História Just A Normal Teenage Romance - Cast's Parents

Lembro-me do dia que meus pais vieram nos visitar. Já faziam duas semanas que Nath estava comigo, e fora apenas naquele momento que seus pais decidiram se preocupar com ele. Descobriram, de alguma forma, que estava comigo, e conseguiram o número dos meus pais. No dia seguinte eles vieram me visitar, mais preocupados que zangados, felizmente.

Mamãe fez questão de saber toda nossa parte da história (já que aparentemente os pais do Nath haviam contado a versão deles), já meu pai apenas nos ouviu calado, vez ou outra acenando positivamente ou esboçando expressões de desconforto quando eu contei sobre os hematomas do Nath.

Nós falamos apenas sobre o incidente da ligação que havia deixado o pai do Nath desconfiado, em nenhum momento mencionamos como havíamos nos conhecido ou qual nossa relação, mas meus pais não pareciam se importar muito com esse detalhe. Eles trataram Nath como um filho, mamãe o abraçou e consolou, e disse que cuidaria de seus ferimentos, por mais que ele tivesse insistido que eles quase não doíam mais. Papai, que parecia ainda meio perdido naquela situação, disse que Nath poderia ficar comigo por quanto tempo quisesse, e que ele conversaria com seus pais e tentaria chegar a um acordo. No final da tarde eles foram embora, com a promessa de que voltariam em breve com notícias.

_ Eles acharam que somos só amigos, não acharam?- perguntou-me, a voz tristinha, encolhido em meus braços enquanto assistíamos a um filme qualquer.

_ Não.- eu sorri, o que chamou sua atenção.- Eles só não complicaram a ideia.

_ Como assim?

_ Mamãe deve ter entendido que eu só não te apresentei como o amor da minha vida porque aquele não era o momento adequado.- expliquei, e ele se encolheu, envergonhado.- Seria muita informação até mesmo pra eles. “Oi pai, oi mãe, esse é o Nath, meu namorado, e eu salvei ele das garras dos pais abusivos. Ah é, eu sou gay, yey!”

Nath riu com minha encenação exagerada, e me abraçou por debaixo dos cobertores quentinhos.

_ Eu tenho muito medo.- sussurrou ele, depois de um tempo em silêncio.

_ Medo do que?

_ Desse sonho acabar. De eu ter que acordar e voltar pra casa, pra minha realidade.

Eu suspirei fundo e o olhei nos olhos.

_ Eu não sou um sonho, Alice. Esse coelho aqui é sua realidade agora, okay? Vou te manter acordado aqui comigo.

Nath pareceu confuso com minha afirmação tão convicta. Talvez ele ainda estivesse tentando acreditar que eu falava sério, talvez ainda fosse muita informação para aquele coração frágil que viveu à sombra dos pais rigorosos durante tanto tempo. Mas eu teria paciência, esperaria por ele e por sua confiança. Ele merecia ter seu tempo para se acostumar, depois de anos de submissão ao tempo dos outros.

…

Aquela foi a primeira noite que dormimos juntos. Durante todos aquelas duas semanas ele havia dormido no quarto de hóspedes, mas naquela noite ouvi batidas na minha porta.

_ Posso ficar aqui?- foi tudo que disse.

Chamei-o para vir deitar comigo, e ele se encolheu ao meu lado.

Eu sempre tive medo de tocá-lo, não queria que se assustasse ou se machucasse com o que quer que eu fizesse, e ele mesmo parecia desconfortável com toques num geral. Mas foi incrível quando se aproximou de mim, se agarrou ao meu tronco e suspirou baixinho. Nath era quente, e seus cabelos tinham cheiro de maçã (o que me surpreendeu, na realidade). Ele não se assustou quando eu o puxei para mais perto e nossas pernas entrelaçaram, nem quando beijei sua testa e sussurrei boa noite ao pé do seu ouvido. E isso me deixou bastante contente, saber que ele confiava em mim àquele ponto.