Matthew.
Eram seis horas quando cheguei em casa. Estacionei meu Ford Edge dentro da garagem e fechei o portão. Sai do carro e passei por uma porta que dava direto na cozinha.
Atravessei a cozinha e encontrei Jackie na sala, deitada de um jeito estranho no sofá.
Ela estava deitada de cabeça para baixo e as pernas para cima, encarando fixamente o celular que estava sobre a mesinha de centro.
E claro, ela balançava freneticamente os pequenos pés.
- Esperando a mensagem de alguém? - perguntei, depois tirei o paletó e me deitei do meus jeito que ela, e nós dois ficamos olhando fixamente para o celular.
- Eu pareço estar esperando uma mensagem? Óbvio que não estou esperando uma mensagem. - ela falou bem rápido.
Parei de olhar o celular e olhei para Jackie.
- Você está esperando uma mensagem. - afirmei.
Ela me encarou também.
- É, talvez eu esteja esperando uma mensagem.
- Há quanto tempo está deitada assim? - perguntei já sentindo minha cabeça doer.
- Hummm há umas duas horas. - ela respondeu, dando de ombros.
Tentei me arrumar no sofá para ficar sentado na posição "correta" e quase caí.
- Vê se não cai aí, seu Mongoloide. - ela riu.
Consegui finalmente sentar direito e olhei para ela. Que continuou naquela posição desconfortável.
- E aí, quem é o cara? - soltei um pouco a gravata.
- Por que você acha que é um cara?
- Então quer dizer que você é lésbica!? - coloquei as mãos na bochecha para fingir uma cara de espanto e depois gargalhei.
Jackie riu também. Fofa como sempre.
- Claro que não seu idiota. - ela socou meu joelho de leve. - E é um cara que eu conheci na escola. Na verdade, a única pessoa que eu conheci na escola além dos professores e a secretária. Ninguém mais falou comigo. Tem algo de errado em mim, Matt?
Minha irmã mantinha o rosto sério, mas eu podia ver a tristeza no seu olhar. E naquele momento eu tive vontade de socar todos os alunos daquela escola.
- Claro que não, Jackiezinha. Você é incrível. Eles só não notaram isso ainda. - sorri e acariciei seus cabelos. Ela deu um sorriso leve. - Agora me fale sobre esse cara.
- Bom, o nome dele é Thommas. E ele é bem legal. Ele me mostrou onde ficava o ginásio e e fez dupla comigo em matemática. Ah, e ele é um gaaato. - ela se animou e sorriu.
- Devo me preocupar e comprar um Colt.45? - brinquei.
Consegui arrancar uma risadinha dela e isso me deixou feliz.
- Não. Acho que não é necessário. - ela falou. - Afinal, se ele tivesse se interessado, já teria mandado uma mensagem.
- Talvez ele tenha escrito uma carta à mão, e mandado ela ser entregue por uma tartaruga e ai a tartaruga foi atropelada e talvez a carta de amor dele nunca chegue. - ri.
Ela riu também e quase se engasgou.
- Estou com fome. - Jackieline falou.
- Eu também. Quer ir jantar em alguma lanchonete? Talvez a gente encontre a tartaruga atropelada no meio do caminho. - ela brincou.
Ela se levantou e pegou o celular de cima da mesa.
Jackie vestia um moletom preto da Monster Energy que ficava enorme nela e uma calça legging azul marinho.
O cabelo estava até que arrumadinho hoje, o que era bem difícil de se ver.
Arrumei a gravata novamente e coloquei o paletó, estava com preguiça de trocar de roupa.
Peguei as chaves do carro e fomos para a garagem.
Jackie entrou no carro e eu entrei logo em seguida, usando o controle para abrir o portão da garagem e depois fechá-lo.
Já estava escuro e chovia, não muito forte.
Fomos para uma lanchonete no centro da cidade que não estava muito lotado.
Entramos e não estava muito cheio. Haviam algumas famílias e alguns casais. O lugar era aconchegante.
Encontramos uma mesa próxima à uma grande janela, de onde dava para ver a chuva caindo e os carros passando.
Demos uma olhada no cardápio e eu pedi um cheeseburger grande e uma coca. E Jackie pediu um mini hambúrguer, uma porção de batatas fritas e um milk shake de chocolate.
Algum tempo depois, uma garçonete bonita veio trazer nossos pedidos.
- Aqui está, senhor. - ela disse e deu ênfase na palavra "senhor". Ela colocou meu cheeseburguer em minha frente e fez o mesmo com o pedido de Jackie, e a chamou de senhorita, e ainda abriu minha Coca - cola e colocou um pouco no meu copo.
Quando ela se afastou, olhei para Jackie de olhos arregalados. E ela já estava com a boca entupida de batata frita.
- Impressão minha ou ela me tratou como se eu fosse um ricasso? - perguntei e depois dei uma mordida na minha comida e limpei o canto da boca com o guardanapo.
- Ela te tratou como um ricasso por que você age como se fosse um ricasso e ainda usa terno para vir numa lanchonete. - ela falou de boca cheia.
Dei uma risadinha. Ela ficava engraçada daquele jeito. Ela engoliu as batatas e e atacou o hamburguer.
Realmente, parecia um porquinho comendo.
- Como foi seu dia no trabalho? - ela perguntou.
- Foi bom, eu acho. - respondi. - Mas minha secretaria tem a mania absurda de tentar esfregar aquele decote na minha cara toda vez que entra na sala.
Minha irmã riu daquele comentário.
- Atira ela do décimo andar. Seria interessante.
Ri também e comi mais um pedaço e tomei um gole da coca. E Jackieline voltou a encher a boca de batata.
Mal notei quando um garoto se aproximou da nossa mesa. Ele os cabelos escuros e a pele bronzeada, e os olhos eram castanhos.
Mas Jackie pareceu ter um infarto.
- Thommas? - ela falou assustada, e ai engasgou com a batata frita. Parecia que ua voar batata pelo seu nariz.
- Oh meu deus, você está bem? - O tal de Thommas perguntou, sem saber o que fazer. E eu apenas comecei a gargalhar.
Quando ela enfim se recompôs, eu já tinha lágrimas nos olhos de tanto rir.
Jackie bebeu um gole do milk shake para se acalma e me fuzilou com os olhos.
- O que faz aqui? - ela passou a mão nos cabelos em nervosismo, enquanto sorria para Thommas. E isso me deu mais vontade de rir.
- Ah, só estava com fome e resolvi passar aqui como sempre. - o garoto deu um sorriso. E eu me senti de vela. Ou melhor, tocha olímpica.
Thommas me olho de um jeito estranho e perguntou:
- Esse é seu namorado?
Dessa vez foi Jackie quem desatou a rir.
- Não, ele é meu irmão. - ela falou.
- Oi, eu sou Matthew. - estendi a mão para lhe cumprimentar.
Ele apertou minha mão e sorriu.
- Então, cadê os seus pais? - Thommas perguntou e Jackie franziu os lábios e desviou o olhar.
- Ham, é complicado. - eu falei por ela.
- Ah, okay. - o garoto falou. - Bom, eu vou indo. Foi bom te ver.
Ele sorriu e piscou para Jackie e lá no fundo eu fiquei com ciúme. Ela era minha irmã poxa.
- Viu, ele é um gato. - Jackie falou toda sorridente.
Revirei os olhos e ri.
- Finalmente você achou um namorado.
- Ai Matt, cala a boca. - ela riu também.
Terminamos de comer e saímos da lanchonete. Dirigi para casa e quando chegamos fui direto tomar um banho. E coloquei uma bermuda e fiquei sem camisa pela casa.
Jackie tinha ido para seu quarto dormir ou ficar encarando o celular de novo.
Já eram nove horas e decidi assistir um filme na tv na sala.
Deixei em um filme qualquer e estava quase dormindo quando ouvi a campainha tocar.
Fui lá ver quem era, e quando abri a porta, encontrei Chloe totalmente encharcada.
- Oi. - ela disse. - Será que posso usar o sótão de vocês?
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