História Killer - Five

Me remexi na cama ouvindo as batidas na porta. Era um pouco mais de duas da manhã, pelo que pude constatar olhando no relógio que ficava sobre o criado mudo ao lado da cama. Me espreguicei lentamente, enquanto me levantava tranquilamente e caminhava até a porta de madeira que dava entrada ao apartamento. Sentia como se tudo isso fosse um Déjà Vu. A cena se repetia na madrugada de exatos sete dias após a noite à qual dormi me deliciando com o perfume adocicado dos fios branquinhos de meu vizinho de quarto. Cocei os olhos antes de abrir a porta, mas a cena ao lado de fora era inesperadamente diferente da qual eu vira da última vez. Senti um frio percorrer meus ossos, enquanto olhava estático o pequeno garoto de cabelos brancos parado à minha porta, completamente sujo de sangue. Ele segurava um urso de pelúcia pelo bracinho do objeto, o qual tinha seu tecido felpudo encharcado de sangue. Tentei me mover, mas meu corpo não obedecia meus comandos. Os olhos castanhos, antes tão inocentes, agora eram carregados de um ódio infinito, no qual me perdi por tempo o suficiente para sentir um medo incomum. Um medo que nunca presenciara.

- Finalmente, Hyunwoo oppa!

A voz adocicada soava metálica e medonha em meus ouvidos, arrepiando cada pequeno pelo existente em meu corpo, que suava frio de uma forma que jamais imaginei ser possível. Ele se aproximou lentamente de mim, erguendo sua mão ensanguentada até meu rosto, o qual tocou delicadamente. Sua pele não era mais quente como no outro dia, mas sim de uma frieza descomunal. Senti os dedos finos passearem por meu maxilar, deixando um rastro úmido e carmim no caminho traçado.

Estava tão perdido nas águas profundas de seus olhos, que por pouco não vi a figura vestida por uma capa tão longa e preta, que a inibia de mostrar qualquer detalhe relevante chegar por trás do menor. Aquele ser tampou os olhos do garoto à minha frente com sua mão enluvada, mas logo a desceu para a boca rosada do mesmo, tampando-a e segurando seu corpo firmemente com a mão livre. O garoto se debateu por alguns segundos, até que pude notar seus olhos se revirarem, enquanto o mesmo desabava no chão frio e sujo pelo líquido vermelho que escorria de suas roupas de dormir.

Minha mente implorava para que eu me movesse, para que meu corpo reagisse e corresse pra longe dali. Pra que minha garganta gritasse com toda sua vontade e perseverança. Mas nenhuma dessas súplicas era atendida. Apenas observei mas uma vez a face coberta pelo pano negro da criatura à minha frente.

E então, a total escuridão.

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Meu despertar foi intenso, conturbado. Sentia meu corpo tremer e suar excessivamente, enquanto minhas mãos tateavam o meu redor. Pisquei algumas vezes, me acostumando com a fraca claridade da luz da lua que invadia o quarto através das cortinas transparentes. Estava deitado em minha cama, usando apenas uma boxer. O lençol coberto de suor grudava em minha pele, igualmente aos meus fios de cabelo. Passei as mãos pelo rosto, observando tudo ao meu redor.

Tudo aquilo fora apenas um sonho?

Me levantei, caminhando lentamente até o banheiro. Tudo parecia tão igual à cena que vira antes, mas agora, não haviam batidas insistentes na porta. Apenas o som do vento e da minha respiração se controlando enquanto eu me despia e me enfiava embaixo do chuveiro. A água morna me acalmou, esquentando um pouco meu corpo que estava gelado pelo vento frio combinado ao suor excessivo. Meus pensamentos vagaram pelo sonho bizarro, mas como sempre se fixaram à dois grandes olhos castanhos pedintes.

Minhyuk era estranhamente sexy com todo aquele ar infantil presente em seu ser. Respirei fundo, sentindo uma espécie de calor tomar meu corpo lentamente. Imaginava-o apenas pra mim, inteiramente meu. Suas bochechas coradas, os lábios cor de rosa entreabertos, gemendo meu nome. Como eu o desejava. Senti o êxtase e o tesão tomarem conta de mim, os quais respondi me recostando no azulejo frio e levando minha destra ao meu membro, completamente rijo.

Parecia tão errado me masturbar naquele momento pensando nele, mas mesmo depois daquele sonho, mesmo depois de qualquer coisa, meus pensamentos ainda se voltavam para imaginá-lo sendo apenas meu.