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História Kings And Queens - Chapter 38 - Noite Estrelada e Corações Ao Relento


Escrita por: NinaBlack

Notas do Autor


Olá!
Primeiramente, eu peço muitas desculpas por não ter postado antes... E por estar enrolando tanto. Por favor me desculpem, eu juro que não foi a minha intenção.
Acho que devo uma explicação á vocês. Bem, tudo pra mim está muito corrido, pra caramba. Eu não tenho tempo pra mais nada e nao exagero quando digo isso. Estou estudando como uma louca, e muitas outras coisas estão acontecendo comigo, tanto fisicamente quanto mentalmente e psicologicamente. E esses dias uma pessoa que era muito importante pra mim foi embora, e foi muito repentinamente, então quando isso aconteceu, eu fiquei muito assustada e impressionada. Com tudo isso, minha inspiração desapareceu e está voltando aos poucos, com alumas ideias ali, outras aqui....
Ainda estou me acostumando com as mudanças que minha vida tomou, então tudo o que eu posso pedir de vocês, leitores de KAQ, é que tenham paciência, e que, por favor, não me abandonem, nem abandonem a fic. Eu sei que está dificil postar com regularidade, mas tentarei o meu melhor. Afinal, é escrever e ler que me tira de todos os problemas que eu estou passando, Enfim....
Peço desculpas também pelas pessoas que não consegui responder os comentários. Respondi apenas alguns, e não consegui terminar. Porém não achei justo ter que fazer vocês esperarem mais para um capítulo tão maravilhoso quanto esse.
Prometo melhorar.
Boa leitura.

Capítulo 40 - Chapter 38 - Noite Estrelada e Corações Ao Relento


 - Natsu!

 O príncipe de Fiore acordou de supetão, acompanhado por um grito engasgado. Estava em um sonho muito bom, e foi despertado por alguém gritando no seu ouvido.

 Seu coração estava a mil por conta do susto, quando levantou sua cabeça e viu Erza á sua frente, para com os braços cruzados.

 - Bom dia pra você também, Erza. – Ele resmungou vendo que era apenas sua amiga. – Aconteceu alguma coisa?

 - Exceto todos achando que você morreu aqui dentro desse quarto, nada. As criadas estavam te chamando há duas horas e você nem se mexia. – Ela disse com raiva na voz. – O que você bebeu ontem para estar desse jeito, hein?

 O jovem se levantou e percebeu que ainda estava com as mesmas roupas chiques do dia anterior. Tratou de pegar uma camisa e uma calça limpa e foi para o banheiro se trocar.

 - Me espere lá fora. – Ele disse antes de bater a porta do banheiro.

 Tirou todas as suas roupas e ficou de frente para um espelho, em cima de uma pequena bacia com água que os criados colocaram ali. Pegou um pouco de água gelada com suas mãos e molhou seu rosto, a fim de acordar e de se livrar da dor de cabeça que estava o incomodando. O que ele se lembrava do dia anterior?

 Lembrava-se de aproveitar a festa com seus amigos e com Gray, o mais novo casado de Magnolia, e de depois a bebida ter um efeito mais do que ele esperava e ficar tonto, sendo carregado por Lisanna. Não se lembra exatamente do que os dois conversaram, porém, isso foi a última coisa que se lembrou, tento caído no sono enquanto ela ainda estava ao seu lado, na cama, conversando com ele.

 Passou a mão molhada em seus cabelos cor de rosa, os umedecendo. E ainda havia Lucy. O que será que aconteceu com ela depois daquela dança com Loke? Perguntaria sobre Gray como foi o resto da festa depois. Vestiu uma camisa larga preta de mangas compridas e um pouco desabotoada na frente, com calças também pretas e calçou o primeiro par de botas que encontrou esparramada pelo banheiro, que no caso eram marrons e iam até os joelhos do jovem. Como achou que estava muito sério para ser ele a usar aqueles trajes, optou por usar alguns anéis de ouro que ganhara de seu pai e de Ur há muito tempo atrás.

 Saiu do banheiro apressadamente, a fim de encontrar Erza e saber das novidades que agora cercavam o castelo. A jovem estava parada na porta do quarto do rapaz. Usava um longo e esvoaçante vestido verde claro, com um decote que ia até a metade de sua barriga, e fizera um coque frouxo em seus longos cabelos vermelhos, com alguns fios caindo displicentemente em seu rosto.

 - Demorou. – Ela disse séria quando o jovem parou ao seu lado. – E, bom dia, aliás.

 - Bom dia. – Ele disse sorrindo para ela. – Então... Acho que bebi demais noite passada, o que eu perdi?

 Os dois puseram-se a andar juntos até o Salão de Jantar, para tomar o café-da-manhã.

 - Não muita coisa. Apenas Evergreen ficando bêbada e Elfman a carregando para o quarto dela, Juvia e Gray dançaram uma valsa, e admito que os dois dançaram muito bem. E ontem de madrugada, recebemos uma mensagem.

 - Que mensagem? – Ele perguntou enquanto viravam uma esquina.

 - Pelo visto todas as armas e equipamentos necessários para entrarmos na Floresta Leste estão prontos. O rei ordenou que nós partíssemos amanhã.

 - Amanhã? – Natsu perguntou incrédulo. – Não acha que tudo está acontecendo muito rápido? Essa é uma missão perigosa.

 - E por ser perigosa, é que temos que terminar com ela o mais rápido que pudermos. Natsu, sabemos que estamos lidando com o Ocidente, mas não fazemos ideia de quem exatamente está por trás disso. Tentaram matar Lucy e Juvia, e eu e Gray criamos algumas teorias.

 - Teorias?

 Nesse exato momento, em uma das portas, Gray Fullbuster sai, quase trombando com os dois.

 - Ei! – Natsu reclamou. – Ah, bom dia, cabeça de gelo.

 - Bom dia. – Ele resmungou. Usava roupas pretas, assim como Natsu, mas tinha um casaco vinho por cima das roupas, que ia até os joelhos, e suas botas eram pretas. Os três puseram-se a caminhar juntos.

 - Estava falando para Natsu sobre a carta que recebemos. – Erza o atualizou sobre o que os dois conversavam antes de ele aparecer.

 - Ah, claro. – Ele concordou com a cabeça. Natsu o notou um pouco diferente naquela manhã, mais quieto, porém não parecia triste nem nervoso, apenas pensativo. Olhou para suas mãos, e havia uma aliança dourada reluzindo em seu dedo anular de sua mão esquerda. Sorriu internamente. Para um amigo, era bom ver Gray tocando sua vida e tendo responsabilidades, não que Natsu tivesse alguma para dizer, mas...

 - Então, eu e Gray estávamos falando sobre algumas teorias sobre o ataque que houve aqui em Magnolia algumas semanas atrás. – Erza continuou. – Lucy e Juvia foram atacadas diretamente, até onde sabemos. Eu acho que sei por que atacaram Juvia.

 - Por que? – Ele perguntou curioso, e dessa vez, Gray respondeu.

 - Porque ela foi a única da família Lockser que estava na mansão na hora do ataque e que saiu viva de lá. Pelo menos, é o que achamos.

 - Certo. Mas aí voltamos para o mesmo túnel sem saída. – Natsu suspirou. – Por que mataram os Lockser? Pedi á Levy e á Lucy alguns dias atrás que pesquisassem para mim se a Casa Lockser tinha alguma rivalidade com outro alguém, mas não, não tinha nada.

 - Isso é estranho... – Erza resmungou antes de abrirem as portas do Salão de Jantar e ver quase todos ali sentados, rindo e comendo bastante.

 - Bom dia. – Os três cumprimentaram quem estava lá. Igneel, como sempre, sentado na ponta, olhou diretamente para Natsu, e o rapaz engoliu em seco. Seu pai descobrira que saíra da festa por estar muito bêbado, e iria ouvir muito dele depois, tinha certeza.

 Percebeu que Lucy não estava ali. Se perguntou o que estaria fazendo, já que Loke estava presente, conversando alegremente com Laxus.

 Gray caminhou e se sentou ao lado de Juvia, mas não começou nenhuma conversa com ela, se virando para papear com Evergreen ao seu lado. Juvia pareceu que não percebeu muito, voltando sua atenção para uma torta de limão em sua frente. Natsu aproveitou que ela estava ali sozinha, e se sentou ao seu lado.

 - Bom dia, Juvia. – Ele disse alegre. – Como vai?

 - Bom dia, Alteza. – Ela disse forçando um pequeno sorriso. – Estou bem, e você?

 - Por favor, me chame de Natsu. – Ele disse sorrindo para ela. – Posso lhe perguntar uma coisa?

 - Claro... Natsu. – Ela disse largando seu garfo e se virando pra o jovem. – Aconteceu alguma coisa?

 - Ah, quando alguma coisa não acontece nesse castelo é que é novidade... – Ele comentou distraído. – Mas bem... Você é amiga de Lucy, não é?

 - Diria que sim. Ela é uma pessoa muito querida por mim. – Ela falou doce e camamente.

 - Bem... Sabe se ela e... O amigo dela estão... Juntos ou alguma coisa do tipo? Ela comentou alguma coisa...? – Ele perguntou meio sem graça, o que fez a azulada rir.

 “Então era por isso que ele ficou bêbado ontem? Que bobo.” – Ela pensou.

 - Não. Quer dizer, não tenho certeza, mas acho que os dois não tem nada. Apenas várias coisas em comum e uma longa amizade. – Juvia disse voltando sua atenção para sua torta. – Mas se quer conversar sobre isso com ela, ouvi ela dizer que estaria nos jardins, olhando como ele ficou depois de sua restauração.

 - Certo... – O rapaz disse mexendo em um dos anéis de seu dedo. – Obrigado, Juvia. – Ele disse pegando uma maçã verde e saindo rapidamente do Salão. Iria vê-la. Aquilo já estava se prolongando demais.

 Caminhou rapidamente até o jardim, se desviando de toda nobre que o chamava para conversar, apenas as cumprimentando rapidamente. Já fora das paredes vermelhas do castelo, encontrou várias árvores de cerejeira cercando o jardim. Ficou maravilhado com a quantidade de cores que aquele local agora possuía. Parecia mais colorido que o anterior.

 Viu uma pequena movimentação perto das árvores, e caminhou até lá. Lucy estava ali, parada, olhando para algumas pétalas rosas que caíram na palma de sua mão. Usava um vestido bem simples, que não marcava tanto seu corpo, porém o rosa realçava muito sua cor de pele. Ou pelo menos era o que Natsu achava quando a vira de costas. Seu cabelo estava parcialmente preso por algumas pequenas flores brancas.

 - Lucy. – Ele a chamou e ela se virou de supetão para ele. – Olá.

 - Olá, Natsu. – Ela disse sorrindo minimamente, porém com a mesma leveza de sempre. – Já tomou seu café da manhã?

 - Sim. E não te vi hoje. – Ele caminhou lentamente até ela. Ela sorriu tristemente para ele, que imediatamente sentiu que alguma coisa estava errada.

 - Eu acordei mais cedo. Sinceramente, não consegui dormir noite passada. – Ela disse olhando para as pétalas em suas mãos. – Algumas mulheres de Magnolia tem razão. A cor de seus cabelos é muito parecida com as cores da flor da cerejeira.

 - Elas falam isso? – Ele perguntou colocando suas mãos em suas costas e estufando o peito. Lucy riu.

 - E outras coisas. Mas não que esteja desacostumado a ouvir. – Ela disse soprando as pétalas de suas mãos, as fazendo voar sobre as árvores, com a ajuda da brisa forte que estava presente naquele jardim. Natsu notou que alguma coisa estava muito errada quando percebeu que Lucy olhava tristemente para o céu azul.

 - Aconteceu alguma coisa, Lucy? – Ele perguntou se aproximando da loira.

 - Quero que me responda apenas uma coisa. – Ela se virou para ele. – Quando nós no beijamos naquela noite... Você e Lisanna... Estavam juntos? – Ela perguntou com o semblante desolado.

 Natsu ficou sem entender o que havia acontecido.

 - O que? Eu e Lisanna...?

 - Você sabe, Natsu. Eu vi vocês dois ontem no seu quarto. Não que eu queria ver, mas acabei passando no lugar errado e na hora errada. Agora, por favor, me responda, vocês estavam juntos quando me roubou um beijo dias atrás? – Agora a voz de Lucy parecia muito mais evasiva que antes. Natsu estranhou, já que nunca a vira falar desse jeito com ninguém do castelo, muito menos com ele.

 - Lucy, de onde criou isso? Lisanna estava me ajudando ontem, somos bons e velhos amigos. Não é como...

 - Como? – Ela perguntou, o incentivando a continuar. – Como o que?

 - Como nós.

 Lucy teve de esforçar para não parecer que tinha se engasgado com aquilo.

 - O que quer dizer com isso? – Ela perguntou tentando parecer confusa. Natsu riu nasalmente.

 - Como se você não tivesse percebido ainda, Heartfilia. Olhe para nós. Acha que somos apenas amigos? Acha que conseguimos ser apenas amigos? – Natsu se aproximou mais da moça, que deu alguns passos para trás, assustada com a atitude repentina do jovem. – Você não sente absolutamente nada por mim?

 Lucy encarou seus olhos. Eles tinham um calor e um perigo que nem ela mesma conseguia entender. E mesmo assim, era como se o cinza de seus olhos a atraísse de alguma forma. Natsu era o próprio fogo em forma humana, rebelde e irreverente, que não sabe seus limites até que seja atiçado a ir mais além.

 - Natsu... – Ela disse tentando se afastar do rapaz, mas ele a segurou pelo braço.

 - Acha mesmo que eu vou simplesmente acatar a ideia de que você é uma pessoa “perigosa”, e que seu dom traz infelicidade, como já disse? Não, Lucy. Cada vez que me lembro disso, tenho mais vontade ainda de te proteger. Não quero te ver ferida, e também não quero te ver longe de mim! – Ele falou já alterando a voz. Percebeu o que estava fazendo e a soltou. – Por que não percebeu isso ainda?

 Ela encarou o jovem a sua frente, em um silêncio mortal entre os dois, apenas com o som do vento balançando as árvores ali perto, fazendo algumas pétalas voarem. O coração de Lucy estava á mil. Natsu estava se declarando para ela?

 - Natsu, eu... – Ela ia começar a falar, mas os dois ouviram outra pessoa chamar o nome do príncipe. Os dois se viraram e era Freed Justine.

 O rapaz de roupas elegantes parou assustado ao perceber que interrompera alguma coisa muita importante ali.

 - Ah... Me desculpe... Eu não queria atrapalhar. – Ele disse ficando vermelho. – Se quiserem, eu volto mais tarde.

 - Não, Freed. – Natsu disse sério. – Acho que nossa conversa já terminou. – Ele encarou Lucy, que engoliu em seco. Agora definitivamente não era o momento para continuar aquela conversa. – Aconteceu alguma coisa?

 - Ur está te chamando. O Conselho está reunindo todos que irão à viagem amanhã para acertar alguns detalhes. – Ele disse saindo de perto. Natsu seguiu o rapaz, mas antes olhou Lucy de relance.

 Ela olhava para ele com intensidade, mas ao mesmo tempo com um pouco de dúvida. Decidiu ignorar o que Lucy estava pensando para se concentrar em sua missão. Todos ali estavam tensos por conta dos ataques e da ida á Floresta Leste, e todos precisavam do apoio do príncipe.

 Lucy entendeu que Natsu precisava de ir, e também ficara feliz por isso. Tinha que processar tudo o que havia acontecido e o que o rosado havia falado para ela, precisava de tempo. Sentiu um frio na barriga quando o viu saindo. As palavras que ele dissera para ela ainda estavam ecoando em sua cabeça como uma desenfreada sinfonia, da qual ela não conseguia entender muito bem.

 Sabia que aquela missão seria umas, senão a, mais difícil que ele já havia realizado. Iriam brigar com um desconhecido, e não podiam mandar nenhum guarda nem ninguém para olhar o local, simplesmente porque não tinham coragem de mandar alguém dessa forma, para o desconhecido. E, de acordo com a ideia de Igneel, ir em um grupo maior de pessoas mais experientes e que saibam lutar bem seria uma ideia melhor do que mandar apenas um.

 Depois disso, Lucy voltara para o castelo, a fim de ter mais uma de suas “aulas” com Aquarius, que estava a ensinando a ler em outra língua. Apesar de estar com a mente em outro lugar, tentou se esforçar ao máximo para não levar mais uma bronca da mulher.

~~~~~~~~~~

 - Natsu. – Gray o chamou assim que o rosado apareceu na porta do escritório de Igneel.

 O moreno estava sentado mais distante de uma das mesas, e pediu para que o jovem príncipe se sentar ao seu lado, e assim Natsu fez. Ainda estava sério, muito pensativo sobre tudo o que ouvira de Lucy momentos atrás, e sobre o que falara para ela também. Achou que tinha saído um pouco do controle com ela, mas se sentia aliviado por contar tudo o que sentia.

 O moreno percebeu que Natsu não estava em seus “melhores dias”, e ficou curioso sobre qual o motivo do raro mau humor do jovem, apesar de já ter suas dúvidas que tudo tenha a ver com certa loira de olhos castanhos.

 - O que aconteceu com você? Não estava assim mais cedo. – Ele comentou olhando para o príncipe.

 - Depois conversamos. É uma longa história. – Natsu suspirou. Não poderia ficar com essa cara, ele tinha uma imagem a zela, afinal. Olhou Gray e se lembrou que não perguntara sobre Juvia com ele até agora. E para um recém casado, ele estava levando tudo muito calmamente. Calmamente até demais. – Ei, Gray, e Juvia? Como estão vocês dois.

 O rapaz continuou olhando para baixo. Tinha apenas os dois ali e alguns guardas selecionados em um canto. Não havia chegado muitas pessoas, então ainda tinham tempo para conversar.

 - Bem... Como já era previsto, não estamos dormindo no mesmo quarto. Pelo menos até meu pai descobrir isso. Como Juvia disse desde o começo, foi só mais um contrato pra gente, não é como um romântico e lindo casamento. – Ele disse sério. Sabia que se Silver descobrisse que não estão tendo nenhum contato especial, ele mudaria isso. – Por conta da missão que iremos, e com tudo o que está acontecendo, iremos ficar mais uns tempos aqui no castelo e depois pensaremos em nos mudar.

 - Entendo... Bem, mas você não pode reclamar de todo, não é? – Natsu perguntou e Gray arqueou uma sobrancelha. – Ora, olhe para Juvia com mais atenção na próxima vez que a vir. Ela é bonita, tem um corpo lindo, é educada, bem preparada e ainda por cima sabe lutar. Sei que você não queria que houvesse um casamento entre vocês dois, mas ela não é de se jogar fora e isso você tem que concordar comigo.

 Gray olhou para baixo, pensativo.

 - Comece a olhá-la não como sua esposa que te prendeu, mas sim uma bela e jovem mulher que agora vai ficar pra sempre do seu lado. Podem ser até mesmo amigos. – Natsu disse sorrindo para o jovem. Conversar com Gray melhorara seu humor, como sempre. O amigo do príncipe não respondeu seu comentário, já que assim que o rosado acabara de falar, as portas se abriram com o Conselho chegando e mais algumas outras pessoas. Todos se acomodaram em suas devidas cadeiras, e logo depois Igneel, o rei, apareceu e se sentou na cadeira mais bonita dali, de frente para todos. Lançou um olhar rápido para Natsu, mas logo se concentrou no que iria fazer ali.

 A sala estava razoavelmente cheia, com Natsu não conseguindo distinguir rapidamente quem era quem ali. Toda vez que olhava para cima, sentia sua cabeça doer. Decidiu apenas acenar discretamente as pessoas que o cumprimentavam, seja lá quem elas eram.

 - Bem... Os chamei aqui para resolver os últimos detalhes da missão que iremos fazer amanhã, ao amanhecer. – Igneel disse sério, olhando no rosto de cada um ali, inclusive no de Natsu. – Primeiramente, quero saber se todos os suprimentos, e se todos os guardas chamados para a missão estão preparados.

 - Sim, Majestade. – Algumas vozes tímidas saíram no meio da multidão. – Está tudo pronto.

 - Perfeito. – Ele disse sério. – Agora, quem irá liderar essa missão serei eu.

 Alguns murmúrios foram possíveis de ouvir no meio de todos. Natsu olhou em volta, mas não conseguia achar de onde eles começavam, nem de onde terminavam.

 - Majestade... – Um velho nobre disse se colocando um passo a frente dos demais. – Vossa Senhoria é nosso rei, não seria arriscado demais ir á uma missão dessas?

 - Eu confio cegamente nas pessoas que irão me acompanhar. Estarei mais do que seguro, eu garanto. – Ele disse educadamente para o velho que, mesmo com suas desconfianças, assentiu e voltou ao seu lugar. Igneel desta vez se voltava para todos. – Desta vez irei com Lady Ur Milkovich, General Silver Fullbuster, a Doutora Grandine, e os Lordes Weisslogia e Skiadrum, que chegarão aqui ao anoitecer.

 Natsu estranhou. Não ouviu seu nome ali, e achava que tinha certeza que sua presença seria obrigada ali. Olhou para Igneel, que encarou rapidamente o filho e depois voltou a encarar todos.

 - Ainda existem mais pessoas que irão comigo, mas essas pessoas ainda não estão confirmadas. Isso foi apenas um aviso meu para vocês. Estão dispensados. – Ele disse se levantando. Quando todos estavam saindo, Natsu se recusou a sair dali. – Gray, Natsu, Lyon Vastia e Erza Scarlet. Fiquem. – Ele disse ainda sentado em sua cadeira.

 Natsu, que já estava sentado, apenas se aprumou. Gray voltou ao seu local, ao mesmo tempo que Erza e Lyon ficaram ali, parados, perto da porta.

 - Sim, Majestade. – Lyon disse com a maior cortesia do mundo. – O que deseja?

 Igneel suspirou pesadamente.

 - Eu nunca ordenaria uma coisa dessas á vocês. Vocês são jovens, e tem muita vida ainda. Essa missão é um tiro no escuro, portanto eu peço, como homem aqui, de frente para vocês, se acharem que não serão capazes, ou simplesmente não estão preparados para uma missão desse porte, não vão. Isso é muito perigoso, não quero ver vocês machucados.

 Essa última frase ele olhou fixamente para Natsu, com um olhar muito preocupado. O jovem sabia que seu pai estava preocupado com ele, mas não iria fraquejar. Não poderia fraquejar.

 - Não irei permitir que o senhor vá numa missão assim sem mim, pai. – Natsu disse tentando passar calma ao rei, que apenas encarou o chão. Sabia que Igneel ainda não estava completamente satisfeito, mas ele teria que encarar esse fato. Natsu viajaria e ainda iria proteger seu pai, custe o que custasse. – Eu irei.

 - Apesar de não estar em forma igual antes por conta do machucado, eu irei, Igneel. – Gray disse suspirando forte. – Acho que já consigo correr e me defender, e posso ser de grande ajuda por ali, já que conheço o local.

 Lyon olhou para Gray seriamente. Erza e Natsu olharam preocupados para o moreno. Estavam com medo de ele se esforçar demais e acabar piorando a situação.

 - Eu irei, Majestade. – Erza disse prontamente. – Não deixarei o senhor nem os outros Lordes sozinhos.

 - Eu também aceito, rei Igneel. – Lyon disse sério demais, e depois encarou Gray intensamente.

 Desde que se casou com Juvia, não conversara com Lyon mais, e a relação dos dois se distanciara, infelizmente. Gray achava que Lyon era muito fraco para governar a vasta área que era o Litoral, enquanto o outro já achava que o filho do General das Tropas Reais era incapaz de fazer Juvia feliz.

 Gray ficou intrigado com o que poderia estar se passando na cabeça de Lyon.

 - Certo... Bem, não irei mais atrapalhar e pedir mais tempo de vocês. Vão se preparar, teremos uma longa viagem. – Igneel disse sorrindo levemente para eles, que concordaram com a cabeça e saíram do recinto. Natsu foi o último, que, antes de sair, se voltou para seu pai e colocou uma mão em seu ombro, sorrindo para o velho.

 - Pai, não se preocupe. Vamos ficar todos bem se ficarmos juntos. – Ele disse antes de se virar e voltar para seu quarto, onde tirou mais um cochilo e depois treinou até ao anoitecer com Erza e Laxus.

~~~~~~~~~~~

 Gray não conseguia dormir.

 Seu pai o aconselhara a dormir um pouco antes do jantar, para poupar energias, mas ele simplesmente não conseguia. Era muita coisa para se pensar, e ele estava ansioso demais. Um frio na barriga o incomodava desde que terminara de almoçar.

 Decidiu sair do quarto abafado e respirar um pouco de ar puro, para ver se melhorava um pouco seu mal-estar.

 Fora ate a metade do corredor, onde ao lado tinha uma porta de vidro, que dava para uma grande sacada, que era apenas uma das muitas que havia no castelo. Mesmo a noite estando um pouco fria e com ele usando roupas leves demais, queria um pouco de ar gelado. Sempre gostou do frio em sua pele, nunca de calor.

 Quando foi abrir a porta, percebeu que ela estava apenas encostada, porém, como já estava escuro, ele não viu quem estava lá, ou se tinha alguém ali realmente. Achou isso estranho. Abriu a porta lentamente e não viu ninguém, já que seus olhos ainda não estavam acostumados com a pouquíssima claridade ali.

 Caminhou lentamente e viu uma forma aparecer em um dos lados da sacada. Tinha o corpo feminino, e não parecia estar olhando para o castelo, e sim para o horizonte. Olhou desconfiado para ela.

 - Sou eu, Gray. – A pessoa disse, e o moreno adivinhou pelo tom da voz.

 - Juvia? O que está fazendo aqui sozinha? É perigoso. – Ele disse se aproximando sem mais aquele cuidado e receio de antes. A moça estava apoiada no muro avermelhado da sacada, olhando para a cidade de Magnolia, que agora estava com suas ruas iluminadas pelos postes. Ela estava longe das casas, mas conseguia enxergar pessoas ainda andando pelas ruas de paralelepípedo.

 Havia pessoas de todo tipo ali, como rapazes, até mais novos que ela, que estava na metade de seus dezoito anos, caminhando por ali em busca de alguma diversão, também crianças ainda corriam alegres entre as casas e as vendas, que naquela hora já estavam fechadas. Se prestasse atenção, era possível ouvir suas altas e estridentes risadas ecoando pelo ar.

 Gray colocara suas mãos nos bolsos da calça marrom que usava, e caminhou até a jovem. Parou ao seu lado e também se apoiou na sacada, olhando o horizonte, onde estrelas iluminavam o céu junto com a Lua, que parecia maior que o normal naquela noite.

 - Tive que sair, estava um pouco sufocada. – Ela disse tentando não olhar para o rapaz. Gray, ao contrário, já conseguia enxergar Juvia muito bem agora. Estava perto o suficiente para enxergar que a moça usava apenas um vestido simples de mangas compridas, e seus cabelos estavam soltos, só não completamente devido á uma trança perto de seu rosto. Percebeu que o semblante de sua mais nova esposa estava tenso, parecia preocupada com alguma coisa.

 - Está bem agora? – Ele perguntou a encarando, e ela apenas concordou. Ainda tinha um pouco de vergonha dele, e não fazia a mínima ideia de como se portar ao seu lado ainda quando estão apenas os dois juntos.

 Um silêncio pairou no ar, apenas com o vento frio da noite rodopiando por entre seus corpos, balançando seus cabelos.

 - Não deveria estar descansando? – Ela perguntou para o rapaz. – Eu soube que aceitou ir á missão de Igneel mais cedo.

 - Estava me sentindo um pouco mal, então resolvi vir pra cá. – Ele disse isso apenas.

 - Está ansioso? – Ela perguntou, porém ele não respondeu nada. Juvia entendeu isso como um sim. – Eu também estaria em seu lugar.

 - Como sabe se estaria ou não?

 - Por que eu, mesmo não indo a lugar nenhum, estou nervosa de verem vocês partindo para o desconhecido. E me agonia muito isso. – Ela disse com dor no coração. Gray finalmente entendeu. Ela estava preocupada porque ele iria enfrentar o inimigo que matara seus pais. Isso era algo com que ela se preocuparia, mesmo não indo com eles.

 O jovem suspirou pesadamente. Como poderia ser tão burro durante todo esse tempo? Ele deveria ter percebido. Colocou suas mãos na sacada, muito perto da pálida e pequena mão da moça. Olhou a diferença. Era notável que os dois eram diferentes. Juvia poderia saber lutar muito bem, porém não tinha as mãos calejadas, nem machucadas de alguma forma. E pareciam ser macias demais.

 Já Gray tinha sua pele um pouco bronzeada por conta das horas que treina embaixo do Sol, e suas mãos eram maiores e eram machucadas. Apenas naquela noite elas estavam melhores, mas isso porque pegara leve em seus treinos ultimamente por conta de seu machucado recém-curado.

 - Juvia, o que te posso dizer pode não ser a coisa mais sensata no mundo agora, mas, vamos todos ficar bem. – Ele disse, tentando amenizar a situação, e, pela primeira vez naquela noite, os olhares dos dois se encontraram.

 Ela encarara o moreno com intensidade. Por um instante, um calor percorreu rapidamente o corpo de Juvia. Ela não sabia dizer o que ele era, nem o efeito que ele tinha nela. Era tudo muito novo.

 Gray achara que Juvia estava mais pálida que o normal, ou seria apenas seus olhos o enganando? A luz da Lua parecia beijar parte de seu rosto, deixando apenas o lado esquerdo iluminado, revelando seus grandes e redondos olhos azuis o encarando.

 - Se você encontrar alguma coisa, qualquer coisa sobre os meus pais, eu lhe imploro que me avise imediatamente. – Ela disse com lágrimas nos olhos, mas fazia força para que nenhuma pudesse. – Eu preciso saber a razão. A razão de eles morrerem.

 Gray engoliu em seco. Ele não queria fazer aquilo. Sabia que era arriscado demais prometer uma coisa dessas e partir para um lugar que ele nunca viu antes, nem sabia o que iria encontrar. Mas o jeito que ela o olhou, mexeu com ele. Ela estava implorando para ele. Ele nunca vira Juvia implorar.

 - Eu prometo.

 Ela pareceu mais aliviada. Respirou fundo e engoliu em seco. Em menos de dois segundos as lágrimas paradas no canto de seus olhos haviam sumido. Era como se ela estivesse manipulando ele, ou até mesmo a si mesma. E era dessa forma que Gray se sentira, mas não estava achando ruim. Sabia que Juvia tinha que ter ciência do que havia realmente acontecido, e devia sua vida á ela, então decidiu que faria isso.

 - Eu tenho que voltar. Preciso descansar e terminar de me arrumar. – Ele disse pigarreando e olhando novamente para o horizonte. Juvia seguiu seu olhar, e viu que mais ninguém estava nas ruas.

- Gray... Não quero que nada aconteça com você. – Ela disparou. – Eu não sei se consigo lidar com tudo sozinha. Então, por favor, volte.

 O jovem a olhou novamente, dessa vez com um pouco de espanto no olhar. Ela permaneceu olhando para as estrelas, a fim de não fazer com que seus olhos se encontrassem novamente. Não sabia como falara isso, mas sentira que Gray precisava ouvir essas palavras dela.

 Ninguém nunca disse isso á ele. Ninguém nunca disse que queria que ele voltasse. Claro que de seus amigos ele sabia, nem precisariam falar alguma coisa, porém se espantou ao ouvir isso de Juvia.

 Seu frio na barriga aumentou ainda mais quando viu a beleza da azulada. Nunca percebera isso nela, que aquele olhar de preocupado caía bem em sua serena face. Não, sabia que não tinha uma paixão por ela, mas a partir daquele momento começou a admirá-la um pouco. Aproximou-se da azulada devagar, com ela não virando seu rosto por nada. O coração da jovem estava a mil, e quase foi á loucura quando sentiu o calor de Gray perto de seu ombro. Não se atreveu a mover-se, queria ver aonde ele chegava com ela.

 Ele parou bem perto do ouvido dela. Não sabia exatamente o que estava fazendo, mas queria que ela se sentisse calma e tranquila, sabendo que nada iria acontecer com ele.

 - Eu vou voltar. – Ele disse baixinho. – Não te dei esse trabalho todo de cuidar de mim para morrer em uma missão como essa.

 Ela ficou quieta. E assim os dois ficaram ali por alguns longos segundos, apenas sentindo suas presenças, sem sequer se tocarem. Juvia não iria fazer nada, e Gray não achava que seria um momento apropriado para ser carinhoso demais, aliás, ele nem sabia o que era isso de verdade.

 A moça apenas foi relaxar seu esbelto corpo quando sentiu e ouviu que Gray já tinha se distanciado dela. Respirou ofegante quando ouviu o barulho da porta de vidro da sacada se fechando. Olhou rapidamente para a porta, mas já não havia mais ninguém.

 Gray não poderia morrer. 


Notas Finais


Por favor, quem não leu, favor ler as notas iniciais. Obrigada.
PS: Tentarei responder todos os comentários o mais rápido que puder.
Até o próximo e obrigada por lerem.


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