História Just Like Fire - Capítulo 16

Cameron:

E com a resposta dela me pegando de surpresa, eu fiquei ali deitado na cama, sorrindo e esperando ela sair do banho. Ouço meu celular tocar e vejo que é meu pai:

- Oi pai? - atendo.
- Cameron, aonde está? - pergunta.
- Bom dia para você também... - digo sarcástico - Não precisa se preocupar, estou na Lise.
- Porque não avisou que ia dormir fora Alexander? - essa mania irritante de me chamar por esse nome.
- Nem eu sabia que ia dormir fora... - sorrio - Me desculpa!
- Tudo bem... - responde e ouço seu suspiro do outro lado - Vem almoçar em casa?
- Acho que sim! - respondo, pois não tenho certeza de nada.
- Okay, beijos - ele encerra a ligação.

Desligo meu celular e coloco ele em cima da mesa do abajur de Lise, vejo ela sair do banheiro já trocada e com a toalha enrolada no cabelo.

— Se quiser ir tomar banho, pode ir! - ela diz e eu assento.

Me levanto da cama e ela me entrega uma toalha, quando estava perto de entrar no banheiro, volto e puxo ela para um selinho, ela faz cara de surpresa mas não deixa de sorrir. Vou até o banheiro, tiro as peças de roupas da Lise e dobro-as deixando no lugar onde estava as minhas, tomei meu banho, escovei meus dentes e me troquei. Saio do banheiro e encontro a pequena secando o cabelo com o secador.

— Que negócio barulhento. - reclamo do secador.

— Ih, mas já tá assim já é? - ela dá risada e eu reviro os olhos. Arrumo a cama para ela e fico aguardando a princesa terminar de se arrumar. Quando ela desliga o secador, dou graças a Deus.

— Achei que não ia acabar nunca. - digo e ela revira os olhos dando risada.

— Chato... - ela diz se jogando na cama e eu dou risada - Estou com preguiça! - ela deita com a cabeça em minha barriga e eu começo a fazer carinho em seu cabelo.

— Então vamos logo pequena, antes que voltemos a dormir! - damos risada e ela se senta novamente na cama.

— Vamos.. - ela se levanta - Tenho que trazer café para Clark!

— Chama ela para ir com a gente. - digo e ela nega.

— Não, ela não vai querer ir! - dá risada e eu fico sem entender o porquê, apenas dou de ombros, pego meu celular e descemos.

Já estávamos a caminho da cafeteria, fomos apé mesmo e era perto. O caminho todo fomos abraçados e chegando lá, vejo que é a mesma cafeteria que nos encontramos aquele dia em que eu estava com os garotos.

Fizemos nossos pedidos e nos sentamos em uma mesa bem escondida.

— Pretende algum dia voltar para o Brasil? - pergunto e ela se surpreende.

— Não sei... - dá um gole em seu café - Se caso eu voltar, tem que ser para um estado longe do Rio!

— Porque você não tenta reencontrar sua família Lise? Você não acha que eles sentem sua falta? - não controlo as perguntas.

— Cameron eles não querem saber de mim e eu muito menos deles, se fosse para sentir falta, pensariam antes de me mandarem embora de casa! - sinto a irritação em sua voz. Mas eu não vou desistir, não consigo ver uma garota de 20 anos sem sua família ali do seu lado e eu tenho certeza que ela sente falta deles.

— Annelise, tenho certeza que eles fizeram isso apenas para te testar... - digo e ela revira os olhos, colocando sua xícara na mesa - Isso já aconteceu comigo. Quantas vezes meu pai me mandou embora de casa e no final das contas não era isto que ele queria!

— Fala sério Cameron, não acredito que você tá comparando as nossas histórias... - ela realmente está ficando nervosa - Presta atenção, somos iguais na parte em que tínhamos tudo o que queríamos ou na verdade você ainda tem, mas eu não, não fui fraca ao ponto de me afundar em drogas e acabar com a minha vida... - doeu, isso doeu e muito - Eu saí de casa para seguir meu sonho e ser o que sou hoje! - ela bate com a mão na mesa e se levanta indo até o caixa, me deixando sentado sozinho.

Vi que ela pagou a conta e saiu andando para a porta da cafeteria, ela já tinha saído e eu me mantinha intacto na cadeira, me chateou o que ela disse e eu juro que não queria nada disso, só queria tomar café em paz com ela, mas como sempre eu tenho que abrir a merda da boca e estragar tudo.

Annelise:

Eu saí daquele lugar antes de falar mais coisas que não devia, sei que devo ter chateado Cam, mas eu odeio tocar no assunto que envolve minha família. Seguia o caminho para casa chorando, não por conta dele ter tocado no assunto do Brasil, mas sim porque eu machuquei ele com as minhas malditas palavras!

Ao chegar no prédio, subo o mais rápido possível para o ap e quando adentro o mesmo, me jogo no sofá e choro feito uma boba, tanto tempo que eu não choro assim.

Já se passou trinta minutos e nada do Cameron, vou até a janela da sala para ver se vejo o carro dele lá embaixo e o mesmo continua estacionado na frente do prédio. Resolvo ligar para ele:

- Oi? - ele atende depois de cinco toques.
- Cameron... - digo nervosa - Onde você está?
- Na cafeteria! - ele responde seco e eu estou me odiando por ter que ouvir esse tom dele.
- Okay. - respondo e ficamos uns dois minutos em silêncio.
- Vou desligar. - ele diz e meu coração se quebra em pedacinhos - Tchau! - não deu nem tempo de eu responder e ele já havia desligado.

Desligo meu celular e vejo Clark descendo as escadas, suspiro e me sento no sofá, pegando uma almofada e gritando contra ela de raiva.

— Que isso Lise, o que houve? - ela pergunta vindo para perto de mim.

— Eu faço tudo errado... - respondo tirando a almofada do rosto - Que raiva!

— Cameron? - ela pergunta e eu apenas concordo com a cabeça - Vai atrás minha filha, eu hein! - quando ela diz isso, decido descer e esperar ele perto do carro.

Já estou aqui embaixo à uns 15 minutos e não aguento mais ficar esperando, será que ele foi embora sem o carro só para não ter que me encontrar? Enquanto isso rodeava minha cabeça, vejo ele vindo e solto um suspiro aliviada.

— Porque está aqui? - ele pergunta e de novo tive que presenciar seu tom seco.

— Cameron... - estou nervosa - Por favor, me desculpa! Eu sei que disse bobagem, a questão é que tocar no assunto de minha família, me deixa irritada e sempre faço isso, saio falando o que não devo! - digo tudo isso mantendo meu olhar no dele.

— Olha Lise... - pelo menos ele ainda está me chamando pelo apelido - Eu sei que você está certa em tudo que disse, mas eu não estava ali te julgando, estava apenas tentando te entender.

— Eu sei e não queria te julgar, pelo contrário, te acho um garoto incrível e apesar de ter esses problemas, ainda assim um guerreiro por estar com o pai e tentando seguir em frente! - não consigo evitar meu sorriso.

— Não sorri desse jeito, pelo amor de Deus garota! - ele diz tampando os olhos e eu dou risada, tiro suas mãos e seguro-as.

— Você me desculpa? - pergunto séria e ele beija o topo da minha cabeça.

— Está desculpada pequena! - pulo lhe dando um abraço e ele me ergue no colo, depois me coloca de volta ao chão.

— Agora que já está tudo bem, pode ir embora... - digo zombando e ele faz cara de ofendido - Estou brincando! - lhe dou um selinho e ele sorri, me puxando para iniciar um beijo. Se toda vez que formos discutir terminar assim, será ótimo.