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História Just like water - Parte IV


Escrita por: lovisacansino

Capítulo 4 - Parte IV


“Bom dia, Violeta”

Dessa vez, ela nem revira os olhos. “Bom dia, Eugênio. Então quer dizer que você vai mesmo atrapalhar meu horário na piscina daqui por diante?”

Seu horário, Violeta? Não sabia que precisávamos marcar hora pra vir pra cá”

Ela prefere não responder. Escolhe a espreguiçadeira mais longe dele e deita, colocando os óculos escuros.

“Sem livros hoje?”, pergunta ele, que estava com um aberto no colo.

“Eugênio, hoje eu só quero relaxar, tá bom? Eu vou ficar aqui, deitadinha, curtindo o sol, sem ler e sem conversar com ninguém, tá certo?”

Ele ri. “Já começou o dia irritada. Isso não pode ser saudável, Violeta. O que foi, bebeu demais ontem?”

“O que eu fiz ou o que eu deixei de fazer ontem não é da sua conta, Eugênio”, responde ela, sem abrir os olhos.

“Ah, Violeta”, ele suspira. Ela abre os olhos a tempo de vê-lo levantar-se da cadeira e caminhar até ela. Seu corpo estremece quando ele se abaixa ao lado da espreguiçadeira e aproxima o rosto do dela. “É muito da minha conta, sim”

Ela sente a respiração dele em seu rosto. “Ah, mas é muita petulância mesmo, viu? Olha só, vou te dizer, Eugênio…”, mas não consegue completar a frase porque ele a interrompe com um beijo.

Foi como se ele estivesse tentando devorá-la pela boca. Violeta sente todo o seu corpo acordar, cada centímetro da sua pele em polvorosa. Não é possível, pensa ela, não é possível que isso é o que as pessoas sentem quando se beijam. Ela nunca tinha sentido isso antes, esse frenesi, esse desejo visceral, e tudo isso com um simples beijo.

“Eugênio” sussurra ela quando ele desvia a atenção da sua boca e foca no pescoço, “Eugênio”

O nome dele escapa de seus lábios como uma prece. Ela está pronta para explodir a qualquer momento e ele ainda não fez nada além de beijá-la. “Eugênio”, ela suspira de novo, suplicando, apesar de não ser o tipo de mulher que suplica por nada - mas talvez agora ela seja, porque uma das mãos de Eugênio se enterrou nos seus cabelos e a outra está apertando sua coxa e tudo o que ela mais quer agora é que ele apenas continue. 

“Violeta” ele diz, enquanto traça um caminho de beijos pelo pescoço dela, pelo colo, chegando aos seios e a deixando completamente louca. 

Ela o agarra pelo pescoço e o puxa para mais perto até que ele esteja praticamente por cima dela na espreguiçadeira, corpo colado com corpo, cada célula dela queimando completamente. As mãos de Eugênio não param, percorrem todo o corpo dela, tornando aquela uma das experiências mais eróticas que Violeta já teve.

“O que você quer?” ele pergunta, e ela sente um calafrio delicioso correndo pela espinha ao som da voz dele. “Me diga o que você quer, Violeta”

Tanta coisa, ela quer tanta coisa. Quer a boca dele em seus seios, que estão implorando por atenção; quer as mãos dele descendo pelo seu corpo até chegar em seu centro, que já está latejando. E isso tudo só com um beijo.

“Me toca, Eugênio”, Violeta abandona qualquer lembrança de compostura e se entrega completamente. 

Uma das mãos dele desliza pela barriga dela, roçando na calcinha do biquíni, e ela sorri do meio do beijo, satisfeita, segurando a respiração, até que a mão dele entra…

Violeta acorda num sobressalto. 

A cama está ensopada de suor. 

O cabelo dela molhado, colado na testa, o quarto parecendo uma fornalha.

Droga, pensa ela, levantando para tomar um banho.

Não sabe se está irritada pelo sonho ou por ter acordado antes da parte boa.

x

Violeta havia decidido não ir à piscina. Depois da carona de ontem e do sonho de hoje, era melhor manter toda a distância possível de Eugênio pelos próximos dias. 

A manhã passou rapidamente, entre reuniões virtuais, dezenas de e-mails para responder, ligações para retornar, projetos para finalizar. Quase não havia espaço na cabeça para qualquer coisa que não fosse trabalho, e por isso, Violeta agradeceu aos céus.

Violeta não viu o tempo passar e, às 14h, finalmente saiu da frente do computador para buscar o almoço que havia pedido por um aplicativo. Quando abriu a porta do apartamento, no entanto, o que lhe esperava era outra coisa - um embrulho de presente com um bilhete.

Já estava me acostumando a começar o dia com nossas discussões acaloradas. Uma pena não ter lhe encontrado na piscina hoje, espero que esteja tudo bem. 

Já que você é competitiva, que tal apostarmos em quem adivinha primeiro o final deste? 

Eugênio

Abaixo da assinatura, ele havia incluído seu número de telefone. 

O coração de Violeta bateu mais rápido enquanto ela abria o livro, curiosa para saber qual era. O homem que morreu duas vezes - a continuação de O clube do crime das quintas-feiras, o livro que ela estava lendo quando se encontraram pela primeira vez. 

O sorriso que ela deu foi involuntário e quase não coube no rosto. Violeta sentiu um afago na alma com o gesto de Eugênio. Ser presenteada com um livro era, sem dúvidas, uma de suas coisas preferidas no mundo. 

Antes que pudesse mudar de ideia ou inventar mil motivos para não fazê-lo, Violeta salvou o contato de Eugênio e abriu o WhatsApp.

O que faz você pensar que vai descobrir o final antes de mim?

Ela largou o celular no sofá, como uma adolescente boba que manda uma mensagem arriscada e não quer ver o resultado. Não demorou dois minutos e o celular apitou com a resposta.

Já estou no capítulo 8

Canalha!, pensou ela. 

Violeta esqueceu completamente o almoço. Tinha uma competição para ganhar. Mãos à obra.

x

Horas depois, quando já estava pronta para dormir (depois que terminasse só mais um capítulo), ela recebeu outra mensagem.

Amanhã, 7h?

Violeta digitou uma resposta afirmativa e estava quase enviando quando congelou. O que é que eu estou fazendo?, pensou, soltando o celular.

Não podia fazer isso. Não podia se envolver com Eugênio, não dessa maneira. Havia uma atração ali, ela não tinha como negar, uma atração forte e intensa que eliminava qualquer possibilidade de construir uma amizade inocente com ele. E, mesmo se ele sentisse o mesmo que ela (e ela ainda não tinha certeza que sentia), ela nunca poderia se entregar a esse desejo.

Fazia anos que Violeta tinha se fechado para relacionamentos de qualquer tipo. Quanto ao amor, sua experiência passada com Matias, seu ex-noivo, a havia feito compreender e aceitar que romance não faria parte de sua vida. E quanto a sexo, preferia encontros casuais com homens esquecíveis e convenientes que não despertavam nela absolutamente nada. 

Gostava de sexo e era muito boa em ir atrás do próprio prazer, mas nunca havia considerado na equação a outra parte envolvida. Poderia ser qualquer um, não fazia diferença. A fórmula era sempre a mesma: um homem bonito num bar ou em uma festa, um número de celular trocado, algumas poucas mensagens até ir à casa dele, algumas taças de vinho para entrar no clima (não se lembrava a última vez que tinha transado completamente sóbria e se recusava a analisar o que isso poderia significar). Depois de gozar, “tenho uma reunião amanhã super cedo, preciso ir pra casa, mas a gente se fala, foi ótimo, vamos marcar de novo?” E o contato era apagado do celular antes mesmo de ela entrar no Uber.

Várias vezes havia esbarrado em um desses homens no mercado, no banco, em um restaurante, no meio da rua. Raramente se lembrava dos seus rostos ou nomes. Para ela, eram tão importantes quanto seu vibrador. Cumpriam a função e depois, voltavam para a gaveta.

Não que ela fosse uma mulher fria. Não, Violeta sentia tudo intensamente. Talvez por isso amasse os livros. Eles lhe permitiam dar vazão a sentimentos que ela precisava manter encapsulados no dia a dia.

Mas tesão, tesão de verdade, era algo que Violeta não sentia há muito tempo.

Até conhecer Eugênio.

Ela gostava da sua vida. Havia trabalhado muito para ter o tipo de independência e tranquilidade que tinha agora. Ainda não morava no lugar dos seus sonhos - uma casa longe das atribulações da cidade, com um grande quintal, uma piscina e uma rede para ler -, mas sabia que em breve chegaria lá. Fora isso, sua vida era maravilhosa. Tinha um trabalho do qual gostava e que não consumia mais todo o seu tempo; tinha sobrinhas lindas e uma irmã super parceira, tinha ótimos amigos e fazia viagens interessantes e divertidas. Não tinha do que reclamar. Não lhe faltava nada.

E odiava aquele homem por fazer ela achar que faltasse.

Simplesmente não havia espaço na sua vida agora para um envolvimento desse tipo. E se tivesse, não seria com alguém que mora no mesmo prédio que ela. Ela já podia até imaginar como seria: iniciariam algo casual, mas potente, cheio de desejo e luxúria. Encontros rápidos no apartamento dele ou no dela. Com o tempo, ela não iria embora logo depois do sexo - acabaria ficando para uma conversa para discutir um livro ou brigar por algo sem importância. Sem nem perceber, evoluiriam para algo mais recorrente, se revezando nos apartamentos para jantares que virariam noites seguidas dormindo juntos. Então, um deles (provavelmente Violeta) se apaixonaria, cometeria o erro fatal de acreditar que era correspondida, e tudo iria por água abaixo. Só que, dessa vez, ela não poderia simplesmente deletar o número dele do celular. Teriam que continuar se encontrando, na piscina, no elevador, no estacionamento do prédio, constrangidos e fingindo normalidade.

Não. Ela não se arriscaria, não arriscaria sua tranquilidade, por isso. Não valia a pena, disse para si mesma.

Mas não se escutou.

Minutos depois, também deitado na cama pronto para dormir, Eugênio recebeu a mensagem:

Sim. E acho que já sei quem cometeu o crime. Te encontro na piscina.

 



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