História Just like that - Capítulo 15.

                      Caleb

  Depois que Matthew subiu as escadas para o segundo andar, Jackie me levou até a cozinha, onde me ofereceu um café e eu aceitei. 

  - O que seu irmão tinha? - perguntei, enquando ela enchia duas xícaras de café e as colocava sobre o balcão. 

  Jackie estava linda, mesmo que seus cachos já tivessem se desfeito e o cabelo voltou a ficar liso, e um pouco bagunçando, porém isso era meio que culpa minha. 

  Seu batom tinha saído também, e isso também era culpa minha. 

  Ela ainda vestia a minha regata tinha tirado o casaco, deixando à mostra o top que usava por baixo. 

  - Ele tá meio pra baixo, por que a Ângela beijou ele aí a Chloe viu e saiu correndo. Ele acha que ela deve estar sofrendo em algum canto. - ela explicou e tomou um gole de café. - Meio narcisista da parte dele achar que uma garota vai sofrer por sua causa, não acha? 

  - Concordo. Pensando nisso, a Chloe deu notícias à você depois disso? - Jackie checou o celular. 

  - Não, tentei ligar umas três vezes mas ela não me atende. Tô começando à ficar preocupada. - ela falou, encarando a xícara. 

  Respirei fundo e toquei sua mão, ela correspondeu, entrelaçando seus dedos aos meus. 

  Era bom sentir seu toque, e percebi pela primeira vez que, estava segurando a mão de uma garota e nem tínhamos transado ainda. 

  Só uns beijos num vestiário... E que beijos!

  - Que horas você tem que voltar pra casa? - ela perguntou, com a cabeça deitada sobre o braço que segurava minha mão. 

  Dei um risinho. 

  - Eu não tenho horas para voltar pra casa. 

  E não tinha mesmo, afinal, o clima lá em casa estava tão péssimo que até minha mãe me disse para passar à noite fora. 

  - Ótimo, então você vai dormir comigo. - ela sorriu e eu não pude evitar um sorriso de canto, que deixava claro meus pensamentos obcenos. 

  Jackie percebeu e revirou os olhos. 

  - Nem pense nisso, seu tarado. - e sorriu, pulando do banco e puxando meu braço, e assim me arrastou até o quarto.   

  Entramos e ela fechou a porta, a trancando é depois explicou: 

  - Medo de que a Ângela entre no meu quarto de madrugada. - e depois Jackie começou a procurar alguma coisa em sua escrivaninha bagunçada. 

  Olhei ao redor, seu quarto era incrível. E para evitar ficar olhando para sua maravilhosa bunda, decidi ir ver as coisas em sua estante. 

  Lá ela tinha uma coleção de câmeras semi profissionais e profissionais, algumas antigas e outras bem modernas. Todas enfileiradas uma ao lado da outra. Fiquei imaginando se ela gostava tanto de fotografia assim. 

  Jackie também tinha uma coleção de livros bem grande, algumas clássicas como Harry Potter e Percy Jackson e outras que eu não conhecia, e alguns exemplares antigos e bem grandes de poesia. 

  Jackieline era realmente uma pessoa interessante. 

  Além dos livros e as câmeras, ela também tinha vários discos de vinil. E havia também um pequeno porta jóias que segurava os discos que eu não havia percebido. 

  Sim, abri-lo talvez fosse invasão de privacidade, mas a curiosidade foi mais forte. 

  Ali dentro encontrei algo que me surpreendeu: uma carteira de cigarros Marlboro light e um isqueiro preto. 

  - Jackie, você fuma? - a pergunta simplesmente escapou dos meus lábios, ficando no ar enquanto Jackie parou bruscamente de mexer em sua escrivaninha e ficou de costas para mim. 

  - Ah... - foi tudo que ela conseguiu dizer antes de correr em minha direção e guardar os cigarros na mesma caixinha de jóias e continuou pelo quarto como se nada tivesse acontecido. 

  - Por que você fuma? 

  - Isso não importa. - ela respondeu, seca. 

  Jackie evitava de olhar em meu rosto enquanto perambulava pelo quarto, e então pegou o controle da tv sobre a escrivaninha e a ligou. 

  - Vem, vamos ver um filme. - ela se desligou as luzes e se atirou na cama. 

  Caminhei até ela no escuro e me deitei ao seu lado, puxando-a para mim, para que ficasse sobre meu peito. 

  - Eu não fumava sempre. - ela começou a falar, com o rosto iluminado pela tv, onde a Netflix estava carregando uma lista de filmes. - Antes era apenas em festas e quando estava com amigos. Mas depois que meus pais morreram, se tornou um vício constante, assim como a cafeína. 

  Apoiei meu queixo sobre sua cabeça, sentindo o cheiro de seus cabelos. 

  - Cada cigarro é um dia à menos da sua vida. - falei, e logo depois segurei sua mão. 

  Jackie não quis responder, parecia estar pensativa. 

  Eu não deixaria de gostar dela apenas pelo fato de Jackie ser fumante. Afinal, todos nós tínhamos vícios. Eu bebia, Chloe se enchia de analgésicos e antidepressivos e por aí vai. 

  Só... Me preocupava e queria entender como não havia percebido antes. 

  - Seu irmão sabe? - perguntei, enquanto ela escolhia algum filme na tv. 

  - Sabe. Ele parou de fumar ano passado, mas não se importa de me ver fumando. Apenas fica me avisando de que se eu tiver um câncer, ele não vai ir me cuidar no hospital. - ela deu uma leve risada. - Vamos ver... Sobrenatural? 

  - Okay. 

  Sobrenatural era um filme onde um garoto entra em coma e seu corpo começa à atrair espíritos malignos. 

  Assistimos o filme em silêncio, as vezes levando sustos e dando risadas, mas de resto, total silêncio. 

  Quando o filme estava quase acabando, a campainha tocou e Jackie saltou da cama e pegou um casaco. 

  - Levanta e vem comigo, tô com medo. - ela pediu, mas sua voz saiu tão autoritária e parecia até uma ordem. E eu levantei sem reclamar e fomos para o primeiro andar, ascendendo todas as luzes pelo caminho. 

  Paramos à porta da frente e Jackie olhou pelo "Olho mágico" e depois deu um suspiro, aliviada. 

  - É o pai da Chloe. 

  Pai da Chloe? O que ele queria ali à essas horas? 

  Jackieline abriu a porta e olhou para Daniel, dando um leve sorriso. 

  - Oi. Posso ajudar? 

  - Oi, é que não consigo ligar para a Chloe, ela não me atende. Então quis vim ver se ela está bem. - Jackie ficou sem reação, assim como eu. 

  - Chloe não voltou para casa hoje de manhã? - ela perguntou, colocando as mãos no cabelo, estava começando à ficar agitada. - Ela saiu hoje de manhã daqui, não foi a escola. Pensei que estivesse em casa. 

  O rosto de Daniel ficou branco, acho que agora nós três estávamos agitados. 

  Chloe era chata e irritante de vez em quando, mas todos nos preocupavamos.

  Senti a ansiedade crescer dentro de mim e logo percebi que tremia. 

  Chloe podia estar de boas em alguma festa ou com algum garoto hippie ou desacordada em algum beco sujo e frio. 

  Esse pensamento me arrepiou. 

  - Chloe... Sumiu. - Daniel sussurrou para si mesmo, passando os dedos pelo cabelo, numa tentativa de se acalmar. 

  - Como assim ela sumiu? - Matthew apareceu no topo da escada. 

  E então, tudo virou um mar de preocupação em busca de Chloe.