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História Kizuna - Uivado da lua cheia


Escrita por: MoniLovely

Capítulo 25 - Uivado da lua cheia


Dois dias. Era tudo que tinha pra aproveitar com o namorado antes que o mesmo embarcasse num navio para quase do outro lado do mundo. A viagem em si já foi uma surpresa para o loiro, mas ele não tinha como dizer “não” à proposta. A vila estava muito caótica nos dias recentes, com as revoltas de cidadãos, brigas e atentados, e eles não podiam simplesmente ficar parados e deixar aquelas pessoas correndo perigo.

Então, um acordo foi feito dentro da torre Hokage. Naruto trabalharia para melhorar a segurança da vila com ajuda dos ninjas a sua disposição enquanto Sasuke acompanharia a viagem das crianças à vila da névoa como um reforço para caso algo aconteça. Eles não estavam dispostos a deixar aquelas crianças desprotegidas no meio dessa confusão, então planejaram a viagem como uma forma de distanciá-las do perigo e servir como algo didático enquanto o Nanadaime não descobria a causa do problema.

No geral, tudo correria bem. O problema real não era nada relacionado ao aumento da defesa de Konoha ou a viagem, isso o casal conseguia lidar de forma bem fácil e tranquila. O problema era ter que ficar sem se falar por quase duas semanas, isso se os professores não resolvessem ficar mais tempo ainda!

E não ajudava o fato de que aqueles dois dias, que Naruto deveria estar usando para passar com seu namorado e seus filhos, passou quase num piscar de olhos. Já era segunda novamente e todos estavam reunidos frente ao cais para se despedirem das crianças, que pareciam muito ansiosas para andar naquele navio enorme que havia atracado. Os pais se despediam das crianças com abraços e beijos, alguns ajudando a colocar as malas dentro do navio. Sarada e Boruto estavam a se despedir de suas mães, já que já haviam se despedido de seus pais, no caso de Boruto.

Todos pareciam muito animados com a viagem, mas o loiro ainda sentia uma pontada de preocupação em seu peito. Uma sensação ruim de que alguma coisa daria errado… Ou ele só estava ficando paranóico com a ideia de não ver Sasuke por mais de uma semana. Aquilo sim seria um motivo para se preocupar.

- Vê se não se empanturra de ramen. - alertou Sasuke, cruzando os braços. - Eu deixei um livro de receitas em cima da pia com instruções detalhadas. Se precisar de ajuda, peça pra Hinata ou pra Sakura, eu já avisei que você é péssimo na cozinha. E cuida bem da Himawari quando ela passar o fim de semana com você, não quero que ela fique sozinha em casa com você trabalhando. - apontou em seu nariz com o cenho franzido, numa forma de ameaçar o loiro para que não descumprisse a ordem.

Naruto balançou os braços em negação.

- Claro que não! - riu nervoso. - Nossa, Sasuke, eu não sou uma criança pra deixar minha filha sozinha pra cair na farra! Não precisa ser tão duro assim… - fez um bico forçado, fazendo o moreno revirar os olhos.

A cara feia logo se desmanchou ao sentir os lábios quentes do namorado sobre os seus, juntando-os em um contato rápido, mas profundo. Os lábios de Sasuke curvaram-se em um belo sorriso, um que Naruto reconhecia do dia em que se despediram, mais de doze anos atrás. Este parecia um mais alegre, no entanto.

- Não fique com essa cara. São só duas semanas, você aguenta. - acariciou sua bochecha esquerda com ternura, admirando os belos olhos azuis que o encaravam. Juntou seus lábios novamente, agora um pouco mais demorado e dedicado, dançando sua boca sobre a do loiro. - Eu te amo. Muito.

Um sorriso triste cruzou os lábios de Naruto, que colocou uma mão sobre a que estava em sua bochecha, entrelaçando seus dedos brevemente.

- Eu também te amo. - lançou-se sobre o moreno, envolvendo-o fortemente com seus braços e afundando o rosto em seu ombro. - Te amo mais do que tudo.

Aquilo era difícil. Dizer adeus. Mesmo que fosse apenas por algumas semanas, Naruto não tinha um bom histórico de despedidas quando se tratava do Uchiha. Não mostrava verbalmente e escondia o segredo na vala mais funda de seu ser, mas sempre que tinha que se despedir de Sasuke, tinha medo de nunca mais voltar a vê-lo, tal como quando eram adolescentes. Até depois que tudo foi resolvido, eles se despediram em frente à vila e só tornaram a se encontrar doze anos depois, ainda mais tempo que da última vez. Naruto não queria passar por isso, nunca mais, faria de tudo para ter Sasuke ao seu lado para o resto de sua vida.

Nem que tivesse que morrer pra isso.

Soltaram-se do abraço ao ouvirem o chamado de Boruto, que gritava para que o moreno andasse logo. Despediram-se mais uma vez com o olhar, como se lessem a mente um do outro, e se acompanharam com os mesmos até o momento que o navio começou a partir, acenando um para o outro em despedida. Não demorou muito para que saíssem do campo de visão um do outro, restando apenas a trilha que o transporte deixou pela água e a figura do mesmo começando a diminuir e desaparecer no horizonte.

Um suspiro deixou a boca de Naruto enquanto o mesmo segurava seu peito com força. Por que partir era sempre algo tão doloroso?

- Oi, Naruto. - chamou Sakura, colocando a mão sobre o ombro do loiro e tirando-o do transe. - Já que as crianças estão no passeio, eu e a Hinata pensamos em chamar o pessoal pra beber hoje à noite. Você tá a fim?

O loiro sorriu com carinho, mas negou com a cabeça. Estava abarrotado de serviço e tinha que duplicar a velocidade, já que Sasuke não estava lá para ajudá-lo com a papelada.

- Quem sabe uma outra hora, Sakura-chan. Obrigado pelo convite. - sorriu para a rosada e se retirou do local com um sorriso um tanto forçado no rosto.

Sakura queria ir atrás dele e confortá-lo, pois sabia o quanto despedidas eram chatas para o amigo, mas algo dentro de si disse que era melhor deixá-lo só. Provavelmente tinha muito que pensar nesse meio tempo, ainda mais depois que ela descobriu que ele estava pensando em propor para o Uchiha há algumas semanas.

No momento, a Haruno esperava poder ficar mais um tempo com sua namorada para terem encontros mais demorados dessa vez, já que o concelho não tinha nenhuma reunião marcada para hoje. Despediu-se rapidamente de Hinata e se retirou ao lado da ruiva, ambas tomadas de mãos.

- Então, quer fazer o que? - perguntou Sakura, encarando a ruiva por cima do ombro.

- Agora? Estou morrendo de fome. Tivemos que acordar tão cedo pra essa viagem… Eu quero katsudon!

A de olhos esmeralda riu e apertou a mão da namorada na sua, sorrindo com carinho em sua direção.

- Se é katsudon que minha namorada quer, é isso que ela vai ter! Mesmo que ainda sejam nove da manhã!

As duas saíram dando risada e discutindo em voz alta, atraindo alguns olhares para si, incluindo o de Hinata, que se encontrava pensativa. Ver aquelas duas lhe dava um grande senso de nostalgia de quando estava namorando com Naruto. Ambos andavam sempre sorrindo e de mãos dadas, atraindo os olhares de todos da vila, tinham os melhores encontros e sempre trocavam longos olhares apaixonados. É normal se sentir mal ao pensar que aqueles momentos não foram reais? Hinata estava dando seu melhor para poder seguir em frente e superar Naruto, esquecer de seu sofrimento e focar apenas na felicidade do loiro ao lado de Sasuke, mas aquilo tudo era tão difícil! Muitas vezes chorava durante a noite, lamentando a perda do marido.

Seus sentimentos não eram como os de Sakura, que já chegou a ter um outro interesse romântico ainda enquanto estava grávida de Sarada. Naruto foi a primeira e única pessoa que amou durante toda sua vida, todos seus sentimentos giravam ao seu redor e ao redor dele apenas. Chegou até a um nível que não era mais saudável, em que ela colocaria a própria vida antes da do loiro, o que não era normal e trazia uma grande dependência dela para com o Uzumaki.

Ele não merecia isso e muito menos ela.

- Hinata! - uma voz alta chamou por ela, dando-lhe um susto e fazendo-a pular no lugar, agarrando-se ao casaco roxo que usava. Soltou um suspiro ao se virar e dar de cara com seu antigo colega de equipe. - Ohayo!

- O-oh…! Kiba-kun! Que bom te ver de novo, já faz um tempinho. - sorriu tranquila, admirando o sorriso nos lábios do parceiro.

- Faz mesmo. - suas mãos tocaram a nuca coberta pelos cabelos cheios de gel e seu sorriso se entortou. - Olha… Eu queria te pedir desculpas pelo que aconteceu há umas semanas atrás no verdade ou desafio. Não quis acabar te deixando incomodada de alguma forma.

O rosto da Hyuuga rapidamente tomou cor ao lembrar-se das mãos fortes do moreno apalpando seus seios com força, mexendo com ela de uma forma que nem Naruto conseguiu. Poderia ter sido só pelo susto, mas ela ainda assim sentia seu coração pular só de lembrar daquela cena.

- N-não foi nada…! Você só estava cumprindo um desafio, eu respeito isso. - ajeitou os cabelos negros atrás da orelha. - Foi muito bom falar com você, Kiba-kun, mas eu preciso voltar para casa e ver se a Himawari já acordou. A pobrezinha voltou pra casa completamente exausta, nem acordou pra dar tchau pro Boruto…

A morena acenou mais uma vez, virando-se para ir embora, antes que seu pulso fosse segurando com certa força pelo moreno de marcas vermelhas atrás dela. Seus olhos perolados voltaram a encarar Kiba, que estava um pouco corado e não a encarava diretamente nos olhos.

- Na verdade, Hinata, não foi só pra isso que eu vim aqui. - fez uma pequena pausa e recuperou o ar. - Desde que você se separou do Naruto, eu percebi que você anda meio cabisbaixa, mesmo que não mostre para os outros. É-é coisa de cachorro! Eles sabem quando os donos estão mal, e você é uma das pessoas mais importantes pra mim, te conheço bem o suficiente pra saber quando está triste, Hina.

A Hyuuga desviou levemente o olhar, tentando conter as memórias das noites solitárias de voltarem a sua mente.

- … Gomen… Eu não quis preocupar ninguém…

Um breve silêncio se fez presente até que o Inuzuka o quebrou.

- Hinata, quer sair comigo, hoje à tarde?

A pergunta veio de forma repentina, acompanhada de uma pequena flor dourada entre os dedos do moreno, esta estendida para a de olhos perolados, que corou e ficou paralisada em cima de seus pés.

- Você quer sair comigo? - perguntou ela, ainda estática.

- Hai.

- … Como um encontro?

- Hai. - abaixou levemente a cabeça, ainda evitando o olhar da Hyuuga. - Eu sei que não é a hora mais conveniente pra pedir isso, mas eu sei o quanto você ficou abalada com o término e… Eu acho que, s-se você me desse uma chance, talvez eu possa te fazer feliz também… A verdade, Hinata, é que eu já fui a fim de você durante a época da escola, e eu continuo sentindo essa atração por você até hoje! - soltou um suspiro, acalmando sua ansiedade para não assustar a garota. - Eu sei que eu não sou o Naruto, mas, ainda assim, eu quero te pedir pelo menos uma chance. - reverenciou a morena, fechando seus olhos com força. - Onegai, Hinata!

A morena juntou as mãos em frente ao corpo e brincou com os polegares. Ela não tinha muito para fazer durante a tarde fora cuidar de Himawari, e também poderia ser uma boa ideia poder sair com outras pessoas em encontros. Daria-lhe uma boa oportunidade de conhecer gente nova e expandir seus horizontes na zona romântica.

- Você está livre às três, Kiba-kun? - perguntou, abrindo um sorriso nervoso. - Se eu conseguir deixar a Himawari na casa de alguém, vou ter o resto do dia livre até as oito quando formos sair com o pessoal.

Um sorriso cruzou os lábios do moreno, ao mesmo tempo que seus olhos brilharam com emoção.

- Beleza! Combinado, então! Eu te pego a essa hora e a gente decide o que fazer depois. - Hinata assentiu, sorrindo docemente. - Te vejo depois, Hina. - deu um beijo na bochecha da morena e correu na direção oposta à sua com os nervos à flor da pele.

A de olhos perolados tocou a bochecha com o coração na mão. Ela tinha até esquecido que havia outras opções fora Naruto, sempre se focou nele sua vida inteira, já estava mais que na hora de expandir seus horizontes e encontrar um novo parceiro. Mas, por hora, tinha que voltar pra casa e arrumar alguém que cuidasse da filha mais nova, pois tinha um encontro mais tarde.

(...)

Enquanto as crianças se acomodavam em seus aposentos do navio, os garotos de um lado e as garotas do outro, Sasuke acompanhava os professores e instrutores pelo navio para ver as regras e o que fazer em situações de emergência. Não achava que algo grande fosse acontecer, mas era sempre melhor prevenir do que remediar, então estavam checando tudo duas vezes. Sasuke não entendia metade das coisas que eles estavam falando de sistemas de condução, botões e eletricidade, mas pelo menos entendeu como jogar o bote salva-vidas para o oceano.

Os outros professores deveriam estar todos rindo da cara dele por suas costas, mas ele não se importava. Assim que isso acabasse, ele iria para seu quarto pra ficar encarando a paisagem melancolicamente. Não que algo estivesse errado, era só um mau hábito mesmo.

Enquanto saía da sala da caldeira para o convés logo acima, ouviu as risadas histéricas das crianças, já deviam ter acabado de arrumar suas coisas e agora estavam correndo de um lado para o outro na parte aberta do navio.

- “Huhu~”! NÃO TEM GRAÇA, SARADA! - ouviu Boruto gritar enquanto corria atrás da morena, chamando levemente sua atenção.

Não sabia muito do que aconteceu durante os últimos dias na aula antes da viagem, só que, de alguma forma, escolheram Boruto e Sarada para serem os responsáveis pela turma, algo como representantes. Ele não via necessidade naquilo, mas tampouco falaria algo a respeito.

Parou de caminhar ao ver uma garota de cabelos roxos e trança comprida se atirar sobre o Uzumaki, envolvendo-o em um abraço apertado. Sua voz era tão exageradamente aguda que ele conseguia escutar tudo que ela estava dizendo do outro lado do transporte.

- Boruto-kun, já que você é o guia do passeio, será que pode me mostrar o navio? Acho que perdi uma bolsa minha em algum lugar, mas não sei onde…! - a forma como apertava o tronco contra as costas do loiro parecia simular cenas clichês de animes ecchi, onde que a garota esfrega os seios contra as costas do parceiro. Estava lhe dando desgosto.

- C-claro, Sumire…! - respondeu, claramente desconfortável. - Só preciso que você me largue antes, hehehe.

O moreno revirou o olhar e começou a se retirar, tentando ignorar o que acabou de ver e seguir com sua vida normalmente, embora não pudesse parar de pensar em como aquela garota lembrava Sakura quando pequena, quando vivia correndo atrás do Uchiha sem nenhuma vergonha na cara para perceber o mico que estava pagando.

Pouco sabia Sasuke, mas ele não era o único que estava incomodado com aquela cena. Sarada e Chocho, que eram as que estavam mais próximas dos dois, também pareciam incrivelmente desconfortáveis com aquele comportamento da amiga.

- É impressão minha, ou a Sumire anda muito atirada pra cima do Boruto desde que chegamos aqui? - sussurrou Chocho para a morena. - Digo, ela e ele são bons amigos e tal, mas ela tá bem mais “pegajosa” ... Você não acha que o que aconteceu ano passado possa acontecer de novo, não é?

Há quase um ano, quando Sumire tinha acabado de começar na academia, alguns ataques começaram na vila e boatos corriam que algum ser estranho estava aparecendo na vila e trazendo aquele caos, isso além de que, segundo Boruto, uma aura estranha estava possuindo seus amigos, deixando-os maus, quase como um genjutsu. No fim, tudo aquilo se revelou obra da Kakei, que estava fazendo tudo aquilo para vingar o falecido pai, que trabalhava na Fundação - organização secreta que trabalhava segundo as ordens de Danzō - e foi punido severamente quando os planos do Shimura foram descobertos. Ela invocou Nue, um dos experimentos de Danzō, e o utilizou para atacar a vila, causando grande destruição e desespero entre os cidadãos do lugar.

Por sorte, ela foi parada e Boruto conseguiu convencê-la de que ela existia para algo mais do que apenas vingar o pai. Logo então, o selo em suas costas, que era o que controlava o monstro, foi quebrado e ela foi autorizada a atender a academia normalmente.

Depois de tudo o que aconteceu, de Boruto arriscar tudo para salvar sua amiga, a ideia de Sumire voltando a fazer algo para prejudicar a todos e trair a confiança do loiro era algo muito improvável, na opinião de Sarada. A de cabelos longos ficou realmente arrependida de tudo o que fez para os colegas e até achou que deveria ser expulsa de Konoha pelo que fez. Era tudo muito estranho...

A Uchiha negou com a cabeça.

- A presidente de classe mudou, Chocho, tenho certeza de que ela não faria algo assim novamente. - cruzou os braços, impondo seu ponto de vista.

A morena levou a mão ao queixo, aparentemente duvidando da ideia de Sarada, mas não disse mais nenhuma palavra antes de voltar a comer seu salgadinho sabor churrasco.

(...)

Ficar trabalhando enquanto o sol brilhava com tanta força lá fora, embora tivesse acabado de passar das dez na manhã, era deprimente. Naruto nunca gostou de fazer a papelada, não entendia muito de política e tudo o que fazia era ficar com a bunda sentada numa cadeira e assinar papéis com relatórios diversos. Claro, ele se preocupava com a segurança de seus cidadãos como todo bom líder, mas não podia evitar de pensar que aquilo era a maior chatice. Ainda mais sem a presença de seu namorado para aliviar o clima do escritório.

Era em momentos chatos assim que Sasuke fazia mais falta. Não tinha uma alma viva ali a não ser o Uzumaki e aquilo estava enchendo o saco. Gostava de quando o silêncio incômodo reinava e ele soltava algum comentário idiota para constranger o namorado. Por que ele tinha que ter perdido o maldito anel? Ele poderia estar planejando um casamento agora, mas não, estava confinado naquela salinha branca sem graça com nada além de papéis na sua frente.

O que acabou o lembrando de que, quando tiver tempo, deveria falar com Gaara para ver se ele teve sorte para encontrar o anel perdido. Porra, ele não tinha dinheiro pra comprar outro! Tinha que ser aquele! Quando encontrasse aquela desgraça, pediria Sasuke em casamento imediatamente, assim, se perdesse novamente, a culpa já não seria mais sua.

Entediado, o loiro começou a rabiscar uma folha em branco ao lado dos relatórios, escrevendo diversas besteiras e aleatoriedades, só divagando a mão sobre o papel da forma que queria, sem se limitar a uma assinatura ou formalidade. Era tão relaxante... Mas logo negou com a cabeça e voltou a assinar os relatórios diversos sobre a situação da vila.

Isto é, até um certo pensamento cruzar sua cabeça.

Puxou o papel riscado de lado e abriu um sorriso travesso no canto dos lábios.

- “Uzumaki Sasuke.” - sorriu para si mesmo como uma criança que acabou de fazer uma pegadinha com seus pais ou escapou de alguma encrenca sem ser pego. - Fica muito melhor assim, hehe.

Mordiscou a caneta com seu sorriso travesso preso no rosto. Esqueceu completamente do trabalho, desviando seus pensamentos inteiramente para o moreno. Havia tantas coisas que ele ainda não havia pensado, que não havia experimentado. Ele queria uma vida inteira pra experimentar. Ao lado de Sasuke.

- Será que ele vai querer juntar os clãs…? Sasuke nunca mencionou muito sobre ele ser um Uchiha, quase nem se vincula com o que sobrou do clã ou deixou claro o espaço que Sarada ocupa nele… - debruçou-se na cadeira, jogando o corpo para trás. - O que você acha, Kurama?

“Eu não tenho nada a ver com isso.” - resmungou a raposa, grunhindo dentro do loiro. - “Isso é assunto seu pra conversar com o seu namorado.”

- Nossa, grosso! Você não fala nada a quase uma semana e quando fala é pra me insultar! - fez um bico forçado, fazendo Kurama revirar os olhos e bufar.

“... Você sabe que ele provavelmente não vai concordar com essa ideia, não é? Isso se ele se importar de qualquer maneira com essa tolice.”

Naruto sorriu calmo para o amigo, que finalmente cedeu à conversa.

- O Sasuke mudou muito de uns anos pra cá. Eu, sinceramente, não sei o que ele vai achar da ideia. Se ele gostaria de juntar os clãs, se quer mudar o sobrenome, ou se quer participar de qualquer clã. Tipo quando eu mandei construir nossa casa onde era o antigo distrito Uchiha. Eu achei que seria uma boa ideia no começo, ficarmos próximos das raízes dele, mas aí eu comecei a pensar se ele ainda guardava ressentimentos daquele lugar, mas já era tarde demais pra mudar de ideia. - desviou o olhar para os rabiscos, aliviando a tensão sobre suas pálpebras. - Sinceramente, é excitante não saber como ele vai reagir. Mesmo com a possibilidade de eu fazer merda, é como se eu estivesse conhecendo novas partes dele e isso me deixa muito animado! - alargou o sorriso por seu rosto. - Nós ficamos muito tempo sem estarmos próximos assim… Eu quero conhecê-lo! Quero conhecer esse novo Sasuke e o que ele tem pra me mostrar! Quero conhecer todas as suas facetas, seus novos medos, suas forças, suas fraquezas, o que o deixa animado, o que o chateia, o que ele aprendeu durante suas viagens. Quero conhecer tudo dele!

Naruto sorria de orelha a orelha, chegando até a pular algumas vezes em sua cadeira de tanta animação.

“Você parece uma criança.” - disse Kurama com um sorriso no rosto.

Embora ele não fosse admitir para o loiro, ele gostava de vê-lo assim; feliz e animado. Parecia o Naruto de doze anos atrás, sempre brincalhão e positivo, que nunca desistia de nada e tentava ver tudo de bom em qualquer situação.

- Ah, mas não dá pra evitar, Kurama! Tem tanta coisa que eu ainda tenho que descobrir sobre o Sasuke! Tanta coisa pra gente conversar! Não quero esperar até ele voltar da viagem! - cruzou os braços e fez um bico forçado.

A raposa de nove caudas apoiou-se sobre seus braços e acomodou a cabeça sobre os mesmos, ainda com um sorriso sutil no rosto.

“Então por que não liga pra ele?” - Naruto o encarou como se tivesse acabado de ouvir uma notícia inesperada. - “Ugh. Você tem o telefone do seu filho, não tem? É só ligar pra ele e pedir pra falar com o garoto Uchiha. Fácil assim!”

Como um flash, o loiro arrancou o celular do bolso - quase o jogando no chão no processo - e começou a procurar pelo número do filho.

- Moshi moshi. - disse a voz do loirinho do outro lado da linha.

- Boruto! - ignorou completamente as perguntas do filho sobre o porquê de ele o estar ligando e foi direto ao tema mais importante. - Não é importante agora, eu preciso que você passe pro seu p- digo, pro Sasuke, preciso conversar uma coisa com ele.

Do outro lado da linha, Boruto revirou os olhos, claro que o pai não ia querer falar com ele, não é? Ele queria falar com o namoradinho, como sempre. Pediu para que o mais velho aguardasse e começou a percorrer os cômodos do navio em busca do moreno. Droga, por que o lugar tinha que ser tão grande?

Quando, finalmente, o encontrou, ele estava em algum tipo de quarto de treinamento, espancando um saco de pancadas vermelho. Não sabia ao certo a razão de o navio ter um quarto assim, só que seus olhos não conseguiam desviar de Sasuke nem por um segundo. Ele estava usando uma regata preta e calças próprias para treino, pareciam ser de um material bem macio e elástico, e um cinto simples para manter tudo no lugar. Conseguia ver com clareza as gotas de suor escorrendo por sua testa, já devia estar lá há algum tempo pra estar suando só batendo em pouca coisa como um saco de pancadas inútil. A forma como se movimentava era impressionante, nem dava pra ver direito de tão rápido que ele era.

Sugoi…!

- Boruto? - ouviu a voz de seu sensei chamando por ele do outro lado da sala, ele já havia parado seu exercício e até colocado uma toalha ao redor do pescoço. - O que está fazendo aqui?

O Uzumaki caminhou timidamente até o maior e entregou-lhe o telefone sem o encarar nos olhos, estava muito constrangido por ter ficado travado o olhando treinar.

- Aqui. - estendeu-lhe o aparelho e pôs-se a sentar em um assento próximo dali, aguardando que finalizassem a ligação.

- Moshi moshi? - perguntou despreocupado, pelo menos para uma ligação sabia usar o telefone.

- SASUKE!

Afastou rapidamente o aparelho da orelha ao ouvir a voz esganiçada do namorado. Mesmo depois de tantos anos ele ainda tinha aquela mania irritante de gritar seu nome com aquele tom de voz irritante.

- Por que você está me ligando, Naruto? Era pra você estar trabalhando, não perdendo tempo atrapalhando meu treino.

- Ah, como é que eu ia saber? - resmungou do outro lado da linha, provavelmente fazendo beicinho se Sasuke o conhecia bem. - Eu queria saber onde você pôs o relatório do incêndio na casa da Ino. Você mexeu nas minhas coisas de novo e agora eu não acho mais nada!

O moreno bufou e revirou os olhos.

- No canto da sala a direita, quarta gaveta, tá tudo organizado por ordem alfabética, então nem ouse bagunçar tudo pra encontrar a merda de um relatório! - ameaçou com uma voz grossa, arrepiando a espinha de Naruto do outro lado. - Foi só pra isso que você ligou?

Um silêncio se fez no lado de Naruto, que estava levemente corado pela vergonha da verdadeira razão pela qual tinha ligado. Talvez não tivesse pensado nisso direito.

- … Eu queria ouvir sua voz.

As bochechas do Uchiha queimaram em vermelhidão e quase perdeu o ar. Odiava quando Naruto fazia aqueles comentários fofos, o deixavam completamente constrangido e sem reação.

- Usuratonkachi! Isso lá é hora pra falar essas coisas?! - gritou, completamente envolto pelo vermelho. Naruto não pôde evitar e deu uma risada forte, quase forçada. - Para de rir!

- Ah, eu queria estar aí pra apertar suas bochechas! - provocou do outro lado da linha, sorrindo feito um trouxa.

Ele não admitiria, mas um sorriso crescia fortemente em seus lábios. Não estavam separados nem duas horas e já estava com vontade de pular em cima do loiro, afagar seus cabelos e enchê-lo de beijos. E do outro lado da linha não estava muito diferente. Naruto já tinha apanhado a capa negra que o moreno havia deixado sobre seus ombros outro dia e a segurava com carinho próximo ao rosto, como se tentasse se consolar da distância em que seu amado se encontrava.

- E as crianças? Estão muito bagunceiras? - perguntou, rodando em sua cadeira de rodinhas.

Sasuke pressionou os lábios juntos e olhou por cima do ombro à procura de Boruto, mas estava sozinho na sala. O loiro provavelmente havia se cansado de ficar esperando e voltou para o quarto para conversar e brincar com os amigos.

- Acho que sim. Vê se não prolonga muito a conversa, o celular não é meu e ainda preciso devolver pro Boruto.

- Maa, maa, relaxa, eu não vou demorar muito, só quero conversar um pouco. É tão chato trabalhar sem você aqui… Só mais um pouquinho, ‘Suke.

O moreno podia quase enxergar a cara de cachorrinho sem dono que Naruto deveria estar fazendo. Suspirou.

- Você tem quinze minutos.

(...)

As duas namoradas já andavam juntas há algum tempo. Quanto exatamente? Elas não faziam ideia, não se importavam. Queriam apenas aproveitar o tempo junto uma da outra até o pôr do sol, até o momento que teriam que se dividir com os outros amigos. Estavam a poucos dias juntas, mas já haviam conseguido sair em, pelo menos, dois encontros sem a participação de outras pessoas. Geralmente era quando Sarada estava na casa de alguma amiga ou quando a mesma estava na escola, isso se Karin estivesse disponível na hora. Estava sendo uma experiência muito interessante até agora.

O sol batia forte em suas cabeças, esquentando seu couro cabeludo e fazendo o suor começar a escorrer por suas testas. Correram rapidamente para debaixo das coberturas das lojas para se proteger do calor, ainda sorrindo de maneira boba uma para a outra, como se fossem duas crianças animadas. Desde o momento que começaram a sair naquele dia já haviam passado em um restaurante para tomar café, trocado a capinha do celular de Sakura - a rosada estava querendo colocar algo mais variado há meses - e entrado em dezenas de lojas diferentes. Mesmo que no final não tenham comprado nada, ainda assim foi divertido.

- Tá a fim de tomar um café? - perguntou Karin, apontando para um pequeno quiosque do outro lado da rua.

- Pode ser. - sorriu Sakura, tomando novamente a mão da ruiva.

As duas apressadas saltitaram para o outro lado da rua e sentaram-se em uma das mesinhas com guarda-sol, uma de frente pra outra com os cardápios na frente de seus rostos. A atmosfera era confortante e casual, sem muitos enfeites, mas cada um mais belo que o outro mesmo assim. O arranjo floral em cada uma das mesas davam um destaque e uma sensação de primavera, embora eles já estivessem na metade de outono, provavelmente foi feito pessoalmente pela floricultura Yamanaka.

Enquanto Sakura e Karin esperavam o café e os petiscos que pediram com o mesmo, resolveram colocar a conversa em dia. Apesar de já terem saído muito juntas e terem dormido sobre o mesmo teto durante um tempo, não tinham tido a oportunidade para fazerem as perguntas corretas uma para a outra sobre seu relacionamento. Queriam conhecer uma a outra, saber do que gostavam e o que odiavam, o que havia mudado nos anos que passaram juntas e o que esperavam da relação que estavam agora. Tudo era tão mais divertido quando se tinha o que descobrir sobre seu parceiro.

- E aí? O que mais você descobriu sobre aquele apartamento que você me contou ontem? - perguntou a rosada, brincando com as pétalas da flor sobre a mesa.

- Não é algo muito grande, mas é bem confortável e tem bastante espaço pra quem vai morar sozinha, além de ter um preço muito bom! - disse ela, empolgada. - Se você e a Sarada quiserem aparecer por lá, fiquem à vontade. Vou adorar receber visitas de vocês.

Sakura levou a mão ao queixo.

- Estou pensando em como a Sarada vai ficar desapontada quando vir que você saiu de casa. Já deve estar acostumada a sua presença. - a ruiva mordeu o lábio inferior, levemente angustiada. Felizmente, a rosada rapidamente percebeu e corrigiu suas palavras. - M-mas eu tenho certeza que ela vai entender que você precisa do seu espaço! Sarada é uma garota muito esperta pra idade dela, sabe? Com certeza vai entender a situação. E ela vai adorar te visitar na sua casa, Karin, tenho absoluta certeza!

Karin soltou um suspiro, um sorriso calmo e relaxado em seus lábios, sentindo o coração mais leve. Ela estava preocupada sobre o que seria de Sarada quando descobrisse que a namorada de sua mãe havia saído de casa do nada.

- Eu fico feliz… - pausou por alguns segundos, divagando o olhar para a mesa e as unhas pintadas de vermelho. - Ne, Sakura. - chamou pela rosada, que ergueu o olhar para a contrária. - … O que nós somos, exatamente? Digo, você retribuiu meus sentimentos, mas não houve exatamente um pedido oficial, então, tecnicamente, nós somos apenas amantes? Eu não sei exatamente como me comportar com você em público, se seguro sua mão normalmente ou com os dedos entrelaçados, se te chamo pelo nome ou de algum apelido, se devo me considerar uma nova mãe para Sarada, argh, eu não entendo! - puxou os cabelos com força, mas não o suficiente para arrancar os fios.

Com o dedo indicador sobre a bochecha, Sakura respondeu com um sorriso no rosto:

- Ora essa, claro que você é minha namorada! - franziu o cenho, mantendo uma posição assertiva. A ruiva tentou manter-se posta em dois pés, mas não pôde evitar um bico forçado com as bochechas levemente infladas. - E, Karin, você pode me tratar da forma que você quiser. Eu só comecei a segurar na sua mão e te chamar de namorada porque é isso que somos, e também não é a primeira vez que eu seguro na sua mão, não é? - a ruiva corou. - Hehe, você pode me chamar da forma que quiser, pode segurar na minha mão da forma que quiser, e tenho certeza que a Sarada adoraria ter você como mãe, afinal, depois da forma como ela se comportou na frente do Sasuke-kun não tem como duvidar dela, hahaha.

A Uzumaki riu em alto e bom som, deleitando-se com as memórias do jantar de três dias atrás, foi maravilhoso!

- Mas sabe, Karin? - chamou pela ruiva novamente, atraindo seu olhar curioso. - Só pela forma como você foi até agora, tenho certeza que, não importa o que você faça, você continuará sendo uma namorada maravilhosa! - fez um joinha com o polegar, sorrindo, infantilmente, para a Uzumaki, que riu em resposta.

- Pff, você é tão idiota, Sakura.

- Não precisa pegar tão pesado assim… - fez bico, provocando mais risadas na Uzumaki.

Foi só então que as duas perceberam que o café havia chegado há mais de cinco minutos. Já tinha ficado frio.

- ...Oh. - resmungou Sakura, tocando a xícara sem dificuldades. - Então…! - bateu as mãos, forçando um sorriso nervoso no rosto. - Como estão indo as coisas pra você em se adaptar em Konoha? Fora o que aconteceu no outro dia, as pessoas têm te tratado bem? - bebericou o café com um sorriso no rosto.

A ruiva colocou duas colheres de açúcar na xícara e apoiou-se em sua mão.

- É, se você não contar a última vez, tem sido bem tranquilo. Eu nunca fui muito boa em me fixar em algum lugar, originalmente, o plano era ajudar na investigação e iríamos embora, mas você e os rapazes tornaram tudo muito mais fácil.

- Falando nisso, o que que deu naquela investigação? Conseguiram achar os culpados?

- Nem, só descobrimos que a explosão foi causada por um papel bomba preso numa kunai. Os suspeitos que Naruto disse que capturou quando voltava de Sunagakure não estão aqui pra podermos investigar mais, não temos amostras de sangue ou DNA, já que a kunai foi destruída junto da explosão.

Sakura tomou mais de seu café.

- Que bosta. - disse simplesmente. - Viu, tá a fim de dar uma volta depois de tomar o café? Tem umas coisas que eu preciso fazer na cidade e tenho que comprar o uniforme novo da Sarada.

A ruiva limpou os lábios com um guardanapo e passou um batom de cor clara sobre os mesmos.

- Claro, não tenho nenhum compromisso hoje mesmo. Aproveita e me apresenta mais da cidade, quero conhecer a parte boa dessa vila.

A Haruno sorriu entusiasmada e engoliu o resto da bebida fria rapidamente, levantando-se de sua cadeira e tomando a mão de Karin com força, seus olhos brilhando com ansiedade, como se fosse uma criança encarando um brinquedo novo.

- Legal! Então vamos que temos um longo dia pela frente! - puxou-a para fora da cadeira e deixou o dinheiro do café em cima da mesa. - E eu quero passar ele todo com minha namorada.

As bochechas de Karin ganharam uma coloração forte e seu coração acelerou descompassado. Forçou um sorriso orgulhoso em seus lábios e desviou o olhar para o chão.

- Baka.

(...)

A noite estava especialmente clara naquela noite, a lua brilhava mais do que em todas as noites, reinando em seu ápice, majestosa desde o início dos tempos e brilhava cintilante sobre a pele meio pálida de Hinata, que a encarava com os olhos brilhantes pela janela. Seu dia não fora dos melhores, mesmo com Kiba sendo um amor com ela, ainda sentia-se mal pelo término com Naruto. Ela não podia evitar! Ele significava muito para ela e, embora o colega de equipe fosse uma pessoa maravilhosa, ela ainda não conseguia parar de pensar no loiro de bigodes na bochecha a cada segundo que sua mente se esvaziava das preocupações.

Himawari desceu as escadas apressada e, ao ver o rosto melancólico de sua mãe encarando o céu, correu para seu lado e pulou em cima de si, abraçando-a com toda sua força.

- Divirta-se muito, mamãe! - sorriu terna. - Não esquece de achar um menino muito legal, daí eu vou ter três papais!

Hinata acariciou os cabelos escuros de Himawari com carinho, sorrindo singelamente. Ela amava de verdade sua filhinha, era preciosa como a luz do dia. Só ela mesmo para animar a Hyuuga tão facilmente.

- Claro que sim, Himawari, mas isso leva tempo, então seja paciente, ok?

A pequena assentiu ao mesmo tempo que a campainha soou, indicando que Shino e Kiba haviam chegado, o primeiro para cuidar de Himawari e o segundo para acompanhar Hinata até o restaurante. Imediatamente empolgada, a Uzumaki correu até a porta, erguendo os braços no ar ao ver os dois rapazes na frente de sua casa.

- Tio Kiba! Tio Shino! - abraçou as pernas de ambos enquanto dava alguns pulinhos de felicidade.

-  Oi, Hima, está pronta pra brincar com o Tio Shino? - brincou Kiba, encarando o dito cujo pelo canto do olho. - Tente fazer ele se divertir um pouco, esse cara é muito chato.

Shino revirou os olhos e Himawari riu, concordando com o moreno. Hinata rapidamente assumiu o controle da conversa e agradeceu o Aburame por concordar em cuidar de sua filha, se apressando em deixar a casa ao lado de Kiba, mas não sem antes dar um grande abraço em sua pequena flor de girassol.

Os dois saíram lado a lado, Hinata ainda um pouco relutante em puxar algum assunto, pois tinha medo de acabar falando besteira.

- Sua filha é um amor, Hina, ela é tão carinhosa e fofa que dá até vontade de morder. - brincou ele, fazendo a morena rir.

- Himawari tem um coração grande e adora ajudar os outros. Ela foi a que melhor aceitou meu término com o Naruto-kun e o novo relacionamento do pai com o Sasuke-kun, diz que está ansiosa pra ter dois pais e quer que eu arrume logo um terceiro pra ela, hehehe.

O Inuzuka sorriu disfarçado. Depois do encontro dos dois naquela tarde, começou a considerar suas chances de conseguir algo mais com Hinata. A garota era fabulosa; era bonita, gentil, doce, compreensiva e sempre busca o melhor nos outros, menos quando está brava, que é quando ela coloca tudo pra fora, mesmo que as coisas que ela diga sejam algo que ela nunca considerou ou sentiu antes. Mas ele nunca se importou muito com esse seu lado agressivo, ele a adorava do mesmo jeito, adorava tudo nela e estava procurando uma boa oportunidade para fazer a garota sentir o mesmo, não só sobre ele, mas também sobre si mesma e curá-la dessa carência de amor que estava sofrendo.

- Você gostou do encontro de hoje, Hinata? - perguntou ele, um tanto envergonhado.

A morena sorriu com delicadeza e levou a mão à boca.

- Mas é claro que sim, Kiba-kun! Foi muito divertido passar esse tempo com você. Quando contei sobre o encontro pra Himawari ela ficou brava porque eu não quis levar ela junto.

O moreno riu, aquela pequena era uma verdadeira caixinha de surpresas.

- Se vocês quiserem, eu poderia passar na sua casa amanhã à tarde e nós três iríamos almoçar fora. Acha que ela gostaria?

- Claro que sim, ela adoraria! É muito gentil da sua parte querer fazer isso por ela, Kiba-kun, tenho certeza que ela vai ficar muito feliz.

- Imagina, Hinata, é um prazer fazer a pequena Hima feliz. E você também, Hinata, você tem que se permitir ter mais diversão de vez em quando, está muito tempo enfurnada em casa e pensando no passado. Tenta sair mais da rotina e se divertir. Aproveita que estamos saindo com o pessoal hoje e bebe um pouco, pra dar uma relaxada. Só toma cuidado pra não ficar bêbada, hehe.

Hinata riu tranquila, Kiba era realmente uma pessoa muito divertida e simpática. Ela o amava quase como se fosse parte da família.

Antes que se dessem conta, chegaram ao local combinado, onde seus amigos estavam se reunindo, ou melhor, já estavam todos lá. Eles haviam marcado de passear pela vila e parar em algum bar para beber umas, afinal, estavam sob muito estresse e queriam aproveitar que as crianças estavam longe para relaxar.

Hinata e Kiba foram os últimos a chegar.

- Desculpe o atraso! - gritou o moreno, se aproximando com o rabo entre as pernas.

- Tsc, eu já nem estresso mais com você, Kiba. Sempre chega atrasado nos rolês. - resmungou Shikamaru dando uma última inspirada em seu cigarro antes que Temari o arrancasse da sua mão.

- Já falei pra você parar com essa mania chata de fumar, Shikamaru! - jogou o cigarro no chão e pisou em cima com seus tamancos. - Não importa se não é um vício e você só faz isso de vez em quando, essas porcarias vão destruir o seu pulmão! Baka! - deu um tabefe na nuca do marido e colocou as mãos na cintura, franzindo o cenho. - Que exemplo maravilhoso que você dá pro nosso filho, hein?!

Um riso involuntário escapou dos lábios de todos ao redor do casal. Shikamaru e Temari discutiam tanto que todos já achavam tudo bem mais cômico do que irritante.

- Deve ser difícil ter que ficar aturando esses dois, hein, Sai? - brincou o Inuzuka, cutucando o de pele mais pálida, que sorriu.

- Pode ser um pouquinho difícil, mas Temari-san é uma mulher maravilhosa e simpática. - seu sorriso se alargou. - Nossa estadia na casa dos dois tem sido muito divertida. As brigas são algo normal para todos os casais e, realmente, cigarros fazem muito mal pra saúde, mesmo que usados com má frequência, e também faz mal para aqueles perto de você por causa da fumaça.

Shikamaru sorriu forçado.

- Porra, Sai, não dava pra me defender, não? - brincou, tirando uma risada dos lábios do Yamanaka.

Enquanto os rapazes continuavam seus assuntos, Hinata se aproximou de Ino e das outras garotas com um sorriso no rosto. Imediatamente notou que tinha algo diferente em Sakura e Karin.

- Sakura-san, você cortou o cabelo ou é impressão minha?

- Hehe, a Karin e eu fomos no salão agora a tarde pra dar um jeito no meu cabelo, estava querendo mudar um pouco. - ajeitou algumas mechas atrás da orelha. - Ficou bom?

Nada muito relevante tinha mudado na rosada, apenas tinha encurtado ainda mais o cabelo e o deixado mais repicado, mais rebelde. Combinava com seu estilo forte e incontrolável, refletia seu sua personalidade e a grande mulher que era. Em resumo, ela estava fabulosa.

- Mas é claro! Você fica bonita de qualquer jeito, Sakura, sem querer roubar sua namorada, Karin, hehe. - brincou a Hyuuga, sorrindo um tanto tímida.

As garotas continuaram a conversar enquanto caminhavam em direção ao bar, com os garotos seguindo logo atrás. Não havia muito a ser discutido, já que a vida de todos estava um tédio. Temari e Ino mencionaram que seus filhos estavam se dando muito bem durante a estada da Yamanaka na casa da Nara, que estavam se comportando bem e que tudo estava correndo normalmente desde o problema do incêndio, ninguém havia ficado com sequelas ou traumas, embora Inojin continuasse um tanto assustado quanto a visão que teve daquele homem se matando em sua frente e de sua casa em chamas, mas nada que não pudesse ser curado com o tempo.

Hinata contou sobre seu encontro com Kiba e como ele a levou para almoçar e passear pela cidade. Ela havia conseguido finalmente comprar mais material de costura e algumas roupas novas para Boruto e Himawari, além do uniforme novo do loiro, que por sinal era uma gracinha. Era um conjuntinho de blusa preta com toques em azul e shorts pretos, o tênis podia ser escolhido entre azul, branco ou preto e, já que a Hyuuga não conhecia muito o gosto do filho, comprou os três pares. Depois das compras, ela e o Inuzuka foram para algumas lojas de animais para comprar ração e alguns brinquedinhos. Foi só então que Hinata ficou sabendo que Akamaru tinha tido filhotinhos já há um tempo, segundo Kiba, dois anos, e que um deles já tinha tido mais uma ninhada, ou seja, cento e um cachorros estavam vivendo na casa de Kiba.

Tenten reclamou sobre sua loja não estar indo bem com as vendas e que talvez precisasse fechar. O custo do aluguel era caro e ela ainda tinha um filho pra alimentar. As coisas não estavam fáceis não.

Chegaram no dito bar há pouco tempo e estavam cercados de apenas algumas pessoas bebendo e conversando. Pegaram a mesa maior, já reservada para eles e sentaram-se em duplas, como se fosse um encontro de casais.

- Shika, pede o mais pesado que tiver que hoje eu quero me esbaldar. - sorriu Ino, jogando o cabelo pra trás.

- Nossa, ‘tô precisando muito beber alguma coisa. - disse Temari com a mão no rosto. - Essa semana tem sido especialmente estressante. Teve gente chutada da vila, botaram fogo na casa da Ino, o restaurante explodiu, é uma maravilha que as crianças finalmente estão dando algum sossego pra gente.

- Gente, eu amo as crianças, mas fala sério, estávamos mesmo precisando de um tempo dessa treta toda. - pronunciou-se Karui, cruzando os braços em cima da mesa.

- E, falando em tempo, chegou, finalmente! - comemorou Shikamaru, pegando uma das cervejas diretamente da bandeja do garçom enquanto o mesmo as colocava na mesa. - Pelo menos beber eu posso, né, amor?

Temari assentiu enquanto despejava o líquido em sua taça, ansiosa para perder a cabeça no meio do álcool. Não era algo muito incomum para aquele povo, querer beber, eles só realmente estavam precisando de um tempo para relaxar e perder a cabeça fazendo besteira, coisa que acontecia muito raramente esses dias. Logo, começou uma disputa pelas últimas latinhas e já tiveram que pedir mais, afinal, tinha quase dez pessoas na mesa.

Kiba bebericou sua cerveja e lançou um olhar travesso para todos na mesa.

- Hey, sabe quem precisava mesmo beber hoje?

Todos na mesa, com exceção de Hinata, se entreolharam com olhares maliciosos e disseram em uníssono:

- Naruto.

- Nossa, o cara tá mais sob pressão que todo mundo aqui, tendo que lidar com dois filhos, um namorado, divórcio, um trabalho bosta e esses putinhos que ficam querendo encher o saco tacando fogo na casa dos outros. - resmungou Tenten enquanto comia um dos petiscos grátis da mesa. Ino e Sai deram risada. - Ele não vem mesmo, Shikamaru?

O de rabo de cavalo soltou um risada sarcástica, colocando seu copo na mesa e encarando Tenten pelo canto do olho.

- Que nada! Tá até agora falando com o Sasuke no telefone. Parece que tão assim desde as onze da manhã, só com algumas horas de pausa e o telefone que tá com o Sasuke nem é dele.

A mesa toda riu.

- Vou ver se a Sarada consegue comprar um celular pro Sasuke, porque, sério, já tá mais do que na hora de ele se atualizar. - disse Sakura, tirando o celular no bolso e abrindo a conversa com sua filha.

- Coitada da Sarada que vai ter que ensinar ele durante a viagem, já que o Naruto não vai estar lá pra fazer todo o trabalho. - brincou Ino, rindo com uma voz boba.

A conversa rapidamente mudou para o relacionamento de Naruto e Sasuke, sobre como era a dinâmica dos dois e como o loirinho mudou desde que começou seu relacionamento com o Uchiha, o que deixou Hinata um tanto desconfortável e a isolou da conversa. Embora fosse verdade, ela não gostava de pensar que Naruto era infeliz junto dela e das crianças. Ela se esforçou tanto para fazer seu marido feliz e no fim ele nem amava ela do jeito que ela gostaria de ser amada, fazia-a se sentir inútil.

Deu um pequeno pulinho em sua cadeira ao sentir a mão quente de Kiba tocar a sua, apertando-a de uma forma reconfortante.

Você deveria se permitir se divertir mais. - a voz amigável do colega de equipe soou em sua cabeça como um concelho amigo.

Ele estava certo e ela sabia. E era exatamente o que pretendia fazer.

- Sai-kun, me passa aquela garrafa, por favor. - apontou para uma garrafa de vodka forte.

- Nossa, Hinata bebendo? Isso é novidade. - brincou Sakura, erguendo rapidamente o olhar de seu celular.

A Hyuuga encarou o moreno de cabelo com gel, que sorria para ela de uma forma um tanto orgulhosa, rapidamente, e voltou o olhar para o grupo, abrindo um longo e terno sorriso.

- Acho que quero me divertir um pouco hoje.

Os amigos, embora surpresos com o comportamento de Hinata, sorriram e a apoiaram animados em sua posição. Sai escorregou a garrafa na direção da morena, que tirou a tampa facilmente e encheu o copo com a bebida.

E o resultado óbvio? 70% dos amigos deixou o bar bêbado e tendo que ser carregado por alguém que estava sóbrio, no caso, Lee, Karin, Hinata e Kiba, Ino e Sakura ainda estavam parcialmente sóbrias, mas ainda um pouco tontas. As garotas riam umas para as outras enquanto zoavam da cara dos que estavam quase mortos em seus ombros ou atrás de si.

- Esses aí vão acordar na maior ressaca da vida deles. - brincou Kiba enquanto acomodava o braço de Shikamaru por cima de seu ombro.

- Nem brinca com isso. - disse Ino. - Não quero nem ver a cara do Sai quando acordar amanhã. Que bom que o Inojin não tá aqui pra ver isso, haha.

Todos riram e continuaram fazendo piada dos bebuns atrás deles, que não pareciam estar gostando muito, já que soltavam resmungos e xingamentos a cada segundo que ouviam risadas. Estavam quase chegando na casa de Temari e Shikamaru quando Tenten caiu no chão desesperada.

- Estrelinha brilhante, faz isso parar! - gritou com as mãos pra cima como se estivesse rezando.

- Recomponha-se, Tenten, você consegue vencer a batalha contra as dores de cabeça se você tiver determinação! - incentivou Lee com seu jeito animado de sempre.

- Não, Lee, eu preciso daquela estrela cadente! Eu quero um fígado resistente igual o da Renata!

A Hyuuga riu com a pronúncia errada de seu nome.

- Nós, Hyuuga, temos fígados muito resistentes, hehe. - respondeu alegre enquanto, discretamente, ajeitava a manga de sua blusa sobre o selo anti-embriaguez em seu braço.

- Ué, tem uma estrela mesmo…! - exclamou Ino, olhando para cima com os olhos semicerrados. - Por favor, não me digam que eu ‘tô bêbada e vendo coisas.

Todos os outros olharam para cima, seus olhos arregalando ao encarar o corpo celeste cruzando os céus acima de sua cabeças, deixando um rastro luminoso para trás.

- Por essa eu não esperava… - disse Karin, ajeitando os óculos. - Mas vocês não acham que ela tá um pouco perto demais, não?

- Realmente. - concordou Sakura, se aproximando da namorada para observar o objeto não identificado.

Antes que qualquer um pudesse processar o que estava acontecendo, o raio luminoso descendeu e caiu com um estrondo na floresta do outro lado da vila, assustando diversos moradores que ouviram ou viram tudo acontecer.

- Merda! - proferiu Kiba, colocando Shikamaru no chão. - Karin, você se importa de colocar esse povo pra dentro? Precisamos ver o que aconteceu lá fora!

A ruiva hesitou por um instante, mas logo concordou. Sua presença não seria de muita ajuda, já que não era do tipo que sabia lutar e sim uma curandeira. Pegou as chaves da mão de Ino e foi colocando um a um todos os bêbados nojentos dentro da casa enquanto os outros disparavam na direção do barulho.

Ao chegar na Floresta da Morte, local onde, supostamente, a estrela caiu, decidiram se separar para cobrir melhor a área. Se alguém estiver com problemas, deverá enviar algum tipo de sinal, algum choque de chakra, um barulho, qualquer coisa. Todos assentiram e foram para cada direção.

Hinata ficou por cobrir uma das partes mais escuras da floresta, mal dava pra ver para onde estava indo, embora seu byakugan desse uma ajudinha para achar os galhos e pedras no chão. O frio batia em suas costas e arrepiava sua espinha, mesmo estando com um casaco grosso, aquela parte da floresta era a mais perigosa, inclusive, foi onde ocorreu uma das provas dos exames Chūnin há vinte anos atrás. Nossa, havia passado mesmo tanto tempo assim?

Seu corpo paralisou completamente ao sentir uma segunda presença naquela área, na verdade, bem ao seu lado.

Não conseguia se mexer, estava numa completa falta de ar. Vulnerável. Tudo que pôde fazer foi olhar pelo canto do olho numa tentativa de descobrir quem era aquele ser que estava ao seu lado. Entretanto, tudo que viu, antes de entrar em pânico, foi um vulto envolto por uma luz branca fraca ao seu redor, quase como um fantasma.

Sem poder controlar-se, disparou seu chakra e colocou-se em posição de luta, encarando aquela figura com temor nos olhos.

Pouco tempo passou até que a figura voltou o olhar para si, encarando-a com olhos brancos como a própria lua. Um arrepio percorreu a espinha da Hyuuga com força, quase fazendo-a perder o equilíbrio. No entanto, aquela pessoa não parecia querer fazer mal a ela, parecia até calma, como se a serenidade percorresse seu sangue o tempo todo - se é que tinha sangue.

Relaxou um pouco os músculos tensos ao ver o estranho se aproximando dela, deixando seu rosto se revelar pela lua e o vento balançar seus cabelos brancos. Não era um fantasma, era um rapaz.

Tinha cabelos curtos brancos como a lua e uma pele pálida, trajado com um tipo de quimono tradicional. Era tão longo que chegava até aos seus pés, cobrindo os sapatos simples que usava, e, por cima da roupa, havia algo como uma manta dourada que prendia em seu ombro direito e amarrava na cintura, dando um toque refinado ao seu traje, não que ele não fosse refinado por si só. Na gola de seu quimono, uma fileira com um símbolo um tanto familiar para Hinata o decorava com uma cor acinzentada.

Entretanto, o que realmente chamava a atenção da Hyuuga era o rosto do estranho. Ele parecia ser um homem com não mais de vinte anos, com uma pele macia como bumbum de bebê e uma serenidade em sua expressão que a morena nunca tinha visto em qualquer cidadão da vila se não seus filhos enquanto dormiam. E seus olhos, que mais pareciam duas pérolas raras, brilhavam cintilantes com a luz que batia neles, deixando sua íris delineada com uma coloração azul perfeitamente visível para Hinata, que já havia desativado seu byakugan.

- Oyasumi, Hinata-san. Me perdoe se eu a assustei, não foi minha intenção.

Hinata estava completamente estática, pela primeira vez em anos, sem saber como reagir diante de uma situação como essa. Engoliu em seco e tentou tirar as palavras de sua boca.

- … Como sabe meu nome? Quem é você? O que quer aqui? - questionou, voltando a assumir sua posição defensiva, preparando-se para ativar seu byakugan.

O albino abriu um pequeno sorriso em seus lábios, sem deixar uma ruga sequer nos cantos da boca. Seu sorriso, embora sem dentes, parecia reluzir debaixo da luz fraca da lua, como uma joia rara.

- Perdoe meus modos. - moveu o pé, como se fosse se aproximar, mas desistiu da ideia pouco tempo depois. Ao invés disso, fez uma breve reverência. - Eu sou Ootsutsuki Toneri. É um prazer conhecê-la, Hinata-san.



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