P.O.V Camila
- Você vai mesmo ficar com essa cara, meu chuchu? - Ashlee perguntou, apertando minhas bochechas e eu me afastei bruscamente - Nossa, Camila, que drama.
- Drama? Drama, Ashlee? - aumentei meu tom de voz - Olha o que acabou de fazer, sua louca! Você viu a cara da Lauren e dos meninos? O Liam...eu tinha dito a ele que o ajudaria a construir um castelo de areia.
- Pelo amor de Deus, Camila! - revirou os olhos - Idai? Crianças não podem ter tudo o que querem o tempo todo senão elas ficam super mimadas, sabia?
- Experimenta entrar em uma máquina do tempo, voltar uns 10 anos e avisar isso pra sua mãe - bufei.
- Olha quem fala né - ergueu uma das sobrancelhas e eu rolei os olhos. O pior é que era verdade - Relaxa, Mila, você não vai perder seu emprego, se é isso que te preocupa.
- Eu sei que não vou.
- Então por que você ainda está com essa cara de merda ai?
- Não sei - suspirou - Sei lá, eu to me sentindo meio estranha.
- Toma, dá gole que você vai se sentir melhor - puxou uma garrafa de vodca da parte de baixo do seu banco e me entregou. Enquanto eu bebia, ela acendeu um cigarro.
- Você ainda vai ser presa - ri quando ela me passou o cigarro e eu a garrafa, a vendo praticamente vira-la quase cheia.
- Meu padrinho é chefe de polícia de Miami - deu de ombros - O máximo que pode acontecer é eu ficar algemada na sala dele até minha mãe chegar para me buscar.
- Claro - ri nasalmente. Era por isso que ela sempre fazia tudo o que queria, sem se preocupar com limites: nunca seria punida por nada.
- Então, o que a gente vai fazer agora? A puta da minha mãe decidiu tirar o dia de folga então lá em casa não rola.
- Hum...na verdade eu ia te pedir para me deixar em casa. Eu não estou muito no clima hoje.
- Ué - franziu o cenho - Por que? Você sempre tá no clima.
- Também não sei, mas hoje não estou - suspirei - Você pode me dar uma carona pra casa?
- Tudo bem. Eu posso até ficar lá com você um pouco, quem sabe você se anima.
- Ashlee, hoje não - aumentei meu tom de voz, nem um pouco disposta a começar uma discussão.
- Por que a gente não tenta, pelo menos?
- Porque.eu.não.quero. - falei pausadamente.
- Mas e se...
- Chega, eu vou pegar um táxi - recolhi minhas coisas rapidamente, saindo do carro e batendo a porta com força antes que ela pudesse protestar.
P.O.V Lauren
- Filho, eu acho que a gente está fazendo alguma coisa errada - lamentei ao ver o que deveria ser o nosso castelo de areia desmoronar pela terceira vez.
- Você não sabe fazer, mamãe! - cruzou os braços, chutando a areia a nossa frente repetidas vezes - Só a Camila sabe! Vamos ligar pra ela e pedir pra ela voltar.
- Liam, eu já te disse que ela está em um compromisso importante - bufei, repetindo a mesma frase pela quarta vez naquela hora - Vem, vamos tentar mais uma vez. Logan, vai lá pegar mais um pouquinho de água - passei o baldinho já vazio para o mais velho e recomecei a juntar a areia.
- Algum problema por ai? - uma voz grande falou e eu pulei com o susto. Um moreno alto, de lindos olhos castanhos era o dela, e estava parado bem ao nosso lado. Por sua roupa branca e vermelha que na verdade constituía de uma blusa e uma sunga, imaginei que fosse um salva-vidas - Desculpe, eu não tive a intenção de te assustar.
- Tudo bem, eu que estava distraída demais aqui - sorri fraco e ele fez o mesmo - Bom, aparentemente o problema é que eu não levo jeito construindo castelos de areia.
- Oh, entendi. Esse problema é mais comum do que você pensa - riu, abaixando para se sentar ao meu lado - Sorte sua que eu sou o maior construtor de castelos de areia de Miami.
- Mais do que a Camila? - Liam perguntou, se aproximando do salva-vidas.
- Eu não faço ideia de quem seja essa tal Camila, mas tenho certeza que sim - falou e os dois meninos arregalaram os olhos, sem acreditar - Querem ver? Eu aposto que você não sabem porque esse castelo está desmoronando - negaram freneticamente com a cabeça - Está muito seco! Precisamos de mais água para que os grãos de areia fiquem bem grudadinhos - na mesma hora Logan derrubou todo o líquido do seu balde em cima dos montes de areia.
Começaram a formar bloquinhos com a areia bem úmida e usar os baldes e forminhas para montar as paredes e torres do castelo. Percebi que o salva vidas de tempos em tempos me olhava de canto de olho, e eu corava toda vez. Alguns longos minutos depois, ouvi um gritinho de felicidade dos meninos e bati palmas ao ver que o castelo estava pronto.
- Calma, falta uma coisa! - o homem exclamou, e os garotos ficaram paralisados até que ele tirasse uma bandeira do bolso de sua camisa, a colocando no topo da torre maior - Agora sim. Bom trabalho, meninos - estendeu a mão para dar um hi-5 com cada um deles - Mas dá próxima vez a irmã de vocês vai ter que ajudar também, o que acham? Não é justo ficarmos com todo o trabalho duro.
- Irmã? - Logan fez uma careta confusa - Nós não temos nenhuma irmã.
- Eu sou mãe deles - ri e na mesma hora ele arregalou os olhos.
- O que? Você tá me zoando, né?
- Obrigada pelo elogio mas não, é verdade mesmo. E você não é a primeira pessoa que tem essa reação.
- Caralho! Quantos anos você tem?
- Hum...isso não é muito educado de se perguntar a uma mulher - forcei uma risada - Mas não se preocupe, tenho idade suficiente para ser mãe deles.
- Se você diz - torceu a boca, ainda sem acreditar.
- Mamãe, tira uma foto do nosso castelo! - Liam pediu.
- Tudo bem, mas depois nós vamos pra embora, ok? - falei, procurando meu celular dentro da bolsa.
- Mas já? Por que tão cedo? Eu aposto que eles ainda querem ficar, não é, meninos?
- Sim! - os dois falaram juntos.
- Por favor, não faça isso, senão eles literalmente não vão querer ir embora nunca. O sol já está ficando muito quente e nós combinamos de almoçar com a minha irmã aqui perto. Talvez a gente até volte mais tarde, mas agora é hora de ir.
- Tudo bem, explicação válida - ergueu os braços, como se se rendesse, e eu concordei com a cabeça, já levantando e guardando as toalhas e os brinquedos.
- Eu posso pelo menos saber seu nome?
- Lauren - estendi minha mão e ele a apertou, chacoalhando em seguida - E eles são Liam e Logan.
- Luis. Olha só, temos a mesma inicial! O time do L. Por isso nos demos tão bem - sorriu e ao ver que eu não responderia, continuou a falar - Qual a chance de eu conseguir seu telefone?
- No momento, nenhuma - neguei e seu sorriso se fechou - Desculpe. Vamos, meninos - puxei os dois pela mão mas Luis continuou a andar atrás de nós.
- Nenhuma? Zero? Nenhumazinha? - quando viu que eu não estava brincando, desistiu - Então pelo menos leve o meu cartão, caso você venha de...
- Certo, obrigada, Luis - puxei o cartão de sua mão e apertei o passo, o largando lá parado no meio da praia praticamente vazia.
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