King Of The Sea ~ Capítulo 13 -
Segredos
Respiro fundo, me preparando para começara a contar sobre meu passado conturbado de uma família conturbada. Kuroo leva sua mão até a lateral do meu rosto, fazendo um leve carinho.
- Se não quiser contar, não precisa. Sabe disso. – Ele fala gentil.
- Eu quero. Acho que eu guardei isso pra mim por muito tempo. Eu preciso contar pra alguém. - Respiro fundo novamente e seguro sua mão que estava livre, vendo-o usar a outra mão para acariciar minha cintura nua. - Eu... não sou quem você pensa que eu sou.
- Okay, acho que isso eu notei. - Ele diz rindo levemente.
- Não, você não entende. Meu nome não é o Nigeru Kenma. Meu nome é Kozume Kenma. Meu pai, é o rei de Shindaneko. Eu sou o príncipe. - Digo e Kuroo fica em silêncio, estático. Ele pisca rapidamente, como se tivesse acabado de voltar a razão.
- Você é o príncipe? Mas... você é mais velho que o novo príncipe, não é? Como... - Ele fica confuso, voltando a fazer o leve carinho.
- Exatamente. Eu sou seis anos mais velho que o príncipe Kentaro. E ele não é meu irmão por parte de mãe. - Kuroo continua me encarando, como se máquinas trabalhassem em sua mente.
- Então, você não é filho da rainha Amaya? - Ele diz tentando entender. - Então... Como?
- Minha mãe foi a rainha Hana. - Digo estranhando o fato de falar o nome dela novamente.
- Mas ela morreu antes de ter um filho, de uma doença... não? - Ele pergunta tentando juntaras peças.
- Não, amor. Ela teve um filho. Mas o rei Katsuragi não sentia muito orgulho de ter um filho ômega. Então ele fingiu que a pequena criança nunca tinha nascido. - Ele para o carinho e dá um leve beijo na minha testa, soltando minha mão e me abraçando.
- Por isso que você esconde que é um ômega? - Ele pergunta e assinto com a cabeça. - E qual era a doença da sua mãe? Não era só ter outro filho com ela?
Suspiro, lembrando das dezenas de vezes que meu pai gritava com minha mãe e comigo, dizendo que a culpa dele não poder ter um herdeiro ser minha, que se eu não fosse um ômega imprestável ele iria ter alguém para suceder o trono. Respiro fundo, me preparando para contar o que eu sempre evitei.
- Não... quando eu nasci, tiveram muitas complicações no parto, de acordo com a minha mãe, então ela ficou estéril e não podia mais engravidar. Ela até que sobreviveu bastante, acho que meu pai tinha criado o mínimo necessário de carinho por ela. - Falo lentamente, para que ele entenda.
- Como assim? - Ele pergunta. Ok, ele não entendeu.
- Meu pai mandou que matassem minha mãe, e disse que uma doença a atingiu. Eu tinha cinco anos. Me lembro pouquíssimo dela, mas uma coisa que eu nunca esqueço é o calor do abraço, ou o som da voz calma dela. - Me aconchego mais no abraço do moreno, comparando o calor desses braços com os braços da minha mãe, chegando a conclusão de que são iguais, com tanto amor quanto o de minha mãe. Esse pensamento me acalma um pouco.
- O rei faria isso com a própria esposa? - Ele diz assustado.
- Faria, e fez. E ainda por cima se casou com a irmã mais nova da minha mãe meses depois. - Digo sentindo a raiva e o rancor crescerem em mim novamente. Ele me afasta levemente, me encarando assustado. - Pois é. menos de um ano depois eu recebi a incrível notícia de que iria ter um irmão. - O silêncio reinou no quarto por um momento. - Ele nunca me abraçou, nunca me disse um "eu te amo". Não me lembro de ele me dirigir a palavra para algo que não fosse me ofender ou me culpar por ser um ômega. - Fecho minha mão em punho, arranhando sem querer o peito de Kuroo, mas não me importo com isso. - E então nasceu! O lindo e pequeno príncipe Kentaro. Um alfa com aparência promissora para ser um rei digno.
Kuroo me abraço mais fortemente, liberando seus feromônios, me acalmando.
- Tenho certeza de que seria um ótimo rei. - Ele faz carinha nas minhas costas, me fazendo arrepiar. - Como você fugiu?
- Quando fiz 14 anos, eu via meu irmão recebendo presentes, bênçãos, atenção, e... via meu pai o amando de uma forma que nunca fez comigo... e aquilo me afetou. Não me deixou triste, me deixou puto, porque eu sei que ele não ama meu irmão de verdade, ele ama o fato de que a linhagem dele vai continuar no poder. Eu não conseguia mais aguentar toda aquela... mentira e falsidade, então fiz um acordo com meu pai.
- Que tipo de acordo?
- Eu lembro até hoje de como eu falei, haha. Tive a cara de pau de falar que ia me revelar. “Eu vou embora, e você nunca mais vai ouvir falar de mim. Se não me deixar ir, fique sabendo que todo o seu amado reino vai saber que você matou sua esposa e escondeu seu filho por anos”. Eu nunca tinha visto ele com uma cara de apavorado como aquela! Eu pagaria qualquer coisa para vê-la de novo. - Digo rindo da lembrança do meu pai.
Ele ri também, me olhando nos olhos de uma forma apaixonada. Ele segura no meu queixo e se aproxima de mim, dando um beijo apaixonado. Deito-me sobre ele, me aconchegando em seu peito, sem separar o beijo. Quando o ar faltou, nos afastamos e ele me abraça pela cintura, colando sua testa na minha.
- Tenho tanto orgulho de você. - Ele diz baixinho. - Eu amo você.
- Também amo você. - Lhe dou um selinho e me aconchego no abraço, sentindo as pálpebras pesarem, me fazendo entrar em um sono profundo.
*
Acordo com alguma coisa em meus pés, sinto um pequeno desespero e começo a rir. Acordo de vez e me sento, recuperando a respiração, vendo Kuroo vestido e de pé. O desgraçado estava fazendo cócegas. Me levanto emburrado e começo a me vestir, ouvindo o moreno tagarela atrás de mim.
- Bom dia! Dormiu bem? Espero que sim, porque eu dormi super bem! - Ele fala como uma criança depois de ganhar um doce. - Vem aqui. – Ele me puxa pela cintura antes que eu consiga terminar de abotoar minha camiseta. - Lindo. – Ele diz segurando meu rosto com suas mãos e dando um leve beijo na ponta do meu nariz.
Antes que eu termine de abotoar tudo, ele coloca a mão em meu ombro, revelando minha mais nova marca. Ele sorri encarando a mesma e se abaixa levemente para beijá-la, terminando de abotoar por mim.
- Eu vou indo para o convés. Estou morrendo de fome. - Ele vai até a porta abrindo-a.
- Por que será? - Pergunto irônico ouvindo-o rir e fechar a porta.
Termino de me vestir e colocar minha bota, indo em direção ao convés, vendo a tripulação fazendo seus afazeres. Alguns limpando, outros conversando, outros bebendo. Nada de novo. Olho para Oikawa e Iwaizumi que conversavam na proa do barco. Lembro de quando eu e Oikawa éramos próximos assim, sinto a saudade de tempos que acho difícil que voltem.
Vou até minha cabine vendo Kuroo no caminho, que me olha estranho, como se soubesse que eu estava meio pra baixo. Ele entra na cabine atrás de mim, ficando apenas nós dois lá dentro.
- Que houve? Parece triste. - Ele diz se aproximando da mesa.
- Oikawa. - Digo simples, evitando o assunto, o que não funciona porque ele fica me encarando, esperando-me continuar. Solto um suspiro, contando em seguida o que aconteceu para Oikawa me odiar.
- Olha, não posso negar que ele tem seus motivos. – Ele diz e eu falo um curto “Hei!” - Mas vocês não podem ficar nesse clima! Ele e Iwaizumi falaram que iam desistir de ser piratas no próximo cio do Oikawa. Não vale a pena perder a amizade dele por causa disso. - Ele explica segurando minhas mãos, fazendo um leve carinho nelas.
Fico pensando nas palavras do mais alto. Ele tem razão, não posso simplesmente perder a nossa amizade por algo tão pequeno como nossas classes. Decido que vou contar meu passado pra ele. Ele é um ômega também, vai entender como me senti quando era mais novo e como me sinto até hoje.
- Tem razão. Vou conversar com ele... - Me levanto indo até a porta, me virando e vendo Kuroo me encarando. – Obrigado. - Digo enfim saindo do cômodo.
Vou até a proa, vendo que o casal ainda conversava animadamente sobre o filho que planejavam ter. Me aproximo e finjo uma tosse, atraindo a tenção de ambos.
- Capitão? - Iwaizumi diz.
- Posso conversar com o Oikawa? - Pergunto sem encarar nenhum deles.
Iwaizumi sai de perto, deixando a gente conversar.
- O que você quer comigo? Que eu saiba deixei bem claro que não pretendo ter relação nenhuma com você além de capitão/tripulante. - Ele diz com os braços apoiados no barco olhando o horizonte.
- Quero conversar com você. Explicar por que eu mantenho minha classe em segredo. - Eu digo e ele se vira parcialmente, me olhando intrigado.
- Sou todo ouvidos. - Ele diz simples, voltando a se apoiar no barco, como uma ordem silenciosa para que eu me apoie também.
Conto para ele toda a história que contei ontem para Kuroo. Oikawa escuta em silencio. Não vejo sua reação porque não desvio meus olhos das ondas hipnotizantes abaixo de nós. Termino de contar e olho para o mais alto, que se vira pra mim. Ele dá um passo em minha direção e me abraça, surpreendendo-me.
- Eu não sabia... - Ele diz me apertando. - Me desculpe, eu não quis ouvir a sua parte da história.
- Tudo bem Oikawa, não o culpo. Só não queria que nossa amizade fosse perdida de uma hora para outra. - Retribuo o aperto. – Espero que eu possa conhecer seu filho.
- Pode ter certeza de que vai! - Ele se afasta e sorri radiante. Como senti falta desse sorriso.
Nosso momento “bff cute” é atrapalhado pelo som de um canhão sendo ativado, logo depois, o som de algo muito pesado caindo próximo a nós, na água. Olho para o horizonte, vendo navio da Sindaneko vindo em nossa direção.
- NAVIOS IMPERIAIS! PREPARAR PARA O ATAQUE! - Grito para os tripulantes, olhando para Oikawa em seguida. – Sabe o que fazer.
Vejo ele correr e começar a dar ordens para a tripulação. O navio se aproxima, ficando praticamente lado a lado com a gente. Ouço a voz do capitão do outro navio gritar:
- ALI ESTÁ! CAPITÃO KUROO TETSURO! PRENDAM-NO! - Ele diz e os soldados tentam vir para cá, mas minha tripulação dá um jeito neles.
Sinto o ódio me consumir. Como assim “capitão Kuroo Tetsuro”? Desde quando ele é capitão.
- TETSURO! - Grito correndo em direção ao moreno, que assim que me vê entra em choque.
Me aproximo do mais alto e lhe dou um soco, vendo-o cair com as costas no chão.
- COMO ASSIM “CAPITÃO KUROO TETSURO”? - Grito a plenos pulmões, sentindo meu peito queimar de pura raiva.
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