Enquanto eles aguardavam o rei, um jovem, quase da mesma idade deles mesmos, veio conversar.
Bryan: - Pois não, padre?
O jovem sorriu. Seu nome era Pedro, porém ele não era padre.
Pedro: - Padre? Não, não, eu não prego a palavras das divindades! Eu sou apenas um ajudante na igreja e Jade.
Bryan: - Jade? Mas a igreja é de pedra!
Pedro: - Acho que você não compreendeu. Esta igreja é dedicada a deusa Jade, a senhora da paz e prosperidade!
Maurício e Bryan se olharam.
Bryan: - Nunca ouvi falar!
Maurício: - Eu também não!
Pedro: - Eu . . . já deveria ter presumido isso. Enfim, vocês devem estar aqui para falar com o rei.
Maurício: - É. Só que um de nós não pode entrar na igreja.
Bryan preferiu não falar nada.
Pedro: - Eu, particularmente, acho que é melhor assim.
Bryan e Maurício não entenderam o que Pedro queria dizer com aquilo.
Pedro: - Por favor, venham comigo.
Pedro os levou para outro lugar, contornando as paredes da gigantesca igreja.
Bryan: - Por que é melhor que não falemos com o rei?
Pedro: - Talvez nosso rei possa ser um pouco negligente perante qualquer escritura divina. Porém, eu passei minha vida às estudando.
Bryan: - E daí? O que a Bíblia tem a ver conosco?
Pedro estranhou a palavra”Bíblia” mas resolveu não falar nada.
Pedro: - Talvez as pessoas não saibam o que vocês são . . . mas eu sei!
Maurício: - Você sabe?
Pedro: - Vocês são campeões.
Bryan olhou para Maurício, sem saber o que falar.
Bryan: - Eu não consigo ganhar nem sorteio de amigo secreto, da onde você inventou que eu sou campeão?
Pedro: - Vocês são os escolhidos pelos deuses, e devem lutar para que o mais forte conquiste o grande trono do sul.
Bryan deu de ombros para Maurício.
Pedro: - Algumas noites antes de sua aparição, a grande Jade me concedeu uma visão. Dois campeões apareceriam, e eu deveria aliviar este templo de seu maior fardo nas costas destes campeões!
Bryan: - Não gostei dessa visão! Eu não vim aqui pra carregar a consequência dos erros dos outros!
Pedro: - Vocês entenderão o que eu digo em pouco tempo. Porém, outro motivo pelo qual preciso que vocês evitem o rei . . . bem . . . vocês procuram matar os vampiros da montanha ao norte, não é mesmo?
Maurício: - Na verdade, a gente não sabe pra onde ir!
Bryan: - Se forem os mesmos vampiros que me morderam, então é pra lá que a gente vai!
Pedro: - O rei já mandou muitos cavaleiros até a montanha ao norte . . . ninguém voltou! Porém, alguns meses depois, um cavaleiro do sol apareceu. Ele requisitou uma quantia alta em ouro para livrar o rei dos vampiros . . . já fazem 2 meses que ele partiu, e não retornou para reclamar seu ouro! Agora, pessoas morrem todas as noites. E depois que vocês chegaram, o rei viu que não eram meros mortais! Tentaram injetar a cura em você, mas seus músculos eram densos demais para serem furados por uma agulha.
Pedro fez uma breve pausa antes de continuar.
Pedro: - Eu temo que ele mande mais homens com vocês para serem massacrados pelos vampiros!
Eles se depararam com uma pequena casa atrás da igreja.
Pedro: - Me sigam, estamos quase chegando.
Eles entraram na casa, estava vazia.
Pedro os levou até um alçapão nos fundos. Eles desceram pelo alçapão e tiveram que andar por um corredor escuro até uma pequena sala subterrânea.
Bryan: - Que lugar é esse?
A sala era iluminada por frestas no teto, porém elas não proviam muita iluminação.
Quando Maurício entrou na sala, a primeira coisa que ele viu, e provavelmente a única coisa que havia na sala, era uma estátua de jade representando uma mulher de joelhos segurando uma espada em seus braços.
Pedro: - Esta é uma estátua feita pela própria Jade. Ela foi feita para aprisionar a 6° maldição dos homens, porém, seu poder está definhando com as eras!
Chegando mais perto, Maurício notou que a estátua chorava sangue, o mesmo escorria pelo rosto da estátua, pingava de seu queixo e caia na lâmina da espada.
Maurício: - Por que a estátua está chorando sangue?
Pedro: - O sangue da deusa acalma a maldição da espada, porém, a espada irá despertar cedo ou tarde, e isso trará olhares indesejados para esta cidade!
Bryan: - E você quer que um de nós encoste numa espada amaldiçoada por Deus, que está sendo guardada por uma estátua que chora sangue?
Pedro não sabia o que falar.
Bryan: - Padre, na moral? Nem ferrando!
Pedro: - Mas. . . mas . . .
Bryan: - Nananão . . . sem “mas”! Eu já tenho uma maldição pra me preocupar! E se a maldição da espada me possuir e eu sair matando geral?
Pedro: - Caso . . . caso queira saber . . . essa espada não possui ESTE tipo de maldição!
Bryan: - Então explica esse negócio direito! Tu acha que eu vou deixar meu amigo tocar numa espada com uma maldição desconhecida?
Maurício: - Por que que EU tenho que pegar a espada?
Bryan: - Ah . . . tu é o cara perfeito pra isso! Olha só, a espada combina contigo!
Maurício olhou para a espada verde como a estátua.
Maurício: - Bryan . . . é uma espada de duas mãos . . . e pelo tamanho . . . precisa de três pessoas para levantar!
Pedro pigarreou, atraindo a atenção dos dois.
Pedro: - Que tal eu contar como a espada funciona?
Bryan: - BOA!
Pedro: - De acordo com as escrituras, a espada se alimenta dos oponentes mortos pelo seu dono, sugando seu sangue, sua força vital, e assim, se aperfeiçoando para o próximo combate. Porém, você carregará o peso de seus pecados na espada. Aquele que empunhar esta espada, jamais perderá guerra alguma!
Houve um momento de silêncio.
Pedro começou a ficar preocupado. Caso os dois campeões resolvessem não pegar a espada, sua cidade correria grande perigo. Os vampiros já haviam achado sua cidade, o que significava que o poder da espada estava despertando. E se a espada não tivesse um mestre antes de despertar, seria o fim de todas as pessoas daquele reino. Homens e monstros seriam atraídos para guerrear naquela cidade.
Bryan: - Olha . . . depois desse resumo . . . presumo que seja um resumo . . .
Pedro: - Não há muitas escrituras sobre essa espada!
Pedro começou a suar frio. Bryan olhava para a espada como se a analisasse por completo, porém Maurício não sabia exatamente o que estava acontecendo.
Bryan: - Bem . . . eu não entendi porra nenhuma dessa espada!
Maurício: - Eu também não.
Um sentimento de decepção tomou conta de pedro.
Pedro: - Essa espada . . . precisa sair da cidade . . . a sua maldição irá cair sobre todos nós!
Pedro já estava ficando desesperado.
Bryan: - Que maldição?
Pedro: - A maldição da espada! Se ela não tiver um dono que possa alimentar sua sede de sangue, sua presença irá atrair a destruição para essa cidade até que sua sede de sangue seja saciada!
Bryan: - Ah, então ela atrai problemas! E por que eu ia querer uma espada assim?
Pedro: - Ela atrai monstros e guerra quando está com fome de sangue!
Bryan: - Hummmmm . . . é, não to a fim de pegar ela não! E você Maurício?
Maurício: - Também não!
Bryan: - É . . . enfim . . . agora que eu sei onde estão os vampiros . . . meio que não preciso mais da tua ajuda! Então . . . boa sorte com a maldição e tudo mais!
Quando Bryan se virou para sair dali, uma pequena brisa fria bateu em seu rosto, e de alguma maneira, ele compreendeu como a espada funcionava de fato. Ao mesmo tempo uma doce voz feminina ecoou do corredor dizendo: “Não se preocupem, derramarei minha bênção sobre vocês, a espada não irá atrapalhar sua jornada, se decidir pegá-la”
Bryan ficou paralisado de medo. Era possível ver a luz passando pelas frestas da porta do alçapão no final do corredor, era difícil de se enxergar com tão pouca luz, e Bryan começou a pensar se havia alguém escondido nas sombras.
De sua mochila, Bryan tirou seu celular a ativou sua lanterna.
Olhando para o corredor, ele não viu nada, além de poeira e rocha.
Bryan: - Ok . . . aparentemente a espada não é tão ruim assim!
Maurício: - Vocês escutaram a voz?
Pedro: - Sim! E eu acho . . . acho que foi a senhora Jade! Os deuses estão torcendo por vocês, sem sombra de dúvida!
Maurício: - Bryan?
Bryan: - Maurício, pega a espada.
Maurício: - Mas . . .
Bryan: - Pega essa merda!
Maurício foi até a estátua e tentou tirar a espada, porém ela era pesada demais, parecia estar presa.
Maurício: - Nego, não vai dar não!
Bryan: - Como não?
Maurício: - Ela tá presa!
Bryan: - Que tá presa o que!
Bryan andou até a estátua, tirou Maurício da frente e pegou o punho da espada. Ao puxar, ele viu que realmente ela estava presa nas mãos da estátua.
Pedro: - E agora?
Bryan puxou a espada com força, destruindo a estátua, que misteriosamente se quebrou em milhões de pedaços.
Pedro ficou apavorado.
Bryan: - Beleza! Agora eu tenho uma espada só pra mim!
Bryan admirava a espada rústica e sem fio em sua mão.
Bryan: - Maurício, vamos embora! Temos um morcego pra matar!
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