História Kill Him - Reviravolta.

Camila

“Eu não falo com o Harry desde o desastroso dia no quarto dele.

Hoje é Segunda-Feira, ou seja, minha segunda semana nesse inferno vai começar novamente. Além desse colégio ser uma bosta, eu não consegui avançar com o Harry. No quesito estudos, eu estou tão na merda que até eu estou achando que eu sou burra, mas eu não estou nem ai para isso, até porque meu objetivo não é esse.

Nesse momento eu me encontro sentada no banco do refeitório. Sozinha. Harry está com seus outros amigos populares, cujo o único que eu sei o nome é o bundudo. Louis. Mas voltando a falar no Harry... QUE MENINO CHATO, PUTA QUE PARIU.

PORQUE HARRY STYLES? TANTAS PESSOAS NESSE MUNDO E MINHA MISSÃO É CONQUISTAR O GAROTO MAIS ESNOBE QUE EU JÁ CONHECI. VAI SE FUDER, HARRY STYLES! 

Okay, estou mais calma agora.

Sabe, eu sinceramente estou tentando não pirar. Eu tenho 18 anos a mais ou menos 2 meses, mas eu não sabia que ter 18 anos para a maioria dos adolescentes seria tão difícil. Ou pior ainda, estar no terceiro ano do ensino médio. Escola – Futuro – Meninos/Meninas – Pressão. Agora bate tudo isso no liquidificador. Foda.”

Dobro minha centésima primeira carta, coloco no envelope e guardo na minha mochila.

-Sinceramente, você precisa disfarçar, principalmente se seu crush for Harry Styles. – Pulo no banco com o susto. Logo o ser que estava atrás de mim, senta que do meu lado. Era a Charlie, ou mais conhecida por mim como, menina do elevador. – O que você estava escrevendo? – O pânico tomou conta de mim. Ela viu minha cara de desespero e começou a rir. – Relaxa. As únicas coisas que eu conseguir ler foram, ‘Bundudo’ ‘Fuder’ e ‘Harry Styles’. Você guardou antes que eu pudesse ler o resto. A propósito, qual é o seu nome mesmo?

-Karla.

-Okay, Karla, você gosta do Harry? – E agora? O que eu digo? Se eu falar que sim, talvez ela possa me ajudar, falando mais sobre ele, já que ela está aqui a bem mais tempo que eu. Mas e se ela contar pra ele? Afinal eu nem conheço ela direito. Mas ela pode me ajudar. Tipo, ela tem cara de quem já namorou bastante.

Sem eu perceber as palavras já tinham saído da minha boca. –Talvez um pouco.

-Você tem que disfarçar, sabia disso? Ainda mais que o seu boy já tem dona. – Com a cabeça, ela indicou para a morena sentada no seu colo.

-A quanto tempo eles estão namorando?

-Uns dois ou três anos, não tenho certeza.

Okay, agora sim eu estou ferrada. Eu não entendo de relacionamentos, mas por mais que algumas pessoas duvidem, eu tenho sentimentos, então eu sei que se eles estão juntos a tanto tempo, quer dizer que existe uma gigantesca possibilidade, quase 100% de certeza que os dois se amem. 

O sinal toca. Acabou o intervalo.

-Que aula você tem agora? – Ela perguntou.

-Inglês avançado. – Respondi colocando a mochila nas costas.

-Eu também. – Sem mais nem menos, ela engatou seu braço ao meu e fomos andando. – Ouvi dizer que hoje a professora está de bom humor.

-Que milagre! Quase sempre ela está com a cara azeda.

-Deve ter transado ontem. – Falou dando de ombros.

***

Agora é meia noite e ainda eu não consegui pegar no sono. O Motivo?

Minha mente ainda não parou de trabalhar. Eu sinto meu corpo inteiro tenso e só as cartas não são capazes de fazer com que eu desabafe ao ponto de descarregar totalmente.

Eu já sei do que eu preciso.

Tirei a camisola que eu estava vestindo e vesti uma calça jeans e uma blusa confortável. Saio do meu quarto sem fazer nem um barulho sequer. Eu já tinha feito isso antes, então não seria uma coisa tão complicada de se fazer novamente. E também tem o diferencial que eu não vou invadir nenhum quarto. Eu vou apenas tentar relaxar.

Esses dias eu descobri uma coisa que me deixou um pouco frustrada. No dia em que eu fui Hackear o computador do professor, eu tive uma leve complicação para sair do prédio. A Charlie dorme no primeiro andar e ela me contou que a maioria do pessoal do primeiro andar tem um jeito secreto de sair do prédio que nem é tão secreto assim, só eu que fui uma burra e não pensei nisso. Eles simplesmente pulam a janela. Tem uma altura considerável o primeiro andar, mas sempre tem um jeito. Uns simplesmente pulam e dobram os joelhos e outros tem cordas. Mas enfim, o que passou, passou. Não adianta ficar se remoendo pelo o que já aconteceu.

Nesse momento eu já estava no primeiro andar. E exatamente como a Charlie disse, lá está a grande janela no final do corredor. Fui até ela e a abri. Passei uma perna e depois a outra. Bom, alguém esqueceu um banco ali – ou simplesmente deixou ali, porque é uma alma de bom coração. Não que isso vá ajudar agora para pular, mas para voltar vai. Respirei fundo, e pulei. Flexionei os joelhos assim que meus pés tocaram no chão.

Comecei a caminhar pelo gramado. Se não fosse pelos postes de luz, esse lugar estaria num breu completo.

Depois de mais ou menos 8 minutos andando, eu finalmente acho algum lugar para sentar. Era um lugar cheio de arvores, onde seria impossível alguém me achar a essa hora. Sentei no gramado e me encostei em uma arvore qualquer.

Minutos depois eu já me encontrava chorando. Eu sempre lidei muito bem com pressão Dele. Mas nunca ameaçaram fazer nada com a minha família e isso está acabando comigo. Não está acontecendo nada do que eu esperava. Eu tinha em mente que depois que eu conhecesse o Harry e ele me conhecesse o plano começaria a dar certo. Mas não. E eu odeio admitir isso, mas eu estou morrendo de medo. Eu odeio a minha vida. Se eu soubesse que tudo isso aconteceria comigo, eu preferia nem ter nascido. Eu só queria viver um dia sem ter peso na consciência. Por que eu?

Barulhos de passos. Estou ouvindo barulhos de alguém caminhando.

Limpo as lagrimas que até agora pouco estavam caindo pelas minha bochechas e me levanto. Os passos estão muito próximos de mim, eu posso ouvir. Eu espio pelo canto da arvore e vejo uma silhueta. É um homem. Ele parece incerto de onde quer ir. Ele tenta dar um passo para trás, mas acaba tropeçando no próprio pé, e cai com tudo de bunda no chão. Quando ele levanta a cabeça, pude finalmente reconhecer o sujeito.

Era Harry.

E ele estava... Chorando? Por que ele estava chorando. Essa eu não entendi.

Sem que eu raciocine direito o que estava acontecendo, minha pernas andam até ele. Tá. O que eu faço agora? Consolo ele para ele ver que eu sou uma boa pessoa e começar ter algum tipo de afeição por mim? Mas eu não sei consolar pessoas. O que eu falo pra ele?

-Nicole? – Oi? Ele está bêbado? Olho para os lados para ver se estamos mesmo sozinhos aqui e estamos mesmo sozinhos aqui. Ele acha que eu sou a namorada dele?

Me abaixo e fico sentada sobre minhas pernas.

-Sou eu, Harry. Karla.

-Que Karla? – Reviro os olhos mentalmente. Até quando ele vai esquecer meu nome?

-Sua parceira de laboratório. Você está bem? – É um bom começo, né? Perguntar se a pessoa está bem. Acho que sim.

-O que você acha? – Okay, não era esse tipo de resposta que eu estava imaginando.

-Eu não sei, você que tem que me responder isso.

Ouço outros passos vindo no meio das arvores.

-Vem. Acho melhor a gente sair daqui. – Eu pego no braço dele que dessa vez não protesta. Eu ajudo ele levantar e vamos no lugar onde eu estava antes. Ele senta e encosta a cabeça na arvore. Seu olhar é distante. Ele não está mais chorando, mas seus olhos ainda estão bem vermelhos.

O que eu digo agora?

-Ela me traiu – Ele falou ainda olhando pro nada. – Todo esse tempo era fingimento.

Ele está desabafando comigo? Mas ele me odeia.

-Como assim? – Pergunto sentado do seu lado, mas não muito perto.

-Minha namorada. Ela estava me traindo todo esse tempo.

-Como você descobriu?

-Peguei ela na cama com outro cara. Tipo, no ato. Eu pensava que ela me amava.  

-E o que ela te disse?

-Ela disse que... que – E ele travou. Ele começou a chorar. Harry Styles começou a chorar deliberadamente na minha frente.  

-Eu sinto muito, Harry.

Não, eu não sentia. Meu plano finalmente está entrando nos trilhos. E eu nem precisei usar a minha arma. Com ela fora do caminho, Harry não tem mais namorada, e como o Harry não tem mais namorada, ele pode muito bem sentir alguma coisa por mim. Ainda mais depois do que ela fez. Eu tenho que botar ele contra ela.

-Harry. – Ele olhou pra mim. Seu rosto estava todo vermelho e seus olhos estavam mais verdes do que nunca. –Você ainda ama ela?

-Eu não sei explicar o que eu sinto por ela nesse momento. Eu odeio o que ela fez comigo, mas eu não consigo evitar de pelo menos gostar dela.

Que droga!

-Mas isso não significa que eu a ame. Ela não é quem eu pensava que fosse.

-Ela não merece você. – Ele franziu o cenho. – Eu não te conheço tão bem assim – Mentira. Eu sei tudo sobre ele. – mas acho que você é bom demais pra ela.

-O que você quer dizer com isso?

-Eu quero dizer que ela foi muito sacana com você. Ela sabia que você a amava, mas mesmo assim te traiu com outro cara. Ela tinha o seu coração, mas mesmo assim ela não deu valor. Você não merece alguém como ela. Você merece alguém que te ame na mesma intensidade. – Percebi que ele absorvia tudo que eu falava, prestava atenção em tudo.

Percebi um pequeno sorriso no canto de sua boca se formando. Logo depois ele falou num sussurro. – Obrigada. – Me permiti sorrir um pouco também.

Depois disso, ficou um silencio reflexivo. Só se ouvia o som do vento balançando as folhas das arvores.

De repente, começo a ouvir outro barulho. Esse barulho vinha do Harry. Quando eu olhei pra ele para ver o que estava acontecendo, Harry estava passando a mão na barriga.

-Você está bem? –Pergunto. Ele se levanta bruscamente e eu também o acompanho.

Segundos depois, minha camiseta está suja com as comidas que ele comeu hoje. 

Ele vomitou em mim.