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História Just Married - Pressão alta


Escrita por: Kjunn

Notas do Autor


Me desculpem pela demora!

Capítulo 51 - Pressão alta


A sala quase totalmente branca ajudava a dar mais clareza aos pensamentos, o cheiro de produtos de limpeza típico de um hospital lhe davam a sensação de estar doente, o silêncio mesmo lhe fazia ver que estava sozinho.

Naruto encostou a cabeça na parede, estava sentado em uma cadeira com acolchoado verde enjoativo não muito confortável. A sala era pequena e se não fossem uns vasos com plantas de plástico e aqueles acolchoados nas outras cadeiras, tudo seria branco. Seus pais estavam sentados do outro lado da pequena mesa de centro que tinha uma garrafa térmica grande de metal acompanhada de pequenas xícaras e seus pires sobre uma bandeja de aço inox.

O pai mexia nervosamente no celular, seu dedo deslizava para cima quase que sem parar tentando se distrair com alguma coisa enquanto sua mãe deitada em seu peito olhava para o teto perdida em pensamentos. Às vezes olhava para ele, mas quando ele a olhava de volta, sem fingir certa chateação voltava a olhar o teto lentamente de cenho franzido. Claramente estava pensando nele e no quanto o estava achando ignorante.

Imaginava que esse tipo de pensamento passava pela cabeça de sua mãe porque era o que estava começando a passar pela sua cabeça.

A sensação da percepção de uma ignorância que você defendeu com veemência é muito dolorida. É quando você tem a plena certeza de algo, você sabe que está certo à ponto de apostar muito dinheiro nisso, coisa que ele achava ser justamente o que ele estava pondo na mesa, gritar por isso, falar muito por isso, dizer tudo o que achava e deixava de achar e de repente estar completamente errado. É como estar queimando em febre e de repente ter um grande balde de água com pedras de gelo jogado por sua cabeça. De entortar o rosto.

Passou os dedos das duas mãos lentamente por entre seus fios de cabelo loiros esticando a pele de seu rosto para cima enquanto puxava o ar pela boca e à medida que os dedos iam para sua nuca foi soltando todo o ar até parar com as mãos em seu pescoço completamente petrificado pela tensão de seus ombros que seguravam todo o peso de uma culpa que começava a se acumular ali.

Realmente foi tudo um mal entendido? Caramba, mas…

“Mas, eu vi” … Não tinha como estar errado...

“- Se qualquer coisa acontecer com essa moça, Naruto. A culpa será toda sua. Se algo acontecer com o “seu filho”, será você quem terá feito isso com ele.” … As palavras de seu pai eram o que mais se repetiam em sua cabeça...

“Meu Deus, o que eu fiz?”

O relatório do que tinha feito ainda viria mais detalhado, porém assim que chegaram ao hospital e confirmaram que era Hinata, souberam que ela estava na UTI, em estado grave. Sua mãe gritou aos quatro ventos que ela estava grávida e pediu por favor que lhe dessem uma atenção especial. Os enfermeiros que vieram falar com eles se entreolharam muito preocupados e pediram licença querendo correr para voltar ao atendimento, mas sua mãe segurou um deles perguntando por favor o que ela tinha e tudo o que o homem, depois de pestanejar um pouco disse, foi que ela corria o risco de perder o bebê.

Ela não havia feito aborto algum, talvez fosse apenas uma preocupação de Sasuke. Mas, totalmente fundamentada no quanto ele sabia que ela não estava bem.

Por culpa dele.

Porque ele não quis acreditar nela,

Porque preferiu acreditar em seus olhos, ouvidos e razão.

Porque ele optou por não olhar para ela,

Por não ouvir a ela,

Por não perceber que ela tinha razão.

“Mas, mas eu eu vi...”

As portas duplas se abriram abruptamente, de lá surgiram dois médicos.

- Vocês são os guardiões da senhorita…

- Somos!

- Hinata.

Kushina e Naruto falaram ao mesmo tempo que os três se levantaram de seus lugares em direção ao homem todo vestido em um traje cirúrgico azul escuro. Minato viu quando o homem estudou os três em uma fração de segundos pensando para quem se direcionaria, então rapidamente impediu Kushina de seguir tomando a rédea da situação. Ela o olhou sem entender nada agoniada para dar mais um passo.

- Esse é meu filho, é noivo dela, estamos aqui apenas para acompanhá-lo.

Naruto trocou um olhar com o pai.

“- Se qualquer coisa acontecer com essa moça, Naruto. A culpa será toda sua. Se algo acontecer com o “seu filho”, será você quem terá feito isso com ele.” - Mais uma vez aquelas palavras em sua cabeça. Seria ele quem deveria enfrentar aquilo.

Sem que ninguém visse, a médica residente que estava ali apenas para acompanhar o outro no momento de falar, franziu a testa penalizada, mas logo tentou fazer uma feição profissional. Como era difícil lidar com aquilo, como era ruim pensar na vida pessoal de seus pacientes, ainda mais quando eram tão jovens como ela.

- Seu nome?

- Naruto. - Ele respondeu sem segurança alguma quando sentiu o peso em seus ombros aumentar mais ao ser ele quem receberia o tiro.

- A senhorita Hinata chegou até nós desacordada - Ele começou a explicar - Achávamos inicialmente que se tratava de um quadro de desmaio comum, porém… - Ele deu uma pausa de 2 segundos quando Naruto levou a mão à boca, mas permaneceu com os olhos fixos sobre os dele - Ao verificarmos sua pressão, ela estava alterada. Cerca de 14 por 9 - Ele explicava calmamente - Estávamos tentando controlar isso quando fomos informados que ela estava grávida quando vocês chegaram - Veja bem, isso é extremamente perigoso para qualquer pessoa, mulheres grávidas estão em uma situação muito sensível, por isso é ainda pior. - Ele estava piorando as coisas devagar.

- Ela teve eclâmpsia doutor? - Kushina se meteu de onde estava cheia de lágrimas nos olhos, já havia estado grávida e sabia muito bem do que ele estava falando. Naruto olhou para trás de olhos arregalados, não fazia a menor ideia do que ela estava falando, mas estava com medo.

- Não, fique calma - O médico respondeu contrariado, estava chegando nessa parte. - É muito estranho que isso tenha acontecido logo nas primeiras semanas de gestação, porém… muitas vezes esse termo é usado de forma errada. - O médico lambeu os lábios para continuar. - Bem, a eclâmpsia afeta a placenta, órgão que fornece oxigênio, sangue e nutrientes para o feto. Quando a pressão arterial elevada reduz o fluxo de sangue, a placenta pode ser incapaz de funcionar corretamente. Nos casos em que é diagnosticada a pré-eclâmpsia, nós fazemos todo um acompanhamento com a gestante para que a saúde dela e do bebê sejam normalizadas e mantidas até o final da gestação. Porém… Quando a eclâmpsia propriamente dita ocorre…  - ele continuou falando devagar - Não existe outra alternativa a não ser retirar o feto. - Ele parou verificando se eles entenderiam o que ele estava dizendo, viu a mãe do rapaz ficar mais pálida que o normal, provavelmente ela era a única que tinha entendido completamente, por isso teve que continuar - Dependendo do estágio da gestação, o bebê pode nascer prematuro ou natimorto. - Os olhos do pai e do filho ficaram grandes demais como suas bocas abertas - Esse ainda não é o caso da senhorita Hinata. Ela está em um quadro de pré-eclâmpsia.

Naruto engoliu em seco, sentia seus olhos secos de tão arregalados, o gosto em sua boca estava péssimo. Seu rosto, mãos e pés passavam uma sensação estranha, sentia-se muito leve, como se estivesse morto, porém sua cabeça um pouco pesada e dolorida lhe avisava que estava bem vivo.

- O senhor está bem? - A residente perguntou olhando para ele desconfiada. O médico deu atenção a ele e pôs a mão em seu braço.

- Está bastante pálido senhor, não é melhor se sentar?

- Eu estou bem - Naruto disse espalhando aquele gosto amargo por sua língua. Olhava para a ponta de seus pés, incapaz de erguer a cabeça.

- Ela ficará internada, precisa ser monitorada para que possamos estabilizar sua pressão e mantê-la assim. Somente após isso, poderemos mandá-la para casa. - O médico olhou para todos - É importante que todos estejam atentos à ela, também é fundamental que ela não passe por estresses ou emoções fortes demais. Precisaremos contar com a ajuda de todos para isso. Pode ser?

- Com toda certeza - Minato garantiu.

O médico sorriu de canto consentindo com a cabeça, olhou para a residente indicando que deveriam sair agora.

- Podemos vê-la? - Kushina falou antes que se despedissem.

- No momento ela está dormindo. Sei que estão preocupados… - Ele hesitou um momento, mas depois de estalar a língua resolveu ceder um pouco - Bom, ela terá que ter um acompanhante.

- Serei eu.

- Sim, senhora… Hum… - O médico olhou para os outros dois.

- Se possível permita que pelo menos o pai da criança a veja, acho que isso vai ajudá-lo a se sentir melhor - Minato lendo rapidamente o olhar do médico pensando se deixaria os dois entrarem interviu.

- Então, está bem. A senhora pode se preparar enquanto ele fica com ela um pouco, podemos organizar as coisas dessa forma?

- Sim, muito obrigado. - Minato aceitou.

- Então, com licença. - Disse para os dois - Me acompanhe por favor. - Dirigiu-se à Naruto, trocou novamente um olhar indicativo para sua acompanhante e os dois começaram a se encaminhar.

- Veja o que fez - Minato disse tocando nas costas do filho que ficou parado - Vá. - Ordenou.

Kushina esticou o braço para por sobre o ombro do filho. Todo o corpo dele tremeu com o susto que tomou, viu sua mãe, mas sua expressão não suavizou, apenas engoliu em seco colocando as mãos nos bolsos.

Ao chegar, Kushina viu o filho parado no meio do quarto à cerca de um metro de distância da cama onde Hinata dormia. O corpo dele parecia tenso e mesmo após observá-lo por uns minutos ele não se moveu, então decidiu dar sinal de sua presença ali.

- Há quanto tempo está parado aqui? - Mesmo vendo apenas seu perfil, viu os olhos dele fitarem o chão.

- Desde que cheguei - Os dois falavam através de sussurros.

Os olhos da mãe foram até a moça adormecida, sentiu seu coração antes muito revolto ser abatido por um vento calmo. Logo uma chuva melancólica começou a molhar o chão por ali e a necessidade de aquecer seu filho lhe pareceu inadiável.

- Venha - Disse segurando seu braço. Ele olhou para ela sem entender muito bem, mas obedeceu.

Os dois se sentaram em uma cadeira larga de madeira, feita para que duas pessoas se sentassem.

- O que está sentindo agora?

O maxilar dele endureceu.

- Não sei dizer. - Falou sem olhar para ela. - Acho que isso ainda não se tornou exatamente um sentimento - Kushina franziu o cenho ouvindo o filho - Parece que uma certa quantidade de pianos está caindo sobre a minha cabeça e eu ainda não sei exatamente a dor que tenho que sentir. - Ele se ajeitou colocando os cotovelos sobre os joelhos, inclinando-se para olhar o chão como se imagens estivessem sendo exibidas ali - É como se eu já sentisse todo o peso, mas meu corpo ainda não tivesse calculado o quanto tudo aquilo deve doer. Mas, já sinto medo porque eu sei que aquilo vai doer muito e só vai aumentar.

- Não vai aumentar - Kushina falou com segurança - Vai ficar tudo bem. - Pensava na melhora da saúde de Hinata.

Ambos ficaram em silêncio um momento.

Kushina suspirou.

- Você sabe que não irei passar a mão na sua cabeça pelo o que fez - Ele ainda estava com os cotovelos sobre os joelhos e de cabeça baixa - Fiquei com muita raiva e acho que você está completamente errado, mas como sua mãe é inevitável que eu acabe vendo as coisas do seu ponto de vista como se fosse automática a necessidade de te defender de alguma forma. Até mesmo dos meus próprios argumentos… Bem… Eu consigo compreender de certa forma sua desconfiança. - Virou-se para ela devagar, ainda não a olhava nos olhos, mas estava interessado no que ela diria - Fico pensando que se fosse eu quem visse o que você viu poderia até mesmo ter agido de forma muito pior.

Quem conhecia Kushina sabia muito bem que se algo lhe tirasse do sério ela pegava fogo.

- A senhora reagiu dizendo que Hinata jamais seria capaz de algo assim no mesmo momento em que eu contei o que vi.

- Não precisa lembrar o que eu falei, sei muito bem - Disse de queixo erguido - É muito fácil falar e lhe julgar quando se está do lado de fora. Estava preocupada com ela... - O cenho da mãe franziu - Como alguém que já esteve grávida sei muito bem o tipo de coisa que passou pela cabeça dela ao ouvir o pai de seu filho dizer me chamando de “vagabunda” e que faria da minha vida um inferno. Me coloquei no lugar dela… E eu ainda estou querendo muito lhe dar uma boa surra por isso - Engrossou a voz mesmo que não falasse alto - Mas, como disse antes é inevitável me colocar em seu lugar também. Foi uma traição para você não é? - Ele apenas assentiu - Não lhe culpo por isso - Pôs a mão nas costas do filho - O problema é que… - Estalou a língua, chateada - Isso é culpa minha...

- Hum? - Naruto a olhou sem entender.

- Você poderia ter recuado antes, mas como um cabeça dura sangue do meu sangue não amoleceu - Ele não expressou nenhuma outra reação além de desviar o olhar novamente - Esse foi o seu erro. As palavras podem ser muito mais agressivas que uma facada, nesse caso você deu várias.

Naruto apertou os olhos contorcendo todo o seu rosto, agora sim, parecia que seu corpo estava entendendo o quanto de dor deveria sentir. Seu rosto estava esquentando e a umidade em seus olhos aumentou.

- Eu não sei o que eu teria sido capaz de fazer em seu lugar Naruto - Parou para pensar mais um pouco - Pensando bem, não sei nem o que faria se eu como sua mãe visse uma cena dessas. Mesmo as lágrimas dela me fariam pensar que ela estaria se fazendo de vítima. Ah conheço mulheres da pior raça, cheia de ganância - Balançava a cabeça negativamente - Ficaria mais revoltada por ter acreditado nela como uma boa moça.

- Então a senhora entende?

- Entendo, mas isso não me faria correta. Entendo sua reação Naruto, acho que errou em ter mantido ela por perto. Se achava isso, poderia pelo menos se separar. Acho que ela até sofreria menos, mas prendê-la e fazer da vida dela um inferno? Isso é muita maldade! Não pensou nem um por um segundo que de qualquer forma ela está grávida? Poderia se proteger e proteger seu filho ao mesmo tempo não é?

- Mas, eu…

- Sem, “mas”. Silêncio. - Ele se calou - Eu estaria errada em não ouví-la, estaria errada em tratá-la mal, em ter julgado ela mal. Toda errada! - Viu o rosto do filho contorcer-se novamente, sua cabeça baixar e sua mão apoiar sua testa enquanto seus ombros caíam - Naruto, mesmo após tudo isso que aconteceu ainda não há motivo para acreditar nela. - Ele ergueu a cabeça surpreso - Pare pra pensar, ela desmaiou, passou mal após fugir de você, mas nada foi dito sobre ser uma mentira se era golpe ou não, então, por que está assim? - Perguntou de sobrancelhas erguidas. - Porque você sabe, você sempre soube - Moveu-se para cutucar o peito do filho - Esteve todo esse tempo negando para si mesmo, acreditava nela, mas não queria acreditar não é? Naruto… Se o objetivo de Hinata fosse apenas um golpe ela teria saído de perto de você faz muito tempo. Como você disse, ela engravidou, tudo estava garantido. Ela faria um grande escândalo se você se recusasse a algo, está completamente protegida pela lei. Nada obrigava ela a ficar com você e o pai terrível dela a apoiaria nisso. Ah! Mas terminou que ela fugiu. Sim, correu para alguém? Até mesmo o pai dela foi pego de surpresa. Ela queria apenas se livrar de todos. - Kushina tremeu um momento - Até mesmo do bebê, não é? - Soltou o ar - Ela só queria ficar em paz.

- Se seu objetivo era me consolar… - Ele negava com a cabeça.

- Não Naruto, meu objetivo era dizer que eu entendia o seu lado, mas também entendo o dela e o errado é você. Você sofrerá as consequências disso a partir de agora e enfrentará isso sozinho. Seja o homem que eu e seu pai criamos, saiba se arrepender e tentar reparar seu erro, mas também saiba lidar com a derrota que você mesmo causou. - Segurou o rosto do filho para que ele lhe olhasse nos olhos - Se eu fosse Hinata eu jamais olharia na sua cara novamente.

- M-mãe.

- E se você fosse seu pai ele jamais descansaria enquanto não mudasse isso.

Antes que conseguissem abrir a porta do quarto do hospital onde estava com seu sogro, Sasuke foi até a cama e retirou todos os lençóis querendo morrer só um pouquinho. Sendo bem sincero, estava 100% disposto a ajudar seu sogro e entendia muito bem a honra de homem que ele estava querendo proteger, por isso estava querendo tirar aquilo dali antes que entrassem, daria para alguém da equipe de limpeza quando saísse. Mas, ainda assim não era o tipo de pessoa que cuidava de pessoas mais velhas além de prover boas coisas. Recolher lençol sujo de cocô e muito menos dar banho em alguém com dificuldade de locomoção não eram habilidades em seu vasto currículo.

Ao fechar a trouxa de lençol até deu uma risada.

Por Deus, como amava aquela família.

Quando conseguiram entrar no quarto logo ouviu o barulho das batidas do médico muito nervoso na porta trancada ordenando que saísse imediatamente. A voz de Sakura estava mais aguda que o normal perguntando o que ele estava fazendo e quem ele pensava que era.

Achava que teriam sua primeira briga séria de casal.

Respondeu dizendo que estava tudo bem e não demoraria, mas aquilo não acalmava as pessoas em nada. Ouviu quando mandaram dar um jeito de abrir aquela porta.

Terminou de dar banho em seu sogro, mas admitia que não tinha certeza se tinha feito da melhor forma, porém o suficiente para que não houvessem sinais do incidente.

Quando abriu a porta havia uma comitiva ali. Todos olhando surpresos.

Rapidamente foram até Kizashi e puxaram a cadeira de rodas onde ele estava sentado para afastá-lo de Sasuke que ficou parado com cara de tédio. Alguns enfermeiros vieram até ele e seguraram em seus braços.

- Ei! - Sasuke puxou os braços - Não me toquem! - Ainda por cima estava bastante molhado e se sentindo completamente sujo.

- O senhor terá que se entender com nosso departamento jurídico Sr. Uchiha! - O médico esbravejou enraivecido apontando o dedo para ele.

Sasuke semicerrou os olhos fitando a ponta do dedo do homem na sua direção, estava ficando com raiva.

- E para isso é necessário que me carreguem?

- Estou lhe expulsando desse hospital!

- Saiba que também tenho um departamento jurídico e vamos ver qual é o mais forte - Fez cara de desafio.

- Ah cala a boca Sasuke! - Sakura gritou com as mãos na cintura - Sempre essa fala de garoto mimado dono da bola! Que merda você pensa que fez? Ou melhor! O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU PAI?! Olha eu…

- Eu não fiz nada! Apenas ajudei quando nenhum de vocês idiotas sabiam que deviam ajudar! Estavam sufocando o homem! Fazendo ele se sentir mal! Não fiz nada que ele não estivesse implorando que fosse feito! - Estava irritado com aquela quantidade de olhares incompreensivos sobre si, o sentimento de injustiça estava lhe deixando doido. Eles não sabiam de nada!

- Idiota?! Ah falou o profissional de saúde! Me ensine seus métodos Doutor! - Sakura ironizou - Olha você não é o dono do mundo! Não pode tudo! Não sabe de tudo! - Apesar de mais baixa ela parecia enorme agora e muito furiosa enquanto apontava o dedo na cara dele como poucos teriam coragem, além do médico que acho que não tinha a noção exata de com quem estava falando - E muito menos pode fazer o que quiser com os outros! PRINCIPALMENTE O MEU PAI ENTENDEU?!

- ELE ESTÁ BEM! - Gesticulou como se fosse arrancar os próprios cabelos.

- Se acalmem, apesar de os ânimos estarem alterados peço que lembrem que estão em um hospital. - O médico disse mantendo a pose.

Sério, iria meter um soco na cara desse médico.

- Senhor Uchiha! - Os enfermeiros acabaram tendo que segurá-lo quando avançou, mas por si próprio desistiu puxando mais uma vez os braços para se desvencilhar lançando um olhar furioso àqueles homens.

Por último olhou para Sakura negando com a cabeça e saiu sem dizer mais nada.

- Os advogados do hospital irão procurá-lo - o médico advertiu.

- Foda-se - respondeu curto e grosso.

Já era tarde da noite, Sasuke batia a ponta da caneta de prata na mesa de segundo a segundo. Estava em sua poltrona de CEO com o cotovelo direito apoiado na madeira da mesa olhando pelas imensas janelas de vidro de seu escritório. O rosto sério parcialmente coberto apoiado por sua mão esquerda transparecia seu pensamento distante.

O dia havia sido estressante demais, as coisas na empresa também não haviam sido fáceis. Parece que todo mundo resolveu arranjar problema naquele dia para lhe tirar do sério. Ainda por cima, Hiashi não estava ali como filtro. Muitas coisas chegavam à ele e paravam por lá antes de serem motivo de perturbação para Sasuke. Sem ele, não havia ninguém com competência o suficiente para tal, apesar de ter Karin como assistente, ela ainda era inexperiente, por isso sempre achava melhor passar com Sasuke ao invés de decidir qualquer questão por si própria. Foi ela quem lhe manteve informado sobre o estado de saúde de Hinata e foi através dela que ele pediu que Sakura fosse informada de tudo.

Não falou com sua esposa o dia todo após o incidente no hospital e não estava afim de ir pra casa. Imagina que sequer ela estaria lá para início de conversa, mas aquela casa toda já lembrava demais o convívio familiar com ela, a ausência dela lhe fazia sentir sozinho o que acabava lhe lembrando da injustiça que sofreu pela manhã e isso lhe deixava ainda mais puto. Tudo bem que ele forçou a barra e as coisas acontecera de forma bem intensa, não teria como não deixar os outros com raiva, mas saber que não estava fazendo nada de mal e ser acusado com sangue nos olhos era demais para sua paciência.

A porta do andar de baixo do escritório de Sasuke se abriu, ele não se moveu, aquela não era mais hora de Karin estar por ali. Essa mulher já devia estar em casa descansado… Mas… Ah, só cabeça, deveria tê-la dispensado, era bem capaz de que estivesse ainda ali achando que ele precisaria dela. Não podia negar que ela era bastante dedicada. O som dos saltos na escada de vidro o fez parar de bater a caneta e mover os olhos esperando ela aparecer.

Sakura apareceu e parou no topo das escadas olhando para ele. Sasuke desviou o olhar para as janelas de maxilar trincado e voltou a dar batidinhas na mesa.

Esperou que ela dissesse algo, mas só percebeu certa movimentação dela vindo até a cadeira em frente a sua mesa e se sentando soltando o ar cansada.

- Algum problema? - Perguntou de uma vez, não gostava de enrolação. Ela estava ali para falar algo, então que falasse. Se fosse para continuar a briga de mais cedo, estava totalmente disposto. Seria até bom para aliviar os seus nervos completamente inconformados com a injustiça.

- Alguns - Ela respondeu lhe olhando com seriedade nos olhos - O que aconteceu?

Sasuke estalou a língua saindo da posição que estava, virou sua poltrona ficando de frente para ela e acomodou-se com os cotovelos sobre o descanso para os braços.

- Eu não irei falar sobre isso eu e seu pai fizemos um acordo. Ele precisava de algo, eu o ajudei e ponto final. - Manteve sua palavra - Espero que respeite isso, é um acordo entre cavalheiros, dei minha palavra de honra.

- É o meu pai Sasuke, ele está doente, não pode fazer o que quiser. Ele mesmo não tem noção do que pode lhe fazer mal… - Ela estava com o mesmo discurso de mais cedo, porém bem calma. O que era estranho.

- Pode ter certeza que não foi nada demais e nem nada que prejudicasse a saúde dele mais do que o que vocês estavam fazendo quando eu cheguei - Alfinetou. Sakura crispou os lábios em um momento de silêncio - Ele também é meu pai agora, eu jamais faria algo que fosse mau. - Ela olhou para ele de lado, um pouco desconfiada - Ele sabe… Que somos casados.

- Ele lembra?! - Sakura ergueu as sobrancelhas surpresa com aquilo.

- Não falamos sobre isso, ele apenas comentou que sacou no meio da confusão quando se referiram a nós como casados. Mas, não é impossível que ele tenha ligado os pontos e lembre da promessa que fez com meu pai.

- Ele não comentou nada sobre isso o dia todo… - Disse pensativa.

- A Okaa-san está me odiando muito? - Preocupou-se.

- Não… É por isso que estou aqui.

Sasuke ergueu uma sobrancelha curioso.

- Depois que a confusão passou, papai falou conosco. Ele não quis explicar o que aconteceu, mas disse que você é um bom rapaz e… confirmou sua história sobre ter atendido a súplica dele quando precisou - Sakura falou com os olhos baixos - O hospital não fará nenhuma queixa contra você.

- Pois eu ADORARIA que fizesse! - Sasuke falou em voz alta desencostando as costas de sua poltrona lembrando da cara daquele médico, depois relaxou novamente com o pensamento distante, pensando no quanto poderia foder com aquele povo.

- Desculpa.

Olhou para Sakura sem entender muito bem.

- Desculpa por ter sido grossa, mas… Mas, eu estava muito nervosa! Tudo aquilo foi demais! - Tentou se justificar.

- Eu tive que agir daquela forma, vocês não paravam.

Sakura deixou os ombros caírem.

- É, eu sei… Obrigada por ser um filho melhor do que eu.

- Tudo bem. - Céus, agora parecia que estava 100% calmo. - Também não precisa falar isso, sem drama Sakura. - Ela deu de ombros - Vem cá.

- Hum?

- Vem aqui - Disse afastando a poltrona da mesa, ela se levantou um pouco indecisa e deu a volta indo até ele que se virou ficando de lado para a mesa novamente. Pegou sua mão e fez com que ela se sentasse de lado em seu colo. Se atracou a ela pelo tronco e respirou fundo de olhos fechados.

- Achei que estaria possesso.

- Estava - Falou ainda sem abrir os olhos - Mas, eu preciso mais disso do que dar uns gritos. É muito mais aliviador.

Sakura o abraçou com carinho de volta e usou um pouco de seu peso para que se reclinasse novamente sobre o encosto da poltrona, assim ela também ficava mais relaxada e começou a fazer carinho em seus cabelos.

- Eu ainda quero saber o que aconteceu…

- Vai ficar querendo - Ele respondeu com simplicidade - Dei minha palavra, isso é entre mim e ele.

- Grosso.

Sasuke bufou uma risadinha e abriu os olhos movendo a cabeça para olhar para cima e lhe dar um beijo. Simples, breve e cálido, finalizado com um selinho para logo em seguida abrir os olhos.

- Estava muito preocupado com a reação dele, mas pelo visto ele está mais ciente de tudo do que nós podemos imaginar.

- Sempre achei que fosse alguma brincadeira que o seu pai levou a sério demais, nunca imaginei que meu pai seria capaz de me prometer assim. - Sakura franziu a testa - Eu estou um pouco decepcionada com isso.

- Estou ofendido com suas palavras. - Disse e sorriu, estava brincando - Eu entendo, isso era algo que meu pai faria totalmente, tanto que fez. Mas, julgando pelo pouco que conheci da sua família, realmente…

- Papai disse que quer que você vá lá amanhã.

- Certo - Imaginava que ele gostaria de agradecer - Para todos os efeitos, tudo deu certo. Podemos ficar tranquilos, se por um acaso seu pai se sentir mal por isso e achar qualquer tipo de besteira apenas provarei o quanto eu te amo - Ele falou com toda naturalidade. Sakura corou.

- Como você faria isso?

- Contando para ele como foi dureza te conquistar e… Sobre algumas tentativas de fazer o neto dele, diploma de amor maior que esse não há...

- Nem brinca com isso! - Sakura ficou nervosa.

- Ainda não sentiu enjoo amor? - Cutucou rindo.

- Para Sasuke!

- Eu já disse… Roleta russa!

- Nós mal começamos, não deveríamos ter arriscado assim! Não fica com medo?! - Sasuke riu - É sério! Só de pensar nisso parece que meu estômago revira, eu não quero algo assim agora!

- Com certeza não é algo que está nos meus planos - Sasuke parou de olhar para cima e acomodou a cabeça no peito de Sakura. - Mas, eu refleti bem sobre esse risco antes de… você sabe.

- O que você pensou?

- Foda-se.

- O que?

Sasuke riu de novo - Sendo bem sincero, na hora só pensei “Foda-se”, existe todo um calor do momento.

- Grande reflexão a sua. - Sakura revirou os olhos.

- Problemas não teremos, mas não vou mentir dizendo que não fico um pouco receoso.

- Vamos parar de falar sobre isso que eu já fico nervosa e minha menstruação pode acabar atrasando sem motivo, só por eu começar a achar que estou grávida! Caramba, não deveríamos ter feito isso!

- Por que tanto nervoso? Não é como se não fossemos ser uma família ou houvesse qualquer dificuldade.

- Sou muito jovem Sasuke, não quero ser mãe agora. É algo lindo, mas eu mal sei ser uma namorada e já estou tendo que aprender a ser esposa, ser mãe ainda por cima não é um pouco demais por agora? Eu também estou tentando ser uma médica… Estamos juntos há tão pouco tempo que nem deveríamos estar tendo essa conversa. Você pode dizer que também é jovem e as coisas também andaram rápido demais para você e que eu só penso em mim… Que o mundo gira ao meu redor - Lembrou da discussão que tiveram na biblioteca uma vez, quando Sasuke acabou cortando a mão ao ser acusado de não amá-la de verdade, quando era ela quem não via as coisas como deveria - Mas, esse tipo de coisa é diferente para quem vai ser mãe e para quem vai ser o pai. Você fica “receoso”, eu fico em pânico.

- Entendo - Fez um carinho nas costas dela - Desculpa, acho que não precisamos ficar preocupados, prometo que respeitarei isso. Faremos isso acontecer no momento certo, a realidade é que nem eu estou pronto. Como você disse, ainda nem deveríamos estar tendo esse tipo de conversa. A vida me fez um adulto tão rápido que eu esqueço que ainda sou jovem. Só agora me sinto mais leve para ver algumas coisas, agora que você está do meu lado, mesmo que você também seja grande parte do meu amadurecimento acelerado.

- É engraçado como nos referimos a nós mesmos como problemas que tivemos que passar.

- E não fomos?

- Até demais…- Disse por fim se acomodando ao corpo dele com o queixo sobre a cabeça de Sasuke - Problemão.

Os dois ficaram em silêncio por longos minutos de olhos fechados, completamente relaxados com a presença um do outro. O sono começou a bater, Sasuke sacou o celular e ligou pedindo que o motorista se preparasse.

- Amor…

- Hum….

- Vamos para casa…

Ela respirou fundo se erguendo devagar ainda sentada em sua perna.

- Falar sobre gravidez me lembrou da Hinata… Eu queria estar ao lado dela.

- Vamos nos manter informados, assim que possível seria muito bom que você conversasse com ela. Acho que ela precisa de todo apoio possível agora. Sua voz pode deixá-la mais calma.

- Ela está sozinha lá.

- O pai dela foi para lá.

Sakura fez uma careta.

- O mesmo que nada.

=================================1 DIA DEPOIS=====================================

Hiashi entrou no compartimento de escritório do quarto de hotel onde Minato estava hospedado com Kushina. Por hora, o pai de Naruto estava trabalhando dali, não queria se afastar da família naquele momento. Sabia que o pai de Hinata havia chegado na noite anterior e ao contrário do que ele pensava que seria, foi para o hotel dormir e ao amanhecer, ao invés de se dirigir ao hospital pediu para ver Minato.

- Namikaze-sama - Curvou-se como o costume japonês manda com perfeição.

- Hiashi - Moveu a cabeça, em pé atrás de sua mesa como cumprimento, mas logo se sentou indicando que ele deveria fazer o mesmo. - O que gostaria de falar comigo?

- Gostaria de pedir desculpas pela fuga de Hinata, eu não sei onde esconder minha cara depois disso. - A expressão dele era exatamente essa, de vergonha.

Minato ergueu uma sobrancelha.

- Eu não sei o que deu nela e veja só agora como está, pondo em risco a vida do bebê… Foi muita irresponsabilidade dela e uma falta de respeito com a sua família. Até faz o outros comentarem que ela não estava sendo bem tratada, um absurdo! Como ela pode permitir que esse tipo de rumor se erga sobre a família que irá em breve será a sua? - Negou com a cabeça decepcionado - Eu descobrirei o que aconteceu e resolverei isso, iremos esclarecer e tudo ficará bem. Não voltará a se repetir, então, com muita vergonha gostaria de primeiramente pedir desculpas ao senhor, espero que isso não abale em nada o relacionamento entre nossas famílias. Com certeza há algum mal entendido.

- Com certeza - Minato concordou e Hiashi balançou a cabeça afirmativamente com seriedade. Satisfeito. - Agora… - Minato se ajeitou unindo as mãos sobre a mesa.

- Você sabe que sua filha está correndo risco de vida?

- Ah… - Ele fez uma cara de lamentação tão falsa que Minato sentiu nojo - As consequências da rebeldia, mas tenho certeza que tudo ficará bem.

- Sabe Hiashi, eu quem deveria te pedir desculpas… - O homem ficou um pouco confuso - Meu filho engravidou sua filha sem qualquer planejamento, meu filho praticamente fez com que ela saísse do seio de sua família muito cedo, meu filho a tratou mal e a fez ficar infeliz para chegar ao ponto de querer fugir e estar correndo risco de vida. Mas, eu acho que você não se importa com nada disso.

- Claro que me importo! É da minha filha que estamos falando! - Pareceu ofendido - Estou muito preocupado e quero que ela fique bem o quanto antes.

- Para que o casamento ocorra sem problemas. - Minato afirmou.

- Sim, com certeza.

- Ouviu a parte em que eu disse que meu filho a tratou mal?

- Isso é normal entre os casais, mas uma boa mulher deve suportar os momentos de irritação do marido. Eu a ensinarei sobre isso.

Minato deu uma gargalhada - Hiashi, muito obrigado mesmo por ter vindo até aqui. Estou bem mais tranquilo agora. Que bom que esclareceu as coisas.

- Essa era a minha intenção, fico feliz com isso.

- Certo, vamos fazer o seguinte… Vá embora daqui, volte para o Japão - Disse sério - Hinata não precisa de você aqui. Você é tão desprezível que eu não estou conseguindo nem pensar nos desaforos certos para dizer agora, sua vinda aqui esclareceu o quanto Hinata sofreu e o quanto teve que aguentar acusações das quais não tinha culpa - Minato estava mais à par de tudo o que havia ocorrido entre ela e Naruto - Se seu objetivo era tanto assim entregar a sua filha nas mãos de outra família, então estou a adotando. Faça o favor e suma da vida dela, pois você pode ser qualquer coisa, menos um pai.


Notas Finais


Terminou que sentei hoje e escrevi :)
O cap não está cheio de emoções, fiquei um tempão pensando no título, porque acho que nada de realmente importante aconteceu, mas tudo faz parte do progresso da história!
Muito obrigada por me acompanharem, pelas mensagens de incentivo no Facebook tanto na minha página, quanto no meu perfil individual e no grupo de fanfics SasuSaku!
E segue o jogo!


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