História Keep Holding On - The Highest Point

O Ponto Mais Alto

O RESTO DO dia se passou numa loucura. Fazia cerca de 15 minutos que Lyon havia embarcado no avião e ido embora. Por mais que tivesse apoiado e incentivado o amigo, Gray se sentia um pouco apreensivo sem ele. E se ele fizesse uma besteira? Quem estaria lá pra lhe dar forças? Balançou a cabeça, lembrando-se que o motivo da viagem do albino fora conhecer a si mesmo, e era essencial para que alcançasse sua felicidade.

– O que se passa na sua cabeça, Gray? – Jellal finalmente fala.

– Só pensando... – recostou sua cabeça no assento do carro e fechou os olhos. Sentiu uma mão segurar a sua e abriu os olhos surpreso. Juvia lhe lançou um sorriso antes de fechar os olhos e tirar um cochilo. Quando o carro estacionou, minutos depois, Gray pediu pra Juvia esperar um pouco. Quando estavam sozinhos, disse:

– Você quer sair comigo no natal? – estava suando. – Eu te espero às 14:00 na praça Magnólia.

Não esperou a garota responder e saiu correndo.

– Espere, hey! Ele nem sabe se eu posso ir!

(*￣(ｴ)￣*)

24 de dezembro, 14h:00h.

Gray desceu do carro ansioso, apertando as mãos. Estava nervoso, por isso olhava ao redor, porém não encontrava ninguém com o cabelo azul e chamativo. Respirou fundo pois o tempo estava esfriando. Naquela época do ano costumava nevar bastante.

– Onde ela está? – se perguntou e respirou fundo. – Logo ela chega. – sorriu fraco, lembrando do rosto da azulada. Cada vez que pensava nela, era como se seu corpo todo se enchesse de paz, suas bochechas coravam e um sorriso se formava sem que ele percebesse.

Um floco de neve caiu, o fazendo olhar pra cima rapidamente. Ele andou até uma tenda improvisada por uma senhorinha que vendia bolinhos de peixe, torcendo para que Juvia chegasse logo pra que ela não pegasse uma gripe.

(*￣(ｴ)￣*)

15:07h

Juvia corria de um lado pro outro fazendo entregas de roupas. Como era final de ano, o número de pedidos aumentava bastante, além dos pedidos dos doces de sua avó triplicarem. Lucy havia ficado com sua avó ajudando a organizar tudo. Ah, e caso vocês achem que esse tenha sido o motivo dela ainda não ter chegado onde Gray estava, não é bem assim. Ela havia se esquecido completamente desse tal encontro.

– Vó, cheguei! – avisou, entrando no estabelecimento. – Tem mais coisas pra entregar?

– Só me ajuda rapidinho a empacotar essas trufas, por favor! – pediu Lucy. Juvia começou a ajudá-la. – E então? Você vai hoje pra festa lá da escola?

– Vai ter festa lá na escola?

– Você não sabia? Erza avisou no nosso grupo no whatsapp faz tempo.

– Eu tô com a cabeça tão avoada com essas entregas que não consigo pensar em mais nada. Sinto que estou esquecendo algo mas não lembro o quê.

– Isso me lembra um ex-namorado meu, – começou Vovó Lockser. – Ele tinha perda de memória recente, então eu sempre tinha que lembrar pra ele que...

– EU NÃO QUERO OUVIR ISSOOOOOOOOOOOO!

(*￣(ｴ)￣*)

16:50h

Apesar de estar sendo coberto pelo gelo, Gray fervilhava de preocupação. Olhava seu relógio sem parar enquanto abraçava seu próprio corpo. Fazia cerca de 40 minutos que a senhorinha da tenda havia ido embora, então agora ele estava sentado num banco da praça.

– Onde você está? – tentou ligar seu celular mas estava descarregado. – Aconteceu algo com você? – ele temia que tivesse acontecido algo com sua avó, mãe ou irmã, com ela, principalmente. – Por favor, que esteja tudo bem com ela. – orava desesperado.

(*￣(ｴ)￣*)

18:08h

Um barulho de sinos foi ouvido. Um cliente havia chegado. Vovó Lockser foi atender.

– Boa tarde, a Lucy está?

– LUCYYYYYYYYYYYY! SEU NAMORADO TÁ AQUI!

– O quê? Eu não tenho namorado! – avistou o garoto de cabelos rosas – Natsu! O que tá fazendo aqui?

– Não tinha nada melhor pra fazer, resolvi dar uma passada aqui. Estão precisando de ajuda?

Lucy sorriu.

– Quer dizer que eu vou ter que segurar vela agora? – Juvia falou.

– Juvia? O que está fazendo aqui? Achei que estivesse com o Gray.

– Ué, por quê? – começou a dizer e logo se lembrou. – EU ESQUECI!

– Esqueceu? – Lucy repetiu confusa.

– O Gray tinha me chamado pra sair hoje às duas da tarde! Que horas são? – puxou o celular. – Já faz mais de quatro horas, ele não deve estar esperando mais. Imagina.

– Vou ser sincero com você, ele estava super animado hoje de manhã, eu não acho que ele tenha ido embora. Do jeito que é cabeça dura, deve estar lá fora nesse frio.

– Mas eu não posso sair desse jeito, tenho entregas pra fazer e...

– Juvia, é natal. – Vovó Lockser se pronunciou. – Vai pegar esse homem de presente!

Lucy deu uma gargalhada. A Azulada ignorou sua avó, jogou seu avental pra Natsu, vestiu seu casaco, pegou sua mochila e correu pra fora do local.

(*￣(ｴ)￣*)

Eu não acredito que estou fazendo isso, pensava enquanto corria. Ele provavelmente nem está lá.

Ela parou olhando ao redor do local. Nem sinal do Fullbuster.

– Fui trouxa. – concluiu, abraçando seu próprio corpo, estava nevando bastante. – Vim pra nada! – gritou e logo ouviu seu nome ser pronunciado.

– Juvia! – o garoto foi em sua direção, coberto de neve.

– Garoto, você está congelan... – se surpreendeu ao ser abraçada pelo moreno. O corpo dele tremia.

– G-Graças a Deus, você está bem! – dizia ele. – Que bom!

Juvia contraiu os lábios.

– Por que você esperou esse tempo?

– Achei que tivesse acontecido algo com você. – espirrou.

– Me perdoa, eu esqueci. – tocou em sua testa. – Você pode ficar com febre, você é idiota?

– É assim que você trata quem leva neve por você no natal? – riu.

– Humpf! – deu um soco fraco no ombro dele. – Eu vou te levar pra minha casa pra você trocar de roupa, ok? É bem perto daqui e tem algumas roupas que foram do meu pai lá.

Gray corou, mas assentiu.

Enquanto caminhavam, começou uma nevasca, eles teriam que parar em algum lugar para esperar ela passar. O único prédio aberto era um antigo caindo aos pedaços. Dentro do estabelecimento não era muito diferente do lado de fora. Tudo caía aos pedaços.

Assim que pisaram no local, uma cadeira se partiu. Gray deu um pulo de susto, arrancando risadas da menina ao seu lado.

– Estamos presos por aqui até essa nevasca passar. – disse seriamente, quando a porta se bateu com força. – Ou até alguém vir nos buscar.

(*￣(ｴ)￣*)

– Me passa o doce que tá do seu lado? – Lucy pediu. Natsu segurou a mão da loira.

– Aqui.

– Aqui aonde?

– Você que é o doce!

A loira riu alto.

– Como você é besta!

– Vovó! – uma voz de criança brotou no ambiente. – Lu-chan chamou esse moço de besta!

– Isso é apelido de amor, minha querida! Eu já tive um namorado que amava apelidos, seu nome era... – falava sozinha.

– Mizu! Esse é o Natsu.

– Mizu não gosta do Natsu. Ele quer roubar a Lu-chan de mim?

– O quê? – Natsu estava se divertindo. – Então você é uma rival no amor?

A garotinha se agarrou numa perna da loira.

– Sim! Eu vou enfrentar você!

– Eu não vou me segurar! Te desafio pra uma batalha de quem come mais! – puxou dinheiro da carteira e colocou e deu pra vovó Lockser. A senhora havia deixado claro que era "comeu, pagou".

– Yoshi!!! – a menina se empolgou.

(*￣(ｴ)￣*)

– Mas que droga! – Juvia chutou a porta.

Gray engoliu em seco observando a garota. Coitada da porta.

– Você costuma ficar presa nesses prédios sempre? – disse debochado e se abraçou mais, a fim de se aquecer.

– Só quando saio com riquinhos. Vem cá, você não tá debochado demais pra quem pode ser uma hipotermia? – o garoto pensou em respondê-la, mas acabou espirrando. – Droga. Você está bem?

– Claro que s... ATCHIM! Tô ótimo! – deu um sorriso. Seu nariz estava vermelho. – Isso não teria... ATCHIM! Acontecido se você tivesse... ATCHIM! Chegado na hora certa! – tentou brincar, mas não parava de fungar.

Juvia apertou o nariz dele.

– Se você tivesse o senso de ir embora, isso não teria acontecido!

– Isso dói! – ele tremia.

– Toma. – deu seu casaco e seu cachecol pro garoto. – Tira esse casaco molhado e coloca o meu.

– Mas e você?

– Nós pobres somos acostumados a passar frio! – riu. – E eu sou acostumada a nadar com temperaturas baixas.

– Não vou deixar deixar você... ATCHIM! Passar frio!

Juvia revirou os olhos com a teimosia do Fullbuster.

– Senta.

– O quê?

– Senta logo! – ordenou, fazendo o garoto se sentar no canto da parede. Ela se sentou ao lado dele e os cobriu com seu casaco.

– O que você tá fazendo?

– Cala a boca. – sorriu levemente e passou o cachecol ao redor dos dois. – Preciso arranjar um pano pra enxugar o seu cabelo. O moreno tossiu um pouco. Seu nariz estava tão vermelho quanto a Tikki de Miraculous Ladybug. – Não acredito que nós vamos passar o natal assim! Quando a gente sair daqui eu peço pra Mamãe preparar um Dango e... – olhou pro lado. – Gray? – o moreno já tinha caído no sono. Ela colocou uma mão em sua testa e constatou que esta queimava. Tentou usar seu celular mas ele estava sem sinal. Juvia ficou um tempo observando o rosto do garoto, dormindo como um anjinho. Ele era bonito, não ia negar. Deu um sorrisinho e seus olhos foram ficando cada vez mais pesados. Ela se entregou ao sono de vez.

(*￣(ｴ)￣*)

– Onde está Gray? – Jellal perguntou a Erza.

– Ele disse que ia sair com a Juvia, mas até agora nenhum dos dois deu sinal, principalmente nessa nevasca.

– Você acha que pode ter acontecido algo?

– Eu não sei. Talvez eles só estejam distraídos? – riu um pouco.

– Eu espero que sim, mas não se estresse com isso, tudo bem? Sabe que você não pode ter irritação! – deu uns beijinhos na bochecha da namorada.

– Não sabemos de nada ainda. – a ruiva sorriu. – Mas tudo bem. Vou me acalmar.

(*￣(ｴ)￣*)

Juvia estava relaxada. Não sabia onde estava, mas se sentia confortável. Sentia-se abraçada, aquecida como quando seu pai lhe dava um abraço. Mas é claro que não era ele, devia ser seu travesseiro. Mas era estranho porque o travesseiro parecia maior e mais quente e... esper! Ele o abraçava de volta? Abriu os olhos de imediato ao perceber isso e ouviu um barulho de porta ser aberta.

– O casalzinho aí deveria arranjar um outro lugar pra fazer essas sem-vergonhices. – disse um obreiro.

– HÃ?

– AHHHHHHHHHHHHH! – o travesseiro de Juvia, ou melhor, Gray Fullbuster estava gritando de susto.

– Não estávamos fazendo nada! – a azulada se levantou e ajudou o garoto gripado a se levantar.

Os dois foram embora rapidamente, assustados e morrendo de vergonha.

Por estar com febre, o rosto do moreno não deixava transparecer que seu rosto estava vermelho por ter dormido abraçado com a garota.

– Ju-Juvia? – ele sentia tontura.

– O que foi? – não consegue andar? quer que eu te segu... – sentiu o corpo de Gray pesado cair por cima de si.

(*￣(ｴ)￣*)

Dentro da cozinha, Natsu e Mizu discutiam sobre desenhos. Natsu dizia que toda história tinha que ter um auge no meio, que era quando as coisas ficavam mais sérias. Mizu disse que isso não existia isso.

– Claro que não existe, Natsu-san! Desenhos são desenhos, não existe aujo!

– Auge!

– Natsu, você tá discutindo desenho com uma criança de seis anos? – Lucy ria da situação, enquanto mexia no celular. Ela congelou ao ver uma imagem. – Gente... eu acho que achei nosso ponto alto...

– O quê? – disse Mizu com birra, olhando pro celular. – Tudo bem, Mizu concorda que esse é o ponto mais alto da história. – Os três olhavam embasbacados, completamente em silêncio.

Logo, toda cidade, estado e país estavam tentando compreender a situação. Nos poucos segundos que antecederam a loucura geral, ninguém conseguia entender como aquilo havia acontecido. Não sabiam se o chão na hora da foto estava escorregadio, se o sapato de Gray estava molhado, ou por que Juvia havia caído exatamente daquela forma. Mas, acima de tudo, todos tentavam entender como, naquela queda, os lábios de Gray haviam se encaixado perfeitamente nos de Juvia.