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História Kim - Blue eyes, red lips


Escrita por: J-Vottom

Notas do Autor


Bom, olá. Eu sou a bravesick, uma das ficwriters do projeto vhopecity e estou muito contente para mostrar essa fic para vocês :)

Mas primeiro, uma perguntinha. Você conhece o Diabo? Já ouviu falar dele? Sabe, aquele carinha maldoso e que sempre tenta nos levar para os maus caminhos da vida.

Não, na verdade somos nós mesmos que nos deixamos levar por falsas promessas e dizeres de pessoas que pensamos que podemos confiar.

E quer saber? Não há problema se você não acredita na existência dele, ou acredita, ou simplesmente está entre essas duas alternativas, quebrando a teoria do 8 e 80 (como eu). O que eu quero trazer aqui é um pouco de reflexão.

E peço para que leia com calma, prestando atenção nas entrelinhas e que fique clara a livre interpretação. Todo mundo tem um ponto de vista aqui, então use o seu e desfrute desses maravilhosos (quase) 7k de palavras. Oh, mais uma coisinha: não esperem um romance entre Hoseok e Taehyung; nada será “feliz”.

Ah, algumas músicas de trilha sonora estão lá nas notas finais :))

Capítulo 1 - Blue eyes, red lips


Hoseok era, de certa forma, estranhamente obcecado por assuntos “proibidos” pela sociedade. Gostava de falar de sexo, fetiches, qualquer coisa que deixasse uma pessoa comum perplexa e pasma pelas palavras de baixo calão que saíam de sua boca rosada e atraente. Mas o Jung tinha lá seu lado comum também, talvez, não muito normal, mas que tinha, tinha.

Em seus plenos vinte e quatro anos, já era um homem quase formado na faculdade que frequentava, fazendo o mesmo curso que seu melhor amigo, Kim Taehyung. E com ele, Hoseok conversava sobre tudo o que vinha em sua mente, e claro, sobre os assuntos “proibidos”. Aliás, havia um assunto que o mais velho sempre achou interessante.

— Você acha que demônios podem viver entre nós? — perguntou, debruçando-se em uma das mesas da grande biblioteca.

— Hum… É bem improvável, eu diria. — Taehyung lia um livro sobre política. — Afinal, por que eles viveriam entre nós, para começo de conversa?

— Observar as pessoas de perto, talvez? — Deu de ombros.

— Podemos considerar isso, eu acho. Mas ainda não é lá um bom motivo, digo, duvido muito que demônios existem e, mesmo se existissem, provavelmente teriam coisas melhores para fazer do que ficar vendo esse bando de gente fútil.

— Até que concordo com você. Oh, talvez, eles nos veem por achar graça toda essa confusão no mundo.

— Hum…

A biblioteca não era silenciosa como deveria ser. Por ser da faculdade, muitas pessoas iam até lá para conversar, beijar, usar drogas ou qualquer coisa, em vez de estudar ou apreciar um bom livro. Era um lugar imenso, os funcionários do local já nem se importavam com o mesmo e, por isso, nem ficavam lá. Os estudantes que fizessem o que der na telha.

Mas Hoseok e Taehyung ainda gostavam dela, não só por causa dos livros — muitos eram interessantes e bons para leitura durante intervalos e passatempos —, mas também porque podiam apreciar o quão patéticos eram todos aqueles alunos ao seu redor. Garotas com saias menores que suas mentes, garotos com roupas de grife e coisas suspeitas embaladas em seus bolsos. Tudo era tão… fútil. Menosprezável.

Parecia que eles e mais algumas pessoas eram os únicos que poderiam dizer que prestavam. Porém, na verdade, eram todos iguais em diferentes pontos de vista. Hoseok poderia ser desprezado por desprezar, Taehyung poderia ser desprezado por se achar melhor que todos, e por aí vai.

— Eu queria encontrar o Diabo — Hoseok disse.

Taehyung levantou a cabeça.

— Por quê?

— Porque… Ele parece ser tão… fascinante. — Crispou os lábios.

— O que lhe faz pensar que ele é “fascinante”? — Riu soprado, virando uma página de seu livro.

— Todos sabem que ele representa o mal e que Deus representa o bem. — Taehyung assentiu. — E que o bem é o correto a se seguir e fazer. Mas… o mal parece ser sempre mais atraente, não acha?

— Hum… digamos que sim. Porém, o mal é ruim para você. É ruim para todo mundo e não traz nada de bom.

— … E quem disse que eu me importo? — Sorriu.

De repente, os dedos do Kim pararam de caminhar pela folha. Virou seu rosto para onde estava Hoseok, no entanto, sem olhar para o maior, com o cenho franzido.

— Hoseok, onde quer chegar com isso? Você é louco? Não se pode mexer com o Diabo — alertou.

— Você disse uma vez que o Diabo não existe nem demônios. Por que está se preocupando agora? Você é um demônio disfarçado de melhor amigo e cego?

— Idiota. — Suspirou, fechando o livro em braille e o deixando na mesa. — Esse tipo de coisa não existe, estou lhe falando. Mesmo assim, não é bom mexer com o mal, você nunca vai saber o que lhe espera.

— Dizem que o Diabo não é o que todo mundo acha que é. — Ignorou totalmente o amigo, olhando para os lados.

— Como assim?

— Ele assume a forma de pessoas ou animais, mas nunca consegue esconder as chamas em seus olhos. Pergunto-me que tipo de chamas são essas — disse, pensativo. — Se o Diabo assume a forma de pessoas, então pode ser qualquer um de nós.

— Julgando as pessoas por aqui, não ficaria surpreso se o encontrasse em meio aqueles lá. — Tombou a cabeça para o lado em que ouvia, de longe, um grupo de homens e mulheres rindo e se drogando com qualquer substância barata.

— É, nem eu. — Riu. — Mas acho que ele não deixaria tão óbvio assim. Como eu disse, pode ser qualquer um. Desde alguém quieto até um dos…

Sua boca parou de se mexer, deixando a frase no ar enquanto Hoseok fitava um garoto passar por si. Ele vestia uma blusa moletom preta, com um capuz em sua cabeça e de relance, pôde ver seus olhos. Ah, eles não pareciam ser olhos comuns para um garoto comum como aquele.

Taehyung estranhou o silêncio imediato de seu amigo, curioso com que estava acontecendo, afinal, não podia ver nada, apenas ouvir e acompanhar o mundo a sua volta através dos outros sentidos que, felizmente, eram aguçados. Seus olhos eram cobertos por um óculos escuro.

Hoseok não era nenhum especialista em sobrenatural, muito menos um caçador de entidades, médium ou afins. Mas aquele garoto era diferente. No momento em que seus olhares se cruzaram, foi como se, por um milésimo de segundo, o Jung tivesse sentido na pele algo muito sombrio e macabro. Seus batimentos cardíacos falharam por um instante e sua pele ficou pálida.

Será que...

— Hoseok, o que houve?

Foi tirado de seus pensamentos, assustando-se um pouco. Taehyung estava preocupado e tateou a mesa, em busca da mão do amigo, encontrando-a e a apertando levemente. O mais velho se virou para ele, engolindo em seco e logo em seguida, formando um sorriso medroso em seus lábios, mesmo que o Kim não pudesse vê-lo.

— Eu acho que o encontrei.


 

Kim Namjoon. Curso de administração, vinte e quatro anos de idade. Foi o que Hoseok conseguiu extrair após abordar várias pessoas na faculdade toda, que no caso, era imensa para tentar encontrar seu alvo sem ajuda. O Jung perdeu a conta de quantos estudantes havia parado no meio do caminho — basicamente, no meio de suas vidas — para pedir informações, notando, também, que o Kim poderia ser um Zé ninguém naquele lugar.

Talvez, assim ficaria muito mais fácil. Talvez, o Diabo não costuma se misturar com quem peca demais. Ou então, apenas finge estar longe, apenas observando e esperando a hora certa de aparecer na vida de quem toma o rumo da escuridão, de algum jeito. Hoseok sorria vitorioso, Taehyung quase nem se importava.

— Ainda não esqueceu isso? — disse o mais novo, caminhando ao lado de seu amigo.

Por incrível que pareça, o Kim conseguia andar por aí como uma pessoa completamente normal, como se não fosse deficiente visual e fosse apenas sensível à luz — afinal, tinha seus óculos escuros —, e isso era uma coisa que Hoseok admirava e, ao mesmo tempo, pensava em como o mais novo era capaz daquilo.

Naquele momento, os dois se dirigiam para a saída. As aulas terminaram por aquela noite e todos já estavam exaustos, tomando os caminhos para casa e, enfim, descansar devidamente.

— Claro que não — respondeu simplista. — Ainda tenho poucas dúvidas, mas suspeito que Namjoon é quem estou procurando.

— Você é realmente um louco da cabeça. Ah, sim, vai chegar lá em um desconhecido e dizer “Oi, por acaso você é o Diabo? Sabe, o mochila de criança? Encosto? Dono do andar de baixo? O dissimulado? O cara que amassou o pão?” — Zombou, com a cabeça cabisbaixa, como de costume.

— Parece que o idiota agora é você, não? — Revirou os olhos, recebendo um soco fraco em seu ombro.

Ao atravessar o portão enferrujado da faculdade, Hoseok viu Namjoon, reconhecendo-o pelo moletom preto com o nome de alguma banda de rock estampado em suas costas, concluindo que aquele realmente era o Kim passando pela rua e chegando na calçada do outro lado. Estudou todos seus movimentos discretamente, o jeito que andava, a sua solidão — provavelmente — proposital e o fato de ter passado como um ser invisível diante de um grupo de garotos fumando, conversando e zombando de qualquer pessoa que andava por perto.

Até que Namjoon dobrou pela esquina e sumiu de vista, antes de soltar um suspiro no ar que, devido o clima gélido que chegava a ser inconveniente, formou uma pequena fumaça de vapor e desapareceu. Imitando o gesto de seu alvo, Hoseok suspirou fundo e voltou a atenção por onde andava, com Taehyung do lado, que o acompanhava como um fantasma.

O Jung sabia de pouquíssimas coisas a respeito do encapuzado e suspeitava que estava mesmo ficando louco com aquilo e que caçar o Diabo — quando, na verdade, pode-se acabar virando a caça — era uma ideia completamente idiota e sem nexo. Porém, não desistiria enquanto tivesse a certeza que estava investigando a pessoa errada.

Mas aqueles olhos… Ah, aqueles olhos. Hoseok se lembrava de forma nítida do quão ardentes eles pareciam ser. Mesmo que de relance, pôde ver as orbes escuras e hediondas, contornadas por um castanho temível, aqueles que o tiraram dos eixos por segundos e viraram seu psicológico de cabeça para baixo.

Um pouco antes de chegar em casa, Hoseok se despediu de Taehyung, que tomou um caminho diferente. Sim, deixar alguém como o amigo sozinho à noite era algo que ninguém faria, mas o Kim tinha lá seus caprichos e por isso o mais velho não se preocupava mais depois de certo tempo de convivência.

Abrindo a porta e a fechando, o acastanhado viu que estava — infelizmente — tudo do jeito que deixou quando saiu para estudar. Algumas roupas no chão, louças sujas espalhadas na sala e nos quartos, embalagens de drogas e camisinhas usadas. A arte de sua irmã, que dormia — ou então estava inconsciente — no sofá.

Tinha nojo. Mas não podia fazer nada além de aceitar e limpar a bagunça, pois não tinha esperanças de que um dia isso mudaria.

Rumou para a cozinha, pegando da geladeira um pouco das sobras do almoço que havia feito mais cedo e esquentou no micro-ondas, comendo sua janta improvisada de pé. A mesa estava suja demais para se sentar e ter sua refeição lá, iria vomitar, com toda certeza.

Escovou seus dentes, indo para o quarto para trocar de roupa e dormir. Antes de cair no sono, fez uma lista mental do que fazer no dia seguinte.

Trabalhar, limpar a casa, fazer comida e continuar sua investigação duvidosa.

 

 

O dia começou normal. Mas o “normal” de Hoseok não é o mesmo que o de uma pessoa estável. Como sempre, havia chegado do trabalho e, perto do meio dia, iria fazer algo para comer e para sua irmã, também.

Com um estrondo, a porta do andar de cima foi aberta e pés pesados desciam as escadas com pressa, parecendo um furacão. Jiwoo apareceu na cozinha, transtornada e irada.

— Aquele idiota… — Rosnou, pegando uma garrafa de cerveja na geladeira e voltando ao seu quarto sem nem olhar na cara de seu irmão, muito menos dirigir a palavra.

Mas o mais novo estava acostumado com aquilo, apenas deu de ombros e deduziu que era algum ficante da irmã que havia a deixado. Era tão normal que toda sua empatia e afeição com a mais velha havia morrido tempos atrás, nem se importando com a mesma e a achando merecedora de sua própria desgraça.

De novo, o barulho alto da porta, dessa vez, fechando-se. Hoseok preparou um pouco de carne, arroz e salada, pouco se preocupando se realmente iria sobrar para a garota com quem compartilhava a casa — isso desde que seu pai sumiu e sua mãe se matou —, alimentando-se e, logo depois, guardando o resto em uma vasilha e a escondendo na geladeira. Jiwoo era preguiçosa demais até para procurar por comida, por isso tinha um corpo quase raquítico e mãos ossudas, além de uma pele pálida e ressecada.

Ela já estava morrendo há tempos. Hoseok sabia disso, o tanto de vezes que a via se drogando, mergulhando-se em álcool e ficando dias sem voltar para casa eram outras evidências além de seu corpo decadente. Ao contrário do irmão, que mantinha — ao máximo — uma saúde boa e um bom exterior. Além disso, pegar as bebidas da irmã causava mais dores de cabeça do que uma simples ressaca do dia seguinte visto que sempre brigavam quando isso acontecia.

Jiwoo estava seguindo os passos da progenitora. Cada vez mais fraca, cada vez sem mais nenhum propósito para continuar vivendo senão seus cigarros e caras da rua que encontrava para seduzir e conseguir se embebedar sem gastar um centavo sequer. Tentando — e fracassando — preencher ilusoriamente o vazio em sua vida horrível. E o que ganhava eram mais problemas, um atrás do outro.

Embora já nem reconhecesse a garota como alguém de sua família — a única pessoa de sua família que ainda restava —, o Jung sentia um pouco de pena. Se ganhasse mais dinheiro, conseguiria uma vida melhor para ambos e, quem sabe, salvar a irmã da situação catastrófica em que se encontrava. Lá no fundo, Hoseok ainda era a criança que se preocupa com os outros, por mais que detestasse isso.

Lavou a louça e depois foi banhar-se no banheiro, ignorando a água gelada que caía sobre seu corpo nu. Após enxugar-se e vestir uma outra roupa, o moreno resolveu passear pelas ruas e se sentiria sortudo se esbarrasse em Taehyung, pois precisava de alguém para conversar.

O Kim era doce, sabia conversar muito bem. Era a perfeita companhia para diversos momentos, mesmo que a maioria de seus comentários fossem ácidos, sarcásticos e irônicos.

E tal foi sua felicidade momentânea ao se deparar com o mais novo, andando pela praça e mostrando a todos que sabia se orientar muito bem mesmo sem a ajuda de seus olhos defeituosos. Correu até o mesmo, que percebeu sua presença antes de cumprimentá-lo.

— Olá. Não achei que você estaria por aqui, fiquei até surpreso — disse Hoseok, vendo um sorriso se formar nos lábios do amigo.

— Você fica surpreso muito fácil. Oh, acho que aquilo que você disse sobre o Diabo pode ser verdade.

Hoseok franziu o cenho.

— O quê?

— Sobre ele assumir formas, identidades. Mas ele nunca consegue disfarçar os olhos — explicou. — Lembrei-me disso quando você me falou sobre os olhos do Namjoon, mas não me falou da sensação que eles lhe deram.

— Foi uma sensação que nunca senti na vida. Não consigo descrever de forma específica, mas senti algo muito poderoso e cheio de ódio.

— Então, meu caro. — Sorriu mais ainda. — Talvez, você não notou, mas está muito mais próximo de alcançar seu objetivo do que pensa que está.


 

Namjoon parecia estar evitando cruzar caminhos com Hoseok. Pelo menos, era isso o que se passava na cabeça do acastanhado, sentindo-se frustrado por ter todos os seus esforços em procurá-lo em vão. Queria socar a parede ou então, ter algum dom sobrenatural para encontrar o maldito Kim e continuar suas investigações, que naquele momento, estavam passando dos limites.

O Jung poderia facilmente ser confundido com um stalker. Taehyung o atiçou, jogando lenha em seus planos para que fizesse mais fogo, após aquela fala, deixando o mais velho com altas expectativas. E, ah, se Namjoon fosse mesmo o Diabo, estava começando a cogitar a ideia de que o tal Diabo estivesse brincando com sua mente e o fazendo seu fantoche tolo e ingênuo.

E quanto ao Taehyung, ele parecia arrependido de ter animado seu amigo, pois no momento era puxado por todos os cantos da faculdade, sendo obrigado a matar aula e participar da perseguição que, no seu ponto de vista, estava sendo completamente inútil e não levaria a nada.

— Desgraçado, desgraçado… — resmungou Hoseok, sentando-se em um banco para descansar as pernas. — Onde esse filho da puta se meteu?! Faz três dias seguidos que estou o procurando!

— Ele deve ter lhe percebido e ter ficado com medo. Logo, logo, um boletim de ocorrência chega nas suas mãos e você enfim acordará para ver a merda que está fazendo. — Taehyung tentou ser realista, afinal não estava gostando nada de gastar suas energias correndo para lá e para cá.

— Não tem como ele ter me notado. Eu fui discreto demais — defendeu-se, bufando. — Mas não está fácil, e você também não está ajudando!

O Kim ia reclamar, quando Hoseok arregalou os olhos e viu Namjoon passando pelo corredor. Não podia mais ficar descansando, puxou o amigo pelo pulso novamente e seguiu seu alvo que, finalmente, havia dado as caras. Os dois correram em direção ao mais alto, este que acelerou os passos e entrou em uma das portas.

Pela primeira vez, o Jung se sentiu vitorioso ao atravessar a mesma porta e ver uma sala sem saída, com mesas e cadeiras recolhidas e amontoadas pelos cantos das paredes, vendo Namjoon no meio do local, de costas para si.

— Ei! — chamou, um pouco impaciente. — Você já sabia que eu estava lhe procurando, não é?

Não houve resposta. De repente, Namjoon tirou o capuz de sua cabeça, mostrando seu cabelo castanho e um pouco da pele bronzeada. Virando-se para Hoseok, com um sorriso casto nos lábios.

— Oh, você percebeu. — Riu soprado. — Mas… não sou eu quem você quer.

— Como assim? — Ficou confuso.

Talvez, Namjoon poderia simplesmente estar zoando com a sua cara ou então, poderia mesmo dar uma pista, sequer uma mínima informação sobre o Diabo para que a busca de Hoseok valesse a pena. Seus olhos davam a mesma sensação de antes, tanto que o Jung não conseguiu encará-los por muito tempo e desviou o olhar para seus lábios fartos e arroxeados.

Namjoon riu de sua pergunta. E o que aconteceu depois, fez Hoseok se arrepiar e ficar boquiaberto com a cena. Do moletom preto que o Kim vestia, surgiu uma faixa de tecido da mesma cor, voando em torno do mesmo e o envolvendo como se estivesse mumificando-o. Hoseok olhou para trás e viu Taehyung, ele não podia assistir ao pequeno espetáculo macabro, mas estava tão confuso quanto o mais velho.

E ao se virar de novo para o suposto “Diabo”, viu que o tecido desaparecera, e ele tinha mudado sua aparência de forma aterrorizante. Sua pele estava pálida e parecia ser de porcelana, seus olhos estavam completamente negros e sem vida e em sua fronte surgia um par de chifres de bode.

— Quem é você?! — gritou, ouvindo uma risada assustadora e rouca vindo daquela coisa, mas não se deixou ficar com medo. — Você é o Diabo?

— Eu já lhe disse, Hoseok… — Sorriu, expondo seus dentes pontiagudos. — Meu nome é Mamon, demônio da cobiça e da avareza, e não sou quem você procura. Não é mesmo, meu Senhor?

Arregalou os olhos, notando que Namjoon não se referia mais a si.

— Atrás de você, Hoseok. É ele. — Soltou uma gargalhada.




 

Kim Taehyung.

 

— • —

 

Se Hoseok tinha certeza de em pelo menos uma coisa naquela situação, era que o Diabo realmente o fizera de parvo. Namjoon não cessava suas risadas de deboche, pois teve o maior prazer em participar do joguinho proposto por seu líder, naquele momento, disfarçado de Kim Taehyung, o garoto cego.

O acastanhado não queria olhar para trás. Ao mesmo tempo em que uma parte de sua consciência gritava para fugir dali o mais rápido que pudesse, ansiava por ver quem sempre procurou. Ele estava ali. Era a oportunidade perfeita.

— Hoseok, você não vai olhar para mim? — perguntou Taehyung, ou então, o que era para ser ele.

O acastanhado permanecia imóvel, submerso numa luta interna para decidir o que fazer. Mas seu lado curioso falou mais alto, fazendo-o se virar para trás, e talvez, essa tenha sido a pior — ou melhor — decisão de toda sua vida. O cabelo de Taehyung, antes castanho, estava loiro, sua roupa era outra. Um tipo de roupão listrado em preto e branco, vestindo também uma calça vermelha.

Mas o que mais chamou sua atenção não foram as vestimentas, e sim quando subiu o olhar para o rosto do Kim e viu o óculos preto sendo retirado por sua destra, enfim mostrando seus olhos azuis brilhantes e intimidadores. Poderia até mesmo ser a cor mais bonita que Hoseok vira até aquele momento, ficou hipnotizado pela mesma e nem percebeu o óculos sendo desintegrado pelo poder flamejante que saia da mão do mais novo, virando pó e sumindo no ar.

“O diabo não tem o corpo vermelho, tampouco chifres, pernas de bode ou um rabo com uma seta pontuda no final. Ele assume a forma que for mais conveniente para si, dependendo da situação em que se encontra. No entanto, é fácil reconhecê-lo. Não importa o quanto ele tente, nunca irá conseguir esconder aquela chama infernal que há em seus olhos. São olhos cheios de confiança e sem nenhum pingo de piedade, que carregam a maior quantidade de ira e desprezo que você verá em sua vida. Não olhe para eles muito profundamente, ou vai começar a se sentir impotente e paralisado de medo. E então, perderá por completo sua esperança e vontade de viver.”

Foi o que se lembrou. E de fato, a ira que emanava do simples e único olhar do loiro não se comparava com o de Namjoon. Caiu de joelhos no chão, de tanto observá-los. Estava começando a se sentir fraco e desistindo da ideia de fugir dali, pois não teria a menor chance contra dois demônios, sendo que um deles era o mais forte de todos.

Taehyung sorriu de leve, aproximando-se de Hoseok e o estudando minuciosamente enquanto andava em torno do mais velho, com um ar de superioridade.

— Sabe, Hoseok. Faz um bom tempo que venho lhe observando. E mentiria se dissesse que não me interessei por você e pela sua vida deforme — disse. — Já fui um anjo, talvez, você saiba disso, que já servi ao Todo Poderoso e, cá entre nós, podia me considerar o ser mais forte depois dele. Ele confiou em mim, da mesma forma que você, e me deu muitas coisas. Assim como você me confiou seus segredos e suas ambições.

Tateou o pescoço do Jung, subindo seus dedos para o queixo do mesmo, virando-o e fazendo-o olhar para si quando parou de andar, em seu lado direito.

— Ele não me deu o poder para ler mentes. Por isso, eu sempre fiquei ao seu lado, buscando entender o porquê de tanto querer me ver e conversar comigo. E é nesse ponto específico que quero chegar. O que você tanto quer comigo, Jung Hoseok? Riqueza? Uma vida de luxúria? Mais beleza do que já possui?

Hoseok estava atordoado, seus instintos falhavam e só o que queria, naquele momento, era continuar ouvindo a voz rouca e atraente do Kim e ver seus olhos encantadores, ao mesmo tempo intimidadores. Aquilo era um sonho? Pesadelo?

— Responda-o, criatura insolente. — Proferiu Namjoon. Ou melhor, Mamon.

— Está tudo bem, ele tem todo o tempo do mundo para me responder. — Taehyung riu soprado. — Somos amigos, não somos?

O Jung não conseguia falar nada, as palavras ficavam presas em sua garganta e não conseguiam sair, deixando-o mais desesperado ainda. Desviou o olhar para o chão, tirando a mão do Kim de seu queixo com um tapa agressivo. Tal gesto irritou Namjoon e o mesmo ameaçou se aproximar, mas Taehyung levantou a mão para o mesmo, impedindo-o, dizendo que estava tudo bem.

— Eu… Eu…

— Sim, Hoseok? Vamos, diga-me. Posso lhe dar o que quiser. — Insistiu, sorrindo terno.

Engoliu em seco. Nunca havia pensado no que realmente queria com o Diabo, pois estava mais focado em encontrá-lo para decidir qual seu propósito. E aliás, as esperanças de que a procura desse certo não eram muito altas. Mas ele estava, e podia desejar o que quiser. No entanto, reconhecia aquele jogo, não simplesmente ganhar algo e viver sua vida feliz e satisfeito.

Teria de dar algo em troca, obviamente. Talvez, sua alma, ou realizar algum desafio que seu psicológico provavelmente não suportaria, apenas para que aquele ser se deliciasse de seus temores e suas angústias. Hoseok não era nenhum idiota. E cogitou a ideia de não pedir nada.

Somente cogitou, e nada mais. Ele não saberia o que o Diabo poderia fazer se soubesse que estava ali à toa. Tinha medo do que poderia acontecer, tinha medo pela sua vida e por tudo que envolvia a si mesmo. E em meio às alternativas para escolher, surgiu uma que, provavelmente, poderia ser a melhor de todas.

— Você sabe que, desejando algo, vai ter de me dar algo em troca. — Taehyung interrompeu seus pensamentos. — Mas como gosto de você, não vou exigir muita coisa, garanto-lhe.

Uma faísca de curiosidade se acendeu na mente do Jung. Como assim Taehyung gostava de si? O Diabo não tinha sentimentos, apenas finge que tem e, hora ou outra, usa isso ao seu favor para manipular pessoas. Ele era um ótimo ator, Hoseok tinha certeza. Aquela face angelical e aquelas palavras ditas eram pura encenação. Ou não?

E se fosse verdade?

— Está começando a me irritar, Hoseok — alertou. — Ao contrário de mim, talvez, você não tenha o dia todo. O tempo é valioso para os mortais, não seria inteligente se ficasse aqui e o gastasse, ainda mais em uma situação como essa. Está tão difícil assim? Só é preciso fazer um desejo e eu lhe atenderei.

Taehyung conhecia a psicologia humana na palma de sua mão. Após acompanhar a humanidade desde… Bom, desde sempre, aprendera muito e naquele momento podia se denominar um especialista. Hoseok estava titubeando. Isso era um fato. Era normal temer o Diabo, temer o mal e a escuridão que o cerca. Estava pronto para estender a mão ao homem e levá-lo para o mundo das sombras.

Hoseok levantou a cabeça, olhando fixamente nos olhos do Kim sem nem hesitar. Ficou ligeiramente surpreso pela petulância do acastanhado, mas o que ouviu depois, fez sua confiança — de que estava dominando o mais velho — ir por água abaixo.

— Eu quero você. — respondeu. — Quero que se entregue a mim e eu me entregarei a você. Gosta de mim, certo?

— Como ousa insultar o rei do inferno, mero mortal?! — Namjoon ralhou, demasiadamente furioso.

— Mamon. — Taehyung o repreendeu, sem encará-lo. — Vá embora. Seu trabalho já está feito, aqui.

— Mas, meu Senhor…

— Agora.

— … Sim, meu Senhor.

E Namjoon desapareceu em cinzas e fogo, sem deixar nenhum rastro, antes lançando um olhar de ódio para Hoseok. Agora, os dois estavam a sós e o silêncio prevaleceu por alguns segundos.

— Você quer a mim? Essa é nova. — Riu soprado, agachando-se para ficar na altura do Jung. — Sério, nunca nenhum humano me desejou, durante todos esses séculos.

— Então, sou o primeiro. — Sorriu de lado. — Mas enfim, o que me diz, Taehyung?

— Ainda me chama por esse nome? Tudo bem, não tem problema. — Deu de ombros. — Hum… Vou pensar no seu caso. Dou-lhe uma resposta em menos de duas luas de sangue.

Depositou um beijo na fronte do moreno, onde surgiu uma marca de um pentágono, desaparecendo logo depois.

— Você está marcado, agora. — Levantou-se. — Quando a data de meu retorno chegar, vou saber onde você está. Não adianta se esconder e caso se mate, buscarei sua alma. Está avisado agora, Hoseok.

Assim como Namjoon, Taehyung também desapareceu num piscar de olhos. Hoseok se encontrava sozinho.

Suspirando pesadamente, levantou-se e rumou para sua sala de aula, não ficando surpreso ao ver que Taehyung não estava lá.

Kim Taehyung, seu melhor amigo, na verdade nunca existiu.
 

 

O tempo se passou e Hoseok conseguiu um emprego muito melhor. Jiwoo havia parado de se drogar e estava começando a melhorar sua saúde, pedindo sinceras desculpas para o irmão e arrumando a casa inteira, deixando-a limpa e organizada. O Jung não podia pedir por algo melhor, suas notas da faculdade, que antes eram medianas, haviam aumentado devido às melhorias em sua vida pessoal.

Jiwoo conseguiu um emprego e os dois sustentavam a casa a partir de então.

Duas luas de sangue. Traduzindo para o vocabulário científico, Taehyung voltaria depois de dois eclipses lunares. E enquanto ele não retornava, a vida de Hoseok melhorava cada vez mais. Porém, um eclipse ocorrera e o próximo estava prestes a acontecer.

Seria isso arte do Diabo? Não se lembrava de ter realizado pacto nenhum, então deduziu que poderia ser a marca invisível em sua testa. Talvez, além dela servir como rastreamento, deveria ser a causa de todas as coisas boas que aconteceram. Era apenas um palpite, mas enquanto Hoseok não obtivesse alguma explicação plausível, não descartaria a alternativa.

Ou então, seu próprio esforço poderia ser a explicação.

Estava de noite, Jiwoo havia saído, dessa vez, para resolver situações pendentes na empresa em que trabalhava como estagiária. Ela estava feliz, pois em breve iria ganhar uma promoção no serviço. Hoseok também estava, por ela.

A comida não era a sobra do almoço, havia sido feita naquele momento e o Jung teve o maior prazer de desfrutar de um bom prato quente e satisfatório. Lavou a louça e foi para o banheiro, tomando um banho e escovando os dentes para enfim poder ter uma boa noite de sono. Ou pelo menos era o que ele planejava.

— Duas luas de sangue… — Murmurou, olhando-se no espelho e, de relance, a marca do pentagrama feita por Taehyung surgiu brilhosa em sua fronte, desaparecendo em seguida. — O próximo eclipse é hoje, se não me engano.

Suspirou fundo, com um certo nervosismo aflorando dentro de si. Rumou para o seu quarto, apagando a luz e abrindo a janela, sentindo uma brisa fresca entrar em contato com sua pele. A lua estava escurecendo. Taehyung estava prestes a retornar.

— Não me faça esperar muito. Eu estou com medo — disse.

Decidiu que iria deixar a janela aberta, embora não houvesse necessidade. Deitou-se na cama e fechou os olhos, sem sono suficiente para dormir. Não podia dormir. À medida que o tempo passava, sua ansiedade aumentava, e as expectativas oscilavam entre achar que era tudo enganação — o Diabo não viria —, e pensar que toda sua inquietação estava sendo observada por quem queria ver.

— Olá, Jung Hoseok. — A voz tão conhecida por si ecoou pelo quarto, fazendo-o abrir os olhos e sentar na cama.

E ele estava do seu lado. Os olhos azuis de Taehyung brilhavam na penumbra, eles estavam mais ferozes que antes. Com um sorriso nos lábios, o Kim se deliciava com a expressão de medo do Jung.

— Olá, Taehyung.

— Feliz em me ver?

— …

O loiro riu soprado.

— Como eu disse, pensei no seu caso. — Aproximou-se da cama do acastanhado, sentando sobre o colo do mesmo. — Está pronto para se entregar a mim?

Hoseok engoliu em seco, vendo os braços do outro entrelaçarem seu pescoço. Ele havia aceitado, era isso mesmo?

— Estou — respondeu, sem hesitar.

— Quanta confiança… Gostei disso. — Taehyung sorriu malicioso. — Pergunto-me se é capaz de me dominar.

Fez uma leve pressão sobre o baixo ventre do mais velho, fazendo-o respirar fundo. As duas mãos do moreno rumaram para a cintura alheia, apertando-as com um pouco de força, incentivando o Kim a continuar. Taehyung, por sua vez, desceu o olhar para a boca rosada de Hoseok, a que tanto desejou provar, e assim selou seus lábios com os do outro.

Luxúria. O Diabo amava luxúria.

Hoseok tomou a iniciativa para enfiar sua língua na boca de Taehyung, que fez o mesmo para que ambos os músculos molhados se encontrassem e dançassem em um ritmo lento e provocante. Os dois tinham experiência naquilo. Não tinha como o ósculo não ser incrível, portanto. Ao mesmo tempo que se beijavam, o Kim iniciou um rebolar sobre o íntimo do maior, ondulando seu quadril.

Taehyung chupou o lábio inferior do mais velho, soltando-o e voltando a envolver a língua do mesmo com a sua própria, fazendo com que alguns estalos ecoassem pelo quarto, não deixando de esfregar ambos os quadris de forma precisa e vaga. Interrompeu o ósculo para se aproximar da orelha do Jung, arfando e mordendo o lóbulo, arrastando seus dentes pela cartilagem macia e a soltando de sua boca.

Empurrou os ombros do moreno para que o mesmo deitasse na cama, tirando a blusa que ele usava e admirando a pele delicadamente bronzeada e imaculada. Distribuiu beijos próximos às clavículas, sentindo as mãos firmes e esguias apertarem suas nádegas como um gesto de aprovação. Logo depois, depositou mais alguns beijos na boca do maior.

— Como é a sensação de estar prestes a fazer sexo com um demônio, Hoseok? — perguntou, sorrindo devasso para o outro.

— Excitante. — Arfou ao que Taehyung pressionou seu baixo ventre em uma investida bruta. — Você… Você provoca muito, sabia?

O Kim riu divertido. O fato de que Hoseok estava realizando aquele tipo de coisa com Taehyung, lembrando que os dois eram amigos de longa data, mesmo o corpo do loiro sendo apenas um receptáculo para o Diabo deixava-o fora dos eixos. Iria fazer sexo com seu amigo. Com… seu amigo…?

— Eu amo provocar. — Comentou. — E cá entre nós, você foi o mais provocante até agora, Hoseok. Desde que disse para mim que queria muito me ver.

— Eu disse isso para Kim Taehyung. Não para você.

— Mas eu sou Kim Taehyung. Ele não existiria se não o fosse — explicou, tirando a própria blusa e a jogando em um canto qualquer.

— Você sempre fingiu, não é? Fingiu ser meu amigo, fingiu ser cego e também fingiu gostar de mim. — Desceu o olhar para o peitoral e o abdômen levemente definidos do Kim, arranhando-os com suas unhas um pouco crescidas.

— Só fingi ser cego, pelo menos nisso você acertou. Mas você foi mais cego que eu, percebendo, somente no último segundo, quem eu era de verdade. — Retirou-se no colo do outro, abaixando a calça do mesmo. — Fui verdadeiro em ser seu amigo e em gostar de você. Não duvide disso.

— Não sei se confio… — suspirou ao que seu membro foi liberto e molhado pela saliva do Kim.

— Está duro. — Riu. — Agora não fale mais nada, só aproveite.

Desceu a calça moletom de Hoseok até o seu joelho, junto da box que ele também vestia. Pegou no falo desperto e iniciou uma masturbação lenta e torturante, tombando a cabeça para o lado, concentrado no que fazia. Sua expressão era de completo tédio, como se não estivesse fazendo nada demais.

Hoseok, por sua vez, fechou os olhos e deixou a boca entreaberta, arfando vez ou outra devido aos toques estimulantes que recebia na parte interior de suas coxas. A outra mão do Kim roçava em seus testículos, dedilhando-os enquanto seu falo era bombeado, causando arrepios e mais arfares.

— Faz isso mais rápido, Taehyung — reclamou.

— Enquanto você não me dominar, não tem poder aqui, apenas pensa que tem. E eu faço o que eu quiser. — Ditou, sorrindo travesso.

— Desgraçado.

— Desgraça foi o que eu fiz na sua vida, Hoseok. — Riu. — Quando fui embora, ela melhorou tanto… Mas agora, você não viverá tanto assim para aproveitá-la.

— Do que está falando?

— Vou lhe levar comigo. Transformar-lhe, assim como transformei Namjoon e o amigo desdenhoso dele.

Namjoon já foi um humano?

— Vai me transformar num… Ah! — Gemeu quando a língua do Kim passou sobre sua glande. — Num demônio?

— Uhum — respondeu, num tom inocente.

Mas de inocente, era o que a cena a seguir teve de menos. Taehyung lambeu toda a extensão do falo pulsante, de baixo para cima, repetindo o ato várias e várias vezes, notando que Hoseok agarrava constantemente o lençol da cama entre seus dedos. Os olhos do acastanhado se abriram, percebendo que o Kim o encarava intensamente enquanto chupava algumas partes de seu membro. Os olhos azuis queimavam em luxúria.

Ergueu o quadril contra a boca do Kim assim que este pôs a glande em sua cavidade, chupando-a como se fosse um pirulito. Hoseok agarrou os fios de cabelo loiros com sua destra, puxando de leve e empurrando depois, fazendo um pedido mudo para que Taehyung prosseguisse.

Cedendo para o mais velho, o loiro englobou todo o falo em sua boca, realizando movimentos de sucção constantes, diferente da tortura lenta que estava fazendo antes. Os primeiros gemidos roucos do Jung começaram a ser ouvidos naquele quarto. Taehyung agia com maestria, sua grande experiência deixava Hoseok mergulhado nas sensações incríveis que lhe eram proporcionadas.

Do lado oposto da parede onde ficava sua cama, havia seu guarda roupa, com um espelho grande em uma das portas. Através dele, Hoseok podia ver apenas a sombra do que era para ser Taehyung. Uma escuridão em formato de pessoa, em meio a outra escuridão mais fraca e ofuscada pelas luzes da cidade, que vinham da janela.

Estranho. Mas já era esperado.

Empurrou a cabeça do Kim para cima, fazendo o mesmo parar de chupá-lo. Taehyung franziu o cenho.

— O que foi?

— Vou gozar fácil se você continuar — admitiu, invertendo as posições e colocando o mais novo em baixo de si.

Taehyung sorriu orgulhoso, sentindo cosquinhas com os lábios do outro em seu pescoço e uma sensação boa com os dois íntimos se esfregando, apenas com sua calça de tecido fino no meio. Ele queria mais que isso. Entrelaçou as pernas na cintura do Jung, obrigando-o a se aproximar mais para que ambos tivessem mais contato naquelas regiões tão necessitadas de atenção.

— Você realmente me enlouquece, Hoseok. — Murmurou.

Gemeu quando a destra do amigo pousou sobre seu membro ainda coberto, massageando-o e apertando-o. Lambeu os lábios, aproveitando os beijos castos que Hoseok dava em seu pescoço e ombros. Foi surpreendido quando o moreno retirou sua calça, deixando-o completamente nu, à mercê do maior.

Hoseok viu como aquele corpo fazia jus a um dos pecados capitais que Taehyung amava. As coxas torneadas, a pele macia e amorenada, o membro mediano semi desperto e o rosto nada angelical lhe lançando um olhar de devassidão e malícia. Ele era tão lindo que ficou fora dos eixos por um instante, voltando para a realidade para sentir o gosto do membro alheio em sua boca.

Taehyung sorriu e gemeu rouco ao que a cavidade quente e úmida abrigou seu falo, arqueando as costas e contraindo a barriga. Precisava ter Hoseok, precisava senti-lo dentro de si e transformá-lo em um demônio, assim, poderia desfrutar de um bom sexo — sempre pensando em si mesmo, unicamente — e não perderia o — ainda — humano para a morte que condenava todos os seres vivos.

O acastanhado selou sua glande antes de encostar dois dedos nos lábios entreabertos do Kim, este que entendeu o recado e passou a chupá-los para deixá-los úmidos o suficiente. Feito isso, enquanto Hoseok ainda chupava seu membro, o mesmo adentrou em seu interior com um dígito.

Taehyung arfou, aquilo ardia um pouco, mas as sucções em seu íntimo o distraíam da futura dor que sentiria quando Hoseok colocasse mais um dedo e, depois, seu membro seria o próximo. Nenhum dos dois eram adeptos ao romantismo, mas o Jung se preocupava em não machucar o loiro e nem a si mesmo.

Após investir seu segundo dígito dentro do mais novo e certificar de que o mesmo estava realmente pronto para recebê-lo, Hoseok se pôs em seu meio, colando os íntimos e novamente foi preso pelas pernas do outro. Deitou-se sobre o peitoral do Kim, posicionando-se.

— Faça-me seu — Taehyung ordenou.

E assim o Jung fez, invadindo o menor lentamente. Arfou. Taehyung mordeu o lábio fortemente, machucando-o e sentindo um pouco de sangue sair de uma das feridas mais profundas. Naquele exato momento, lembrou-se que seu corpo era mortal. Ele sentia um pouco de dor, sentia seu coração bater como um louco.

— Você é um demônio com o coração de um humano, Namjoon — disse ao mais alto, quando o mesmo fora transformado em trevas, mas não conseguia tirar a vida de nenhuma pessoa em seu período de testes. Era a terceira vez que fracassava.

— Isso é horrível. — Rosnou. — Não há como ter algo pior.

— Está errado. Há humanos com coração de demônio, em todos os lugares. Isso sim é pior — suspirou.

Lembrou-se daquele dia, trazendo ao Kim mais velho um segredo que infelizmente existia e Taehyung não gostava de acreditar. Demônios deviam ter corações de demônios e humanos deviam ter corações humanos, assim o mundo não seria uma desordem como ele estava sendo. Mas nada era perfeito, apenas Taehyung era.

Os dois se tornaram apenas um e a cada investida profunda de Hoseok, o Kim gemia mais alto, arranhando as costas do Jung. Suas pernas foram levantadas e postas sobre os ombros do maior, para que ele acertasse mais fundo e rápido, naquele momento, deslizando com facilidade dentro do loiro.

Taehyung deixou seus pulsos por cima de sua testa, olhando fixamente para Hoseok enquanto demonstrava o prazer que sentia com arfares, murmúrios e gemidos constantes. O acastanhado, por sua vez, arfava e gemia baixo, sentindo seu membro ser apertado pelo interior do loiro.

Ambos estavam cada vez mais perto de seus limites.

Aumentando a velocidade das estocadas, Hoseok investia sem dó dentro de Taehyung, apertando as coxas do mesmo e afundando os dedos na carne farta, deixando marcas de suas mãos e mais algumas com os tapas que desferiu.

Taehyung gemeu alto e choramingou quando atingiu seu ápice, sujando o próprio abdômen com alguns jatos de esperma e contraindo-se a ponto de Hoseok se desmanchar dentro de si logo depois, soltando um arrastado e rouco gemido.

Suas forças foram se esvaindo. Debruçou sobre o Kim, cada vez mais fraco. Taehyung riu satisfeito. Ele estava sugando suas energias. Apossando-se de sua vida.

— Vejo-lhe no inferno, Jung Hoseok — sussurrou no ouvido do outro.

Hoseok dormiu.

E quando acordou, estava deitado em um chão de argila fria, olhando para um céu sem estrelas, nem lua. O ambiente era tão vazio e, por um momento, cogitou que era a única coisa “viva” dali. Levantou-se, ignorando o fato de estar despido.

— Bem-vindo ao meu mundo.

Ele não precisou olhar para trás para saber quem era, pela segunda vez em sua vida. Bem, naquele momento não era mais uma vida. Sorriu de leve, encarando suas unhas afiadas e sua pele pálida ao extremo.


 

— Obrigado, meu Senhor.

 


Notas Finais


Músicas:
Stigma — V (BTS)
https://www.youtube.com/watch?v=LmmV2b23DV0
Moonlight Sonata — Beethoven
https://www.youtube.com/watch?v=5-MT5zeY6CU
Let me know — (BTS)
https://www.youtube.com/watch?v=2xxhi7kolcQ

Uma amiga minha leu essa fic e gostou bastante. Alguns dos motivos é que, além da temática ser uma das preferidas dela, há também o fato de que todos os núcleos foram escritos com precisão. Desde a vida problematica do Seok até o mistério envolvendo o Namjoon e o Tae, além da amizade peculiar vhope. Entre essas e mais algumas coisas deixei aberto, assim como o final.

E essa é a minha teoria: Se o Diabo existe, ele foge de qualquer esteriotipo comum que demos pra ele. Alem disso, nao é como se ele chegasse em voce e te levasse para o mal, igual aquela voz na sua cabeça que tenta te fazer tomar decisoes erradas. Isso não é ele, é voce. Da mesma forma que decidimos ser levados para o mal, podemos arranjar forças em si mesmos para resistir e seguir em frente, ultrapassar obstaculos sem precisar da ajuda de um certo alguem la em cima. Acredito que ele só faz uma partezinha do serviço, e o resto é com voce.

Outra amiga minha disse que Hoseok só começou a melhorar na vida depois de parar de buscar as coisas ruins, isso eu tambem posso concordar. Faz sentido, ate.

Taehyung foi um personagem construido na base do sarcasmo, isso voce deve ter percebido bastante. A forma como ele gosta de brincar com Hoseok e como parece ser “provocador” foram aspectos que quis aderir na personalidade por achar que assim combinaria melhor com o enredo. Melhor do que um Satã todo certinho e serio, nao?

O amigo desdenhoso do Namjoon seria o Yoongi, pessoal. Pois é, ele tambem foi transformado, mas nao apareceu porque estava sem criatividade para coloca-lo e criar uma situaçao com ele skdkskdk

Outra coisa importante: nao quis focar muito no lemon, foi tipo uma parte crucial e ao mesmo tempo desnecessaria para a transformação do hoseok, acho que poderia ter feito outra coisa, mas meu lado pervertido foi mais forte, hehe

E mano, fazer metaforas com o bem e o mal foi uma experiencia unica e espero que tenham gostado do que saiu dela :)

Minhas inspirações foram: Boy Meets Evil (aquelas frases que o RM diz: “the devil helped me”; “the enemy was behind me”) e um ritual chamado Jogo do Diabo, que parece mais uma creepypasta, mesmo. Link: https://www.youtube.com/watch?v=eZhZuIGB-4I
PS.: é terror, não ouça se não gosta desse gênero; pode dar medo de noite, risos.
Enfim, ate a proxima fic~

[edit]: nossa, eu sou muito idiota, esqueci de dar os agradecimentos à capista e à beta, sério, me desculpem mesmo
*inserir auto xingamentos aqui*
queria agradecer pela betagem e capa maravilhas feitas pelos dois users ali embaixo, vocês são ícones <3

Fanfic betada por: @Korigami
Capa feita por: @XJeongguk


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