História Juventude - Capítulo 5

— Está tudo bem? — Perguntou a atendente.

— Tudo sim... Eu vou querer o mesmo que eles, por favor. — Respondeu Chan, a encarando. — Você poderia me mostrar onde fica o banheiro?

            Sehun e Minseok riram e olharam estranho para o moreno alto.

— Meu Deus Chan, a gente vem aqui quase todos os dias. — Disse Sehun, ainda sorridente.

— Eu devo estar com a cabeça nas nuvens então. — Concluiu Chanyeol. — Eu já volto.

— Siga-me senhor. — Disse a mulher, liderando o caminho.

            Tinha que ser ela. Uma estranha enfermeira que o mesmo jamais teria ouvido falar, pois conversava com a So Jyen a respeito da maioria que trabalhava naquele grande hospital, mesmo assim Sang Mae nunca havia sido um tema. Contudo, ao mesmo instante que aquilo fazia sentido, também não fazia sentido algum. Seria impossível que a tal enfermeira estivesse viva na época em que Chan era jovem, pois a mesma ainda não passara dos 30 anos no futuro em que o rapaz alto estava na noite passada.

            Chanyeol já estava a se sentir um maluco, precisava de alguma explicação.

— Aqui senhor, fique à vontade. — Disse a garçonete.

            Rapidamente, Chan puxou a mulher consigo para dentro do banheiro, trancando a porta.

— Senhor, o que pensa que está fazendo?

— Eu sei que eu não estou ficando louco. Sei muito bem quem você é e exijo saber o que está acontecendo comigo!

            A atendente ainda tentou lutar, mas viu-se presa e logo soltou o ar, se dando por vencida.

— Está bem... Está bem... Apenas me solte e sente-se, vou explicar de forma resumida o que aconteceu.

— Não quero resumos! Resumos só me deixarão mais confusos, preciso de toda a verdade!

— Não posso passar tanto tempo longe do trabalho, muito menos presa dentro de um banheiro com um cliente, serei demitida.

            Chan revirou os olhos, sua raiva era imensurável naquele momento. Não era raiva da mulher, nem raiva dele, mas sim raiva de estar agindo como um louco, mesmo parecendo estar certo.

— Pois bem...

— Eu estive com você na noite passada e lhe fiz relembrar de alguns momentos do seu passado que você havia esquecido... Lembra de algum deles em específico?

            O jovem Park buscou em sua memória o que teria acontecido com ele na noite anterior. Sua mente estava embaralhada, e não conseguia pensar com clareza, mas lembrou-se do nome que mais o atormentou.

— Byun Baekhyun.

— Lembra quem foi Byun Baekhyun para você?

            Suas mãos tremeram e seus olhos arderam, assim como sua garganta. Parecia que um fogo teria acendido dentro de seu corpo, o dando um certo desespero e pesar. Terrível sensação.

— Baekhyun foi o único amor da minha vida. — Disse por fim, sentindo seu coração bater com violência contra sua caixa torácica.

— Por isso você está aqui.

— Como assim?

            O som da forte campainha do balcão chamou a atenção de Sang Mae, que se apressou ao ouvi-lo.

— Tenho que ir. — Falou ela, levemente afobada.

— Mas ainda tenho dúvidas...

— Se quiser saber tudo com clareza, me encontre hoje a noite aqui, quando eu sair do trabalho, lhe explicarei tudo.

            Dito isso, a mesma saiu do banheiro rapidamente, deixando o confuso moreno lá dentro.

            Pelo menos uma coisa era fato: Chanyeol não estava louco. De alguma forma ainda não explicada, ele teria voltado ao passado para relembrar Byun Baekhyun. Mas por que? Qual seria o sentido daquilo? Isso tudo era real, ou apenas uma espécie de memória resgatada por um novo tipo de tecnologia? Ainda haviam muitas perguntas sem resposta, o que fazia necessário o encontro com a mulher estranha a noite.

            E assim foi.

━━━ ✿ ━━━

            O relógio já se aproximava das 23:00 horas quando as luzes do pequeno café se apagaram. Chan mantinha-se escondido na escuridão, no lado oposto da rua, observando os últimos trabalhadores do estabelecimento sair. Lá estava Sang Mae e mais um atendente do local. O rapaz não demorou muito com ela, deixando-a sozinha.

            Enquanto a mesma fechava o local, o moreno aproximou-se com cautela.

— Estou aqui. — Falou ao parar atrás da mulher.

— Ah! — Gritou ela, assustando a Chanyeol, que pulou para trás e quase caiu ao pisar no meio-fio da rua. — Meu santo Cristo você quer me matar do coração?!

— Eu pensei que você estava me esperando. — Explicou o rapaz alto, com a mão no coração.

— Eu estava, mas achei que você chegaria avisando, tipo “oi, cheguei”, e não parar como uma alma penada atrás de mim e falar do nada.

— Tudo bem, eu peço desculpas. Mas enfim, agora que estamos a sós, pode me explicar melhor quem é você e o que exatamente aconteceu comigo?

— Está bem... Vamos sentar na praça da esquina, vou lhe explicar tudo.

            A mesma não esperou confirmação, apenas liderou o caminho, enquanto Chan a seguia em silêncio, ainda tentando formular todas as perguntas em sua mente.

            O lugar estava deserto, por conta do horário, então felizmente falariam ali sem qualquer problema.

— Está bem... Você está fazendo uma espécie de experimento novo comigo? Como uma máquina que faz com que eu reviva minhas memórias? — O moreno começou com seus questionamentos.

— Não exatamente. Muitos me chamam de louca, bruxa e tudo mais... Eu tenho esse estranho poder. Não funciona com pessoas jovens ou saudáveis, apenas com pessoas mais velhas, já no fim de suas vidas. Através de um objeto que lhe remeta a uma lembrança passada, eu trago a pessoa comigo para um tempo de suma importância de sua vida na juventude.

— As gardênias...

— Exatamente. Foram através delas que fizemos essa conexão com o seu passado e paramos aqui.

— E como você pode ser alguém tão jovem, mesmo sessenta anos antes?

— Na verdade eu não existo aqui. Quando faço esse tipo de viagem, escolho uma pessoa que não foi importante na sua vida e nem interferiu nela. Nesse caso, escolhi uma garçonete comum de um café que você frequentava com seus amigos na época.

            As coisas finalmente passavam a ficar mais claras. Mas ainda havia uma dúvida que atormentava Chanyeol.

— Enfim, para que eu estou aqui? O que eu devo fazer?

— Hoje é o 18º dia de junho, no ano de 2018. Amanhã, você conhecerá Byun Baekhyun, o rapaz pelo qual você está aqui. Essa é a sua memória mais feliz, e você terá a chance de revivê-la.

            Chan sorriu e seus olhos marejaram, mal podia acreditar no que estava para acontecer. Teria a chance de relembrar tudo o que fez com o seu único e verdadeiro amor.