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História Nocaute - 02. Stay away


Escrita por: mackenzie-

Capítulo 3 - 02. Stay away


{...}

Bliss Moore

— Como foi a aula com o bonitinho? — Teresa sussurra no pé de meu ouvido, cutucando de leve o meu ombro.

Empertigo-me na carteira tentando ao máximo ignorá-la, mas em minha garganta há algo que me faz querer gritar os meus devaneios e raiva.

— Depois conversamos —  respondi, ainda olhando para a frente.

A aula está tão maçante, que não consigo olhar para a cara rechonchuda e cor-de-rosa do senhor Parker. Tudo me fazia querer dormir, inclusive olhar para o livro, ou até mesmo fazer desenhos aleatórios no caderno. Tamborilava as unhas impacientemente na borda da mesa de plástico; brincava com os fios do meu cabelo; mordiscava a ponta do lápis. Nada parecia funcionar. Nada me tiraria daquele tédio tão fácil. E, quando finalmente olhei para o relógio, faltavam vinte longos minutos. Isso está a beira do inferno.

Meu olhar cai sobre Justin, que se mantém na posição ereta, lendo pacientemente cada verso da apostila de biologia. Minha barriga se gela apenas de olhá-lo de relance. Todos meus pensamentos agora se baseiam nele, e como eu futilmente quero sentir o gosto de seus lábios novamente. Balanço a cabeça negativamente desvencilhando-me dos pensamentos e me xingando mentalmente por ser tão fútil a esse ponto. Suspiro, deixando meu olhar cair novamente sobre ele, que agora, em um movimento sutil, tirou seu celular que reluz ao sol fraco que vem das imensas janelas do seu lado.

Meu celular apitou mensagem, e eu automaticamente gelo. Ele guarda o celular.

+555 (número desconhecido): Quer um autógrafo?

Deixo um sorriso se espalhar pelos meus lábios, e quando vejo que ele percebeu eu tiro rapidamente. Droga! Não posso dar sinais que estou afim dele.

+555 (número desconhecido): Já te disse, Bliss, fique longe de mim.

Mordo os lábios, bloqueando a tela do celular, sentindo-me a pessoa mais inútil do mundo. Apoio meu queixo na mão, deixando a outra dentro do bolso de meu moletom. Ele já me dissera isso no dia anterior, e eu me recuso a pensar em Justin novamente antes de dormir como fiz. Isso é totalmente ridículo. Como posso cair nos encantos de um cara que mal conheço. Entretanto, tudo isso me assusta de uma forma inevitável e aquele dinheiro que caiu não é uma coisa comum. Nem um pouco.

O sinal bateu, fazendo-me perceber de uma vez por todos o quão submersa eu estava em meus pensamentos para deixar esses vinte minutos voarem. Agarro meu fichário, e olho de relance para a cadeira onde Bieber estava. Ele saiu. Teresa se aproxima com seus cabelos cacheados e pele bronzeada. O sorriso branco e alinhado é perceptível, ela quer saber de tudo, porém não sei como dizer que não tenho o que falar.

— Desembucha! — quase gritou, acompanhando-me pelos corredores de Atlanta High School.

— Não tenho o que falar — sorrio fraco, e ele bate com o seu ombro em meu ombro.

— Para com isso. Eu percebi o jeito que olhou para ele.

Reviro os olhos.

— Não tenho o que falar — repito, um pouco frustrada.

Um braço se envolve em torno de meu pescoço, puxando-me para mais perto. A voz grossa e consiste de Thomas me afaga, e o cheiro doce de seu perfume irrita meu nariz em um espirro.

— E aí?

— Me solta — tento desvencilhar-me de seus imensos braços.

— Vejamos, hoje  a noite passo em sua casa para te buscar — ele pisca para mim, reviro os olhos.

— Que tal eu, você e sua amante? — finjo alegria, e ele recua ofendido.

— Larga mão de ser chato, garoto! — Tess se prontifica.

— Sério, Bliss. Quando vou conseguir sua confiança novamente? — Thomas me vira para encará-lo, e eu bufo irritada.

— Você procurou isso. Você me traiu. Você é o babaca da historia  — reviro os olhos, e ele põe ambas mãos em meu rosto.

— Não durmo com uma garota há meses por sua conta. Faço de tudo por você... — implorou, acariciando minhas bochechas.

Sinto meu estomago embrulhar e borboletas batem suas asas com força. Fecho os olhos, respirando fundo.

— Eu te amo, Bliss. Continuo amando essa garota doce que você é. — continuou, falando sério. Podia sentir a profundidade de suas palavras, que me atingem em cheio.

— Nós falamos mais tarde — me forço a sair daquela situação.

— Que barra... — Tess diz, baixinho.

Fico em silêncio.

— Não fica assim, poxa vida.... — ela me abraça de lado, enquanto me guiava para a nossa próxima aula.

— Ele foi um idiota comigo, mas ainda gosto dele.

— O amor é assim. Lindo e confuso. Difícil e gostoso — ela deita seu rosto em meu ombro — Por isso que eu só fodo.

Reviro os olhos novamente, rindo. Me solto de Teresa, desviando o caminho da sala de aula para a sala da senhorita Hudson.

— Onde está indo? — desta vez, ela grita.

— Tenho que falar com a senhorita Hudson — minto, forçando um sorriso verdadeiro e reconfortante.

— Passo hoje na sua casa — ela contorna todos os alunos para chegar até a porta.

Assinto para ela, mesmo sabendo que não viu. Jogo uma mecha de meus cabelos morenos para trás do ombro, respiro fundo. Eu tenho um plano. Sempre tive. Não é atoa que sou considerada a melhor em Cálculo avançado, assim como boa no restante das matérias. Considero-me uma mente engenhosa.

Dou três toques. Deixo o fichário na frente de meu corpo, segurando-o com ambas mãos. E, quando a senhorita Hudson abre, solto uma ar que nem sabia que segurava.

— Sim? — ela sorri, mostrando suas rugas.

—  Posso falar com a senhora? — forço-me a deixar os olhos marejados.

— Claro, meu bem. O que houve? — Hudson me dá um espaço para entrar na sala, um lugar minado para os alunos desta escola.

Sinto as lágrimas falsas escorrerem pela minha bochecha, escorrer para meu queixo e cair no assoalho. Senhorita Hudson coloca sua mão em meu ombro, esfregando de leve enquanto repete pausadamente:

— O que houve, meu anjo? — sua voz soa como veludo.

— Minha vida anda uma merda! — minha voz falha propositalmente, tento tremer, tendo sucesso.

— Meu Deus! — ela me guia para uma mesa redonda que ali havia, fazendo-me sentar.

Abaixo minha cabeça dando a liberdade de algumas gotas salgadas mais falsas que as plásticas do Michael Jackson cair sobre a mesa esbranquiçada.

Senhorita Hudson puxa uma cadeira, ficando em minha frente com o semblante preocupado.

— Anda tudo indo de mal a pior — soluço forte, deixando um gemido escapar, relembrando-me de como fazia quando criança para que meus pais comprassem presentes caros.

— Calma! Calma! — ela se desespera — Vou pegar uma água para você.

Quando vejo sua saia colada sair pela porta e adentrar nos corredores, seco com o dorso da mão debaixo de meu olho, indo até um armário de metal. Lá, eu abro rapidamente, passando o dedo pelas letras até chegar no ‘J’. Justin Bieber. Pego a pasta, colocando dentro de meu fichário. Quando ouço os saltos finos de quinze centímetros se aproximar, sento-me, voltando a posição de derrotada.

— Aqui está, linda! — ela me entrega o copo reciclável; beberico rapidamente.

— Obrigado, senhorita Hudson! — levanto-me rapidamente.

— O-o que, mas o que aconteceu? — se levantou também.

— Sabe como é — percebo que meu disfarce ia falhar, portanto, deixo mais lágrimas escorrerem — Meus pais andam brigando muito. Mas tenho certeza que logo tudo se ajustará — ela sorri de leve, puxando-me para abraçá-la.

— Qualquer coisa estarei aqui — diz, esfregando minhas costas com precisão.

— Tenho total certeza — cafungo, revirando os olhos para aquela colônia barata que ela usara.

Saio as presas, vendo que o sinal para a quinta aula já batera. Ignoro, dispondo-me a perder. Em passos rápidos, trato de ir para o banheiro, onde me tranco em uma das cabines.

Quando finalmente abro o relatório de Bieber, a ficha diz coisas óbvias, e desinteressantes.

Nome completo: Justin Drew

Idade: 19 (01/03/1997).

Peraí, pensei eu, dezenove? Ele repetiu mais de uma vez o terceiro colegial? Creio que ao completar dezenove anos ninguém quer estudar mais. Justin teria de fazer um supletivo, ou algo do gênero. E por que diabos seu sobrenome ''Bieber'' não constava? Então continuei a descer os olhos pelo seu tipo sanguíneo, signo, álcool, droga, nível de diabetes e etc. Entretanto, ali, só havia apenas uma folha. Os seus antigos registros escolares não constavam na pasta. Estranho. Normalmente, teria ali mais de duas folhas dizendo sobre o seu comportamento e notas escolares. Encosto minha cabeça na parede, desolada. Como eu poderia descobrir mais sobre esse garoto? E, porque, de algum modo ele me atraí? Por que diabos estou fazendo isso?

Nem ao menos eu posso responder minhas próprias perguntas.

Suspiro, decidida que irei voltar para a sala da senhorita Hudson e devolver a papelada, visto que ela não estaria na sua sala, pois daria aula. Caminho em passos curtos e pesados até os corredores vazios. Perambulava por ali algumas faxineiras cabisbaixa e o tio da manutenção. Até a porta da biblioteca se abre, uma mão fria agarra meu pulso, puxando-me para dentro dali. 

— O que está fazendo? — perguntei.

— Eu te disse para ficar longe de mim — ele sussurra, com os lábios tão próximos no meu que sinto seu hálito quente em meu nariz.

Minhas mãos trêmulas tentam empurrá-lo, porém falho. Ele me solta, abrindo com raiva meu fichário que nem percebi que derrubara. O barulho do zíper se abrindo, das minhas tosses em procura de ar, e um grunhido.

— Porra — ele resmunga, em mãos a sua ficha escolar. — Fica longe de mim 

— Tá bom — murmuro, com medo.

Justin saiu, me deixando ali, novamente imersa em pensamentos confusos.

O restante do dia passou rápido, e eu tentei manter-me o máximo concentrada na aula, entretanto tudo parecia estranho sem a presença de Bieber na sala de aula. Tudo de mal estava ao meu favor. Tirei nota baixa em trigonometria e recebi mais de cinco bilhetes de Thomas durante as duplas aulas de Geografia, deixando o professor furioso comigo. Além de, ficar vendo durante cinquenta minutos o rosto triste de meu ex-namorado que implora por uma noite para reconciliar tudo entre nós, o que, me deixou realmente irritada, foi me amolecer por suas jogadas.

Mordi os lábios ao ver Justin partir em sua moto, que, mesmo sendo imensa, seus músculos conseguia se destacar nelas, deixando as dimensões da moto pequenas. Desisti de meus pensamentos em desvendar quem realmente é Justin Bieber, concluindo que sua vida pessoal não é da minha conta em nenhum sentido, e que se ele quer a minha distância, era melhor mantê-la, ou receber suas visitas brutais. O meu desejo por ele é uma coisa que não posso negar, mas tenho de manter minha sanidade e não correr atrás de um garoto que quer minha distância. Ele não liga para ninguém, não conversa com ninguém, porque eu mudaria isso? Nunca liguei para qualquer garoto e com Bieber não será diferente.  Mesmo durante o intervalo eu ter checado minhas últimas mensagens com ele – que aliás fora apenas duas, que nem ao menos eu respondi– percebi que Justin não tinha nem sequer o número de telefone, apenas o +555 na frente, deixando o caso mais estranho ainda. Chegando em casa fiz o que eu jurei a mim mesma não fazer em um milhão de anos, todavia, precisava urgentemente espairecer meus pensamentos, e quem sabe ele conseguisse isso juntamente comigo.

Mensagem para Thomas

Seu convite ainda está em pé?

Thomas: Com toda certeza. Passo para te buscar em vinte minutos :)


Notas Finais


Caramba, cem favoritos em menos de um mês? Obrigado minhas lindas!


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