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História Once upon a Time (em revisão) - Capítulo XVI


Escrita por: Anne_P_Silva

Notas do Autor


Olá, meus queridos, voltei com mais um capítulo. Desde já agradeço por vocês terem aguentado as minhas mensagens de divulgação 😘
Então vamos à história!

Capítulo 16 - Capítulo XVI


Fanfic / Fanfiction Once upon a Time (em revisão) - Capítulo XVI

"Eu acredito, eu acredito que há amor em você, preso nas avenidas empoeiradas dentro do seu coração, apenas com medo de sair." Skylar Grey - I Know You

Gideon corria pela floresta atrás de Pégasus que havia fugido sem explicação aparente, sentindo o chão úmido nos pés descalços e a brisa morna quase miraculosa para aquele outono frio. Avistou o animal tão alvo quanto a neve próximo a um riacho, bebericando a água doce com determinação, o homem então, balançou a cabeça e sorriu minimamente ao encontrar o seu amigo tão relaxado e aquém ao que acontecia ao redor.

Às vezes, Gideon desejava ser como o seu animal, selvagem, mas sem machucar ninguém e irracional, tendo que se preocupar apenas com comida, bebida e um lugar para repousar. Pelo menos assim, estaria totalmente livre de sentimentos o que ele descobriu do pior jeito possível que não estava, ainda não entendia direito o que acontecia com o seu interior, mas tinha certeza que o fato de não ter um coração não o estava impedindo de sentir. Oh, como ele sentia! Mas infelizmente não se encontrava preparado para isso, ainda era regido por muita fúria, ódio e mágoa, então não fazia ideia de como agir diante das emoções que surgiam sem aviso.

Se aproximou de Pégasus que levantou a cabeça, fitando curioso o seu senhor e relinchando ao reconhecê-lo; parecia até um ser humano. Então voltou a bebericar a água doce enquanto Gideon se sentava ao lado dele.

  - Tens sorte de não saber falar, parceiro. - jogou uma pedrinha no riacho. - Pelo menos não machucas ninguém... ao contrário de mim. - fitou o animal. - Achas que se eu fosse mudo sofreria menos? - o cavalo relinchou parecendo que bufava. - Robin tem razão, eu falo demais.

Ele avistou uma flor na margem no riacho, o que o fez franzir o cenho, jamais vira uma flor nascer naquele ponto, ainda mais daquela espécie que floria apenas na primavera, parecia alheia ao caos ao seu redor, lutando para continuar a viver com algo que a impedia de desistir. Mesmo em meio a circunstâncias erradas, ela foi forte e floriu. Quando se viu, Gideon tinha nas mãos grandes a pequena tulipa de base avermelhada que deixava a sua cor esmaecer até virar um puro branco nas pontas delicadas e macias. Era linda.

De repente, a imagem de sua esposa invadiu a sua mente, mais especificamente, a cena em que ela imergia do lago e caminhava levemente em sua direção, a sua vontade era de ter dado um beijo profundo naquela boca linda, mas se controlou ao perceber a fúria dela, respeitando o seu momento. Todavia, as palavras dela o cortavam fundo, ferindo o seu ser como se realmente tivesse um coração e a vontade de fugir deste sentimento o fez querer sumir do mundo. E teria o feito se não fosse por ela, ação esta que ainda o incomodava. Por que ela o salvara? Estaria livre para fazer o que quisesse, mas resolveu continuar com ele. Por quê?

As dúvidas martelavam na mente instável do homem que guardou a tal flor no limbo e montou sobre o cavalo, voltando para a mulher que revirava o seu mundo de certezas.

[***]

Robin fitava o homem de pele clara, olhos escuros como a noite que brilhavam feito um céu estrelado, negros cabelos longos e barba por fazer, com curiosidade e um certo temor já que ele ainda usava o uniforme da Cavalaria Alva.

  - Como conseguiste me achar?

  -  Depois de levar os teus tios em segurança para o Palácio Hood, interroguei alguns pescadores e lenhadores do sul sobre ti, Alteza. Eles me disseram que viram uma movimentação estranha nas Montanhas e um casal que cavalgava a todo o vapor pela floresta sem, na verdade, chegar a lugar algum. - suspirou. - Então eu te encontrei, Alteza.

  - Estás sozinho ou trouxeste a Cavalaria junto contigo?

  - Estou sozinho.

  - Por que veio atrás de mim? - franziu o cenho e deu um passo a frente, o fitando em desafio.

  - Porque eu pensei que estivesses morta. Todos pensávamos.

  - O que? Mas... - rolou os olhos pela grama verdinha, encontrando a adaga jogada ao longe, depois levantou o olhar ao homem que suspirava frequentemente. - Como exatamente foi a minha morte?

  - Sir. Jones informou a todos que tu havias sido atingida por um pervertido na floresta que a levou embora antes que ele pudesse te resgatar. - ela observou o guarda levantar levemente uma das mãos, mas quase de imediato a abaixou novamente. - Todos ficamos arrasados.

  - Que filho da mãe! - rosnou entre dentes, fazendo Caspian arregalar os olhos.

  - Princesa.... o teu vocabulário mudou um pouco.

  - Ficarias surpreso com as mudanças pelas quais passei. - suspirou e o fitou ainda franzindo o cenho. - Eu não fui atingida por um pervertido na floresta, se bem que... pensando por este lado eu realmente fui. Killian me atingiu com a espada e ficou me olhando morrer sob os gélidos olhos azuis... ele tentou me matar.

  - Desculpe-me, Alteza, mas por que Sir. Jones iria querer matá-la? És a sobrinha querida dele. Creio que tenhas te equivocado com as intenções do meu senhor...

  - Eu não estou equivocada, senhor Caspian! - ralhou com os olhos raivosos fixos nos dele. - Meu próprio tio tentou me matar por querer subir na linha de sucessão ao trono.... o desejo de poder dele foi maior do que a migalha de amor que ele um dia sentiu por mim. - suspirou tentando se acalmar. - Agora ele conseguiu o que quis, as buscas por mim cessaram com esta minha suposta morte e todos podem viver livres de mim como sempre quiseram!

  - Eu não. - arfou pesadamente, mas depois se recompôs. - Todos nós sentimos a tua falta, Alteza.... o palácio é uma tristeza só.

  - Como está a Madre? Meu pai?

  - A senhora Teresa continua cuidando do Orfanato e o Rei, bem, tem sido o rei. Mas... o brilho que havia nos olhos deles não existe mais, a luz se foi para eles. - soltou um sorriso singelo. - Todavia, ela ainda está viva e pode voltar... eu estou com o meu cavalo aqui...

  - Quem disse que eu quero voltar?

  - O que? - indagou surpreso e até um pouco desapontado. - Mas, Princesa Robin, o Norte é o teu reino, a tua casa.

  - Pode até ser o meu reino, mas nunca foi a minha casa nem nunca será. - esfregou as têmporas com a ponta dos dedos ainda trêmulos pela raiva. - Sir. Swan não informou a todos sobre isto?

  - Não a todos, somente aos mais próximos, no caso, eu. - o olhar dele era de pura decepção. - Porém eu pensei que depois de todo este tempo tu terias mudado de ideia.

  - Bem, sinto muito desapontá-lo. Não tenho intenções de voltar para onde me mantinham cativa em meio a sorrisos falsos, vidraças quebradas e corações endurecidos pelo poder. - o fitou melhor, enxergando os olhos negros meio lacrimosos. - Por que vieste sozinho, senhor Caspian?

             - Ahn?

  - Depois de me reconheceres no baile não contaste ao meu tio ou ao Henry, decidiste investigar por conta própria e vieste atrás de mim sozinho... por quê?

Ela observou o homem coçar a nuca, desviar o olhar ao chão e passar a mão grande sobre o rosto. Parecia enfrentar uma luta interna que o deixava perturbado e, quando fitou os olhos encharcados novamente na direção dela, Robin observou o corpo dele ser erguido pelo ar, ultrapassando o corpo dela e se colando à árvore com força, ação que a deixou apavorada.

  - O que es....? - Caspian se debatia tentando se libertar, mantendo os olhos arregalados.

Robin ouviu o som de patas pesadas e olhou para trás, Gideon cavalgava a todo vapor com uma mão erguida e, logo que desceu do cavalo, se aproximou dos dois conhecidos com os olhos queimando em fúria.

  - Gideon... pare. Ele não vai me fazer mal algum.

  - Já sabemos que não podemos confiar em quem vem do Norte. - fechou um pouco os dedos, fazendo Caspian arranhar a garganta. - Não voltarás vivo para informar ao teu superior a localização de Robin.

  - Gideon, por favor! - bradou chamando a atenção dele por um segundo. - Caspian não é um traidor!

  - Como sabes? O teu tio aparentemente também não era e nós sabemos o que aconteceu depois. - fechou mais os dedos, fazendo o guarda arregalar ainda mais os olhos. - Não correrei o risco outra vez!

  - Pelo amor de Deus, Gideon, pare! Não permito que tires a vida de outra pessoa por minha causa! - observou o homem ficar ainda mais sem ar. - Pare!

  - Eu sei que vês o bem em todos, Robin, mas felizmente eu não. - levantou o queixo e apertou os dedos um pouco mais.

  - Talvez isto seja melhor do que ver somente a maldade! - bradou aos ventos e fitou o perfil dele em fúria. - Se não o libertar agora eu juro pela minha vida que irei embora e me certificarei de que nunca saibas aonde fui.

  - Por que achas que eu me importo com isto?

  - Como disseste, eu não sou mais tão inocente. Eu sei que te importas o mínimo comigo e que, sem mim não serás capaz de realizar o que tanto desejas. 

  - Estás me testando? - levantou uma sobrancelha.

  - Não, estou o ameaçando. - bradou e se aproximou dele, tendo os olhos a fitando com temor. - Sabes que eu tenho motivos mais do que suficientes para te deixar... mate-o agora e nunca mais, eu disse, nunca mais me verás.

Gideon adquiriu uma expressão séria e nos olhos dele era possível ver um medo inigualável, então ela observou o homem suspenso escorregar lentamente pela árvore até pôr os dois pés trêmulos no chão. Ela correu na direção dele e segurou os ombros com cuidado.

  - Estás bem?

  - Depende do que significa bem para ti, Alteza. - disse com a voz rouca e fitou o homem sangrando a frente dele. - Quem é ele?

  - Ele... - olhou Gideon de relance e suspirou. - É o meu marido.

  - O que? - a sua voz saiu uma oitava acima mesmo estando quase sem fala. - C-c-como?

  - É uma longa história. - afagou os ombros dele e o fitou fixamente. - Por que estás aqui, Caspian?

  - Eu fiz um juramento quando entrei para a Cavalaria Alva de proteger a todos que precisarem e, principalmente, os membros da Família Real. Ainda pretendo cumprir este juramento... além do mais, prometi ao Henry que cuidaria de ti, Alteza, e irei fazer isto.

  - Chegaste tarde demais, senhor Aspen...

  - É Caspian.

  - Enfim, não precisamos dos teus serviços, então podes dar meia volta e caminhar para onde nunca deverias ter saído.

  - Mas eu prometi...

  - Eu não me importo com isso! - bradou se aproximando do homem que se recostou na árvore. - Volte! E se te atreveres a falar uma letra sobre a Robin eu mesmo me certificarei de puxar a tua espinha pelo nariz!

  - Então faças isto agora porque eu não irei deixá-la! - vociferou audivelmente. - Não tenho motivos para voltar... estou sozinho, perdido no mundo, a única coisa que me resta é o meu dever para com a Princesa e, se isto for me matar, então que eu morra. Pelo menos, terei cumprido o meu propósito!

  - Uh, não me testes, Carter.

  - É Caspian! - ralhou o fitando raivosamente, mas depois suspirou tentando se acalmar. - Eu sei que é demais para pedir já que vocês não me conhecem, mas eu realmente só desejo ajudar... se não quisesse, teria informado à Cavalaria sobre a Princesa. Só quero o bem dela.

  - Por quê? - franziu o cenho e se aproximou ainda mais. - Que intenções tens por trás? Não acredito que desejas largar toda a tua vida no Norte afim de cumprir uma promessa que de nada serve agora... a não ser que queiras algo mais. Diga o que realmente desejas!

  - Eu já disse! Não tenho ninguém! Sabem o que é isso? Vagar pelas ruas sem conseguir se conectar a nenhuma das pessoas e as únicas pessoas que poderiam te dar uma certa alegria estão mortas? - engoliu em seco. - Estou sozinho. E quando soube que a Princesa estava viva, a esperança surgiu novamente em meu ser, eu posso ter um propósito afinal.

  - Estou comovido. - sorriu em escárnio e depois ficou cara a cara com o guarda. - Achas mesmo que irei cair neste discurso ensaiado? Levaste quantos dias para formular isto, huh?

  - É a verdade! - o fitou em desafio. - Como marido da Princesa Robin deverias ficar feliz por alguém se dispor a protegê-la, deverias me agradecer por isto!

  - Bem, eu não sou um marido comum! E não preciso de forma alguma dos teus serviços... eu mesmo estou a protegendo! - pôs o dedo indicador no peito do homem. - Agora vá embora antes que eu perca a cabeça contigo.

  - Desculpe-me, mas não posso fazer isto.

  - Arrr... seu filho da p...

  - Já chega! - a voz feminina geralmente doce berrou impaciente. - Não seria mais justo se eu escolhesse se quero ser tão protegida assim?

  - Não tens nada a ver com isto, Robin.

  - O motivo disto tudo sou eu, Gideon, então eu irei decidir se ele fica ou não! - suspirou tentando se acalmar outra vez. - E eu digo que... Caspian será muito bem-vindo entre nós.

  - Muito obrigado, Alteza. - sorriu minimamente.

  - Não admito isto! - berrou a puxando pelo cotovelo. - Ele não faz parte deste mundo, Robin!

  - Agora ele faz. - puxou o braço de volta, afagando o cotovelo apertado.

            - Pois eu não permito! Tu estás sob a minha responsabilidade, então eu tomo as decisões aqui! - apontou ao guarda um pouco assustado. - E ele... vai embora.

Quando Gideon pensou em transportá-lo de volta ao Palácio Hood, a sua mão foi tomada por outra pequena e macia que o segurava com firmeza, rolou os olhos para cima encontrando as orbes de caramelo brilhando em fúria e recuou com a sua atitude. Ele sentia o peso do olhar dela sobre si tão fortemente que parecia realmente cortar o seu peito, o fazendo baixar o olhar onde encontrou a ferida ainda aberta e sangrenta que lhe atingia com uma dor renegada anteriormente.

  - Precisamos conversar. - a ruiva informou o puxando pela mão.

  - Não antes de vê-lo ir embora.

  - Gideon! Vamos conversar. - fitou o guarda, abrandando a expressão firme. - Espero-nos aqui.

  - Não... - Gideon protestou.

  - Espere-nos, Caspian.

  - Está certo, Alteza. - anuiu em reverência.

Robin puxou o homem que ainda protestava por meio de murmúrios mal-criados até adentrarem o ambiente aparentemente aconchegante da casa deles. A mulher observou o seu senhor passar direto por ela, se dirigindo a mesa de suas porções e pegou uma delas, a abriu e tentou passar a loção em seu peito esquerdo, mas a sua mão tremia devido a dor, o impedindo de aliviar o que estava o matando. Robin o ouviu bufar e devolver o vidro à mesa com força, fazendo uma careta de desgosto, então ela suspirou e caminhou na direção dele.

Gideon notou a sua esposa tomar o seu campo de visão e, segundos depois, foi empurrado com certa firmeza à cadeira de madeira clara, em seguida, a observou pôr uma perna de cada lado e sentar sobre suas coxas lentamente, o fazendo arregalar os olhos. Fitou os olhos duros que não o deixaram por segundos que pareceram intermináveis até que os seus lábios pequenos se mexeram.

  - Temos alguma bebida aqui?

  - Não, mas.... eu posso providenciar. - estalou os dedos, onde segundos depois uma garrafa pequena de uísque apareceu. Robin a tomou dentre seus dedos com destreza e a aproximou do peito dele.

  - Devo avisar que isto vai doer.

Antes que Gideon pudesse protestar, o líquido foi derramado em seu peito, o fazendo fechar os olhos e trincar os dentes com tanta força que temeu quebrá-los, usando isto para abafar o gemido de dor que ainda escapou de seus lábios. Sentiu um pano fino ser esfregado em seu peito, depois dedos macios lutarem contra os seus para pegar a loção que ainda estava com ele e abriu os olhos, soltando o vidro pequeno.

A mulher retirou um pouco do creme branco e passou delicadamente sobre a ferida aberta, o ouvindo suspirar pesadamente e apertar com certa força a coxa dela que estava exposta devido a capa ter escorregado para baixo. O invocado era que o aroma daquela loção não lhe era estranho, parecia uma mistura de leite com parafina que magicamente regenerava a pele pálida e brilhante aos poucos.

  - Onde conseguiste isto? - indagou ainda passando a loção no local ferido.

  - Na depressão da fronteira entre o Leste e o Norte... há árvores em que no tronco contém gramas deste creme.... mais devagar, por favor. - pediu ofegante e ela obedeceu, o tocando delicadamente com a ponta dos dedos.

  - Por que nunca ouvi falar desta loção miraculosa? Com certeza ajudaria muita gente no reino.

  - Não é tão simples encontrar estas árvores e... digamos que elas saibam se defender com os galhos e até com as raízes... então pouco se fala nelas. - colou os lábios fortemente ao sentir a dor inicial seguida de um alívio que o fez fechar os olhos novamente e soltar um sorriso de canto com o alívio. - Mas eu consegui chegar perto de algumas e coletar o interior delas.

  - Suponho que tenha sido muitas para preencher todo este vidro... e que também tu já gastaste bastante. O que aconteceu?

  - Era necessário. - coçou a garganta, abrindo os olhos novamente, fitando a expressão concentrada da sua esposa. - A pessoa estava sofrendo muito... e eu também.

  - Teve ter sido uma pessoa muito importante para tu gastar tanto uma loção que levaras todo o teu suor para conseguir. - ele sentiu uma pitada de irritação na voz dela e sorriu.

  - Eu percebi naquele momento que ela realmente era importante.

  -  Bom... pelo menos pensou em alguém além de ti mesmo.

  - Eu me pergunto a que preço eu fiz isso.

  - Talvez tenha ganhado um certo apreço desta pessoa.

  - É.... talvez um dia ela me agradeça.

Robin observou a ferida se fechar magicamente à medida que passava os dedos com a loção e ficou maravilhada com aquilo, realmente era incrível e, pela primeira vez, achou utilidade em algo mágico, até esqueceu da sua irritação ao saber que existia uma pessoa que Gideon estimava, algo que também a deixou frustrada. Todavia espantou os pensamentos furtivos e procurou o rosto dele que a fitava com um brilho diferente e um sorriso quase bobo nos lábios.

  - O que foi?

  - Tu... - afagou a coxa dela com o polegar. - Cuidando de mim.... é algo muito contraditório.

  - Faria isto por qualquer um. - respondeu indiferente e o observou mudar a expressão para a seriedade que lhe era natural. - Inclusive por Caspian.
  - Robin... - revirou os olhos. 


  - Deixe-me falar, por favor. - atraiu a atenção dele por alguns segundos até  que ele anuiu com a cabeça. - Desde que  deixei o Palácio sinto que decepcionei a todos que me amavam, causando em mim uma culpa inigualável que me corrói por dentro. Com Caspian ao nosso lado, sinto que o destino está me dando uma chance de ficar em paz comigo mesma.... além de ajudá-lo, claramente.


  - Tê-lo ao nosso lado não será bom para nenhum de nós, Robin.... ele não faz parte deste mundo mágico e irrevogavelmente perigoso para um humano. - a fitou seriamente. - Concordar com isto só estará o levando à morte.


    - Mas Caspian é muito bem treinado pela Cavalaria Alva. - soou convincente, mas o homem apenas bufou.


  - Eu o imobilizei facilmente, Robin... e tenho certeza que outro alguém não terá clemência ao encontrá-lo. Se queres mesmo ficar em paz com os que amas, então o mande de volta ao Palácio. Será melhor.


     - Mas, Gideon...


O seu protesto foi interrompido devido o susto que levou ao ser erguida, tendo que se segurar nos ombros dele com firmeza, algo que a deixou bem próxima ao rosto ainda sério e aos olhos negros cansados. As mãos grandes  seguravam suas coxas, a conduzindo até a cama e a depositando com delicadeza. Ela ficou tão atônita com as ações que não percebeu que prendia a respiração até sentir o seu peito começar a queimar.


  - Por favor, Gideon... - suplicou sentindo um nó na garganta. - Deixe-me ter alguém, um amigo... dê-me ao menos isto. - fitou a expressão dele mudar de séria para surpresa, depois para confusa. - Caspian sempre foi um dos poucos que me tratava como uma pessoa normal e não como a Princesa que um dia se tornaria a grande Rainha... por favor.


  - Sabes que todo o perigo que ele correrá será culpa tua, não sabes? - informou firme observando os olhos caramelo brilharem em esperança e isso acendeu algo dentro dele. Compaixão, talvez?


  - Então, isto é um sim? 


  - Por enquanto.


O homem observou a sua esposa levantar em um pulo da cama e correr em sua direção, o alcançando em um abraço apertado que o deixou desconcertado outra vez. Era algo diferente do que ele estava acostumado, geralmente não abraçava ninguém a não ser de um modo malicioso e aquilo o deixou desconfortável, afastando o corpo dela sem ao menos retribuir o gesto. Fitou o sorriso singelo dela surgir nos lábios rosados, fazendo os seus dedos formigarem. Raios! O que estava acontecendo? Por que havia concordado em ter outro homem ao lado de Robin? Por que isto o incomodava tanto? E ainda, por que sentia o peito inflar ao ver o sorriso dela  por algo que ele mesmo proporcionou?


  - Preciso avisar ao senhor Caspian. - se afastou dele, mas o homem a puxou pela mão. 


  - Não, eu vou.


Gideon desceu as escadas ainda um pouco atordoado com a conversa isenta de xingamentos e repleta de emoções, mas quando fitou o homem sentado ao chão com as costas apoiadas na árvore, sentiu a raiva retornar como uma lança.  Caspian se pôs de pé ao ver o homem totalmente curado do seu ferimento se aproximar com uma expressão nada boa, o fazendo engolir em seco.


  - Podes ficar conosco, senhor Capo. - proferiu com a voz carregada de fúria. - Mas devo informá-lo sobre uma coisa: não tens a mínima noção de onde estás  te metendo, isto não é para ti e só concordei por causa de minha esposa. Fiques sabendo que em uma situação de risco não irei titubear em salvar Robin e deixá-lo para trás, não és bem-vindo aqui e... - se aproximou mais, o deixando perceber a obscuridade de seu olhar. - Se estiveres em complô com o tio de Robin ou de qualquer modo venhas a nos trair, não hesitarei em matá-lo com as minhas próprias mãos, ouviste bem?


  - Podes ficar tranquilo, senhor. - engoliu em seco e estendeu a mão em um implícito pedido de paz. - Eu realmente só quero o bem dela.


  - Espero mesmo. - ignorou o gesto do homem.


Depois de alguns segundos de uma troca de olhares desafiadora, Caspian abaixou o olhar às mãos e ergueu uma a qual tinha uma adaga curiosa que o mesmo já havia visto antes em um livro de seu "pai".


  - Creio que isto seja teu.


Gideon pegou a adaga das mãos dele e o fitou mais alguns segundos tentando encontrar algo que o tornasse suspeito ou que tivesse outras intenções, mas só  achou gratidão e uma tristeza interior que o pegou desprevenido, pois era parecida com a sua. Observou o homem anuir com a cabeça e caminhar até a floresta, onde Gideon não o viu mais.


Ele voltou à casa encontrando Robin a comer com satisfação, parando ao vê-lo entrar novamente e se levantou.


    - Como foi?


  - Eu dei alguns avisos e ele voltou ao Palácio, creio que pela manhã esteja aqui novamente. - respondeu sem a fitar enquanto retirava a roupa de baixo, já se encaminhando à tina.


  - Gideon.... - ouviu a voz doce o chamar logo quando adentrou na água gelada. A fitou brincar com os dedos nervosamente. - Obrigada.


Ele apenas soltou um sorriso de canto antes de fechar os olhos para aproveitar o silêncio da noite e a calmaria que não seria mais tão frequente dali para frente. Temia que nunca mais a tivesse.

 

"Eu sou mais, eu sou mais do que inocente, mas apenas dê uma chance e deixe-me entrar e eu vou te mostrar caminhos que você não conhece."

Notas Finais


E foi isso, seus lindos! Espero que tenham gostado do capítulo! Deixem as suas opiniões nos comentários, como vocês sabem, eu adoro ler o que vocês escrevem, quanto maior melhor para mim.
Um xero na alma! 😙😙

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