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História Kink - Capítulo 3


Escrita por: domAckerman

Capítulo 3 - Capítulo 3


Mikasa estava certa: gostei de Armin e duvido muito que qualquer pessoa possa se sentir de outra forma diante dele. O rapaz é amável sem exageros, inteligente sem ser pedante e é divertido. Sua personalidade amena contrasta bem com a de sua namorada mais assertiva e dominante: suspeito que se ajudem a chegar a um equilíbrio benéfico para ambos.

Terminamos de subir as últimas caixas e Annie recebeu os móveis e eletrodomésticos importantes durante a semana, então felizmente temos cerveja gelada e um bom sofá para sentar.

Fico sozinho com ele enquanto Mikasa vai para a cozinha com a amiga supostamente buscar alguma coisa, porém aposto que só foram fofocar sobre o fato dos namorados se darem bem e na verdade estou tão feliz quanto as moças já que pelo visto o trio é bem amigo.

Retornam e sentam-se no tapete de frente para nós; a loira se encaixa entre as pernas de Mikasa e deixa o corpo descansar na morena, que a recebe com tanta naturalidade que fica óbvio que é um arranjo comum entre as duas; Annie bebe metade do copo de cerveja antes de desabafar.

– Até que enfim essa merda terminou!

Olho para o amontoado de caixas de papelão, plástico e isopor no canto da sala e discordo veementemente, mas faço isso em silêncio para evitar ser convocado a ajudar. Um pouco egoísta, sei disso, mas já cumpri minha cota de camaradagem da semana e preciso mesmo descansar.

– Vamos comemorar o fim da mudança!

Armin é o que está mais animado, provavelmente por ter sido o que menos se envolveu na parte pesada do trabalho: basicamente só desempacotou o que já estava na sala. Ainda assim parece ganhar as duas com a ideia.

A loira aperta a coxa de Mikasa para chamar sua atenção e sua mão permanece ali com o polegar traçando linhas curtas e lentas que provavelmente nem percebe que está fazendo – eu sim, e preciso conscientemente desviar o olhar.

– Quer ir para algum lugar?

Espero ansioso a resposta torcendo inicialmente para que negue: prefiro ir para casa e curtir o resto do sábado apenas nós, só que os planos dela são diferentes.

– Pode ser legal... Concordo com o Armin, precisamos comemorar!

Sorrio educado para não quebrar o clima e meus pensamentos vagueiam para a proximidade que as duas demonstram: os pequenos toques e carícias, o olhar afetuoso que trocam e às vezes possuí uma fagulha que extrapola o afeto.

Observo Armin e ele demonstra estar alheio a isso; redobro o esforço para não olhar para elas dessa maneira, apesar de ser difícil.

– Alguma sugestão?

A pergunta é dirigida a mim e agradeço por ter algo em que pensar além das imagens inapropriadas que começo a formar, cada vez mais vívidas.

– Pizzaria? Boliche? Não sei...

– Prefiro algo mais divertido.

Annie nem disfarça o desagrado com as propostas e seu namorado sorri um sorriso malicioso e diferente de tudo o que vi no rosto dele até o momento.

– Tipo?

– Um clube de swing.

Nunca pensei ouvir de Arlet essa resposta assim tão serena, e muito menos a empolgação nítida de Mikasa quando busco seus olhos para saber o que pensa a respeito. Permaneço quieto e deixo que ela decida, e ainda assim fico surpreso ao ouvir.

– Topo! Tudo bem para você, Levi?

– Por que não?

Admito estar curioso, mas a serenidade, quase desinteresse que demonstro é falsa.

– Preciso ir para casa tomar um banho e trocar de roupa!

Agradeço que tenhamos a oportunidade de conversar brevemente sobre isso antes de ir, contudo esta janela é fechada por Annie.

– Mi, tem aquele vestido que você deixou comigo quando fomos no aniversário da Sasha, encontrei em uma das caixas que desempacotei durante a semana! Toma banho aqui.

Claramente estou sobrando ali e mesmo que Armin me fizesse uma oferta semelhante não daria certo tanto pelo tamanho quanto pelo estilo e prefiro ser prático.

– Já tem algum em mente? Mandem o endereço, nos encontramos lá.

– Claro. Na verdade, se me esperar um minuto para pegar umas roupas posso ir com você? Aposto que elas vão demorar uma eternidade aqui.

Quase abraço Armin pelo alívio de saber que o cara que propôs ir para uma casa de swing não ficará sozinho com as duas moças que até instantes atrás estavam se acariciando de forma tão sugestiva (pelo menos para minha mente pervertida), e desconfio inclusive que fez isso de propósito para me deixar a vontade, já que no carro continua o assunto.

– Já foi em uma?

– Sendo honesto, não.

– É como uma balada comum, com exceção que tem quartos privativos e salas de atividade para quem gosta. É tudo opcional.

– Entendo.

Tem uma tonelada de coisas que quero perguntar, e embora me sinta a vontade com ele sou tímido demais para ser mais invasivo. Por sorte, prossegue sem que eu precise demonstrar que quero continuar a conversa.

– Provavelmente chegaremos antes que elas... Pegamos uma mesa, alguma coisa pra beber, batemos um papo... e pode ser só isso.

O “pode” abre espaço para tantas interpretações que prefiro concordar e me concentrar no trânsito. Já topei mesmo e o que quer que ocorra vai virar experiência, é uma forma útil de encarar as coisas.

Como previu terminamos de nos arrumar e chegamos antes delas e logo na entrada da casa nos sugerem deixarmos celulares na chapelaria, o que faz sentido e de certa forma me deixa aliviado e seguro.

Permito que Arlet tome as decisões – pelo visto domina o ambiente – e ele nos conduz até uma mesa pequena e discreta em um dos cantos do salão. Um grande banco sem divisórias ou lugares marcados acompanha o cumprimento da parede e do outro lado simplesmente não há cadeiras: a ideia pelo visto é estimular a interação entre as pessoas.

Se acomoda ao meu lado e pergunta o que quero beber e se diverte quando acham que somos um casal; sua presença é tão leve que começo a acreditar que a noite será mais divertida do que imaginei. Peço uma gin tônica e conversamos enquanto aguardamos: é mais confortável falar a sós com ele.

– Você e Annie costumam vir muito?

– Algumas vezes no ano... Tem outros lugares que gostamos de frequentar.

Reflito se serei invasivo perguntando quais e concluo que ele sempre pode desviar o assunto: é inteligente o suficiente para fazer isso sem comprometer o clima descontraído. Ao redor percebo casais – e trisais, e quaisquer que sejam as diferentes configurações que adotam – muito mais íntimos do que em baladas comuns, alguns sumindo ao longo de um corredor escuro e outros simplesmente dançando na pista.

– Também de swing?

As bebidas chegam e ele experimenta a sua; sorri e hesita um pouco antes de matar minha curiosidade. Uma mulher deixa seu acompanhante por um momento e vai para um dos pole dance espalhados fazer uma apresentação para eles – e para todos nós, e imagino Mikasa nessa situação: é também uma fantasia dela.

– Nem sempre... Às vezes vamos em algum bar fetichista... A maioria só faz apresentações. Se quiserem conhecer um dia, posso indicar.

Gosto do fato dele não ter se incluído no convite e estou sim interessado em conhecer, assim como estou muito interessado no que acontece no palco embora tente manter a discrição.

– Aceito a indicação. É como esse?

– Bem parecido, mas conta com profissionais contratados para fazerem exibições entre si ou às vezes, com alguém do bar.

– Tipo nós?!

– E por que não? As vezes a pessoa quer saber se algum fetiche funciona bem para ela e tentar com um profissional é uma ótima forma de descobrir sem se expor a riscos desnecessários. Como amarrações, por exemplo.

– Imagino que seja estranho fazer esse tipo de coisa com um profissional.

– As cenas nesses lugares não envolvem sexo, como a maioria pensa. Geralmente são apenas instruções ou demonstrações sobre alguma prática previamente planejada pelo profissional: um exemplo de dominação, demonstrações sobre tipos de amarração ou equipamentos. Coisas assim.

Suas explicações são práticas e nunca parece ofendido nem demonstra que achou a pergunta ridícula e vai ganhando minha confiança rapidamente.

– Faz sentido.

Me esforço para amordaçar a curiosidade, mas felizmente ele parece disposto a me explicar como funcionam as coisas mesmo sem que eu pergunte.

– Foi assim que descobri que gosto de dominar e me tornei um mestre.

Fala tão sereno que é como se dissesse preferir chá de hortelã ao de camomila e fico sem resposta – sua personalidade é tão gentil que é difícil até acreditar. Decido só repetir a informação como uma pergunta, estimulando-o a falar mais – e acredito que é o que ele quer.

– Mestre?

– Me aprofundei nesse estilo de vida e com o tempo, passei a entender bastante do meio e ser uma referência para novatos... Gosto de conhecer, planejar e cuidar de quem está comigo e de toda a cena. Isso vai além de dominar.

Quando ele define toda a estranheza evapora e mesmo sem conhecer exatamente esse universo percebo que deve ser um ótimo mestre e até mesmo, que já está exercendo esse papel de orientação comigo e fico confuso com relação a como me sinto com essa nova informação.

– Entendo...

Talvez tenha lido em meus olhos a curiosidade de saber como ele pode dominar alguém com a personalidade tão impositiva como Annie, ou apenas deseje complementar a informação.

– Desde que consensuais e seguros, fetiches são ótimas formas de extravasar e até mesmo de trocar de papeis. Pode ser interessante para alguém que precisa controlar muitas coisas no dia a dia se abandonar ao cuidado de um bom dominador, por exemplo.

A clareza de sua explicação me impressiona, mas o tempo de aprendizado teórico acabou: Annie e Mikasa finalmente chegam e francamente estão incríveis. Já me acostumei ao fato de que minha namorada desperta atenção onde quer que eu vá e aqui não é diferente: flagro diversos olhares as acompanhando pelo salão enquanto vem até nós.

Faço menção de me levantar para que sente, mas Annie resolve a questão de uma maneira que acho bem melhor: senta-se na coxa de Armin e permito que Mikasa faça o mesmo, embora ela prefira sentar ao meu lado e apenas passar as pernas por meu colo e um braço por meus ombros, ficando de frente para a amiga.

Todo o ambiente é estimulante o suficiente para que eu esteja um pouco excitado com o contato tão próximo, com o seu cheiro – que não é o usual e imagino que seja algum perfume de Annie.

Um garçom se aproxima e Annie pede um sazerac; fico apreensivo que comece assim, porém Armin permanece tão tranquilo que entendo: como ele disse, é o momento em que a loira abandona o controle, segura de que ele o assuma e cuide dela.

Opto por não beber mais: não sei o que acontecerá daqui para a frente e pretendo estar em condições de assumir apenas riscos que realmente quero correr, e prefiro que Mikasa também o faça: odeio zonas cinzas de consentimento. Me aproximo de seu ouvido o suficiente para que apenas ela ouça e não resisto a morder o lóbulo de sua orelha antes de pedir.

– Vamos pegar leve?

– Vou beber pouco, prometo.

Seus dedos mantém um ritmo constante em meu ombro que seria relaxante se tudo ao redor não gritasse outra coisa – e é justamente por isso que preciso garantir.

– Pouco o suficiente para saber o que quer?

– É para fazer o que quero que preciso beber...

Ela me dá um selinho antes de se voltar para o garçom e pedir um mojito, me deixando intrigado e ansioso com sua colocação. Mas perco a oportunidade de indagar o que quer dizer: já conversa com Annie entre risadas e cochichos, enquanto percebo a mão de Armin firme na cintura da namorada e o arrepio que ela tem entre uma palavra e outra quando ele beija seu pescoço e retoma a conversa comigo, tranquilo como sempre enquanto eu estou a um passo da taquicardia.



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