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História Kemet - Uareus


Escrita por: Sra_Smith

Notas do Autor


Uareus: cobrinha fofa que fica na frente da coroa super de boa protege que é uma beleza
Geb: Deus que personifica a terra
Tot: Deus da sabedoria
Maat: deusa da justiça
Rá: Deus do sol
Ísis: deusa da magia a mulher foda que descobriu o nome verdadeiro de Rá e mete o louco nele até hoje
Ele faz o que ela quer pq a Ísis é a rainha da porra toda
Sekhmet: deusa da fúria, personifica o olho de Rá e deu um pau daqueles na humanidade muito loucona essa leoa
Bastet: gata beauty que protege o rei
Se tiverem alguma dúvida, só perguntar
ATENÇÃO GENTE A FANFIC É PRA MAIOR DE IDADE, ESTOU AVISANDO DO NOVO PQ COM O PASSAR DOS CAPÍTULOS VAI FICANDO PIOR A SITUAÇÃO

Capítulo 3 - Uareus


 

 
 
 
- Fico surpreso por ter sobrevivido, Eren.
Mesmo velho e doente, o faraó era uma pessoa dura. Forjado nas batalhas que lutara durante toda a vida, não possuía a sensibilidade necessária para lidar com as coisas que fugiam de seu controle. O filho mais novo era uma dessas. Mikasa nunca entendeu por quê, desconfiava que a mãe estrangeira tenha colaborado com a distância do pai, mas o fato é que Eren nunca foi suficiente para o faraó.
Ela queria interferir pois conseguia ver as lágrimas brilharem nos olhos verdes do irmão, e sabia que aquilo pioraria tudo. Kenny desprezava fraqueza.
- Só porque a infantaria recuou, majestade.
Maldito Levi de alma apodrecida.
O vizir piorava a situação; queria afastar o faraó de todos os filhos e fazia questão de diminuí-los perante o olhar do rei. Um homem pérfido e cruel. E aproveitava-se que Eren possuía dificuldade em se aproximar do pai. Ela podia respirar toda a maldade enclausurada no corpo guerreiro de Levi.
Kenny riu irônico, a voz quebrada imitando um tossir seco.
- Claro que recuou.
Mikasa queria pular da cadeira aos pés do trono do faraó, arrancar a lança do sempre a postos Jean e enfiar nas entranhas de Levi. Se deliciaria ao vê-lo sofrer, o sangue manchar o salão real e aqueles olhos odiosos nunca mais brilharem em malícia e frieza. Mas ela permaneceu quieta em sua cadeira alta, a suave brisa da serva que a abanava queimando feito natrão em sua pele.
- Cumpri suas ordens, senhor. – A fala de Eren era como um eco da princesa; os dois presos na teia política que cruzava suas vidas desde que nasceram da semente solar sagrada.
Do alto de seu acento tão próximo do rei, Mikasa não podia interferir na cena abaixo. Não quando os nobres, clero, servos e príncipes dissecavam cada movimento da princesa herdeira.
O alto sacerdote de Ámon-Rá a fitava de canto, analisando-a, com os olhos de águia que em tanto lembravam o deus primordial. Mas de Rá o ardiloso sacerdote Erwin só possuía os olhos.
Kenny fez um gesto com a mão e Eren foi esquecido. O irmão se levantou de cabeça baixa e sentou no trono reservado a ele – um trono digno, sim, mas muito menor do que o da irmã e do vizir, ambos elevados até os pés do faraó. Pelo menos daquela vez não foi tão ruim, o rei havia parado de fingir que ele não existia para criticá-lo.
- Senhor das Duas Terras. – O sumo sacerdote, que respondia em hierarquia apenas para o faraó que era o deus encarnado, se aproximou do trono dourado cercado de um séquido de seguidores, todos portando as vestes rituais de peito nú.
- Alto sacerdote. – Kenny encolheu os ombros, tremendo. A doença o deteriorava.
- Grande rei de tudo que o sol toca, informo-te que vossa ordem  foi cumprida.
Mikasa franziu o cenho, confusa. O que o faraó ordenara ao sumo sacerdote? Ela sempre soube da relação próxima e estreita entre o servo de Rá e o Hórus vivo, afinal nas danças da corte era essencial ter o clero – e sua manipulação sobre o imaginário da população – ao lado. Dessa forma o rei sempre fizera concessões aos templos e adoradores dos deuses; desde a isenção de impostos à vantagens materiais.
O sacerdote retribuía mantendo o “apoio dos deuses” ao governo do faraó.
A religião era um dos pilares que mantinham o domínio da dinastia solar por sobre as areias e oásis do vale mais fértil do deserto.
Ela sabia que quando chegasse sua vez de portar a coroa unificada do Alto e Baixo Egito – embora não fosse mais uma terra unificada, graças aos hicsos – deveria manter a cooperação entre coroa e templo. Por isso o sacerdote a sondava com certa frequência, Mikasa era a princesa herdeira e deveria garantir que a máquina estatal trabalhasse na mesma ordem com outro soberano no trono.
E era questão de tempo até Mikasa assumir o comando espiritual, bélico e governamental do Egito.
O bracelete de ouro em formato de naja enrolado em seu braço reluziu na luz do fogo, quando Mikasa se inclinou, a postura reta no trono.
- Que ordem, meu senhor? – Estava genuínamente curiosa, e surpresa. Claro que não sabia de tudo que ocorria na corte, mas naquele estado em que a linha sucessória estava prestes a mudar, um príncipe mal informado poderia perder a cabeça.
Não foi o rei do Egito a respondê-la, mas sim o alto sacerdote, depois do consentimento do faraó.
- O faraó, abençõado por Ámon, edificou um novo templo destinado a vossa divindade.
 O silêncio caiu como chumbo na rica sala do trono. Assim que o faraó morresse, seria instaurado um culto destinado apenas a sua divindade. Edificar um templo, garantindo junto a classe religiosa fundos monetários para o novo local de culto... Era um atestado de morte. Kenny garantiria que sua majestade real recebesse o culto que lhe era devido; e o clero se beneficiaria do patrocínio estatal destinado a manter as oferendas ao faraó morto.
Mikasa assentiu vagarosamente, encostando as costas rígidas na madeira quente da cadeira ricamente entalhada com motivos de papiro e lótus.
Flor de lótus, era assim que o pai chamava a princesa herdeira desde a infância – nas poucas vezes que a via.
As audiências se findaram, o sacerdote Erwin voltou para o templo antes que a noite caísse e a luz de Rá iniciasse a viajem pelo Outro Mundo, o Duat, e os nobres se retiraram para suas dependências no palácio.
Mikasa era a princesa do Egito, e apenas isso lhe conferia um senso de poder e autoridade natos, mas ela também possuía um gênio difícil – talvez herdara a personalidade de Kenny, ou apenas não teve escolha a não ser desenvolver um comportamento defensivo desde criança. O fato era que Mikasa não permitiria que Levi humilhasse Eren.
A princesa era dura e gelada, mas sempre defenderia o único irmão que amava.
- Sasha, espere-me em meus aposentos. – Ordenou à aia, em um dos longos corredores do palácio.
- Senhora, tem certeza...? – Por mais que Sasha só ligasse para pães e patos assados, ela possuía a leve noção que sua senhora não estava bem para ficar sozinha.
A aia só entendia que Mikasa estava nervosa demais, não ameaçada constantemente em cada esquina do palácio.
- Vá. Agora. – Mikasa ordenou, ouvindo ecoar no corredor alto os passos que esperava.
Assim que Sasha se curvou e saiu, Mikasa retirou a adaga do vão do vestido em suas costas, camuflando-as nas dobras do tecido fluído e transparente. Ela se escondeu atrás de uma coluna maciça em forma de lótus, as sombras longas escondendo-a na escuridão. Entalhado na coluna, imagens e hieróglifos retratavam o plantio de trigo, a terra exposta e arada – graças a sabedoria inspirada por Tot.
Ela esperou os passos cessarem.
- Princesa Mikasa.
A língua venenosa de Levi profere a blasfêmea que era o nome dela na boca dele, a voz se destacando entre as sombras da noite parcamente iluminadas pelos fogos do palácio, as jóias dos dois príncipes reluzindo em conjunto na penumbra.
- Vizir. – Ela respondeu, e um silêncio equivalente às tumbas dos reis passados se instaura entre eles.
O som do crepitar do fogo, o vento revolvendo as areias do deserto, os hipopótamos nadando no sagrado Nilo, o perfume dos incensos e lótus, o cheiro do lodo fertilizante apodrecendo nas margens do rio... Os sons e cheiros daquela terra dourada e imortal, aquela terra que os dois soberanos ansiavam com tanto fervor, aquela terra sagrada e berço de tanto poder e mistério, o Egito puro se interpunha entre os dois.
Naquele silêncio tenso, apenas a imensidão do território de Geb separava os dois filhos da terra solar.
Ela conseguia ver a esterilidade nos olhos cinzas feito a tempestade de areia que matava beduínos no deserto. Levi era uma obra maligna do deus Seth. E cabia a ela, a próxima encarnação do eterno inimigo do obscuro, o falcão Hórus, combater as maldades do deus da destruição.
- Você vai deixar Eren em paz.
Por um momento, ele apenas a encara. Mas depois ele ri, uma gargalhada ácida e baixa que escorre veneno por entre seus lábios. O príncipe vizir endireita a postura, a encarando com um resquício do deboche na boca ferina, e ela o teme. Ela teme Levi ao vê-lo tão altivo na armadura de capitão do exército, as jóias reluzindo em dourado e ódio. Porque é isso que o move. O ódio.
- Não. Eu não vou deixar seu precioso animalzinho em paz.
A resposta não a surpreende, mas inflama. Inflama de raiva e asco, um ódio tão puro dirigido a pessoa a sua frente que ela, em um impulso, leva a adaga ao pescoço de Levi.
- Não me subestime, irmãozinho. – Ela diz com a mesma ironia que ele quando a chama assim, a diferença de altura fazendo com que “irmãozinho” se encaixe muito melhor em uma sentença diriga a ele. E ela sabe que o irrita.
Mikasa pressiona a adaga até arrancar uma gota de sangue, o sangue precioso da dinastia solar, o sangue precioso que não é capaz de dar o trono a alguém que foi gerado por uma mulher sem o mesmo sangue do faraó.
- Acho que eu tenho o direito de subestimar alguém que não sabe nem que seu próprio pai não dura mais de uma lua.
Ela pressiona a lâmina, a gota se transformando em um filete de sangue. Era surpreendente a cor vermelha, ela esperava que pingasse negro das veias dele. Ela mal podia acreditar que o mesmo pai dera a vida aos dois.
- Que a lua de Konshu tenha piedade de seu ba apodrecido, Levi. – Ela estava perdendo o controle. – Porque eu... Eu não tenho nenhuma.
Levi rosnou, a virando no próprio eixo, aproveitando para pegá-la desprevinida e jogá-la contra a coluna de pedra. Segurou os pulsos dela, a lâmina de cabo prateado incrustado de lápis-lazúli tinindo ao cair no chão.
Ele a prensava com brutalidade contra a pedra, arfando sobre a princesa, e levou uma perna entre as dela, imobilizando.
Mikasa se debatia, desesperada para sair dali. O vizir elevou os braços dela, vencendo a resistência e segurando ambos os pulsos em um único aperto. Com a mão livre, circulou o pescoço feminino enfeitado por colares de ouro e pedras.
Ela sentia os dedos frios dele tocando seu pescoço e o olhar malévolo brilhar de maldade. Por Bastet, a protetora real, ele iria matá-la! Mas o olhar assassino se deslocou dos olhos negros em desespero e petulância – ela não abandonava o orgulho, mesmo em um atentado contra sua vida – para pousar nos lábios pintados de carmin.
A princesa não conseguia mais respirar, e não era por conta do quase sufocamento – ele não apertava, apenas circulava a pele com os dedos tensos. Aquele olhar, tão insano e cruel, agora fitava seus lábios com um desejo destrutivo que ela jamais imaginou habitar nas profundezas da escuridão de Levi.
Seu corpo queimava, o local onde os dedos dele tocavam sua pele parecia em chamas, e ela estava consciente demais da perna dele entre as suas, tão próxima de seu calor íntimo. 
Novamente, ela rezou. Porém não à gata mansa que protegia o rei, mas a deusa da fúria. O flagelo de Rá.
Sekhmet, eu imploro... Por favor, me dê sua fúria, eu preciso... Eu preciso...
Ela não sabia o que precisava. Não sabia sequer como se respirava; ele ainda a olhava com tanta intensidade...
Então ele se afastou.
- Não me provoque, irmã. Sabe do que sou capaz.
Levi desapareceu no interior do palácio e, novamente, a princesa foi ao chão com a saída dele. Tateou de joelhos em busca da lâmina, e observou os intrincados entalhes do uareuslapidado na tão rara prata.
Deveria ter enterrado aquela lâmina na garganta de Levi.
Ela se levantou, e correu.
Mikasa se sentou entre os lençóis de algodão macios, completamente exausta e descomposta.
- Traga-me o espelho.
Sasha trouxe o pedaço raro de metal, e a princesa retirou a peruca negra com um suspiro. Segurou o cabo e observou o rosto na superfície lisa.
A maquiagem estava escorrida, a cabeça com o cabelo curto nascendo doía e as jóias pinicavam o corpo. Havia um brilho alucinado nos olhos e um ar desesperado na boca mordida por lábios irrequietos.
Levi.
Ela foi imprudente e quase perdeu a vida... Mas aquele olhar... Não era dele
Ísis, mãe, grande maga que conhece o nome de Rá, proteja-me. A princesa rezou enquanto se despia do vestido ensopado.
Seu corpo estava em chamas. De ódio.
 

Notas Finais


De ódio
Aham senta lá Cláudia


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