Consegui. Não pensei que ele me obedeceria assim, sem questionar. Finalmente vou saber o que Paola queria dizer... ele está usando duas blusas de manga comprida, por isso não questionou a ordem.
_ Levanta as mangas!
Ele foi até a cozinha, pegou uma manga na fruteira, voltou à sala e então a levantou pra cima.
_ Eu não tô brincando. _ Continuei. _ Volta aqui e levanta a merda dessa manga!
_ Porque quer tanto ver meus braços? _ Ele jogou as frutas na mesa. _ Isso é algum tipo de fetiche estranho?
O peguei rapidamente pela blusa e o joguei de costas sobre o sofá, segurando ambos os braços. Ele tinha uma expressão de dor no rosto, mesmo eu não segurando-o com força.
Arregacei as mangas e me deparei com vários cortes profundos em ambos os braços, como se tivesse arrancado carne viva deles.
Nathan chorava de dor e de medo. Soltei seus braços rapidamente e me levantei indo em direção ao meu quarto, onde alcancei uma caixa de primeiros-socorros em cima do armário.
Quando voltei à sala, Nathan não estava mais no sofá. Vasculhei por todos os cômodos da casa até encontrar a porta do banheiro trancada.
_ Nathan _ O chamei em quanto batia na porta. _ Por favor, abra. Vou ajudar você
_ Não. _ Ele respondeu soluçando em quanto chorava. _ Você vai me chamar de idiota. É o que todo mundo diz.
Isso pode ter soado meio infantil vindo dele, mas parece que ninguém muito menos sua família o dá atenção e o excluem. Principalmente seu pai, que mal conheço e já quero dar uns tapas. Ele se esconde pois tem medo das pessoas e o que elas elas vão dizer. Ele não quer se machucar novamente, por isso evita tudo e todos.
_ Abra a porta _ Eu disse remexendo a caixa, a procura de ataduras e curativos. _ Eu não sou como os outros. Eu quero te ajudar e se não parar de chorar eu vou chorar junto.
Tudo ficou em silêncio por alguns segundos, então ouve-se o som da chave ao destrancar a porta. Eu entro no banheiro e encontro Nathan encolhido atrás da porta, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Fechei a porta lentamente em quanto ela rangia, ajoelhei-me a sua frente colocando a caixa entre nós dois. Alcancei as ataduras no fundo da caixa e as enrolei em ambos os braços, das mãos até os cotovelos, envolvendo os cortes e amenizando a dor.
_ Bem melhor agora. _ Disse enquanto secava suas lágrimas com minha mão. _ Você pode confiar em mim, pode sempre falar quando algo ou alguém lhe incomodar e pode sempre me abraçar quando se sentir sozinho.
Os olhos de Nathan se encheram de lágrimas novamente quando disse aquelas palavras para acalmá-lo, mas enxuguei novamente. Não suporto vê-lo dessa maneira.
O garoto me deu um abraço forte e continuou a chorar com o rosto em meu peito. Não pensei que essas simples palavras o atingiriam desta maneira.
Nathan levantou seu rosto na altura dos meus olhos, e aproximou seus lábios rapidamente dos meus. Um beijo.
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