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História Kingdom Come. - Permite-me esta dança?


Escrita por: sixxxy

Capítulo 3 - Permite-me esta dança?


Fanfic / Fanfiction Kingdom Come. - Permite-me esta dança?

 

Yoohyeon me agarrou pela mão e me tirou dali como se o castelo estivesse pegando fogo. O jeito que ela correu de Minji como uma criança fugiria de um fantasma me deixou imersa em pensamentos. Por que ela havia me trazido até o jardim, como se Minji fosse tóxica e pudesse me envenenar a qualquer momento? O caminho até ali, esbarrando nos convidados, me deixou um pouco cansada.

— Yoohyeon, o que deu em você? — dei de ombros e segurei as barras do vestido para me sentar sobre o gramado. Se ela queria um tempo a sós comigo, bastava dizer.

— Não deveria ficar perto dela — ela foi direta, seu olhar perdido no horizonte.

O lugar estava vazio, uma vez que a maioria dos guardas estava dentro do castelo, tomando conta dos convidados, enquanto o restante deles guardava os portões.

— Só porque ela tentou me matar? — ri, minhas mãos passeando pelo gramado — Minji e Bora nunca me quiseram mal, apenas o que era melhor para elas. De fato, o que aconteceu com o Rei me foi útil, de certa forma.

— Não é sobre isso.

Arqueei as sobrancelhas enquanto a fitava, seu olhar ainda distante.

— E sobre o que é, Yoohyeon?

Ela virou-se para mim e ajoelhou-se à minha frente, tomando meu rosto em suas mãos quentes.

— Por favor, apenas tome cuidado.

Como se em uma tentativa de me fazer parar de questioná-la, ela encosta os lábios nos meus, me imergindo em um beijo longo em meio às flores. Rapidamente suas mãos foram parar em minha cintura e meu corpo foi se deitando sobre o gramado, pressionado pelo seu. Minhas unhas arranharam seu rosto e logo a parte exposta do pescoço. Ela grunhi. Sua boca toca a curvatura de meu pescoço, apenas respiro fundo e me entrego àquele toque tão familiar. A língua desliza desde ali até a minha garganta, subindo pelo meu maxilar. Não sei como, mas eu já sentia seus dedos longos dedilhando minha perna por baixo do vestido.

Após longos minutos, tivemos que parar, quando um guarda timidamente nos abordou e disse que o baile já havia acabado. Mas já? Não é possível que tivéssemos ficado tanto tempo de amassos no jardim a ponto de perdermos a dança. Tudo bem. Eu não queria dançar, de qualquer forma, ainda que fosse divertido ver as pessoas colocarem uma máscara e dançar ao som da música lenta pelo salão, algumas se divertindo com pares aleatórios, fechando acordos numa troca de passes; outras, desfrutando da proximidade de algum amado.

Yoohyeon estendeu a mão para me ajudar a levantar e eu fiz questão de que permanecêssemos de mãos dadas ao voltarmos para dentro, onde todos me aguardavam inquietos com a coroação. Eu estava entediada, mas não poderia ser mais chato do que a papelada que eu tive que dar conta no dia anterior.

 

O salão ecoava a canção do norte, sendo cantada em coro.

Eu estremeci aos olhares do público sobre mim. Um espaço me foi dado pelo tapete vermelho, cor de Ashtar, em meio ao povo. Caminhei até o trono e ali me sentei, fitando toda aquela gente, a maioria dependente de mim, à mercê de minhas vontades e vítimas do fado das minhas escolhas.

Após uma longa cerimônia, eu fui coroada. A mesma coroa que um dia pertenceu a meu pai.

E quando aquilo tudo finalmente se deu fim e os convidados foram embora, eu ainda estava ao trono, pensando em tudo que havia acabado de acontecer. Parecia um sonho, ou mais um pesadelo, mas o peso do ornamento de ouro na minha cabeça me certificava de que tudo aquilo era real. Eu daria tudo para que pudesse deixar Yoohyeon governar no meu lugar, pois jamais daria conta de suportar uma responsabilidade tão maçante.

Falando nela, lá vinha a mulher esguia em minha direção, como o próprio Diabo vestido de anjo e seus longos cabelos loiros. Ajoelhou-se em minha frente e tomou minha mão na sua, deixando um beijo singelo na costa de minha canhota.

— Galante, como sempre — brinquei.

Ela riu.

Yoohyeon se levantou e eu fui junto.

— É uma pena que perdemos a dança. Sinto muito por isso — eu digo, ela apenas balança a cabeça.

— Não é problema — ela voltou a ficar de joelhos e estendeu a outra mão em minha direção — Rainha de Ashtar, Siyeon, permite-me esta dança?

Eu não entendi muito bem. Ela realmente me chamou para dançar? Só eu e ela? Naquele enorme salão vazio? Eu sabia que era tolice, mas, para mim, parecia perfeito.

Yoohyeon não me deu tempo de responder, levantou e enganchou minha cintura com seu braço, me trazendo para perto num movimento abrupto, de modo que eu automaticamente agarrasse seus ombros. Antes que eu tivesse que resistir à tentação de beijá-la, ela me puxou e descemos as escadas, parando no meio do salão. Seu corpo ainda estava firme junto ao meu, como se fossemos uma única pessoa, uma única alma, um único reino.

Ela tirou algo de suas vestes. Era uma máscara. Duas, para ser exata. Deu-me uma e vestiu a outra. Eu observava seus olhos por trás do material branco que cobria seu rosto e o toquei com a mão. Mesmo não podendo ver, eu sabia que ela estava sorrindo. Eu sentia que ela estava.

Pus a máscara a cobrir meu rosto, e agora estávamos equivalentes. Ela tomou minha mão na sua. Guiava-me pela cintura pelo grande salão num ritmo só seu. Não tinha música nos nossos ouvidos, dançávamos a melodia de nossos corações. Ela pisava e me puxava, eu seguia e repetia o movimento, minha mão firme em seu ombro e meus olhos hipnotizados pelos seus, os cabelos claros voando com o vento. Eu me sentia tão bem. Adaptava-me a ela perfeitamente, como se todo o meu ser tivesse sido feito unicamente para ela, para estar nos braços dela.

Soltou meu corpo e eu fiz minha parte da dança, com cuidado para não pisar no meu próprio vestido, erguendo os braços, os movendo como ondas, completamente imersa naquele som imaginário. Ela fez o mesmo.

Quando voltamos a ter proximidade, me puxou para seus braços de novo, como um ímã. A dança estava mais lenta, com suas mãos firmes em minha cintura enquanto eu acarinhava seu pescoço com meus dedos.

— Eu queria que fosse Rainha em meu lugar — desabafei com um suspiro, minhas mãos ainda acarinhando seu pescoço.

Ela pareceu um tanto surpresa, ou foi impressão minha. Sua pegada em minha cintura apertou. Repentinamente ela ergueu meu braço, girou meu corpo e me puxou. A dança continuava. Pude jurar que a ouvi murmurar um “eu também”.

Quando paramos, por fim, meus braços circularam seu pescoço de modo que nossos corpos ficassem colados. Toquei a sua máscara novamente, a qual me permitia admirar apenas aquela imensidão castanha que eram seus olhos.

— Tira a máscara. Eu quero ver seu rosto, Yoohyeon.

Yoohyeon segurou minhas bochechas e me fitou de uma forma que jamais fizera antes. Seu olhar parecia mais intenso, afiado. Quase como naquele dia, na floresta....

— Algumas máscaras também são rostos, meu amor.

Suas palavras me pegaram de surpresa. Eu não sabia o que ela queria dizer com aquilo, mas eu não levei muito a fundo, eu só queria beijá-la. Puxei sua máscara e a atirei em algum lugar do salão, e então, fiz o mesmo com a minha. Voltei minha atenção ao rosto angelical de Yoohyeon, tomando-o em minhas mãos, e beijei-a.

Seus lábios eram tão macios quanto o estofado de um trono, mas, seu beijo, tão turbulento como a própria guerra.

— Prometa que não vai me deixar, não importa o que aconteça — meu comando pareceu mais uma súplica, e de fato era, porque eu suportei perder meus pais, suportei perder Yubin, e suportaria perder o próprio Ashtar, mas jamais seria capaz de viver sem Yoohyeon — Prometa para mim.

— Eu prometo — disse sorrindo para mim. Segurou meu queixo, ergueu o polegar e o resvalou em meus lábios, eu o beijei — Minha Rainha.

 



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