— Alice, dá pra você me falar o que tá acontecendo? Desde que você foi no banheiro e viu aquela garota, você está toda estranha?! — ela suspirou pesadamente, e abaixou seus olhos, embora estivesse de frente para mim.
— O-k...
(...)
ALICE POV's
Flashback on
Eu estava no banheiro, tentando me limpar com o papel, mas percebi que era inútil, e ainda estava com um forte aspecto de lambuzada. Resolvi ligar a torneira, lavando meu rosto por inteiro, quem sabe ao menos assim eu parecesse mais limpa. Foi aí que me assustei ao sentir uma mão em minha cintura, levantei meu rosto no mesmo instante, e a vi pelo reflexo.
— Olá — ela soltou um sorriso malicioso ao me olhar ainda pelo reflexo no espelho.
— Oi... — me virei, receosa. Não estava confortável com a situação, porém, até então ela estava falando normalmente, sendo assim, tentei apenas ser educada.
— Aquele garoto lá fora é o seu namorado? — seu olhar era indecifrável, parecia transmitir expectativa com uma pitada de outro sentimento que não consegui identificar.
— É... — tentei parecer confiante — acho que sim — mas acabei mesmo à contra-gosto completando a frase, com um sorriso amarelo.
— Entendi... — ela me olhava de cima à baixo — engraçado, pensei tê-lo visto naquela festa com uma amiga minha...
Eu não sabia o que dizer na verdade, porque eu sabia que deveria ser verdade, afinal, naquele dia vi os chupões no pescoço dele mesmo. Aah, aquela ideia criara inevitavelmente um nó em minha garganta que me fez engolir à seco... eu sei que se fosse mesmo verdade, aquilo não era uma traição, porque a gente nem tinha nada, mas querendo ou não, imaginar cenas daquele dia eram uma tortura pra mim. Eu estava realmente sem reação, e eu só queria sair de lá e desmanchar essa minha cara de "foda-se pra tudo".
— Talvez, ele não te dê o devido valor — se aproximou do meu rosto, pronunciando as últimas palavras de forma lenta e sugestiva.
— Acho que eu sei me virar sozinha — desvio, andando em direção à saída.
— Tem certeza? — ela aumenta seu tom de voz, e acabo parando por um momento — Posso saber de coisas, que talvez você nem saiba... — mesmo hesitante, continuei com meus passos em direção à saída, até que sinto ela segurar em meu pulso.
— Dá um tempo garota, eu já falei que me viro, ok?! — é, eu já havia perdido a paciência, puxei meu braço que estava em suas mãos, e segui meu caminho.
(...)
Flashback off
Eu tinha acabado de despejar tudo o que havia acontecido em Taehyung, e algumas lágrimas insistiam em sair, porém, eu me negava à deixá-las caírem livremente.
— Pronto! Foi isso que aconteceu, ok?! Agora, me conta você o que tanto ela poderia saber sobre você e a vadiazinha da amiga dela, que eu não sei?! — eu estava sem filtros, era isso que ele queria, não é mesmo?
— Aly, aquela garota é doente, ela esta inventando isso porque quer você! — ele gritava colocando suas mãos em meu rosto.
— Ok Taehyung, normalmente eu aceitaria muito fácil essa explicação. Mas, eu vi as marcas no seu pescoço naquele dia, ok?! — tirei suas mãos do meu rosto.
— Mas eu nem sei quem raios é a amiga dessa garota! — berrou.
— Nooossa, quer dizer que pegou tantas que se perdeu todo? — ri sarcástica.
— Você está distorcendo as coisas! — eu queria distorcer era aquela maldita cara linda dele!
— Tudo bem Taehyung, você não me deve satisfações ok? A gente não tinha, e nem sei se hoje temos, alguma coisa — foquei o chão ainda sorrindo sarcástica, mas dessa vez me esforçando para transparecer indiferença.
— PUTA QUE PARIU, ALICE! A gente tem alguma coisa, tá bom? Para com essa mania de fugir de tudo! E caralho, naquele dia eu só acabei ficando com uma garota, porque eu estava ajudando o Jimin com a mina que ele gosta, que aliás, estava fazendo cú doce de ficar sozinha com ele e levou uma amiga que era doida por mim! — Ele gritou tudo de uma vez.
Eu estava em choque. Eu achava que o pior "eu" dele era sendo um bêbado sarcástico, mas agora agora eu estava diante de um Taehyung irado de raiva, que eu nunca tinha visto. E o mais importante: tudo que ele havia dito sobre mim, não era mentira. Eu realmente era assim, sempre com medo de tudo, e mesmo no momento que me entreguei à ele, algo dentro de mim ainda hesitava se entregar por completo em minha mente. E aquela história com o Jimin, se eu parasse pra pensar, de fato, fazia algum sentido.
Eu estava desolada por dentro, não sabia como reagir, e eu não poderia desabar ali, na frente de alguém. Mesmo que esse alguém fosse ele. E talvez, especialmente por esse alguém ser ele. Eu não queria que ele me visse naquele estado. Descontrolada. Eu havia me descontrolado, e saber disso me deixava mais desestabilizada ainda. Eu não sei se a cobrança para que eu nunca chegasse nesse estado era mesmo dele, ou se era somente minha. Pois se eu parasse para pensar, ele sempre tentou me consolar, desde o começo, só que eu nunca havia me permitido descansar por algum tempo.
— Me dá uma chance Aly, de verdade? Eu não aguento mais pensar nas possibilidades de você gostar mais do Yoongi, do que de mim... — eu nem tinha me dado conta no momento que aconteceu, apenas senti os braços de Taehyung ao meu redor. Ele me abraçava tão forte... e sua voz parecia embargada em choro.
— Ã? — levantei minha cabeça olhando em seus olhos. — Em que mundo achas que eu gostaria de Yoongi minimamente o quanto, e do jeito que eu gosto de você? — sorri deixando cair a primeira lágrima.
— Eu pensei que... — coloquei meu indicador em seus lábios, o interrompendo.
— Larga de ser besta, e caso você tenha acreditado naqueles cartazes, eram só montagens, está bem? Eu nunca beijei o Yoongi. E eu de fato, gosto muito dele, nos conectamos de alguma forma... — parei por um instante — mas com certeza, não de uma forma romântica.
— Isso quer dizer, que eu tenho alguma chance, real? — ele me olhava como uma criança cheia de expectativas. Ah, eu amava aquele olhar.
— Claro, idiota! — soltei em meio ao maior riso possível.
— A gente tá namorando? — ele perguntou já com o sorriso mais evidente.
— Não sei, só se você quiser, eu quero. Mas se não quiser, eu finjo que nada disso aconteceu — me fiz de indiferente.
— Boba! Você sabe que eu quero — rindo me abraçou e me levantou girando-me no ar.
— Seei? — continuei irônica mesmo em meio aos risos inevitáveis.
(...)
O resto do dia foi só diversão, andamos muito, fomos para casa dele e assistimos anime, jogamos, comemos. — Comida, ok? — E ficamos nos beijando até a hora de eu ir embora. Da qual ele insistiu que não existisse, pedindo para que eu dormisse lá, entretanto eu tive que recusar. Afinal, ele ainda teria aula no dia seguinte, embora eu ainda estivesse em meu último dia de férias, vulgo, suspensão.
Realmente o dia havia sido meio complicado, mas há tempos eu não ia dormir tão leve. Parecia mesmo que este era o momento que eu estava começando a viver de verdade, sabe? Como dizia Tae, sem pensar tanto nas consequências... e era assustadoramente libertador.
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