Eu já dei banho na Els, dei comida e ela está dormindo. Você sabe que ela dorme a noite toda, e eu não vou demorar. É só um jantar e eu já volto.

A xerife deu de ombros. Regina revirou os olhos, começando a se cansar daquilo.

– Qualquer coisa me ligue, vou estar com celular. - Ela esperou Emma falar alguma coisa, mas ao ver que a xerife apenas assentiu, a prefeita suspirou e deu as costas para ela.

Regina já estava quase na escada quando Emma abriu a porta do quarto e foi até o corredor.

– Regina? - chamou, fazendo a outra mulher se virar para encará-la.

– Sim?

– Não se preocupe, eu olho ela. - Regina sorriu quando não ouviu raiva na voz de Emma. Ela assentiu e já ia sair quando Emma falou:

– Bom jantar, Gina. - Regina abriu a boca para dar uma resposta mal criada mas se calou ao ver que Emma ria. Melhor assim, pensou. Ela começou a descer as escadas e já estava quase na porta quando Emma gritou num tom divertido. - Cuidado para ele não roubar sua bolsa!

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O choro na babá eletrônica acordou Emma. Ainda sonolenta, a loira foi até o quarto ao lado e estranhou ver Elsa em pé no berço, ela não tinha o costume de acordar durante a noite.

– Hey, pequena. O que houve? - Disse ao pegá-la no colo. - Ninguém te falou que é proibido chorar a noite? - murmurou entre bocejos. Emma tentou ninar a menina, mas não conseguiu tranquilizá-la. Ela tentou fazer Elsa voltar a dormir, mas acabou desistindo.

– Vamos para sala. Aqueles desenhos fazem milagre. - decidiu por fim, já descendo as escadas com Elsa no colo.

Não demorou muito para que Elsa ficasse hipnotizada com a televisão. Emma aproveitou que a menina estava concentrada e foi até a cozinha pegar alguma coisa para comer. Já que iria ficar acordada de madrugada, que fosse com comida, pelo menos. A xerife estava terminando de preparar um sanduíche quando sentiu as mãozinhas geladas de Elsa em sua perna.

– Oi, princesa. Porque não me esperou lá na sala? - Perguntou sorrindo, enquanto limpava a mão em um pano de prato.

Elsa esticou os bracinhos pedindo colo enquanto balbuciava "mama". Emma largou o que está fazendo, arregalando os olhos ao pegar a menina.

– Isso, Els! Tá quase certo! - Ela encorajou, colocando Elsa sentada no balcão, de frente para ela. - Fala assim: Em-ma.

– Mama. - Elsa repetiu, fazendo Emma dar um sorriso radiante. Eufórica, a loira esbarrou na jarra de suco, derramando o líquido no chão.

– Merda! - praguejou, torcendo para Elsa não repetisse aquilo na frente de Regina. - Fica aqui quietinha que eu vou pegar um pano. - disse, colocando a menina no chão pra que ela não caísse de onde estava. A loira secou o chão, e pegou um vidro com produto de limpeza.

– Se Regina chegar e esse chão tiver grudento, ela me mata, né? - brincou, olhando para Elsa que a observava. Ela riu e apontou para Emma.

– Mamãe. - disse, dessa vez de forma clara. Tão clara que Emma deixou cair o vidro que estava em sua mão. A xerife piscou algumas vezes, tentando absorver aquilo.

– Não, não, não... - Ela se abaixou para ficar da altura de Elsa, que a olhou sem entender seu nervosismo. - Emma. Fala pra tia ouvir, Elsa: Emma. Não é mamãe, é Emma.

– Mamãe. - Elsa repetiu e agarrou a perna de Emma. A xerife respirou fundo um pouco desesperada, sem saber o que fazer. Por um momento se sentiu pressionada, mas quando olhou para baixo viu Elsa sorrindo o desespero sumiu e ela sorriu também. Ela se abaixou e pegou a menina no colo.

– Isso aí, princesa. - disse sorridente, dando um beijo estalado na bochecha dela. - Acho que você tá certa.

Como se de repente tivesse caído a ficha do que acabara de acontecer, Emma apertou Elsa em um abraço e distribuiu beijinhos pelo seu rosto, fazendo a garotinha rir. A xerife riu também, tentando se lembrar da última vez que se sentira tão feliz como naquele momento. Ao não conseguir, ela apenas deu de ombros, provavelmente nunca havia sentido aquilo na vida. Emma perdeu a conta de quantas vezes Elsa repetira a palavra 'mamãe' em um minuto, como se precisasse daquilo para memorizar.

– Ok... - Emma disse ohando ao seu redor quando a euforia começou a diminuir.

– Preciso limpar essa cozinha Antes que Regina chegue e... - Ela parou subitamente, seus lábios se curvaram em um sorriso ao procurar o celular sobre a bancada da cozinha. - Precisamos contar isso pra Regina. Ela vai surtar.

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Regina checou a conta atentamente antes de entregar algumas notas ao garçom. Por um momento tentou imaginar o que Emma diria se soubesse que era ela quem estava pagando a conta. "Que tipo de ladrão não tem dinheiro pra um jantar?" A morena não pôde deixar de rir com o pensamento.

– O que foi? O que é tão engraçado? - Robin perguntou confuso, tirando a prefeita de seu mundo particular. Ela apenas sacudiu a cabeça.

– Não é nada. Estava só pensando.

– Vamos? - ele sugeriu, se levantando e estendendo a mão para ela. Regina sorriu e de braços dados, eles deixaram o restaurante.

Apesar do frio que fazia do lado de fora, resolveram ir caminhando. Andaram um bom tempo em silêncio até Regina perceber que estavam indo para um lado mais deserto da cidade.

– Robin, pra estamos indo? - perguntou ansiosa, olhando o relógio em seu braço como fizera de 5 em 5 minutos durante toda a noite. - Eu não posso demorar porque...

– Por causa de Emma e das crianças, eu sei. - completou por ela. Robin chegou mais perto da morena, até não deixar quase nenhum espaço entre eles. - Só queria ficar sozinho com você.

Regina fechou os olhos, sentindo a respiração dele perto de seu rosto.

– Estava com saudades. - ele sussurrou, antes de passar a mão pelo cabelo dela. A rainha se inclinou para beija-lo. Seus lábios estavam a ponto de se tocar quando o barulho do telefone de Regina interrompeu.

– Emma! - ela disse se afastando dele rapidamente, como se de repente se desse conta de que era errado. Procurou o telefone na bolsa e atendeu.

– Swan? Aconteceu alguma coisa? - perguntou nervosa. Regina levantou um dedo para Robin pedindo para esperar e ele o fez.

– Na verdade aconteceu sim. É que...

Antes mesmo que Emma terminasse sua frase, Regina desligou o telefone. Uma fumaça roxa envolveu a prefeita e ela desapareceu, deixando Robin sozinho e atordoado no meio da rua.

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– O que diabos você ta fazendo aqui? - Emma interrogou perplexa vendo Regina aparecer dentro de casa, as duas com o telefone ainda nas mãos.

– Eu fiquei preocupada, você disse que aconteceu alguma coisa e... - Ela parou ao ver Emma sorrindo. Suspirou e cruzou os braços. - Não aconteceu nada, não é?

– Aconteceu! - a loira afirmou com a cabeça. - Mas não foi nada de ruim. Você tem que ver. - disse, puxando Regina pelo braço até a sala, onde Elsa assistia desenhos. Ao ver Regina, a garota se levantou e foi correndo até ela.

– O que ela faz acordada? - perguntou para Emma, pegando a criança no colo e dando um beijo nela. A xerife deu de ombros.

– Boa pergunta. - a xerife chegou mais perto delas e sorriu para Elsa. - Anda, Els. Fala pra ela o que eu sou sua.

Regina olhou para ela surpresa.

– Ela disse seu nome? - Emma negou com a cabeça e tentou mais uma vez.

– Elsa, repete pra ela o que você falou pra mim. - pediu sorridente. Elas esperaram, mas Elsa ficou em silêncio, olhando de uma para a outra. Regina riu e colocou Elsa sentada no sofá, antes de ir até a cozinha.

– Regina... - Emma chamou enquanto a seguia.

– Talvez você tenha sonhado, senhorita Swan. - Provocou com um sorriso no rosto, mesmo estando de costas para a loira. Emma cruzou os braços e ficou olhando a outra mulher se servir um copo de suco.

– Eu juro, Regina. Juro pra você que ela me chamou de...

– Mamãe! - Elsa entrou na cozinha gritando, o que fez Regina se engasgar com seu suco. Emma pegou Elsa no colo e deu um sorriso triunfante para a prefeita, que ainda olhava em estado de choque.

– Viu? Eu falei. - a loira comemorou. Regina se recompôs e sorriu para Elsa, com algumas lágrimas nos olhos.

– Hey, querida! Parabéns! - Emma notou a mistura de decepção e felicidade na voz da morena. Regina virou-se para ela e sorriu. - Quanto você pagou para a menina, Swan? - implicou.

Emma ia abrir a boca para responder, mas Elsa se debruçou na direção de Regina, pedindo colo.

– Mamãe! Mamãe! - ela chamou, esticando os bracinhos para Regina. Emma nunca tinha visto a rainha sorrir como naquele momento. Gostaria de poder tirar uma foto, os olhos castanhos chegavam a brilhar. Ela pegou Elsa do colo de Emma e a abraçou um pouco forte demais.

– Ai, mamãe! - A menina reclamou fazendo as duas rirem. Regina afrouxou o abraço e deu um beijo estalado em sua bochecha.

– Regina, não é porque ela só sabe falar uma palavra que você precisa esmagar a coitada, ok? Ela vai aprender outras, relaxa. - Emma implicou, fazendo Regina revirar os olhos.

– Você nunca sabe a hora de ficar quieta, não é? - a morena reclamou, embora não parasse de sorrir nem por um segundo.

Emma deu de ombros e voltou para a sala. Regina foi atrás dela e desligou a televisão.

– Vamos assistir no meu quarto. - sugeriu já indo até as escadas com Elsa ainda no colo. Baixou a voz para um sussurro ao acrescentar. - Ela está morrendo de sono.

Emma assentiu e seguiu elas, ansiosa pra se jogar na cama de Regina. Com certeza não tinha outra cama no mundo mais confortável que aquela, costumava dizer. Regina só tirou os sapatos e o casaco antes de colocar Elsa deitada no meio da cama, com Emma de um lado e ela do outro.

– E Henry? - a morena perguntou, ligando a tv. Emma encolheu os ombros enquanto se ajeitava no meio do exagero de travesseiros que Regina tinha.

–Dormindo. Ele não acorda por nada, você sabe. - Regina balançou a cabeça rindo e se deitou ao lado de Elsa.

– Finalmente. - Emma sussurrou depois de um tempo, ao ver que Elsa dormia. Quando não ouviu resposta, achou que Regina também havia adormecido, mas olhou para o lado e viu que ela encarava o teto fixamente. - Regina?

A morena se assustou ao ser tirada de seus devaneios. Olhou para Emma por um segundo antes de voltar a olhar o teto.

– Ela pensa que somos mães dela. - A voz de Regina era tão baixa que Emma se esforçou para ouvir. A xerife suspirou, um pouco aliviada por não ser a única confusa com aquilo tudo.

– Também fiquei assustada. - confessou, olhando para cima também. - Mas acho que foi isso que Gold quis dizer com "ficar com ela".

– Talvez.

Elas ficaram quietas por um tempo antes de Emma falar.

– Regina, assistimos um desenho de porcos até as quatro da manhã. - disse com a voz arrastada de sono. - Acho que isso nos qualifica como mães.

Regina riu baixo, um pouco mais tranquila.

– Sim. Eu acho que qualifica mesmo. E o desenho se chama Peppa, para sua informação.

O silêncio voltou a reinar no quarto escuro e Regina já estava quase dormindo quando ouviu seu nome.

– Regina, posso te fazer uma pergunta? - a morena se esforçou para prestar atenção.

– Pode. - murmurou sonolenta.

– Você, por acaso, chegou a dar um tchau pro Robin?

Emma riu ao ver Regina abrir os olhos e sentar na cama assustada. Queria ter filmado a cara que ela fez ao tatear o criado mudo na procura do celular.

– É... Imaginei. - a loira disse ainda rindo antes de virar para o outro lado e dormir.