"...Os fantasmas do passado sempre voltam para nos assombrar em forma de lembranças..."
Me remexo desconfortável entre os braços que me acolhem. Ninguém nunca se importou com meu bem estar e sinceramente acho que nem ele se importa, então aquele súbito interesse em me deixar confortável e seu ar de preocupação era um aviso para que ficasse alerta.
__ Já posso andar JK você não precisa me por no colo.__ protesto quando depois de me secar e enrolar cuidadosamente em uma toalha me põe nos braços novamente.
Fico frustrada depois daquele momento quente nosso no chuveiro.
Ele estava tão cuidadoso comigo, que suspeito está jogando para ganhar a nossa pequena aposta. Suspiro resignada, quase cedi e implorei por ele a segundos atrás.
__ Sei que pode, mas eu quero. Você é tão leve que parece que não carrego absolutamente nada __ ouço ele falar sem a costumeira ironia. Também não era uma critica, mas apenas um fato.
Meu coração se agita com aquela sua nova faceta. Acho que resolveu mudar de tática.
É bem mais fácil resistir ao seu magnetismo quando ele é um escroto comigo .Minha atração pelo vampiro aumenta na mesma proporção que meu ódio.
Já no quarto me põe no chão e diz
__ Vamos sair para você jantar. Perdeu muito sangue precisa recupera-lo.___ ergo as sobrancelha descrente com o que acabo de ouvir.
__ Está preocupado que eu fique anêmica e não possa tomar meu sangue?__ pergunto com sarcasmo, provocando-o para que revele seu lado verdadeiro e pare com aquela encenação ridícula.
Ele me olhou com uma calma perturbadora e rebateu rapidamente.
__ Não, sempre tem outras por ai.__ falou no mesmo tom.__ Entenda uma coisa, não estou afim de briga, só quero que faça uma boa refeição. Como nós não nos alimentamos essa mansão não tem nada que um humano coma.___ argumentou.___ Vamos fazer uma trégua.
Sei que está mentindo, mas estou tão exausta de brigar com ele...
___ Vamos lá Gia! É só um jantar.___ diz.___ Se te fizer sentir melhor, você pode pagar pelo que vai comer.___ propos.
___ Você sabe que não tenho grana.___ fuzilo ele com os olhos.
___ Ah é! Você esqueceu o dinheiro que te paguei no bordel.___ fez uma careta.___ Não importa! Eu que estou te chamando para sair e não admito recusa, afinal você é minha convidada!
Quase ri na cara dele, "Convida!" Abro a boca para dizer o que realmente penso mas ele olhou para o relógio caríssimo que trazia no pulso e disse.
___ Já é meio tarde, mas tenho certeza que consigo uma reserva para daqui a uma hora.___ disse aquilo sorrindo.___ Meia hora é o suficiente para você se arrumar?
____ S-Sim...m-mas...___gaguejo atordoada.
___ Ótimo! Então comece logo a se vestir enquanto telefono para o restaurante.
Me dou por vencida com tantos argumentos e vinte minutos depois estamos em um dos restaurantes mais caros e badalados da cidade.
Nunca em minha vida fui em um ambiente tão deslumbrante e sofisticado! Fique como uma idiota olhando tudo. Sentia a mão de JK em minhas costas deslizando distraidamente pela abertura de uns dos vestidos chique que ele comprara.
__ Boa noite.__ o garçom se aproxima com o menu para nós, depois que o metre nos indicou a nossa mesa que ele havia reservado.
Olho para tudo aquilo e fico confusa com tantos nomes esquisitos.
__ Filé mignon com molho de framboesas para senhorita e mousse de gorgonzola de sobremesa.__ ele falou como se pressentisse o meu desespero.__ E para mim Cabernet Franc, por favor.__ finalizou entregando o menu para o rapaz que se curvou e saiu apressado.
Sorriu ao vê a minha expressão.
__ Me fale de você Gia.__ ele pediu de repente me olhando bem nos olhos.
Era difícil para mim sustentar aquele olhar e não lembrar do acontecido no banheiro. Se fechasse os olhos ainda podia sentir seu toque. Engulo em seco.
__ Minha vida não tem nada de interessante.___ procuro me esquivar de algo que só me deixa triste.___ Por que quer saber?__ me remexo incomodada com esse interesse dele de uma hora para outra.
__ Quero conhecer melhor a mulher que toma banho comigo.__ falou analisando a minha reação e o vejo sorrir zombeteiro quando enrubesço envergonhada de minha reação as suas investidas. .__ E então estou esperando.
Suspiro resignada sabendo que ele não ia desistir.
__Não há muito para dizer... Meu pai era coreano e minha mãe americana. Nasci no Brooklyn. __ paro com a garganta seca, desejando ardentemente que ele não me forçasse a relembrar o que luto para esquecer.
__ Okay! isso explica seus traços ocidentais, mas continua, por favor.___ incentivou com seu olhar insistente sobre mim.
__ Nós éramos pobres, mas eu era feliz até que...___ minha voz falhou.
___Até que...___ repetiu o vampiro franzindo a testa demonstrando interesse genuíno.
__Meu pai morreu em um assalto quando voltava do trabalho. Minha mãe começou a trabalhar fazendo programas para sobrevivermos.__ engulo em seco sem querer continuar.____ Estávamos em uma recessão no país e ela não conseguia arranjar um emprego.___ Eu ainda tento justificar o que ela fez, Meu Deus! Qual é o meu problema?!
___ Uma prostituta!___ doía ouvir aquilo mas não mais do que saber que ela não gostava de mim.
JK cruzou as mãos sobre a mesa e ficou a esperar o que viria depois.
__ Quando completei dezesseis anos minha mãe disse que não podia mais ficar comigo, pois eu dava muita despesa e o namorado dela não me queria por perto já que eles iam morar juntos.__ minha garganta apertava cada vez mais. Na verdade, o cara era mais um cafetão.__ Cheguei um dia da escola e um homem alto e gordo com aparência oriental estava conversando com minha mãe. Seu nome era Chan.
[..]
...Casa de Gia alguns anos atrás...
__ Olhe ela chegou.__ minha mãe havia dito.__ Venha já aqui Gia.
Caminho com passos inseguros enquanto o homem de olhos minúsculos lançou um olhar avaliativo em minha direção.
__ Quantos anos ela tem?__ ele perguntou rodando a minha volta.
__ Dezesseis, quase dezessete.__ parecia ansiosa.
__ Ótimo meus clientes gostam de garotas jovens.__ falou e meu coração deu um salto quando passou a mão na minha bunda.__ Meio magrinha, mas bonitinha. Fico com ela.____ aquele acordo mudaria a minha vida para sempre.
__ Mãe, o que está acontecendo?__ pergunto encarando seu rosto.
__ Você vai com o senhor Chan para o Japão.___ revelou sem me encarar.
__ Não, eu não vou.__ digo balançando a cabeça negativamente em desespero.
__ O senhor Chan será bom para você se fizer o que ele te pedir.__ disse e olhou para o homem.__ Quero o dinheiro integral e em espécie.
__ VOCÊ ME VENDEU!?__ gritei sem acreditar aos prantos.
Ela me ignorou e o homem lhe entregou um maço de dinheiro, então chamou um homem enorme para me levar.
__ N-NÃO... ME SOLTA... M-MÃE... POR FAVOR... NÃO... MÃEEEEEE!!!!__ luto para me libertar da mão que me arrastava para fora da casa em direção do carro.
[..]
__ Tua mãe te vendeu para o tal de Chan?!!__ ele parecia chocado.
Sorri tristemente.
__ Não! Ela me vendeu para uma casa de prazeres.____ queria esquecer os primeiros dias naquele lugar.___ Era assim que Chan a chamava.__ pisco para afastar uma lágrima que ameaçava cair. Tinha sido a última vez que vira minha mãe.
__ Você era virgem?__ perguntou e balanço a cabeça afirmativamente desejando que este não perguntasse mais nada. No entanto minhas expectativas são frustrada pelo interrogatório sem fim..__ Como veio parar na Coreia?
Suspirei mais uma vez e penso que ele ia querer saber a história toda pelo jeito.
__ Na casa de prazeres conheci Arman, um dos homens que trabalhava para Chan..__ sorri sonhadora ao lembrar do primeiro amor.__ Nos apaixonamos perdidamente um pelo outro então decidimos fugir para bem longe.
JK remexeu-se parecendo subitamente irritado e incomodado.
__ E onde está esse seu cavaleiro de armadura brilhante?__ ironizou parecendo cansado de seu papel de bom moço.
__ Morto, Chan nos encontrou aqui na Coréia, o torturou e assassinou na minha frente, depois me drogou e me jogou naquele buraco onde você me conheceu.__ minha voz saiu com dificuldade.__ Falou que eu estava devendo a ele já que tinha perdido de ganhar muito dinheiro de um cliente que só queria ficar se fosse comigo. Me ameaçou de morte se eu tentasse fugir de novo.
__ Deixa ele vir, agora você está comigo.__ Olho para ele que me sorria___ Por que você se drogava, não é viciada pelo que pude perceber.__ continuou seu interrogatório.
__ Era mais fácil fazer os programas, eu pensava que estava fazendo amor com Arman.__ disse.___ Uma tremenda bobagem eu sei.
O vampiro parecia não ter gostado da resposta. Um silêncio constrangedor pairava entre nós quando o jantar chegou.
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