História Know Yourself - Chapter Thirty

                                                                                      Justin Bieber 

 

Eu não conseguia pregar os olhos nem sequer por alguns minutos, não conseguia parar quieto na cama e muito menos focar no meu sono. Minha ansiedade tinha me atingido em cheio e eu me sentia sufocado a cada respirada que dava.

Estou trabalhando todos os dias para ser melhor, para ser alguém melhor e ser reconhecido por isso. A pressão faz com que eu me sinta sufocado, como se estivesse encurralado e as paredes estivessem andando na minha direção, para me prensar e eu perder todo o meu ar.

Diria que minha claustrofobia não ajudava em nada nesse momento, o que me deixava mais nervoso ainda.

O fato de ter crescido e mudado me assusta, não que seja algo ruim, mas eu estou diferente, mas continuo sendo o mesmo. Todos, em breve, vão me ver na minha nova versão, e o que mais me assusta é se eles vão gostar ou detestar.

Eu fiz muitas merdas nos meus últimos anos, e com todos esses erros acabei crescendo e me tornando um homem melhor. Eu estou mudando a cada dia que passa, aprendendo novas lições, me aproximando mais da minha crença, sendo eu mesmo, como sempre fui dentro de toda a armadura que eu me escondia.

Minha cabeça ia a mil agora, me sentei na cama e acendi o abajur, passando as minhas mãos pelos meus cabelos.

— Você precisa dormir. — Falei comigo mesmo e abri a gaveta do criado mudo ao meu lado, pegando um calmante, engolindo rapidamente.

Me deitei novamente, ajeitando a minha cabeça no travesseiro fofo, fechando os meus olhos bem devagar.

Era o primeiro show da turnê, depois de três anos sem aparições na televisão, três anos sem estar no palco sentindo a presença de todos, três anos sem me sentir eu mesmo. Eu estava assustado, não sabia como iria me sair nesse primeiro show e ainda por cima, queria fazer de tudo para agradar o público.

Eu decepcionei muitos dos meus fãs com apresentações mal encerradas e eu não quero mais cometer esse mesmo erro, e mesmo que eu não seja perfeito, tudo o que eu quero é tentar ao menos parecer.

Meu coração batia rapidamente e minha cabeça latejava, a ansiedade fazia com que eu tivesse a sensação da minha garganta se fechando e eu ficando sem ar. Eu estava surtando por medo de não ser aceito como antes.

Me virei para o lado, sentindo os efeitos colaterais do calmante amolecerem o meu corpo, suspirei pesado, agarrando o travesseiro com o cheiro do perfume de Hailey impregnado no mesmo. 

 

                                                                                            [...]

 

Senti me chacoalharem rapidamente e abri os meus olhos assustado, encarando o rosto de John, enquanto o mesmo sorria alegremente.

— Hoje é o grande dia, irmão. — Falou e eu enterrei meu rosto no travesseiro, resmungando.

— Eu estou cansado. — Minha voz saiu abafada por causa do travesseiro.

— A equipe acabou de chegar no hotel. — Senti a cama afundar e suspirei, abrindo os meus olhos novamente, olhando para o homem bigodudo á minha frente.

— Hailey chegou?— Perguntei e Johnny apenas negou com a cabeça.

Tomei coragem e me levantei da cama, indo direto para o banheiro. Lavei o meu rosto e escovei os meus dentes, entrando diretamente no box de mármore, ligando a água fria do chuveiro.

Hailey era a única que eu tinha certeza que iria conseguir me acalmar no dia de hoje, ainda mais por ser a pessoa mais calma e doce que eu conheço, ela gosta de cuidar de mim do seu devido jeito, e eu amo isso nela. 




 

                                                                               Hailey Baldwin

 

Passei minhas mãos pelos meus cabelos loiros, impaciente, enquanto esperava Kendall falar com o piloto do seu jatinho particular. Andava de um lado para o outro com os meus pensamentos indo a mil.

Eram duas horas da tarde e o nosso voo para Seattle tinha atrasado, Kendall tentava chamar outro jatinho enquanto eu me desesperava. Eu estava preocupada com Justin e sabia que, nesse exato momento, ele estaria surtando e com os nervos a flor da pele.

— Consegui! — Kendall comemorou e desligou o seu celular. — Temos que correr, vamos sair agora. — Saiu me puxando pela mão, apressamos os nossos passos até o outro lado do aeroporto de New York e entramos em um carro preto.

O motorista nos levou rapidamente até o jatinho, cumprimentamos o piloto e adentramos a aeronave, nos ajeitando nos nossos devidos assentos. Em questão de minutos já estávamos decolando, me mantive calada, deixando meus pensamentos me domarem.

— Ele está bem. — Kendall falou me olhando.

— Ele está surtando Kenny, eu tenho quase certeza. — Falei com a expressão triste.

— Você vai o deixar bem, eu tenho certeza disso. — Piscou e eu forcei um sorriso, encostando a minha cabeça na pequena janelinha. Fechei os meus olhos, abraçando os meus braços, tentando não pensar muito em Justin surtando.

As horas se passaram rapidamente e eu não via a hora de chegar ao hotel e ver como Justin estava. Hoje era o grande dia, a iniciação da sua terceira turnê mundial, e se eu estava nervosa, eu nem imaginava como ele poderia estar.

Justin quer que o mundo o reconheça novamente, quer que seus fãs enxerguem a sua alma pelos seus olhos, ele quer ser reconhecido como um ser humano e como um homem bom, porque ele é isso tudo.

As pessoas vão estar lá para julgá-lo, seja da forma ruim ou boa. Muita gente espera o Justin Bieber renascer das suas cinzas e voltar com tudo, esperam uma nova pessoa, uma nova era, e não tem uma pessoa sequer que não está ansiosa para ver esse homem de perto.

Ver ele amadurecendo só me deixa mais orgulhosa como melhor amiga e como, independente das situações, parceira. Eu amava ver ele como uma nova pessoa e esbanjando sorrisos que eram dele, e que ele não precisava mais forçar nada para parecer perfeito.

Muitos pensam que Justin não tem sequer uma pressão em cima dele por ele já ser mais velho nesse ramo, mas a cada ano mais a pressão aumenta sobre ele e ele se sente sufocado, encurralado e deprimido.

Essa nova era prometia tudo, prometia para o mundo que iriam ver quem era Justin Bieber e que, independente dos seus vários erros, ele nunca deixou de acreditar nele mesmo. Ele tem um propósito para colocar naquele palco, ele tem vidas para tocar, ele tem fãs para serem surpreendidos, ele tem tudo para fazer milhões de pessoas felizes, inclusive a mim.

Entrei no carro com a minha melhor amiga sonolenta e pedi para irem até o hotel onde iríamos ficar hospedadas, ou seja, o mesmo hotel que o de Justin. O motorista apenas assentiu e deu partida, acelerando mais devido ao meu comando.

Em minutos chegamos ao hotel, agradecemos ao motorista e saímos do carro, recebendo vários flashes na nossa direção, entramos rapidamente no hotel carregando as nossas malas e eu suspirei aliviada, avistando Scooter exaltar sua voz no celular.

— Eu vou falar com ele. — Falei perto de Kendall que assentiu com a cabeça.

Caminhei na direção do Scooter e o mesmo desligou a chamada, logo me olhando com um sorriso fraco no rosto.

— Você veio. — Me abraçou e eu sorri.

— Eu não iria perder nunca. — Falei com o sorriso nos meus lábios.

— Scooter o Justin está surtando novamente, pediu novas coisas para o camarim e... — Um dos integrantes da equipe falou e eu senti meu coração se apertar.

— Está quase na hora do show, ele não pode mudar as coisas agora. — Scott falou e eu fiquei calada, o repreendendo na minha mente. 

— Eu posso tentar conversar com ele. — Falei um pouco envergonhada por me meter no meio da conversa dos dois.

Scooter assentiu com a cabeça e eu segui o cara da Team Bieber, entrando no elevador com o mesmo.

— Eu acho que você é o que ele precisa agora. — Falou e eu sorri fraco, abraçando os meus braços enquanto via os andares avançarem na pequena telinha.

Em segundos estávamos no andar do quarto onde Justin estava, ele me guiou até a porta do mesmo e eu suspirei, abrindo a porta do mesmo.

Justin estava sentado de costas para mim na sua cama, com a cabeça baixa, enquanto parecia tentar se acalmar, respirando calmamente, ou quase isso. Fechei a porta atrás de mim, franzindo meu cenho preocupada.

Ele virou sua cabeça lentamente para trás e seus olhos se encontraram com os meus, forcei um sorriso e ele levantou rapidamente, como se estivesse aliviado por me ver ali com ele. Justin veio rapidamente na minha direção e eu caminhei na dele, sentindo os nossos corpos se chocarem com tal força.

Enterrou seu rosto no meu pescoço e eu o envolvi em meus braços, acariciando os seus cabelos, deixando meus dedos afagarem os seus fios loiros. Beijei o seu pescoço, sentindo ele me apertar a cada respirada em seus braços.

— Está tudo bem. — Murmurei baixo, fazendo leves carinhos na sua cabeça, sentindo sua respiração se descontrolar.

Levantei o seu rosto e encarei seus olhos, vendo que agora estavam vermelhos, assim como o seu rosto, vendo algumas lágrimas quentes caírem por suas bochechas rosadas. Franzi o cenho mais uma vez tentando entender todo o seu desespero. Deslizei meus polegares pelas suas bochechas, limpando suas lágrimas.

— Por que está chorando?— Perguntei confusa e Justin deu uma longa pausa para respirar.

— Eu estou tendo crises desde ontem. — Sua voz saiu rouca, me deixando totalmente arrepiada. — Eu parei com as minhas medicações e eu não sei mais o que fazer. — Falou desesperado.

— Você não precisa se desesperar assim. — Segurei o seu rosto, fazendo ele encarar os seus olhos. — Você passou por duas turnês mundiais que venderam milhões e todos gostaram, Justin, isso não vai mudar.— Falei e ele negou com a cabeça.

O puxei pela mão até a cama, o sentando na mesma enquanto ainda ficava na sua frente.

— Eu estou sob pressão o dia inteiro.— Falou passando as mãos pelos seus cabelos já bagunçados.

— Mas eu estou aqui com você, agora, e é isso que importa.— Falei baixo e Justin encarou os meus olhos.

Peguei uma garrafinha de água ao meu lado e entreguei a ele, vendo-o tomar alguns goles da mesma, tentando se acalmar.

— Muitas pessoas estão lá fora te esperando, Justin. — Me sentei ao seu lado e ele me olhou. — Milhares de pessoas estão te esperando a anos, e elas querem te ver, Justin. — Assenti com a cabeça. — E por que eu sei disso?— Encarei seus olhos e ele continuou calado. — Porque milhares de pessoas lhe amam, independente de onde você esteja, com quem esteja, ou o que esteja fazendo, você sempre vai ter uma multidão que lhe ama. — Sorri largamente, sentindo os meus olhos marejarem.

— Não deixe o seu medo dominar você, não deixe as suas decepções dominarem você, apenas seja você mesmo naquele palco e o use para expandir sua mente para o mundo, como você sempre fez. — Lambi os meus lábios e pude ver seus olhos marejados, Justin assentia devagar com a cabeça. — Não importa o que aconteça, eles te amam, e amam o verdadeiro Justin, do qual você vai apresentar ao mundo nessa noite. — Entrelacei os nossos dedos e beijei o seu ombro, o abraçando de lado.

— Eu tenho medo de ser rejeitado, e de nunca mais voltar a ser o mesmo. — Fungou alto e eu neguei com a cabeça.

— Muitos vão te rejeitar, mas prometo que eu nunca te rejeitarei. — Encarei seus olhos cor de mel e ele me envolveu nos seus braços, em um abraço confortante.

Fechei os meus olhos, sentindo sua respiração quente bater direto contra a minha pele.

— Eu te amo. — Ele falou baixinho perto da minha orelha e eu o apertei mais ainda nos meus braços.

— Eu te amo mais, amor. — Falei no mesmo tom que ele, e só depois me toquei do que o havia chamado.

O olhei assustada e ele sorriu sem jeito.

— Desculpe.— Murmurei e ele negou com a cabeça.

— Não me importo, eu gosto do apelido. — Depositou um beijo na minha testa e eu sorri fraco. 

A porta do quarto foi aberta e Scooter nos olhou, nos lançando um sorriso.

— Temos que ir para a arena. — Falou e Justin me olhou, logo assentindo com a cabeça.

— Já estamos descendo. — Falou e Scooter assentiu, fechando a porta.

Me levantei da sua cama e ele fez o mesmo, suspirando. Justin apenas pegou o seu celular e nós dois saímos do seu quarto, entramos no elevador com alguns seguranças dele e eu o abracei de lado, sentindo sua mão de encontro com a minha cintura.

Kendall me encontraria na arena, como o combinado. Saímos do hotel por trás por estar com a entrada do mesmo lotada de paparazzis e fãs. Justin e eu fomos em um carro preto, enquanto Scooter e os outros seguranças iam em outro.

A equipe já estava inteira na arena ajustando as devidas coisas. Justin mexia a sua perna rapidamente e cantarolava pedaços de algumas músicas suas, corrigindo ele mesmo quando errava alguma parte.

Minutos depois estávamos entrando na arena de Seattle, Justin foi chamado diretamente para o camarim para se preparar e eu continuei nos bastidores conversando com John e Scooter.

Tinha um mar de pessoas nas arquibancadas, e eu via cada sorriso de longe. Era lindo como Justin conseguia despertar tanta coisa boa nas pessoas que nem ao menos o conhecem pessoalmente. 

Moxie Raia estava cantando e eu pude ver Justin sair do seu camarim, arrumando a sua calça rasgada, deixando a barra da sua cueca a mostra.

— Estou nervoso. — Balançou a cabeça rapidamente e eu o repreendi, o puxando para um canto mais reservado.

— Eu vou estar torcendo por você, vai dar tudo certo, e no final da noite, eu quero que me diga que eu estava certa. — Sorri convencida e ele revirou os olhos com um sorrisinho nos lábios rosados.

— Tudo bem, mommy. — Bagunçou os meus cabelos.

— É hora da oração. — Scooter falou e todos se reuniram, os dançarinos, o pessoal da Team Bieber e principalmente Justin, que me puxou para o seu lado rapidamente.

— Senhor, eu peço que nos ajude a fazer com que essas pessoas encontrem os seus propósitos e saiam daqui com eles em mente. — Justin falou e eu fechei os meus olhos. — Estamos aqui para compartilhar amor, e mostrar para eles que temos uma segunda chance para vencer. — Apertou minha mão e eu sorri fraco.

— Em nome de Jesus, que esse show supere as expectativas de todos presentes nessa arena.— Scooter falou e todos assentiram.

— Amém. — Todos falamos juntos.

— Ducks, ducks, ducks, ducks.— Começaram a fazer o famoso grito que sempre faziam em todas as turnês. — Quack, quack, quack, quack, zooom. — Ergueram os seus braços e todos abraçaram Justin que sorria alegremente.

Todos saíram para as suas devidas posições e Justin me olhou, forçando um sorriso.

— Não vou sair daqui. — Murmurei e ele assentiu com a cabeça, me dando um selinho rápido me fazendo o repreender por tal alto. Justin saiu correndo com a equipe para debaixo do palco e eu fui até os bastidores, encontrando Kendall e alguns amigos de Justin, como Rudy, Lele, Maejor, Khalil e outros que eu não conhecia.

— Believe in something bigger than yourself and find your purpose. — Sua voz soou e todos começaram a gritar, as fãs estavam eufóricas e várias já choravam. A batida de Mark My Words começou a soar e todos foram a loucura, vendo Justin aparecer dentro da caixa de vidro, sendo erguida até o alto.

Ele ficou paralisado por alguns segundos, apenas admirando todos os gritos e todas as pessoas que esperavam por ele, senti meus olhos marejarem e Kendall me empurrou com o ombro.

— Ele conseguiu. — Falou perto da minha orelha. — Ele foi aceito, ele tem essa multidão que o ama. — Me abraçou e eu senti algumas lágrimas descendo pelas minhas bochechas.

— Ás vezes acho que sou uma belieber. — Ri e ela sorriu, levantei minha cabeça para o olhar, enquanto ele escrevia "Purpose" na sua frente com uma caneta colorida.

Era incrível ver como as pessoas o admiravam, como seus olhos brilhavam quando ele chegava perto, como elas se desesperavam quando ele ia para longe. Eu poderia dizer que o amor de fã é o mais puro que existe no mundo, é algo que ninguém consegue descrever, as pessoas apenas sentem, sem ao menos exigir que seja recíproco dos seus ídolos.

O show inteiro Justin contagiou o público com as suas danças agitadas e com suas brincadeiras bobas que todos sentiam falta.

— Eu tive alguns anos difíceis. Mas o que eu acho que você deve dizer às pessoas quando elas disserem que você não pode fazer algo é "eu vou te mostrar". — Falou iniciando I'll show you e eu não pude conter o sorriso nos meus lábios. 

O estádio inteiro cantava junto á ele e isso o surpreendia, podia ver claramente o sorriso no seu rosto.

Justin deu início á penúltima música, Purpose, se sentando na frente de um piano e encarando as teclas por alguns segundos á sua frente. Todos começaram a levantar pequenas placas escrito "Nós nunca fomos embora" e eu juntei minhas mãos, o vendo sentado com os olhos cheios de lágrimas.

Ele se emocionava a cada palavra cantada, e meu peito se enchia de orgulho por ver o meu Justin, o verdadeiro Justin, ser mostrado naquele palco, para milhares de pessoas. Ele estava ali para mostrar que cada um de nós tínhamos um propósito, ele estava ali para provar a palavra de Deus e exalar amor, e nada mais.

Justin finalizou o show com "Sorry" e uma chuva artificial, agradecendo á todos por essa experiência e dizendo que amava o público. O lugar começou a esvaziar e eu e Kendall fomos para os bastidores.

Uma hora se passou e depois dele ter feito o meet and greet com os fãs, ele veio andando na nossa direção com uma toalha enxugando o seu rosto, e uma garrafinha de água na sua mão.

Corri na sua direção e ele me envolveu nos seus braços, me agarrando fortemente, como se não quisesse mais me soltar. Beijei o seu ombro e logo a sua bochecha, encarando seus olhos cor de mel radiantes, que quase sorriam para mim.

— Agora pode dizer. — Abri um sorriso largo e ele lambeu os seus lábios.

— Você estava certa. — Balançou a cabeça e encheu a minha bochecha de beijos, me fazendo sorrir mais ainda.