História Kingsman: Tão Emotivo - Devaneios

4 anos se passaram desde o problema global que Poppy causou com as drogas.
Era mais uma manhã cinza em Londres, tempo chuvoso e um delicioso frio aconchegante. Apesar de ser 8 da manhã e não ter compromissos, Harry se encontrava impecavelmente vestido, a camisa social branca sem nenhum amassado e seus Oxford shoe’s tão brilhantes quanto deveriam, seu paletó estava repousado nas costas da poltrona onde o charmoso homem estava sentado. A caneca, em cima da mesa a sua frente, fumegava continuamente exalando um doce odor de camomila.
Harry estava sentado em uma clássica poltrona capitonê; as pernas cruzadas e postura ereta, a mão esquerda apoiava o livro, cabeça levemente levantada, e o olhar acompanhava as letras pequenas de seu novo livro favorito: After Many a Summer de Aldous Huxley. O sério e discreto homem fechou os olhos e inspirou fundo, já era a segunda vez que seus pensamentos o traíam e se perdiam no meio dos palavras do interessante livro. Tão interessante que o assunto abordado o fazia refletir interiormente. Seus olhos se levantaram e ele observou as pequenas e finas gotas de chuva que tentavam molhar o vidro de sua comprida janela, porém é tirado bruscamente de seus devaneios quando a imagem do novo Merlin, que agora é Bedivere aparece diante de seus olhos ( na verdade, um só, no caso). Uma imagem bem diferente de seu antecessor, Bedivere, na verdade, era ela. Uma bela mulher longos cabelos vermelhos, olhos castanhos e sorriso confiante, com grande paixão pelo seu atual trabalho.

- Galahad. Como está ? – Questiona a senhora, que deveria ter seus 40 apesar de aparentar metade da idade.
- Me sinto bem, Bedivere.
- Desculpe incomodá-lo a essa hora, mas seu óculos me informou que já estava de pé.
- Sim.
- Precisamos restaurar a Kingsman, como sabe, então precisamos contratar pessoal. Porém ... como posso dizer ... ? Não temos pessoal para contratar o pessoal. – Bedivere parecia confuso. – Apesar da Statesman ter nos cedido algumas pessoas e dinheiro, precisamos de mais, principalmente, um novo Arthur.

Harry suspirou.

- Entre em contato com Eggsy, diga para estar na sala de reunião daqui 25 minutos. Resolveremos essas questões.

Bedivere apenas assentiu com a cabeça e encerrou a transmissão. Harry levou dois dedos à têmpora direita, enquanto fechava seu livro e o colocava em cima da mesa. Seu ar de preocupação era em relação ao cargo de novo Arthur, Bedivere assim como Eggsy gostaria que Harry o ocupasse, mas Galahad era agente de campo, entrou na Kingsman por isso. Ficar trancado em um sala o dia todo, brindando e dando ordens não era muito seu esporte favorito. Por isso, ele precisava pensar em algo.
Levantou elegantemente, e pegou a xícara de chá, levando-a à boca provando um gole, seu olhar encarava o céu, cinza como sempre. Colocou seu terno, e se encaminhou para a nova sede da Kingsman.

Bedivere e Eggsy já se encontravam na sala de reunião quando Harry adentrou a mesma.

- Cavalheiros... – Cumprimentou o alto e educado homem que acabara de chegar.
- Galahad ! – Exclamou Eggsy. Depois daquele tempo que achou ter perdido seu mentor o jovem garoto sempre ficava radiante ao vê-lo novamente, podiam ter se passados 10 dias, ou dez minutos, era sempre a mesma reação de felicidade. – Chegou a tempo, de me salvar, Bedivere que entrar na conversa de filhos.

- Ora, ora. Tilde é uma princesa linda, e você... bem ... é ajeitadinho até. Dariam filhos lindos. – Disse a ruiva, se divertindo com o desconforto do jovem Lancelot.
- Bem, ela está certa. – Afirmou Galahad, enquanto desabotoava o terno para se sentar mais confortavelmente no seu lugar de costume. – Precisa ter mais pessoas para amar a longo prazo.
- Muitas responsabilidades em muito pouco tempo, caro Harry. Vamos com calma. – Resmungou o jovem.

Então, Bedivere se pôs no seu lugar de costume, em pé, em frente á grande mesa, um pouco atrás da cadeira de Arthur.

- Cavalheiros, ponham seus óculos.

E foi o que eles fizeram, logo, a reunião começou. Os 12 agentes da Kingsman estavam a mesa para decidir como ficaria o cargo de novo Arthur. Galahad deu uma ideia.

- Bom, quando vinha para cá, mais cedo, fiz contato com o senhor que trabalhou aqui antes do Arthur que fez parceria com Valentine. Ele sempre foi muito confiável e fez seu trabalho brilhantemente.

- E porque ele saiu, então ? – Questionou Boors, meio contrariado. Depois do ataque de Poppy, deveriam ter muito cuidado com quem contratar.

- Ele foi o Arthur mais novo a ficar no cargo, e convenhamos senhores, não é algo fácil de se fazer. Num determinando momento ele simplesmente se cansou e pediu pra ser aposentado, para viver como suposto escritor com a mulher que amava. – Respondeu Bedivere. A mulher era realmente daquelas pessoas que faziam a lição de casa.
- E o que o fez mudar de ideia agora ?- Voltou a questionar Boors.
- Sua esposa morreu quando fez uso de maconha como tratamento medicinal para o seu câncer. Poppy a matou envenenando aquelas porcarias. – Respondeu Galahad.

Ouve um silêncio na sala e ele continuou.

- Como está sozinho e quer se precaver de futuras Poppy’s e Valentine’s pelo planeta eu conversei com ele e ele achou a ideia boa. Apesar de ser relativamente novo para o cargo, ele tem grandes noções e conhecimentos de controle e planejamento de missões. Sem contar nos inúmeros contatos que ele tem com gente importante. Se não se importarem eu voto nele. Ou podem trazer alguém mais confiável.

Harry, como sempre, com sua segurança e equilíbrio passou confiança para os demais, que concordaram com o novo Arthur.  
- Senhores, dispensados, entrarei com contato com Arthur para ele assumir seu cargo de volta. Lancelot e Harry, continuem aqui por favor. – Pediu Bedivere e então continuou. – Vocês precisam ir numa missão. Tá rolando um esquema pesado de tráfico de armas, alguém da alta sociedade, o problema é que além das armas do exército, há uma possibilidade de estarem vendendo nossos segredos de armas biológicas para os norte coreanos.

- Oh shit.. – Eggsy suspirou profundamente com expressão tênue de desgosto.

- Estamos lidando com alguém importante, por isso, vão precisar frequentar as festas de alta sociedade que estão rolando por aí. É sempre nesses eventos onde ninguém desconfia que a sujeira rola solta.- Completou Bedivere.

- Diga-nos quando será a próxima e estaremos lá. – Harry afirmou confiante.
- Daqui a dois dias, o alvo de vocês é Sasha., - Bedivere mostrou a foto da jovem- uma jovem de 20 e poucos anos que vive atrás de George Monsoon, o famoso bilionário solteirão dono de transportadora. Eles nunca foram visto em situação intima, mas onde ele está ela o acompanha, e todo o passado dessa garota foi apagado. Ninguém sabe nada dela antes de ela começar a andar com George.
- Tá querendo dizer que termos que seduzir ela ?- Questionou o jovem Lancelot.
- Nem tudo envolve sexo, Eggsy. – Afirmou Harry.
- Então... eu meio que sou casado, né? Não quero problema... pera... tá dizendo que o Harry também tá nessa de “seduzir” ? ooooh ... – O jovem sorriu em tom debochado enquanto olhava o mais velho ignorando completamente sua afirmação anterior.
- Está me subestimando, estou nessa bem antes de você sair das fraldas. Sabe quantas vezes já fiz isso ? Quanta audácia... – Resmungou o charmoso homem meio contrariado. – Além do mais, isso me parece algo bem parecido com Valentine e Gazele. Dono de transportadora ? Tem vários passes livres.
- Hey, deixa isso com quem entende, senhor. – Disse Eggsy, com seu ego inflado e sorriso de sarcasmo.
- E cadê o “Senhor Casado “? – Interrompeu Bedivere.
- Tilde vai entender, ou nem precisa saber. Mas ... não creio que ela vá falar algo na primeira noite.
- Soro da verdade, relógio de biométria que hackeia qualquer coisa, rastreadores.... ? Sinceramente, Eggsy, tem certeza que está nesse ramo há anos ? – Questinou Harry de forma incrédula enquanto observou o jovem menino dar de ombros meio contrariado.
-Bom, senhores, terão dois dias pra discutir isso e ver quem tem o ego mais inflado. – Interrompeu Bedivere. - Por hora, estou encerrando a reunião, se precisarem de algo me avisem.

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A noite do baile havia chegado e com ela os dois cavaleiros finos e charmosos também. Assim que entraram já se enturmaram com dos demais. Harry com seu vasto conhecimento de livros, arte e música se dava bem em trabalhos de campo assim, e Eggsy já era simpático e comunicativo por natureza o que lhe dava grande vantagem nessas missões. Logo avistaram o alvo, Sasha era uma linda jovem com longos cabelos loiros que ia até a cintura, seu corpo parecia uma ampulheta de tão bem.distribuido, com um sorriso radiante, ela trocava cumprimentos com todas as pessoas ao seu redor. Era hora de colocar o plano em ação.

- Vamos lá  ? – Debochou Eggsy. – Apesar de não duvidar do gosto dela pra homens mais velhos hoje o senhor não tem vez.
- Veremos.

Lancelot se adiantou e em poucos segundos estava trocando sorrisos e palavras com Sasha. Quando Harry se deu conta, ainda estava no mesmo lugar, observando o jovem casal e então caiu num profundo questionamento sobre sua vida no momento. Num lapso, Galahad sai dali e procura logo o bar, pedindo um Martini. Ele se senta e suspira, sua cabeça doía e sua boca estava extremamente seca. Olhou pelo salão, Lancelot tinha sumido, provavelmente, executando seu plano, coisa que Galahad deveria ter feito ou pelo menos tentado. Ele leva a borda do copo à boca e suga até  o último gole de Martini . Dá mais uma olhada ao redor e se levanta, andando elegantemente em direção a porta de saída passando entre os belos e felizes casais que dançavam e se divertiam no salão. Já do lado de fora ele observa o céu, pensando que talvez teria sido um erro ter rejeitado o cargo para ser o novo Arthur, depois de tudo que aconteceu com ele, Galahad começou a questionar sua posição atual e como estava sua vida: mais velho, mais lento, sem um olho e se sentindo solitário. Obviamente que continuava mais do que em forma, porém algumas coisas o atrapalhavam, como um olho a menos e o irritante zumbido no ouvido que atacava esporadicamente.
Harry caminha até um bar próximo e pede uma cerveja preta. Dá alguns passos até uma mesa acoplada a janela, que tinha um sofá estofado como a do bar que conheceu melhor Eggsy. Sua cabeça não parava com as palpitações irritantes e ele tenta se distrair, sentando-se para esperar a bebida. O experiente homem nunca esteve tão incomodado como antes em todos esses anos de sua vida. Sentia falta de alguém ao seu lado, alguém pra andar pela casa ou lhe dar bom dia ao acordar; alguém que gostasse de filhotes e o desse carinho vez ou outra. Mas oras, como podemos sentir falta de algo que nunca tivemos? 
Sua bebida chegou, ele agradeceu e voltou aos seus devaneios. Como poderia ter tanta certeza que era aquilo que queria se nunca teve algo assim ? Sozinho a vida inteira, seus relacionamentos não passavam de sexo casual, seja com mulheres que se encantavam com seu sorriso ou aquelas que ele precisava encontrar pelas missões, e até mesmo homens, pois nada na vida são só flores. Não... Não era sobre sexo, ele sabia muito bem onde encontrar esse  tipo de coisa, era sobre ter companhia. Ele desejava muito saber como era isso. Mas se não conseguiu quando jovem, imagine agora ? Harry encarou seu DRINK, e levou a mão direita à base do copo suspendendo-o para levar a boca. A cerveja amargava, assim como sua noite. Foi quando ouviu o pequeno sino da porta, e automaticamente um odor adocicado tomou conta de olfato, o embriagando em um doce prazer inexplicável, seu olhar logo se fixou na jovem bela que entrava: cabelos castanhos até o meio das costas com leves ondas pelo comprimento, seus seios muito bem fartos e suas pernas grossas contrastavam com a barriga chapada e os braços definidos, e bem, um sorriso avassaladoramente encantador... Oh... Harry não conseguiu desviar o olhar, e pra falar a verdade ele nem tentou, não conseguiu pensar. A bela jovem entrou no bar e ganhou o olhar de todos, já estava acostumada. Então se sentou um banquinho de frente pra o bar e pediu uma vodka com frutas vermelhas. Harry saiu do transe graças a Egssy que apareceu bem na sua frente através do óculos.
- O que houve ? Você me abandonou na missão! – o jovem parecida um pouco chateado.
Galahad virou o rosto para a janela onde ninguém veria seus lábios se mexendo e sussurou: -Agora não, Egssy.
- Harry... Ta tudo bem ? Sua voz ta estranha.
- Só pensando. Estou bem.
Então Egssy compreendeu e acenou a cabeça, encerrando a transmissão.
Harry estava incomodado, a gola da blusa social apertava sua garganta apesar de estar ajeitada do mesmo modo de sempre, sua garganta arranhando e a boca seca apesar dos goles contínuos da cerveja que em pouco tempo acabara, o relógio lhe beliscava o pulso de vez em quando; ou a noite realmente era péssima ou ele estava ficando louco. Olhou em direção ao garçom e pediu mais uma bebida, no meio do trajeto se encontrava ela. Oh... Que bela mulher. Suspirou pesadamente pousando a mão esquerda na nuca, colocando uma leve e breve pressão ali. “Ora, Harry não seja bobo, ela é jovem e bonita demais pra você.” Pensou, e tal frase o levou para a grande crise de idade que havia o pedido em alguns minutos antes. Sua cerveja chegou, e com ela algo a mais.
- Você tem estilo. – Disse a jovem morena, que já estava parada ao lado de Harry.
Ele a olhou, meio perdido ainda.
- Ahn ....
- Posso me sentar ? – Perguntou gentilmente.
- Ah... Sim, claro. – Ele respondeu , ainda um pouco atordoado, era sorte demais pra aquela noite e seu senso de espião logo desconfiou de algo, cerrou o olhar e a encarou suavemente observando ela se sentar.
- Estava me perguntando o que um homem tão elegante faz num bar como esse. – Ela comentou, enquanto pôs seu DRINK em cima da mesa. – Não é todo dia que vemos um homem experiente tão elegante num terno de mil dólares por aqui.
“Experiente.” A palavra ecoou pesadamente em sua cabeça, um jeito delicado de se dizer “velho”, Harry passou a língua pelos lábios, umedecendo-os.
- Bem... desculpe incomodar. – Disse a jovem aparentemente desconfortável com o silêncio do espião, o olhando meio sem jeito.
Harry foi puxado de seus devaneios pela doce voz.
- Hm... Me desculpe. Não quis ser desagradável, apenas... – Ele suspirou. – Não incomoda.
- Tudo bem ? Parece ... triste.
Harry a encarou, como uma pessoa que nunca o viu na vida poderia estar lendo-o tão bem.
- Só cansaço. Perdoe-me. – Harry observou o copo da jovem e chamou o garçom ,pedindo mais bebidas pros dois, o garçom prontamente trouxe o pedido e Harry finalmente a encarou nos olhos.- Harry, prazer senhorita. – Disse estendendo a mão, e então ela sorriu, tocando levemente a mão de Harry, ele então levou a mão dela aos lábios e depositou um pequeno selinho ali.
- Jinkx, prazer.

                                    CONTINUA...