A preguiça do amanhecer foi passando, Sakura estava afundada na poltrona de acompanhante de um quarto de UTI com olheiras do tamanho da terra, apenas estava parada tentando entender tudo o que estava acontecendo. Mais uma vez, a enfermeira que tanto lhe deu apoio naquele momento difícil passou pela porta.
- Sakura é melhor ir para casa…
- Meu pai pode acordar Ayame. – falou sem se mexer.
- Sim, pode - Falou com pena e Sakura sentiu isso, sabia que era quase impossível agora, mas seu coração s recusava a aceitar - Mas… Você precisa se cuidar até lá.
Seja lá quando for.
- Pense neles, pense no que precisa ser cuidado e isso envolve você. Bom, leve o tempo que precisar, mas se levante - Falou de forma figurada - Seja forte.
E por um acaso haveria algo mais importante que a saúde de seus pais? Essa enfermeira só poderia estar de brincadeira. A garota parou um segundo para pensar nas causas de seus pais estarem daquele jeito e no fim tudo se resumia a uma coisa:
Har Softwares.
Realmente, ela tinha algo para resolver.
- Ayame, cuide de meus pais. – Falou levantando-se e saindo daquela UTI. Andou apressada pelos corredores do hospital, desceu o elevador e saiu dali. Pegou um táxi e deu o endereço de seu destino. Resolver olhar o celular para avisar a secretária de seu pai que estaria indo até lá e acabou vendo inúmeras chamadas de seus amigos, provavelmente preocupados com ela. Resolveu ainda não dar sinal de vida, avisou a secretária e se ajeitou no banco de trás do carro, até que chegou ao prédio da empresa de seu pai. Empresa que um dia tinha dado muito lucro, que parecia ser de muito sucesso, mas agora era a causa da destruição de sua família.
Entrou apressada recebendo cumprimentos dos funcionários e ignorando-os completamente, não havia tempo para simpatia. Subiu o elevador e encontrou com a secretária.
- Haruno-sama – disse a mulher curvando-se.
- Mei-san, meu pai não virá trabalhar hoje, pode reunir comigo por favor?
- Claro - A mulher concordou um pouco embasbacada, Sakura ainda não tinha se dado conta do estado em que estava.
Alguns minutos depois Mei entrou cheia de papéis, colocou todos em cima de mesa. Fez isso, pois Sakura disse que queria a verdade. Começou a olhar tudo sob as explicações da mulher e com o pouco que entendeu, nem precisava ser formada em Administração de empresas ou Ciências Contábeis para saber que a situação era terrível, que estavam prestes a perder tudo e que daquele jeito nenhum empresário seria doido o suficiente para investir numa empresa nessa situação. E era isso que estava acontecendo, os investidores sumiram, os clientes também e o valor de mercado caiu.
Sakura se recostou na cadeira reclinável, massageando suas têmporas.
O telefone tocou.
- Alô?
A pessoa que ligava se assustou, não esperava a voz de uma mulher ao telefone.
- Falo com alguém da Har Softwares?
- Sim.
- Ah sim... Bem, sou o advogado da Gok9 Comunicações e preciso falar com o Haruno-sama.
GoK9? Aquela empresa era gigante!
- No momento... bem... ele está impossibilitado de receber chamadas por tempo indeterminado.
- Entendo.
- Algum problema? Sou a filha dele. Posso resolver? - Por favor que fosse uma boa notícia.
A pessoa do outro lado da linha assustou-se. Sakura ouviu o silêncio por alguns segundos até que pareceu que o homem pôs novamente o fone em seu ouvido.
- Sim, você pode com certeza resolver essa questão. Não é exatamente um problema, é uma proposta.
- Que tipo de proposta? Um contrato? – Aquilo poderia salvar a empresa?
- Algo assim… Ainda hoje eu poderia ter uma reunião com você para falarmos sobre isso?
- É claro! Podemos almoçar juntos e lá o senhor poderia me falar mais.
- Então, estamos combinados.
O homem deu todas as coordenadas de onde seria o tal encontro.
Antes de ir Sakura ligou para o posto de enfermagem responsável pela UTI em que seus pais estavam e ficou sabendo que tudo continuava do mesmo jeito. Foi em casa, tomou um banho, tirou quilos de maquiagem depois de se assustar vendo como sua cara estava manchada depois de tanto chorar. Pegou o carro de sua mãe que estava na garagem. Naquele momento parou para pensar que o seu tinha ficado no estacionamento da Todai e que muito provavelmente o de seu pai estava no estacionamento do Hospital. Ligou o carro e foi em direção ao restaurante indicado pelo advogado, também, foi quando percebeu que não sabia o nome dele. Esperou não estar se metendo numa cilada movida pelo desespero, chegou no local e entrou, falou com o maître identificando-se e ele a levou em direção a uma mesa onde um homem já a esperava.
Ela definitivamente conhecia aqueles traços.
Ao aproximar-se ele se levantou. Aquele era Hyuuga Hiashi.
- Olá Sakura. Sente-se por favor – Ele puxou a cadeira para ela.
- Eu nunca iria imaginar que o senhor era o advogado da GoK9.
- Os Hyuuga trabalham há muito tempo para eles, um dia Neji também trabalhará lá - Falou sem emoção. Sakura estranhou que Hinata não fosse citada.
Ah... Neji... Ela tinha dores maiores que haviam conseguido fazer essa dor parecer insignificante.
- Então, eu gostaria de ir direto ao ponto e saber qual é a proposta… - Estava ansiosa.
- Não que comer antes?
- Eu... Nós... Realmente estamos numa situação em que eu não gostaria de rodeios.
Ele assentiu, o garçom se aproximou e ele mesmo fez pedidos rápidos para que ele pudesse sair logo de perto.
- Há muitos anos atrás o fundador e presidente da GoK9 escreveu um testamento, dividindo a herança e a empresa entre seus filhos – ele começou – Mas ele impôs uma condição.
Sakura ainda não entendia no que isso a afetava.
- Hum... E o que isso tem a ver com a proposta?
- Tem a ver quer... Eles só poderão tomar posse dessas ações se atual CEO se casar… - Sakura entendeu o que ele queria dizer, mas aquilo era completamente inadmissível. Sabia o que ele queria propor e já sentiu tudo dentro de si desvanecer - Vimos a situação da Har Softwares e propomos uma fusão que pode tirar a empresa de seu pai do vermelho, mas sob uma condição...
- Não acredito que a GoK9 está propondo casamento pra mim aproveitando-se da nossa situação. Esse cara não tem capacidade de arranjar alguém para se casar?
Hiashi sorriu levemente.
- Quanto a isso não há nada que eu deva me pronunciar, mas bem. A cláusula do testamento é bastante específica sobre ser você.
- Inacreditável! - Parecia que a luz no fim do túnel na verdade era um trem. - Eu não posso aceitar isso, é como se eu estivesse me vendendo! Por que tem que ser eu? Isso é um absurdo. Basta com que ele não se case, isso não tem cabimento, pode dar um jeito e fazer algo para resolver essa parte. Sempre há um jeito.
- Não há - Ele foi rápido em corrigi-la, muito sério - Só depende de você.
.
.
.
- Simplesmente sumida.
- Como isso pode ter acontecido?
- Não sei... Não sei, até agora me pergunto o que pode ter acontecido. – Ino andava de um lado pro outro na sala do andar de cima da mansão Hyuuga. Hinata os levou até lá para que tivessem um pouco mais de privacidade e não fossem interrompidos por visitas na sala debaixo.
- Eu também...
Ino olhou com cara de poucos amigos para Neji que estava encostado próximo a grande janela com vista para o jardim, ele por sua vez nem percebeu, absorto olhando para as flores cor de rosa que começavam a desabrochar no jardim.
- Realmente! Ela simplesmente saiu correndo, antes disso encontramos com ela no camarote – Hinata fez uma pausa - Pensando bem talvez ela não estivesse muito bem mesmo.
- Ora bolas Hinata, estávamos falando um monte de besteiras pra ela...
- Aposto que você nem notou né loira? – Hinata sacudiu a cabeça negativamente. – Quando a encontramos ela estava bastante suada e parecia um pouco espantada. Você só estava preocupada em estupidez e nem prestou atenção nela, imagine se não fosse sua amiga.
- Ah fala sério! Estávamos numa festa! Lógico que ela estaria suada! Boate! Muitas pessoas! Música! Ela iria dançar! Ela adora isso! Dã! – Falou batendo a mão na testa e fazendo cara de louca.
- Para de falar como uma adolescente! Cresce garota!
- Parem de gritar! Minha cabeça já está dando giros.
Ino franziu o cenho novamente ao ouvir a voz de Neji se limitando a olhá-lo de lado e continuou falando:
- Uma pessoa não fica simplesmente pálida e sai correndo de uma festa, modéstia à parte, ótima, sem motivo algum. TEM que ter uma explicação pra isso!
- Finalmente você disse algo que preste! Agora, o que poderia deixar ela daquele jeito? – Hinata ao contrário de Ino, estava sentada, mas não parava numa posição só. Hora descruzava as pernas, hora as cruzava de novo, às vezes colocava os cabelos atrás da orelha, depois os tirava e fazia um coque, depois desfazia de novo deixando as madeixas soltas.
Ino deu mais algumas voltas pela sala com a mão no queixo, mas na cabeça dela havia apenas uma explicação.
- Você não sabe Neji?
Emergindo do mar de pensamentos em que estava, Neji finalmente virou a cabeça na direção da garota de olhos azuis que o fitava, pelo tom de voz dela parecia estar o acusando. Ele demorou a entender isso, mas quando assimilou, desviou o olhar na direção de Hinata e atestou que ela também não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo ali.
- Sei o que? – Ele se recostou na parede de braços cruzados com uma sobrancelha erguida.
Ela se pôs em uma posição desafiadora – Você não sabe, POR UM ACASO, o motivo de ela ter ficado TÃO MAL e saído correndo da festa? – O tom de voz e as sobrancelhas da moça se elevavam em algumas partes da sua fala - Pensa que eu não vi aquela cena de dança no camarote? Você fez algo pra machucá-la? Disse algo que a fez mal?
Hinata arregalou os olhos e Neji continuava mais perdido que nunca.
- Ino! Você SABE que Neji não fez nada – Ela fazia aquele olhar de “O que você pensa que está fazendo?”.
Ino dessa vez olhava para ela – Já chega Hinata! Tô de saco cheio dessa palhaçada! Isso vem se arrastando por anos! Desde que esse cara apareceu por aqui! – Falou apontando para o rapaz de cabelos castanhos – Eu vi muito sofrimento! Não creio que ele seja tão panaca a ponto de nem se tocar!
- Estou sendo xingado sem mais nem menos é isso? – O rapaz já havia se desencostado da parede e abria os braços. – Vocês duas parecem saber de algo que eu não sei.
- Noooossa nunca vi tanta lerdeza reunida em um ser só!!
- Ino por favor NÃO! Esse assunto é só dela! Nós não temos que...
- Ah já chega! Tem horas em que os amigos tem sim que se meter! Eu já vi toda essa história se desenrolar por tempo demais! Vi lágrimas caírem sem parar além da cota que eu esperava ao longo da minha vida! E digo mais! Acho que ela está desaparecida por culpa DELE! – Ino parou o braço na direção de Neji com o dedo indicador da sua mão direita muito bem esticado.
- OK! Já chega! Eu estou sendo acusado injustamente...
- INJUSTAMENTE?! – A cabeleireira loira da garota chacoalhou com a risada que deu – Pois então eu vou te dizer...- Hinata tentou interromper novamente - ... Sakura é apaixonada por você desde que te viu a PRIMEEEIRA vez!
- Claro que não! Nós sempre fomos am...
- Amigos? Sim! Com certeza! Foi o que ela conseguiu fazer pra ficar perto de você o máximo que pudesse. Você REALMENTE nunca notou nada de estranho? Nenhuma atitude que ninguém que é só amigo faria? Nenhum olhar diferente? Um brilho no olhar?!
Neji parou lembrando do momento mais recente, na festa de comemoração de sua premiação, Sakura era uma linda mulher, não era mais a adolescente que conheceu. Na verdade, quando se conheceram, ele também era apenas um projeto de adulto, mas desde que haviam se tornado grandes amigos, não lembrava de ter olhado para ela como mulher, mas sim como uma garota a qual ele não precisava esconder nada. Mas, naquele dia, ou melhor, naquela noite, ele pôde lembrar que Sakura era um ser do sexo oposto absurdamente atraente... Lembrar? Como ele pôde lembrar de algo que nunca reconheceu? Neji fez uma cara de reconhecimento, dando sinal à Ino de que ele havia encontrado algo.
- Viu só?! Exatamente! E você cego todo esse tempo! Aposto que você tem algo a ver com esse sumiço, talvez ela não tenha mais suportado.
- Não põe simplesmente a culpa no Neji! Você tá nervosa demais! Fica mais calma! – A longa cabeleira preta azulada se mexeu quando a garota finalmente se levantou do sofá chegando perto de Ino – Você está preocupada e está direcionando a culpa para alguém, não faça esse tipo de besteira, já basta o que acabou de fazer. – Pôs as mãos na cintura – Quero ver se não for nada demais e quando ela voltar e ficar sabendo disso... vai ser um desastre – falava balançando a cabeça negativamente, até que pousou seu olhar em Neji que a encarava – Que foi?!
- Então você sabia! Por que nunca me disse nada?! Ao contrário do que você diz a estressada aí fez muito bem em me contar! Eu merecia saber de uma coisa dessas! - Era ele agora quem andava de um lado para o outro – Caramba! Agora fico pensando nas vezes que falei com ela sobre a TenTen! O quanto ela deve ter ficado mal ouvindo sobre nosso relacionamento!
Hinata ficou muda, não sabia o que dizer e nem queria se meter em mais encrenca.
- Você também é um grande de um bundão! Fala sério!
- Eu não... Caramba! Não tinha como notar a Sakura! Desde que me lembrando como morador de Tokyo eu sempre tive interesse na TenTen! No início ela era apenas mais uma amiguinha!
Neji falou aquilo com muita naturalidade, à essas alturas da discussão Hinata já tinha se sentado novamente no sofá esfregando o rosto. Foi por isso, que ela não viu quando Ino rapidamente se aproximou de Neji e pelo mesmo motivo ela só pode ouvir um sonoro “TAP!”, que lhe chamou a atenção fazendo-a olhar há tempo de ver o braço da garota se juntando novamente ao seu corpo e a cara do garoto indo para o lado pela força.
A raiva subiu a cabeça de Ino. Como ele seria tão cego à ponto de não notar uma garota que morria de amores por ele e fazia de tudo para vê-lo feliz! Como era possível que os homens não dessem valor as mulheres que verdadeiramente os amavam??
Ela se afastou dando alguns passos de costas, depois se virou e foi embora daquele lugar, não poderia suportar a cara de leso de Neji. Hinata não teve nem tempo de reação, na verdade sim, seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram consideravelmente. Neji ficou um tempo ainda com a cabeça virada absorvendo o que tinha acabado de acontecer. Enquanto isso a Yamanaka saía correndo da mansão, chegando rapidamente a parte da frente da casa já destravando o carro, entrou nele, ativou a ignição e saiu de lá o mais rápido que pôde mal conseguindo conter a raiva que sentia daquele ser que fez a sua amiga chorar. O ódio era tanto que dirigia em alta velocidade e aos berros, claro que com os vidros devidamente fechados, mas quando parou em um sinal de trânsito as pessoas que pararam ao seu lado ficaram olhando com estranheza para a garota que nem notou isso, ao ver o sinal verde disparou na frente dos outros. Ela só parou de dirigir quando chegou perto do rio que corta a cidade e lá se pôs novamente ao berros, coisas do tipo:
“NEJI IDIOTA!!!!!!!”
Finalmente sentou-se e ficou olhando a água correr tranquilamente, sem dar a mínima para o que ela gritava. Jogou-se na grama e ficou longamente fitando as nuvens, elas pareciam também não se importar de ela gritar tanto, estavam alheias a tudo o que acontecia na terra, estavam apenas observando e quem sabe, rindo dos humanos idiotas que a habitavam. Talvez fosse por isso que em horas inapropriadas elas mandassem uma chuva forte só pra ferrar alguém. Olhou para o lado e viu uma grandiosa nuvem cinza que se aproximava rapidamente, já acompanhada de alguns trovões.
.
.
.
Neji, agora trancafiado em seu quarto repensando a vida, recordava de um certo dia chuvoso...
Ino corria de costas para que pudesse ver Sakura e Hinata correrem em direção a ela com armas de água apontadas em sua direção. Neji estava parado vendo aquilo, mas um pouco distraído nem teve tempo de se esquivar e ela acabou batendo de costas em seu peito e caindo de bunda, antes que ele pudesse impedir.
- Aaaai! - A garota colocou a mão no bumbum olhando para cima ranzinza.
- Que escândalo! Foi só uma quedinha!
- Custava avisar que estava aí atrás? – falou irritada já se levantando e passando a mão no bumbum para tirar a grama que havia ficado grudada. Ainda deu tempo de ver a Hyuuga dando uma cotovelada na Haruno para que a seguisse em direção a ela e a criatura que apareceu sobrenaturalmente para estragar sua graciosa corrida de costas.
Neji estava com um gigantesco guarda-chuva preto sendo segurado pela sua mão direita, usava um sobretudo de chuva cinza grafite, os cabelos estavam descansados em seus ombros e o visual de chuva se completava com belíssimos sapatos pretos. Estava acostumado a andar bem vestido, um advogado era sempre notado.
- Olá garotas! Vejo que estão se divertindo bastante, mas meu tio mandou que eu viesse buscar Hinata.
- Estraga prazeres – A loira cruzou os braços.
- Não tenho culpa, ele mandou e eu vim. Ele disse que está chovendo muito e Hinata está num período importante demais para adoecer agora.
Os ombros de Hinata caíram olhando para as amigas, estava cansada disso.
- Fala sério! Vocês Hyuugas não sabem se divertir não? Relaxa! Você também só vive estudando! Acorda pra vida! A juventude é curta! – Ino gesticulava com a arma de água na mão se sentindo a dona da razão.
- Mas os estudos também são importantes. - Respondeu com calma - Devemos ser os melhores. Nossa família é conceituada e nós devemos...
Tchiiiiiiii
O silêncio pairou logo depois que Ino deu um bom tiro de água bem na abertura do sobretudo de Neji, estrategicamente para que conseguisse fazer sua camisa ficar encharcada por dentro do sobretudo.
- O que você acha que...?!!
Tchiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Dessa vez uma esguichada mais longa bem no meio da cara, deixando também os cabelos que ficavam próximos ao rosto pingando água. Sakura e Hinata estavam com as bocas arreganhadas, enquanto Ino se acabava de rir. Sem falar nada, Neji abriu o sobretudo mostrando uma camiseta branca PERIGOSAMENTE molhada, ainda era possível ver gotas caírem da ponta de seu queixo e caírem na camisa. Encarou Ino com os olhos semicerrados. A garota respondeu o olhar pondo a língua para fora e mostrando um cotoco para o rapaz.
Calmamente Neji foi tirando o sobretudo.
– Corre – Avisou.
Ficou observando Ino correr puxando Hinata que ria alto surpresa com a atitude do primo. Sakura que parecia estar hipnotizada olhando para o lugar em que a loira havia atirado água. Neji deixou cair a sua veste e o guarda-chuva e saiu correndo na direção das três garotas que mais gritavam do que corriam. Quando se aproximou delas, todas pararam e deram tiros simultâneos de água nele gargalhando.
“Ah é? Pois vocês vão ver só uma coisa” – pensou.
Avistou mais armas de água jogadas no chão e correu em direção a elas juntando rapidamente duas.
- Separem-se e escondam-se! – Hinata havia mergulhado de vez na brincadeira.
“Ótimo! Assim posso pegar uma de cada vez!” - Pensou - “Hinata mal aguenta de tanto rir, vou começar por ela.”
Antes de disparar Neji arrancou os sapatos para que pudesse correr mais rápido, depois seguiu na direção em que viu a prima ir. Como pensava, logo a avistou, ela deu um berro ao ver que ele se aproximava rapidamente, mas nem teve tempo de se esconder e nem nada, já foi logo recebendo um jato de água em suas costas. – FALTAM DUAS! – Neji gritou.
Elas não deviam estar muito longe, correu em outra direção sentindo a roupa pesar e logo viu Sakura correndo… Ela estava sacudindo a cabeça de olhos fechados? Arregalou os olhos quando viu que dessa forma ela corria na direção de um poste de luz decorativo. Tentou gritar seu nome, mas não ia dar tempo de que ela evita-se o impacto. Correu com todo o impulso que poderia dar e se jogou escorrengando na grama abraçando-a antes que ela batesse levando o corpo dela consigo. Apertou os olhos e logo sentiu muita dor em suas costas, tanto pela queda quanto por ter vários espinhos do canteiro de rosas que acabaram invadindo, penetrando a pele de seus braços, por sorte atrás de si só havia terra. Sua camisa devia estar horrível.
- Você está bem?
- Eu que tenho que perguntar! – A garota estava realmente preocupada com ele.
Ele deu um sorriso.
– Sim, não se preocupe eu apenas me arranhei um pouco e recebi o impacto.
- Não... não tem espinhos embaixo de você?
- Não – ele sorriu de novo – Ainda bem. Você ia dar de cara com um dos postes. E eu vinha aqui te pegar. À propósito – ele abraçou ela mais forte – Te peguei.
- Mas você não me respondeu se está bem. – Ele nem olhava para ela, estava apenas deitado com a respiração ofegante.
- Eu... eu estou...
- Ótimo! – ele riu – Nunca pensei que uma besteira dessas fosse fazer eu me divertir tanto. Eu não brincava assim fazia tempo!
- Eu... Me admirei de você...
- Ter entrado na brincadeira? – A risada dele era bonita – Eu pensei um pouco no que a Yamanaka disse e percebi que realmente eu tenho estado muito tenso com toda essa história de vestibular. Então, achei melhor relaxar. Distraído fez carinho na cabeça dela.
- Caramba! – Sakura falou erguendo a cabeça
- Ai! O que foi?! Não se mexe muito rápido, tem muitos espinhos aqui!
- Desculpe!
Ficou em silêncio um instante, a chuva afinou um pouco.
- O que foi?
- É... eu ainda estou em cima de você. Sou pesada, então... – começou a se mexer para que saísse de cima dele, tentando fazer com que ele não percebesse sua cara vermelha e seu coração duas vezes mais rápido.
- Está desconfortável?
- Não! – Respondeu rápido – É só que, fica meio que...
- Um clima?
- C... clima?
Neji ergueu um pouco a cabeça olhando pra ela que estava com a cabeça baixa, olhando para o peito do rapaz, evitando olhá-lo nos olhos.
- Você é uma garota muito bonita Sakura-chan.
Ele foi se levantando com olhar fixo no dela, devagar por causa dos espinhos, para que ficasse sentado de frente para ela. A moça também teve que se mexer, sem quebrar a ligação no olhar, foi se apoiando com as mãos levando seu corpo para trás, até que pôs os pés no chão e...
- Aaaaaaaah! – gritou.
- O que foi? – O olhar dele mudou para preocupação, o “clima” estava quebrado.
- Meu tornozelo! Aaaiii!! tá doendo muito!! – Ela falava pondo a mão no ponto onde doía.
- Você deve ter torcido! Desculpa! É culpa minha! – Ele começou mover Sakura com os braços – Vamos eu vou te levar lá pra dentro! – Conseguiu se desvencilhar dos espinhos e carregar Sakura em seus braços.
.
.
.
Agora, olhando para as nuvens escuras que indicavam a forte chuva que iria cair pensava que entendia o motivo de ter “lembrado” que Sakura era uma mulher no dia da festa, sim, ele um dia já havia achado ela linda. Lembra muito bem que ela vestia apenas um short jeans e uma camiseta de malha que por causa do peso da água daquele dia, quando ela estava por cima dele, dava uma boa visão dos seios dela, seguros por um biquíni vermelho. Além disso, lembrava dos cabelos cor de rosa molhados, alguns fios grudados no rosto próximos a boca entreaberta...
Sim! Um dia ele olhou para os peitos de Sakura! Sim! Um dia ele achou ela sexy! Sim! Um dia ele quis beijá-la! E sim! Ele esqueceu disso... Sim... Ela acabou se apaixonando por ele... Sim... Ele a machucou muito...
- Eu sou um idiota mesmo – murmurou para si.
.
.
.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.